Saúde & Fitness: Hipertensão e AVC

Meu pai é hipertenso e para complicar as coisas, está muito acima do peso e é totalmente sedentário. Por sorte, não herdei a hipertensão (ainda bem!), embora esteja precisando de uma dietazinha. Pensando nele, que está beirando os 60 anos e é muito teimoso, publico a reportagem abaixo, na série Saúde & Fitness da semana, que esclarece sobre a hipertensão e sua associação aos casos de AVC (o popular derrame) no Brasil.

*Hipertensão é responsável por 80% dos casos de AVC no Brasil

Pesquisa mostra que poucos adultos são capazes de reconhecer os sintomas de um derrame

A hipertensão, doença que atinge 30% da população adulta brasileira, chegando a mais de 50% na terceira idade, está presente em 80% dos casos de acidentes vascular cerebral (AVC). Segundo estimativas do Ministério da Saúde, o AVC é a principal causa de morte em todas as regiões do país e, dos pacientes que sobrevivem, 50% ficam com algum grau de comprometimento ou sequela. “Por isso é tão importante a adesão ao tratamento e a medição constante da pressão arterial”, reforça o cardiologista Fernando Nobre, presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão.

Apesar da significativa redução no número de mortos por derrame desde 1960, a doença permanecia, em 2004, como a terceira causa mais freqüente de morte nos Estados Unidos, atrás apenas de doenças cardíacas e câncer. Aproximadamente 54% dos derrames nos Estados Unidos, em 2004, ocorreram fora de hospitais. A administração de medicação específica pode beneficiar pacientes com derrame isquêmico agudo; entretanto, o tratamento deve começar em até três horas desde o início dos sintomas. Para o derrame hemorrágico, é crucial a cirurgia imediata, que previne a possibilidade de um novo sangramento, o que resultaria em sérios danos ou morte em 40% a 60% dos casos. Um novo objetivo para 2010 é aumentar para 83% a porcentagem de pessoas capazes de reconhecer os cincos sintomas e ligar para a emergência imediatamente se alguém aparenta ter um derrame.

Hipertensão x tratamento

A adesão ao tratamento quando descoberta a doença é um dos grandes desafios da medicina. Pesquisa realizada pelo médico Décio Mion, conselheiro da sociedade Brasileira de Hipertensão e chefe da Unidade de Hipertensão do HC-FMUSP, demonstra que o problema vem desde a consulta médica até a mudança no estilo de vida do paciente. Dos entrevistados, 76% afirmaram estar insatisfeitos com o atendimento dos médicos e procuram outro especialista, 30% afirmaram ter toda atenção do especialista e 37% estão satisfeitos com o atendimento. “A relação entre médico e paciente ainda é deficiente e grande parte dos hipertensos se sentem isolados por essa distancia neste relacionamento e acabam desistindo do tratamento”, afirma o Dr. Décio.

Já para a adesão ao tratamento, os pacientes que participaram do levantamento realizado pelo especialista, 79% disseram que gostariam de ter mais relação com o médico, 84% mais informações da doença e 91% gostariam que o médico entrasse em contato pós consulta. Esse quadro negativo ainda não para por aqui. O estudo revela que 89% dos pacientes consideram os medicamentos utilizados no tratamento caros e 54% não se sentem bem com os remédios prescritos pelos médicos pelos eventuais efeitos colaterais.

“O conhecimento para controlar a hipertensão arterial existe, mas os pacientes não seguem a orientação médica”, lamenta o nefrologista. Nos Estados Unidos, o percentual de doentes com pressão arterial abaixo de 140 mmHg por 90 mmHg, ou seja, em níveis controlados, é de 31% sobre o total  de doentes. No Brasil, calcula-se que esse percentual seja inferior a 10%.

A pressão alta é de fácil diagnóstico e pode ser tratada, com o paciente tendo a chance de seguir com a vida tranquilamente, incluindo novos hábitos em seu cotidiano. No entanto, por ser silenciosa e não apresentar sintomas imediatamente, ela é um dos principais fatores de risco de doenças que atingem o coração, rins e cérebro. Segundo o Ministério da Saúde, das 900 mil fatalidades registradas no Brasil, anualmente, quase 30% decorrem de alterações no sistema cardiovascular provocadas pela elevação crônica da pressão arterial.

Mais de 80% dos brasileiros adultos medem a pressão arterial regularmente, como comprova uma pesquisa de 2006, da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde. “O problema é a negligência nas demais etapas do processo, do diagnóstico, orientação do tratamento e uso efetivo dos medicamentos. E ela ocorre porque a doença não causa dor”, observa o nefrologista.

Novo estilo de vida

Há dois tipos de tratamento para hipertensão: com e sem medicamentos. O uso ou não de remédios vai depender do estágio da doença e do risco cardiovascular do paciente. Uma pessoa que acabou de ser diagnosticada pode conseguir reverter à alta da pressão adotando um estilo de vida saudável, que inclua redução do sal na alimentação, maior consumo de vegetais e pouco ou nada de álcool.

Esses novos hábitos devem ser aliados à prática regular de exercícios físicos e a perda de peso. “Essas mudanças de hábitos servem tanto para a prevenção da doença como para o seu tratamento”, ressalta o nefrologista. Reduzir o consumo de sal significa consumir, no máximo, 6 gramas diárias, o que equivale a quatro colheres rasas das de café. O brasileiro consome, em média, 12 a 14 gramas de sal por dia.

O controle do peso e a realização de atividades físicas regulares durante pelo menos 30 minutos, três vezes por semana, contribuem não só para o controle da hipertensão, mas também para a queda da insulinemia (excesso de insulina no sangue), além de reduzir a sensibilidade ao sódio e diminuir as atividades do sistema nervoso simpático.

O fumo é o único fator de risco totalmente evitável de doença e morte cardiovasculares. Evitar esse hábito, que em 90% dos casos ocorre na adolescência, é um dos maiores desafios em razão da dependência química causada pela nicotina. No entanto, programas agressivos de controle ao tabagismo resultam em redução do consumo individual e se associam à diminuição de mortes cardiovasculares em curto prazo.

*Reportagem encaminhada ao blog pela jornalista Nathalia Brogiatto, da Advice Comunicação Corporativa

Um comentário em “Saúde & Fitness: Hipertensão e AVC

  1. Olá blogueiro!

    O número de pessoas com hipertensão no Brasil aumentou de 21,5%, em 2006, para 24,4%, em 2009. A hipertensão é uma doença silenciosa e ataca todas as faixas etárias. Por isso, junte-se à campanha de combate e controle da hipertensão do Ministério da Saúde. Você pode ajudar na conscientização da população por meio do material de campanha que disponibilizamos para download. Caso se interesse, entre em contato com [email protected]
    Obrigado!

    Ministério da Saúde

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