A série Saúde e Fitness, deste domingo, destaca um assunto que tem relação com o corpo, mas não no sentido de atividade física. Embora a gravidez altere bastante o corpo feminino, é na alma que as transformações acontecem com mais impacto. Na adolescência, quando tanto corpo quanto alma estão em formação, a gravidez precoce e não planejada pode causar impactos para a vida toda. Hoje é o Dia Mundial de Prevenção da Gravidez na Adolescência e o blog recebeu uma contribuição fantástica do Instituto Kaplan, especializado em educação sexual. Confiram e ajudem a disseminar:
Educação sexual e atuação dos pais podem
reduzir os índices de gravidez na adolescência
O Dia Mundial da Prevenção da Gravidez na Adolescência, 26 de setembro, é de extrema importância como reflexão sobre a educação sexual para a redução do índice de jovens “grávidos”. Sexo responsável é o maior enfoque da proposta de trabalho educativo que o Instituto Kaplan desenvolve na capacitação de professores e técnicos que trabalham nas questões de métodos contraceptivos, os riscos das doenças sexualmente transmissíveis, além do impacto de uma gravidez nesta faixa etária.
Maria Helena Vilela, diretora do Instituto Kaplan (Centro de Estudos da Sexualidade Humana), comemora este dia com dados expressivos conquistados através do Projeto Vale Sonhar, uma ação de política pública de conscientização na prevenção de gravidez na adolescência. “Conseguimos obter, entre 2008 e 2009, uma diminuição de 50% do número de gravidez nas escolas das cidades de Serra e Cariacica (ES). Em Alagoas este índice foi de 35%, o que é significativo para um estado nordestino. O Vale Sonhar também foi implantado nas escolas públicas do ensino médio do estado de São Paulo, na disciplina de Biologia, e alcançamos uma redução de gravidez em torno de 20%, o que equivale a 60.000 jovens que deixaram de engravidar na adolescência. É como ter um estádio do Morumbi lotado. No Brasil, este índice caiu em 8 pontos percentuais”.
A conscientização do impacto de uma gravidez indesejada é fundamental para que os jovens entendam a necessidade de prevenção: “É natural que havendo estímulo sexual, os jovens se desejem e, portanto, precisam ser bem preparados para esta liberdade em relação à questão sexual que a própria sociedade criou. Daí a importância do trabalho de educação nas escolas, com informação de credibilidade via internet, nos postos de saúde, enfim, onde os jovens estiverem”, ressalta Maria Helena Vilela.
A educadora e diretora do Kaplan acredita que, no Dia Mundial de Prevenção de Gravidez na Adolescência, a mensagem não é para os jovens, mas para os pais: “precisamos começar a refletir sobre a vida sexual como algo positivo, na qual nós devemos de fato estimular os nossos filhos a buscar consultas médicas e usar corretamente os métodos contraceptivos. A ajuda da família e de toda a comunidade é fundamental para que percebamos que hoje em dia, não dá mais para as meninas largarem a escola por causa de uma gravidez fora de hora”.
Veja vídeo com uma mensagem de Maria Helena Vilela:
Prevenção de Gravidez na Adolescência:
A gravidez na adolescência regrediu 34% na década passada, segundo dados do Ministério da Saúde, mas ainda é preocupante. O Instituto Kaplan, por exemplo, tira dúvidas sobre sexualidade de qualquer pessoa, por MSN (veja aqui no site deles como se conectar). Abaixo, perguntas e respostas de Maria Helena Vilela sobre o trabalho da ong:
A gravidez na adolescência tem diminuído no Brasil?
O trabalho com os adolescentes está tendo uma resposta positiva. Em 2004, quando nós começamos o trabalho do Projeto Vale Sonhar, o índice de gravidez na adolescência no Brasil era em torno de 28%. Hoje, a última referência que nós temos do DATASUS é de 2007, e estes dados nos mostram que houve uma diminuição de quase 8 pontos percentuais. Então atualmente, esse índice está em torno de 20% de gravidez na adolescência no Brasil. Isso mostra que todo o trabalho com a educação sexual, de prevenção que vem sendo feito, pode ter tido sim, um impacto positivo na vida desses jovens e contribuído para a redução desses números de gravidez na adolescência.
É essencial que haja educação sexual nas escolas?
Sem dúvida. A gravidez na adolescência tem muitos fatores, mas sem dúvida nenhuma, a educação sexual é um dos principais que interferem na decisão ou na condição de uma jovem de engravidar na adolescência. É fundamental que os adolescentes não apenas saibam, mas de fato tenham consciência do porque este corpo se reproduz, o impacto que uma gravidez pode trazer na vida deles, e como evitar em um momento que eles não estão prontos para isso. Portanto, o trabalho com educação sexual é imprescindível na vida desses jovens. Vale ressaltar a informalidade com que a questão sexual é tratada hoje em dia e muitos jovens não estão preparados para viver neste ambiente liberal criado pela própria sociedade. A facilidade que veio com o avanço da ciência, como exames de DNA e pílulas anticoncepcionais permite que o sexo não mais seja visto apenas com o objetivo de reprodução. Se sexo faz parte da vida do homem, portanto é natural que, se houver estimulo sexual, estes meninos reajam a estes estímulos e se desejem. Portanto, eles precisam ser bem preparados para esta realidade em que eles vivem hoje, daí a importância do trabalho de educação nas escolas, via internet, nos postos de saúde, enfim, onde os jovens estiverem. O que eles precisam é de um espaço para que eles tenham consciência de que adolescência não é o melhor momento para eles terem um filho.
Essa liberdade de informação da internet não atrapalha os jovens a dividir o que é o joio do trigo? Como o Instituto Kaplan está usando essas novas ferramentas de informação para também balizar o jovem?
A internet abre o espaço para que os jovens tenham acesso a todo o tipo de informação e obviamente, separar o joio do trigo para o jovem é muito difícil. Então o papel do Instituto Kaplan como uma instituição educadora nesta área de sexualidade é já dar o joio separado do trigo. E é isso que nós procuramos fazer no nosso trabalho, buscar a atenção do jovem para aquilo que ele de fato precisa saber: usar a sua sexualidade em seu benefício e não contra ele mesmo. Por isso, não negamos a nenhum jovem qualquer tipo de informação que eles queiram saber e sempre nos baseamos em critérios científicos e de investigações que nós ou outros profissionais de outras instituições tenham feito que embasam o nosso trabalho e as nossas observações a fazer para eles.
O Instituto Kaplan tem um trabalho pioneiro, que é o Projeto Vale Sonhar. Em alguns estados como Alagoas, São Paulo e Espírito Santo já há uma política pública que é o ensino da educação sexual com base no futuro, com os sonhos do futuro, dentro da disciplina de biologia. Quais têm sido os resultados efetivos dessa ação?
Os resultados são bem animadores! Nós conseguimos obter por meio de um trabalho de multiplicador (em que instruímos o coordenador pedagógico para que ele prepare os seus professores para realizar as oficinas do Vale Sonhar), uma diminuição de 50% do número de gravidez nas escolas das cidades Serra e Cariacica (ES) em 2008 e 2009. A partir dessa experiência, esse trabalho foi expandido para todo o estado do Espírito Santo. No estado de Alagoas que foi um trabalho desenvolvido em 2008 e 2009, também por este meio de multiplicador, conseguimos obter um resultado em torno de 35% de diminuição no número de gravidez na adolescência. Este trabalho, que foi o primeiro realizado na Secretaria de Educação do Estado de Alagoas, foi implantado em todas as escolas estaduais do estado, onde todos os municípios puderam desenvolver um trabalho monitorado pelo Instituto Kaplan em todos os momentos. São Paulo, que já é uma rede infinitivamente maior, (enquanto em Alagoas nós temos 187 escolas no estado inteiro de Ensino Médio, em São Paulo nós temos uma rede de 3.668 escolas), é um universo fantástico e o Instituo Kaplan fica muito feliz que esta secretaria tenha implementado a metodologia do Vale Sonhar dentro da matéria de biologia. E com isso, a gente conseguiu nesta primeira avaliação de 2008 e 2009, uma diminuição em torno de 20% do número de jovens que deixaram de ficar “grávidos” após as oficinas do Vale Sonhar. Isso é um dado muito significativo, já que na rede de São Paulo, são 600.000 alunos e podemos inferir que aproximadamente 60.000 jovens deixaram de engravidar nesse ano de 2009. É um resultado muito gratificante não só para o Instituto Kaplan como para todos nós que queremos que os nossos jovens e nossa população tenham uma melhor qualidade de vida.
Qual a reflexão que o Instituto Kaplan deixa nesse Dia Mundial da Prevenção da Gravidez na adolescência?
A reflexão é para os pais e não para os jovens. Embora os adolescentes tenham vida própria, eles são frutos de uma educação, isto é, boa parte do que fazem e acreditam ainda está no núcleo familiar. O que eu gostaria de dizer para os pais é que sexo faz parte da vida da gente, é uma necessidade como outra qualquer e não é por si só ruim, pelo contrário sexo é uma coisa boa. Agora se ele não for bem trabalhado, se a pessoa não souber como lidar com a questão sexual, isto pode trazer conseqüências negativas para a vida delas. Ou nós começamos a refletir sobre a vida sexual como algo positivo, na qual nós precisamos de fato olhar para ela com carinho e estimular os nossos filhos a buscarem consultas médicas, e usarem os métodos contraceptivos ou o que nós vamos ter aí é uma dificuldade que vai além das possibilidades do Instituto Kaplan. Nós vamos até um ponto, mas agora, nós precisamos da ajuda das famílias, de toda a comunidade, para que a gente perceba que hoje em dia não dá mais para as meninas largarem a escola por causa de uma gravidez na adolescência.
Saiba mais:
INSTITUTO KAPLAN – www.kaplan.org.br
*Material elaborado e encaminhado ao blog pela jornalista Vera Moreira, usando como fonte Maria Helena Vilela, diretora do Instituto Kaplan. A publicação no blog é mediante autorização, desde que respeitados a citação dos créditos e a integridade do texto.
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Leia mais textos de Maria Helena Vilela no blog:
>>Artigo: *É possível evitar gravidez na adolescência (publicado em 26/09/2009)
>>Um papo sobre sexualidade, menarca e dúvidas na “gineco” (publicado em 02/02/2010)
>>Artigo: Verdades e mitos sobre a homossexualidade (publicado em 06/06/2010)
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