Por que tanto interesse na vagina alheia?

A mania nacional é se meter na vida dos outros, principalmente das outras. E ditar regras de comportamento. E determinar o que é certo ou errado até na vagina alheia. Presenciei uma conversa em que os interlocutores torciam o nariz para a ginecologia estética. Um dos alarmados com a prática era um homem cheio de ‘boas intenções’. Ele defendia que uma feminista que se preocupa com a estética da vagina está traindo o movimento.

Bom esclarecer que não se tratava de trair movimento nenhum, porque as feministas defendem todos os movimentos baseados no respeito e na dignidade. Se alguém, principalmente homem, explica que o feminismo é sobre proibições, não entende nada do assunto. Feminismo é sobre liberdade, sobre ter o direito de ser e fazer o que quiser, sendo respeitada pelas próprias escolhas.

É sobre igualdade de direitos e de oportunidades. Sobre autonomia, autoconfiança, autoestima. Sobre não ceder às pressões ditadas por quem insiste em rotular, enquadrar e ditar regras de comportamento para as mulheres, como se elas fossem coisas sem vontade, propriedade, objeto inanimado. Como se suas vaginas, embora estejam em seus corpos, pertencessem ao coletivo e todo mundo pudesse palpitar!

Vênus de Urbino (Ticiano, 1538)

Vários movimentos em um só

O que se chama de movimento feminista teve muitas fases desde a sua origem. E cada fase dessas fez jus ao tempo histórico onde esteve inserido e deu sua contribuição para que nós chegássemos onde estamos. Daí para a frente é com a gente e com as gerações que vão nos suceder, porque ainda existe muita coisa a ser conquistada.

De alguns anos para cá, o feminismo deu mais saltos evolutivos. E, cada dia mais, vem se tornando não um, mas diversos movimentos que se apoiam e conectam, porque existem muitas formas de vivenciar o feminino. E, por isso, há quem prefira agora dizer feminismos, no plural, para incluir todas as vertentes, ao invés de incentivar clubinhos.

Mulher não é ‘tudo igual’. Vagina não é ‘tudo igual’, como pensam os machistas de plantão. E tem mulheres que vivem experiências e opressões específicas, como as trans, as negras, as lésbicas, as gordas, etc.

Os feminismos vêm buscando se abrir para essa diversidade de vivências do feminino porque o mundo vem buscando se abrir para a diversidade das pessoas. O caminho ainda é longo, cheio de avanços e recuos, mas a gente chega lá, tem de continuar caminhando e superando os obstáculos.

Voltando a focar na vagina

Esclarecidos, rapidamente, o que são os feminismos deste século XXI onde vivemos, quero falar da vagina, porque é esse determinado aspecto da anatomia de determinados corpos femininos que as pessoas querem controlar.

Vamos filosofar sobre o que significa alguém, especificamente se for homem, abrir a boca para criticar quem fez plástica na vagina. Entender o que leva alguém a estabelecer se é feminista ‘raiz’ ou ‘nutella’ quem fala sobre o assunto sem pré-julgamentos e preconceitos.  

Até porque, de verdade, gente, se a vagina não é sua, para que mesmo interessa se A, B ou C operou, cortou, esticou, lipoaspirou, rejuvenesceu, apertou, elasteceu?

Para ser justa, não são só os homens que não têm direito de criticar quem faz o que quiser e bem entender com a própria vagina. Mulheres não tem o direito de ditar regras e estabelecer normas sobre o corpo das coleguinhas.

Vênus Capitolina (Séc. IV A.C.)

Nem ranking, nem medalha

Ainda existem moças que não perceberam que o feminismo não se trata de estabelecer as suas normas para enquadrar as outras, tirando do clube as mulheres que alguém considera não serem dignas de pertencer ou carregar o título de feministas. Ainda tem mulher querendo determinar quem deve ou não ser considerada ‘mulher de verdade’. Leiam Simone de Beauvoir, revisar os clássicos sempre ajuda.

Não tem carteirinha. Não tem essa de raiz ou nutella. Não existe mulher de verdade ou de mentira. Tem inclusão. Não é para fazer ranking entre os muitos feminismos, é para ter respeito. Solidariedade entre mulheres que se unem pelos pontos em comum e se respeitam nas diferenças e apoiam as lutas umas das outras. Porque se eu não sei o que significa ser mulher trans, lésbica ou negra, tenho de dar um passo atrás e deixar as trans, lésbicas e negras serem protagonistas de suas lutas.

Por também ser mulher, dou o meu apoio, me solidarizo com a dor de quem tem uma realidade diferente da minha. Mas não estabeleço hierarquia entre minhas necessidades e as das outras mulheres. E nem digo que a bandeira que carrego é mais ou menos pesada ou importante, apenas tem diferenças. No dia em que todas as mulheres entenderem isso, o machismo estará ferrado de vez!

De boas intenções…

É preciso cuidado com as boas intenções e os infernos que elas trazem. Criticar algo que não se gosta, concorda ou faria é um direito. Mas desmerecer quem faz uma escolha diferente da nossa é desrespeito.

Da mesma forma, é desonestidade rotular de melhor ou pior feminista quem respeita a decisão alheia de operar a própria vagina. É desonesto porque padroniza e estimula a competição entre as mulheres. Uma mulher não pode ditar regras sobre os corpos e as vontades de outra, porque uma não é a outra. Para decidir, é preciso vestir a pele da colega no sentido literal e isso não existe. Eu visto meu corpo, você veste o seu.

Empatia é entender a dimensão da dor do outro, fazendo um exercício de se colocar no lugar da pessoa ferida, mas isso só é possível metaforicamente. Por mais empatia que se tenha, nunca seremos capazes de sentir exatamente o que o outro sente. Porque os corpos e os espíritos são diferentes. O bonito é compreender o outro mesmo na diferença.

As três graças (Rafael, 1504)

A vagina no meio do debate

O problema com técnicas para rejuvenescer ou remodelar vaginas, para mim, não é a medicina, ou estética, em si, mas o conceito por trás da intervenção. O serviço foi criado em algum momento por existir demanda. Assim como ocorre em outras intervenções – como a lipoescultura, lifting facial, redução ou aumento de seios -, no caso das vaginas remodeladas, existe sim um certo modelo opressivo vendido como ‘a mulher ideal’. É preciso alimentar a indústria que existe à custa da nossa insatisfação.

O ponto é descobrir porque as insatisfações se tornam insatisfações. O desafio é expandir cada vez mais esse círculo que restringe a um determinado tipo de padrão, de corpo, de pele, de cabelo, de tamanho, e ir incluindo o máximo de gente. Até que um dia todo mundo entenda que a pluralidade é boa e as belezas são diferentes, nem melhores, nem piores.

Essa demanda foi gerada por quê? Por que tem mulheres que se sentem inseguras com seus corpos apontados e vigiados? Por que tem mulheres que se sentem humilhadas pelos parceiros que, quando elas envelhecem, costumam fazer comentários maldosos sobre o aspecto de suas vaginas, como se eles também não ficassem mais velhos e flácidos? Por que existe uma cultura secular que desmerece as vaginas, que odeia vaginas, que despreza, diz que são feias, que fedem, que estão largas de tanto transar? Por que existe um culto à juventude, que muitas vezes beira à pedofilia, que enaltece as ‘novinhas’? Por que existe um fetiche cruel de que quanto mais apertada for a mulher, mais o homem terá prazer, mesmo que durante o sexo ela sinta dor e incômodo? E como se o prazer dela não fosse tão importante quanto o dele? A resposta é sim para todas essas perguntas acima e para outras que não couberam aqui.

Existe uma lógica perversa por trás dos ideais de beleza e sensualidade femininas? Existe. Mas existe também um discurso que se pretende em defesa das mulheres, mas no fundo, é só mais uma caixa que tenta nos aprisionar, etiquetar e desconhecer nosso direito mais básico e humano de decidir ‘sem ser julgadas’ o destino de nossos próprios corpos, vontades, sexualidade…

Sem falar, também, no tanto de homem por aí que se acha no direito de nos explicar o que são os movimentos feministas e como uma feminista deve ser ou se comportar. Sério, rapazes? Vocês querem mesmo explicar para as mulheres como é ser mulher e lutar por direitos e reconhecimento em um mundo ainda dominado por homens?

Sim, e daí?

A conclusão desta longa reflexão é bem simples: a mulher que decide se submeter a uma intervenção na vagina ou em outra parte do próprio corpo por estética, e não por necessidade da saúde do órgão, tem seus motivos e só ela sabe quais são ou porque cederá a eles.

Pode questionar se é por ela mesma que faz a cirurgia, se para favorecer a própria autoestima, ou se vai encarar o risco de um procedimento invasivo e um processo de recuperação, às vezes incômodo, só para agradar alguém ou obedecer aos padrões da sociedade?  Até pode. Mas pode, e deve, principalmente e sempre, respeitar a decisão que ela tomar, porque só ela sabe o que carrega no corpo.

Às vezes, dá aquela vontade de ter varinha de condão e sair por aí fazendo abracadabra e botando juízo e bom senso na cabeça de quem a gente acha que está precisando. Mas, se as pessoas tivessem esse poder, já imaginaram como o mundo seria assustador?

Sejamos mais educadores e aprendizes uns dos outros enquanto pessoas. E menos juízes e algozes de quem pensa ou age diferente de nós. Nem toda mulher que faz plástica em qualquer parte do corpo tem a autoestima baixa ou é teleguiada. A lógica perversa existe, as demandas sugeridas também, tem muita gente que ainda se ilude ou deixa abalar por críticas negativas e por pressões de companheiros, é verdade.

Mas é preciso reconhecer e respeitar a liberdade de cada pessoa, principalmente de cada mulher, fazer o que deseja com o próprio corpo e a própria vida. Desde que nossas decisões individuais digam respeito apenas a nós mesmas e não prejudiquem aos outros, ninguém tem direito de interferir, mesmo com ‘boas intenções’.

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Especial Dia dos Namorados: artigos para pensar no amor – III

E o terceiro texto do dia é também da psicóloga e educadora Maria Helena Vilela, que foi quem abriu a nossa série Especial Dia dos Namorados: artigos para pensar no amor. O tema agora é o prazer sexual e sua importância, que é tão grande quanto a necessidade de afeto que todos temos. Nos links abaixo, os dois primeiros textos da série:

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>>Especial Dia dos Namorados: artigos para pensar no amor – I (namoro virtual)

>>Especial Dia dos Namorados: artigos para pensar no amor – II (namoro e tempo)

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O DIREITO AO PRAZER SEXUAL

*Maria Helena Vilela

Um beijo, uma carícia especial… E pronto!!! O cérebro é invadido por uma onda gigantesca de excitação que leva a pessoa ao prazer sexual. A explicação para o prazer se esconde atrás de algumas minúsculas partículas químicas encontradas no organismo chamadas endorfinas, substâncias naturais produzidas pelo cérebro que nos relaxam e preservam da dor e que dão enorme prazer.

Este caldeirão químico, associado a uma cadeia de processos físicos e psico-emocionais que começam a interagir logo no despertar do desejo sexual, produzem no indivíduo uma especial sensação de bem-estar que torna a atividade sexual fundamental para a saúde e para a qualidade vida.

O prazer sexual é apenas o acorde final da grandiosa sinfonia, chamada relação sexual. Para que ele aconteça, outras emoções e comportamentos precisam ser apresentados, anterior ou concomitante ao prazer – a expressão sexual. É ela a responsável pelo encontro sexual e amoroso. É no cantarolar uma música, num sorriso, no tom da voz, no jeito de dançar, no perfume que se usa, no humor, numa brincadeira, em tudo isso há um encantamento que chama a atenção do outro e desperta a afetividade e o desejo sexual.

Num casal, os indivíduos devem compartilhar seus desejos, dizendo um ao outro do que gostam sexualmente, conversando sobre as fantasias, ensinando ao outro os segredos do corpo e tocando o outro do jeito que lhe agrada; enfim, revelando-se para que o outro descubra o caminho do prazer. É na descontração da manifestação dos interesses sexuais e no desprendimento do medo de julgamento que se dá o envolvimento sexual do casal e o sucesso do relacionamento.

*Maria Helena Vilela é diretora do Instituto Kaplanwww.kaplan.org.br

**Texto publicado mediante autorização e respeito à autoria e integridade do conteúdo e ideias do autor. Enviado ao blog pela assessoria do Instituto Kaplan, entidade de educação sobre sexualidade para jovens.

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Especial Dia dos Namorados: artigos para pensar no amor – I

Em comemoração ao 12 de Junho – e aqui tanto faz se você está só ou acompanhada (o) no momento -, selecionei quatro artigos sobre o amor e suas mais variadas formas de expressão para compartilhar aqui no blog ao longo deste domingo. Do namoro virtual aos que afirmam não namorar por falta de tempo, ou oportunidade; da preocupação com o prazer próprio e o do outro, até as muitas definições para o amor, dizem até que ele é uma “eleição”, tem tema de reflexão aí para meninas e meninos de todas as idades e orientações. Dos teens aos adultos. Espero que aproveitem!

Namoro virtual – A ficção é uma realidade

*Maria Helena Vilela

O namoro virtual tá aí, e veio pra ficar. Não adianta os adultos condenarem, ou mesmo achar que é o fim do mundo alguém buscar encontrar sua cara metade pela internet, sem que nunca tenha tido qualquer contato pessoalmente. O que era ficção virou realidade, e faz parte do dia-a-dia de muitos jovens, e adultos também! Apesar das pessoas estarem conectadas por um computador, elas se observam, criam estratégias amorosas, atuam e decidem o rumo de sua própria história.

A comunicação entre os homens passou por sinais de fumaça, ruídos de tambores, mensageiros, correio aéreo, telégrafo, telefone e, agora, a internet… Uma questão de segundos, e pronto! Consegue unir milhares de pessoas que disparam idéias e imagens que podem perfeitamente nos fazer se apaixonar – sejam elas, vinda de pessoas reais ou de personagens criados para chamar a nossa atenção.  A Internet é uma comunicação poderosa; um canal para conversar, trocar experiências, passar o tempo, conhecer pessoas, e por isso muita gente chega a namorar.

O encontro amoroso pode dar certo ou não, ser desastre, mas também pode ser… muito bom!!   Portanto, é preciso estar de olho nos pros e contras de um namoro virtual.

Situações positivas:

>>Encontrar a pessoa que interessa – O grande lance da internet é a quantidade de pessoas que você pode conhecer. Ela cria a possibilidade de se acha de tudo: mulheres, homens, homossexuais e bissexuais, solteiros, casados, velhos, novos, engraçados, sérios, cultos… é uma espécie de vitrine virtual, de pessoas que como a gente, trabalham, estudam, e querem ser felizes.

>>Namorar – Não existe mais o problema de garotas e garotos estarem limitados ao relacionamento com pessoas que fazem parte do seu ciclo social. Se uma garota, por exemplo, é uma pessoa caseira, ou mora numa cidade muito pequena, com poucas oportunidades para conhecer gente nova; com um computador e um pouco de tempo, logo, logo estará namorando. Segundo os entendidos, o negócio funciona! A internet é uma boa alternativa para quem quer flertar, namorar e até casar. Para se ter uma idéia, há um site de relacionamento que já conseguiu reunir um total de 16 milhões de cadastrados e, segundo o próprio site informa, recebe uma média de 2,5 milhões de visitantes únicos por mês.

>>Amplia o conhecimento afetivo e sexual – O anonimato deixa as pessoas mais a vontade para por em prática seus desejos e confessar o seu pensamento sobre a vida, suas vontades e seus sonhos. Isto pode ajudar as pessoas a conhecer melhor como garotos e garotas agem, pensam e se comportam sexualmente,  ampliando o olhar para a relação a dois.

>>Treino amoroso – Namorar ao vivo, a cores, com alguém de carne e osso que pensa, fala, acaricia e tem desejos a serem compartilhados e negociados pode ser, inicialmente, muito difícil para o adolescente.  Alguns por terem vários amigos, se enturmam com facilidade e o “ficar” e namorar acontece naturalmente. No entanto, há jovens mais tímidos e reservados, que quase não têm amigos e esse contato afetivo não acontece, ou é até assustador. Ao mesmo tempo em que ele deseja, também tem medo. Há alguns anos, pouca coisa poderia ser feita a não ser enfrentar o medo ou ficar sem namorar. Hoje, o namoro virtual pode ser muito útil nestes casos. Ele permite treinar habilidades para um relacionamento real no futuro – aprendem-se palavras, gostos e interesses do sexo oposto, ao mesmo tempo em que ajuda o jovem a desinibir e a se soltar de uma maneira mais segura.

 Situações negativas:

>>O risco de decepção é maior – O namoro virtual não é um objetivo em si mesmo, é uma estratégia para conhecer alguém que possa vir a viver um amor no real. No contato direto com a pessoa que nos interessa, isso é fácil de se estabelecer: o olho no olho e a proximidade nos permite ver, admirar, sentr o cheiro, e dificilmente, mentir. Pois, quando mentimos, logo somos traídos pelas atitudes e gestos… Já no mundo virtual, as pessoas se relacionam com alguém que ela cria na sua imaginação. Portanto, ao se conhecer pessoalmente, é muito comum haver uma decepção – se tem a sensação de estar com alguém estranho.

>>Dependência do site – A facilidade e disponibilidade do contato sexual e afetivo com as pessoas na internet aumentam a curiosidade e gera uma excitação que pode tornar muito difícil desligar o computador e voltar para vida real.  Isto é um problema! Só querer o namoro virtual, pode demonstrar uma dificuldade mais séria, um medo e incapacidade de enfrentar e conviver com o outro que afeta o desenvolvimento pessoal. No namoro real, você aprende as sensações que vem do contato com o corpo do outro, e aprende a respeitá-lo. No namoro virtual não há contato visual e físico e principalmente, é possível não respeitar o outro, não gostou, deleta.

>>Exige muita Cautela – É preciso muito cuidado e cautela para entrar no mundo do amor virtual. E como cautela ou paciência não é fácil de encontrar na adolescência… o namoro virtual pode ser muito arriscado e desastroso! A dica é para que vocês façam este namoro acontecer como conseqüência de uma amizade, e não de buscas desesperadas. Conversem muito antes de um contato real, investigue, pesquise e, observe pra ver se a pessoa está entrando em contradição. E quando for conhecê-la, lembrem-se: nunca se sabe o que pode encontrar!! Portanto, não vá sozinha e sempre marque o encontro em local público, bastante freqüentado.

*Maria Helena Vilela é diretora do Instituto Kaplanwww.kaplan.org.br

**Texto publicado mediante autorização e respeito à autoria e integridade do conteúdo e ideias do autor. Enviado ao blog pela assessoria do Instituto Kaplan, entidade de educação sobre sexualidade para jovens.

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Crianças e fashionismo: Um papo sobre a noção de limites

*Texto e reflexões de Andreia Santana

Já era para ter escrito esse post, mas o tempo nem sempre favorece a vida de blogagem. O tema porém, é daqueles que sempre vale a pena meter a colherzinha e, recentemente, dois bons “ganchos”, como se diz no jargão jornalístico, me fizeram pensar bastante sobre a relação das crianças com o universo da moda e a noção de limites que os adultos precisam estabelecer para evitar distorções na educação da meninada, principalmente das meninas.

Duas amigas acabaram favorecendo minha “filosofagem” sobre o assunto. Uma delas me enviou link do site do Estadão, com reportagem sobre as “mini socialites fashionistas” e uma outra, com a frase “para você, que milita na causa” (referindo-se ao meu interesse por educação infantil, embora eu não seja educadora, apenas mãe), me trouxe um exemplar da Folha de São Paulo do último dia 07 de abril, com reportagem sobre marcas de lingerie que estão fabricando sutiãs com enchimento para meninas de seis anos!

Na primeira reportagem, do Estadão, sobre as fashion kids, o leitor é apresentado a um grupo de meninas na faixa dos cinco aos dez anos, junto com suas respectivas mães. O texto mostra como essas meninas, devidamente estimuladas pelas mães, frequentam semanas de moda e consomem – ou ao menos desejam avidamente – marcas top de linha como Prada e Dior. Uma das mães chega a dizer, em tom casual, que não imagina a filha vestindo uma roupinha das lojas de fast fashion (ela cita a Renner) nem para dormir! Outra, empolgada com a matéria, diz que se considera uma pessoa bem humilde, pois dirige um Vectra, embora more em um apartamento de dois milhões de reais. Mais adiante, uma terceira mãe, questionada sobre de que forma o consumo de alto padrão é tratado na escola das crianças, responde, igualmente de forma casual, que este é um problema muito sério, que na escola discute-se “o que fazer com as crianças que não tem condições de viajar à Disney todo ano”!! Preciso dar mais exemplos?

Cena de concurso de beleza infantil no belo filme Pequena Miss Sunshine. A pequena Oliver (Abigail Breslin), é discriminada pelos organizadores do concurso por ser "fora do padrão"

O objetivo aqui não é criticar os ricos ou bancar uma Robin Hood de saias, porque seria hipocrisia e leviandade. Não tenho absolutamente nada com a vida alheia, não me considero palmatória do mundo e tampouco quero ensinar a quem tem dinheiro como gastá-lo. Só digo que esta não é a minha realidade e nem a de milhares de pessoas. Mas, se alguém tem cacife para pagar luxos, pequenos ou grandes, que os pague. Não sou contrária ao consumo dos itens do universo de beleza também, seria uma contradição, já que mantenho um blog feminino que fala entre outras coisas, de consumo e produtos de beleza, que eu uso, bastante. Também não sinto inveja das socialites que podem vestir as grifes internacionais. Pessoalmente, gostaria até de ter algumas peças que me falaram ao senso estético, mas como meu bolso não permite, sou bastante feliz garimpando peças nas fast fashions e demais lojas ou marcas que se adequam à minha realidade financeira, inclusive nos magazines e sacoleiras da vida. Isso não significa que não admire o trabalho dos deuses da moda. Mas para mim, por enquanto ao menos, é como admirar uma bela obra de arte em um museu: posso ver, desejar, mas não dá para levar para casa. Simples assim.

O que me leva a refletir aqui no blog sobre essa reportagem das mini fashionistas e a outra sobre os sutiãs com enchimento para meninas que sequer tem peitos ainda não é a questão de ter ou não roupa de grife, mas a noção de limite, da formação cidadã das crianças, do tipo de mundo que está sendo mostrado para elas e que só se sustenta dentro de uma bolha, do microuniverso onde elas gravitam, mas que, fatalmente, vai resultar em choque com a realidade aqui de fora. Até porque, em algum momento, as crianças crescem e saem da bolha. O choque é tanto para elas quanto para quem sofrerá o preconceito. Até porque, nem todo mundo vai circular na mesma rodinha. “O que fazer com as crianças que não podem ir à Disney todo ano”, lembram?

Foto tirada de reportagem sobre vaidade infantil no site da Abril

Exclusão, dificuldade em aceitar a diversidade do mundo, incapacidade de interferir em uma realidade desigual e divergente daquela da “bolha”. Isso é o que me assusta.

Me preocupa muito, por exemplo, que uma sociedade combata a pedofilia com tantas campanhas e ao mesmo incentive a sexualização precoce das meninas, vestindo-as como miniadultas, fazendo-as comportar-se como mulheres e consumir produtos que seriam mais adequados depois que elas tivessem maturidade suficiente para administrar as consequências. Não sou a favor que meninas de dois, cinco, sete anos de idade pintem as unhas, façam progressiva no cabelo, usem maquiagem. Me dá sempre a sensação de que estão roubando uma fase importante da vida dessas meninas, que estão abreviando suas infâncias e levando-as a parecer maduras, quando na verdade são apenas o simulacro de um adulto que, por amadurecer praticamente à força e antes da hora, acabará infantilizado.

A indústria da beleza quer vender e não importa para quem. E quanto mais cedo o consumo começar, melhor. Essa é a lógica do capitalismo, que é antropofágico, se alimenta de si mesmo. E isso aqui não é discurso político e nem fui eu quem inventou a roda. Séculos antes de eu meter minha colherzinha enxerida nesse angu, filósofos e teóricos da economia já haviam decifrado a lógica que rege a nossa sociedade. Principalmente no ocidente.

A pequena Sure Cruise se tornou celebridade badalada não apenas por ser filha do casal de astros de Hollywood Tom Cruise e Katie Holmes, mas por "ditar" moda para menininhas e até interferir no guarda-roupas da mãe

Portanto, lógico que donos de marcas de cosméticos e lingeries vão dizer que não tem nada demais vender seus produtos para meninas recém-saídas dos cueiros. E, ironia, vão jogar com os arquétipos da psicologia para empurrar cada vez mais produtos, para criar cada vez mais “necessidades” urgentes de ter algo que seria perfeitamente dispensável se a coisa fosse pensada de modo racional. Mas o consumo, e nós mulheres adultas que vez por outra caímos em tentação e compramos mais do que nossos cartões aguentam, bem sabemos, não é racional, mas emotivo. É a busca por prazer que nos leva a adquirir coisas que, racionalmente, não temos necessidade de possuir. É uma massagem no ego, um alento, um refinamento de gostos, ou de alma (cada um busca suas desculpas), cobiçar o belo, estar bela. É questão de autoestima – eu acredito nisso –  e de projeção: o que queremos mostrar aos outros? Nosso melhor lado, claro! Ninguém quer parecer mal na fita, nunca.

As crianças, tanto quanto nós, também querem a sensação de prazer. Se são ensinadas a tirá-la apenas do consumo, vão consumir como formigas saúvas na plantação, vorazmente. A diferença é que enquanto nós – na maioria das vezes – sabemos quando parar, nem que seja porque o limite do cartão acabou, elas não sabem. A menos que a gente ensine.

Freud e cia. explicam melhor que eu, inclusive, essa relação/necessidade que temos do prazer e da busca pela felicidade para dar sentido à vida, que a bem da verdade, ninguém descobriu ainda o que é.

Quando digo sexualização precoce, não estou falando nas teorias da psicologia que já demonstraram que as crianças possuem sexualidade latente, que o ato de mamar, por exemplo, é prazeroso e é preciso que seja assim, para que o bebê empregue a força necessária na sucção e com isso sobreviva, cresça, e a espécie garanta sua perpetuação. Se mamar fosse repugnante, os bebês fatalmente não vingariam. Se fosse um tormento indizível para as mães, o lado primitivo do ser humano, que foge da dor, iria impedi-las de alimentar suas crias. Então, tem componentes biológicos envolvidos aí, óbvio, e tem também toda uma construção de identidade, que é subjetiva e gradativa. Mas existe um ritmo próprio tanto para a natureza ancestral quanto para que a identidade atuem e se consolidem. Minha angústia é que esse ritmo natural vem sendo atropelado pelo consumo sem qualquer reflexão e consciência.

A personagem Mabi, da novela Ti Ti Ti. Aos 11/12 anos, era uma blogueirinha de moda super influente e um ícone de fashionismo. Mas revelava visão crítica tanto da moda quanto das posturas nada éticas que algumas pessoas adotam nesse meio

Quando éramos meninas, muitas vezes imitávamos nossas mães. As crianças aprendem por imitação – outra teoria científica já bem batida – e seus primeiros jogos e brincadeiras reproduzem o que veem no universo adulto. Brincam de escritório, brincam de mamãe, de papai, de guerra, de policia, de desfile, de salão de beleza e por aí vai… As meninas vestem as roupas das mães desde sempre. Vesti muito as da minha, suas camisolas de seda e renda eram as minhas preferidas, nas minhas brincadeiras elas viravam sempre vestido de princesa, lençóis viravam cabelos de sereia.

Mas há uma diferença – e essa é a noção de limite do título do post – entre uma criança espontaneamente reproduzir e interpretar o mundo adulto em jogos lúdicos e esse mundo ser empurrado para cima dela por meio de sutiãs, cintas ligas, estojos de make, concursos de beleza quase selvagens e que servem mais para satisfazer egos frustrados das mães do que de fato beneficiar as filhas. Há uma diferença gritante que está na inocência da criança que, aos cinco anos, olha maravilhada para o corpo da mãe e o dela própria, captando as mudanças de forma sutil; ou que veste um sutiã achando aquela peça engraçada; ou até o coloca na cabeça porque não sabe direito para que serve; e a malícia da indústria, que se apropria dos jogos infantis e os adapta a essa lógica muitas vezes perversa, que faz a roda do consumo girar e, fatalmente, excluir, segregar.

E quem pode dar um basta nisso? Provavelmente ninguém. A ideia não é estabelecer censura ou patrulha ideológica, abolir a indústria que gera empregos ou pregar o politicamente correto; mas apenas advertir que crianças que crescem depressa demais fatalmente vão se tornar adultos com problemas de autoestima. Não é uma regra, lógico, mas dados sobre anorexia nervosa ou dismorfia corporal em garotas de 14 anos, gravidez precoce por uma entrada na vida sexual antes da hora e sem preparo, índices de doenças sexualmente transmissiveis e Aids aumentando entre o público jovem, transtornos compulvisos, aumento no consumo de drogas pesadas (na maioria das vezes como muleta para aguentar a crueza do mundo), crises depressivas e uma infinidade dos chamados “males da civilização moderna” estão aí para provar que alguma coisa de grave está sendo feita com a formação das nossas crianças.

O sutiã infantil com enchimento está no centro da polêmica. Para especialistas em psicologia, o sutiã em si, que já foi símbolo de dominação machista, reconfigura-se em fetiche e erotização, símbolos esses que ainda não se adequam ao repertório das crianças de seis anos, mesmo num mundo de informação ultraveloz e ao alcance como o nosso

Não é preciso ter lido todos os psicanalistas para saber que quando se cria uma criança numa bolha, fazendo-a acreditar que o mundo se curvará ao seu desejo, não se está preparando essa criança para as frustrações da vida adulta, que de uma forma ou de outra sempre virão. A menina rica poderá comprar Dior e Prada a vida inteira, botar botox, morar em coberturas de milhões de dólares, ter todos os assessórios e cosméticos que seu dinheiro puder comprar, fazer lipo, botar silicone, mas nada disso irá livrá-la de uma possível rejeição, ou decepção amorosa, ou da solidão e da velhice. A tecnologia, até agora, só conseguiu retardar, mas parar o tempo ainda não é possível.

Me pergunto: as crianças erotizadas precocemente (porque tem diferença entre a sexualidade infantil latente e o erotismo adulto imposto às crianças), acostumadas a julgar as pessoas pelo ter e não pelo ser, criadas para cobiçar sempre as super marcas e desprezar os coleguinhas que não podem vestir Dior ou passar férias na Disney, essas crianças estarão preparadas para a vida e seu eterno jogo de ganha aqui, perde ali? Saberão lidar com a frustração? Conhecerão o que é respeito, solidariedade? Estarão livres dos preconceitos que vêm agregados à  essa ideia – excludente em si – de perfeição?

Me pergunto sempre no que essa fúria consumista que não poupa nem o curso natural da infância irá nos levar. Por que os pais perderam a capacidade de dizer não aos filhos, criando pequenos ditadores que se acham acima de tudo e de todos?

Não tenho as respostas e nem quero culpar a indústria da beleza pelas mazelas da sociedade, mas quando leio reportagens em que menininhas competem entre si para saber qual delas é a mais it girl dentre as its, com suas mães deslumbradas incentivando a voracidade infantil, confesso que tenho um certo medo do que está por baixo da ponta desse iceberg!

*Andreia Santana, 37 anos, jornalista, natural de Salvador e aspirante a escritora. Fundou o blog Conversa de Menina em dezembro de 2008, junto com Alane Virgínia, e deixou o projeto em 20/09/2011, para dedicar-se aos projetos pessoais em literatura.

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Ainda o estereótipo da mulher como presa fácil

*Texto e reflexões de Andreia Santana

Esse texto vai pular a fila e passar à frente da Carol de Camila Pitanga (preciso comentar essa personagem, gente, é ponto de honra!), porque a urgência do fato se sobrepõe e, como se diz no jargão jornalístico, o tema está na ordem do dia.

Recebi a dica de uma amiga, via G-Talk: “pra você que gosta de refletir sobre as representações da mulher”. Ela deu RT no Twitter, igualmente chocada com o conteúdo. Detalhe: o RT foi do Twitter de um amigo, para vocês verem que os homens de bom-senso também se sensibilizam com essas coisas. Trata-se de um post num dos blogs da NOVA On Line (Taça em Y). A revista, considero abertamente machista tanto na versão impressa quanto na virtual, mas, infelizmente, engana meia dúzia de incautas. Se você pensa que as dicas de “como enlouquecer seu gato na cama” ou “como conseguir ter mais orgasmos que suas amigas” te tornam super poderosa, lamento informar, companheira, a NOVA vende as velhas “amelinhas” de outrora, submissas, objetos de decoração e dispostas a tudo para “agradar” o macho alfa, competitivas e nada solidárias com outras mulheres, de uma forma que considero negativa e que não ajuda em nada a imagem coletiva que se faz do feminino. A diferença é que as novas “amelinhas” estão embaladas para presente em fashionismo fake. Mulheres de atitude, de verdade, passam longe da intenção editorial da revista, do contrário, não se justificaria um post desses, em pleno Carnaval.

O título sugestivo: “Como descolar um gringo no Carnaval”, já mostra por quais caminhos vai a minha análise. Felizmente, ao acessar a página novamente, vi que tiraram o conteúdo do ar, provavelmente porque repercutiu mal nas redes sociais (280 RTs no Topsy -Twitter Trackbacks) e a ira de outros blogueiros em portais grandes como o Uol, mas o título continua registrado, para provar que não foi delírio coletivo (acesse aqui). Além disso, na internet, já ficou provado, a palavra dita e publicada é igual a tatuagem, pode até apagar, mas a cicatriz fica (aqui a versão salva pelo São Google).

Fico exultante de felicidade quando vejo a twittosfera e a blogosfera descendo o sarrafo nesse tipo de conteúdo que em nada ajuda a diminuir os índices de desrespeito e violência contra a mulher e que fazem questão de nos rotular sempre pejorativamente e de preferência como presas fáceis da lascívia masculina. Inclusive, o tema da representação feminina, como lembrou minha amiga, é corriqueiro por aqui, porque me irrita profundamente ver que esse tipo de visão distorcida é vendida como “ideal feminino”.

Como assim dar conselhos para que as brasileiras solteiras na folia arranjem um gringo “com cara de perdido” para “chamar de seu” durante o Carnaval? Estamos no século XXI, mas essa tendência de achar que as mulheres abaixo da linha do Equador são todas lanchinho fácil remonta há pelo menos 200 anos. Quem me conhece sabe que sou fascinada por crônicas de viagem e que os cronistas do século XIX, entre eles membros da realeza como o arquiduque Maximiliano da Áustria, já incentivavam o turismo sexual ao descrever, embasbacado e com artes literárias, o efeito devastador nos seus nervos, que exerciam os ombros à mostra das “belas mulatas baianas”. O príncipe esteve em Salvador lá pelos idos de 1800 e escreveu um livro inteiro sobre suas impressões da visita, dedicando um capítulo à beleza e ao “sangue quente” das mulheres daqui.

O mínimo que o post da NOVA faz é aconselhar as moças dispostas a fisgar o gringo “a pegar um bronze e ficar da cor do pecado”. Movimento Negro Unificado, por favor, manifeste-se!

Que no século XIX se tivesse essa visão limitada de mundo e de respeito ao feminino – principalmente às mulheres negras – , eu entendo, embora não aceite, porque existe toda uma construção histórica milenar por trás dos aparentes elogios à sensualidade tropical. Entendo também  que o texto tenha sido escrito, naquela época, por um homem, da realeza, ou seja, não era qualquer homem, sabemos o que um europeu, branco e da nobreza, era capaz de fazer naqueles tempos. Agora, que nos dias de hoje, uma mulher se dê ao trabalho de montar um manual que ensina outras mulheres a “caçar” e vender-se como banana na feira para um estrangeiro no Carnaval me envergonha demais.

Esse é o arquiduque Maximilian, que pelo visto fez escola

Além disso, o texto é racista – tanto no que diz respeito a empurrar as “morenas” brasileiras para cima de “gringos” que, não todos, mas uma parte, chegam por aqui atrás  dessa promessa de Sangri-la do sexo; quanto racista e xenofóbico em relação à figura dos estrangeiros que visitam o país no verão e ao qual os órgãos de turismo nos dizem com todas as letras, o tempo todo, massivamente, para tratar bem. Tratar bem significa, inclusive, dormir com eles, coitados, tão carentes e sozinhos desse lado do oceano!

É xenofóbico pois reúne os visitantes num pacote único: “gringo otário que pode ser seduzido e explorado” nos dias de reinado de Momo. Cadê o respeito, não ao fato de serem visitantes que deixarão dólares (ou euros) na nossa economia, mas por serem estrangeiros que recebemos em casa e a quem, infelizmente, mostramos nosso pior lado, quando poderiamos aproveitar a oportunidade para desfazer equivocos que perduram há 200 anos! Mas que nada, Maximiliano da Áustria deixou sucessores (e sucessoras)…

Escrever, todo mundo pode escrever o que bem quer, até porque a liberdade de expressão existe para isso. Mas é temerário publicar qualquer coisa, mesmo que sob a desculpa do “estávamos apenas zoando ou tentando ser engraçadinhos no clima momesco”. Mais temerário ainda se torna quando o texto é publicado em site ou veículo impresso de grande repercussão, que forma opinião e que acaba moldando padrões de comportamento, como todo conteúdo de cultura faz. Da novela ao blog, sempre vai ter quem “leia” a mensagem e assuma aquilo como verdade absoluta, disseminando ideias que boa parte das vezes escondem (pre)conceitos absurdos. A ideia aqui não é exercer patrulha ideológica e nem bancar a moralista, porque abomino as duas coisas, mas apenas alertar para que se pense com calma antes de escrever e publicar coisas desse tipo.

Em nada ajuda a diminuir o desrespeito, violência, humilhações e estereótipos dos quais nós mulheres somos vítimas em potencial ou rotuladas diariamente. Ainda existe uma onda machista que se renova e disfarça em várias formas, perigosa e à espreita, pronta para nos engolir e levar de enxurrada tudo o que conquistamos até agora, após décadas de tentativa de conseguir sermos tratadas como seres humanos que merecem tanto respeito quanto qualquer outro, independente do sexo biológico, da orientação sexual, da cor da pele ou da conta bancária. Vamos acordar por favor e usar o poder da mídia – quanto o temos em nossas mãos – para disseminar uma cultura positiva de feminilidade e não para nos expor na prateleira como a mercadoria mais pitoresca do Carnaval brasileiro.

Era por isso que a Simone de Beauvoir dizia que ninguém nasce mulher, torna-se uma. Só que essa construção do feminino não pode ser de uma mulherzinha vendida em revistas e cartazes de cervejaria com a falsa promessa de liberdade sexual e ser dona do próprio nariz se quem dita as regras do jogo são os machinhos que ainda nos dividem em “para casar” e “para passar o tempo”, como o integrante do reality show da moda tanto alardeia.

Engana-se tremendamente quem pensa que bancando a femme fatale para “gringo” ver é que se conquista espaço e se afirma uma identidade de mulherão.  Mulher retada, na real, não é a que assume atitude masculina na caçada. O exercício pleno e livre da nossa sexualidade tão demonizada ao longo dos séculos não passa por esse caminho de degradação. Um recado para quem ainda compactua com esse tipo de ilusão: “acordem e pensem na frase da Simone – que tipo de mulher vocês querem se tornar?”

*Andreia Santana, 37 anos, jornalista, natural de Salvador e aspirante a escritora. Fundou o blog Conversa de Menina em dezembro de 2008, junto com Alane Virgínia, e deixou o projeto em 20/09/2011, para dedicar-se aos projetos pessoais em literatura.

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Artigo: Sexo frágil e a prevenção da AIDS no carnaval

Para reforçar a campanha sobre sexo seguro no Carnaval, que este ano tem como foco o público feminino jovem, o blog abre espaço para mais um artigo de autoria de Maria Helena Vilela, diretora do Instituto Kaplan. Além de falar da campanha e trazer dados sobre o avanço do HIV/Aids entre as mulheres, Maria Helena dá dicas importantes sobre a sexualidade e autoestima femininas. Mas, embora o foco sejam as garotas na faixa dos 15 aos 24 anos, os conselhos sobre autopreservação valem para as mulheres maduras e também para todos os casais, independente da orientação sexual. Cuidar de si e de quem se ama não é questão restrita a um determinado gênero. Boa leitura!

Sexo frágil e a prevenção da AIDS no Carnaval

*Maria Helena Vilela

A campanha de Carnaval de 2011 terá como público as mulheres de 15 a 24 anos.  O público feminino foi escolhido porque a infecção entre as mulheres está em constante crescimento. Apesar de haver mais casos da doença nos homens, essa diferença diminui ao longo dos anos. Segundo o Ministério da Saúde – Departamento de DST/Aids, em 1989, a razão de sexos era de cerca de 6 casos de aids no sexo masculino para cada 1 caso no sexo feminino. Em 2009, chegou a 1,6 caso em homens para cada 1 em mulheres.

As mulheres lutaram por seus direitos sexuais, pelo direito de estudar, desenvolver uma carreira profissional e conquistar sua autonomia econômica e pessoal. Mas, quando a questão é amor e sexo, a garota volta no tempo, e ainda se comporta de forma submissa aos desejos do namorado e, presa a mitos e tabus que colocam sua vida em risco, como por exemplo, a virgindade. A virgindade ainda é muito valorizada na mulher. Sabendo disso, muitas garotas acabam cometendo equívocos incríveis para não romper o hímen – fazer sexo anal; prática sexual que quando realizada sem preservativo é a de maior risco de infecção pelo HIV. Na contra mão dos fatos, pesquisas mostram a dificuldade de a garota negociar o uso da camisinha por medo de perder o namorado, de ser julgada “galinha”, ou ainda pior: não usar preservativo em nome do amor, acreditando que “quem ama confia”. Tais comportamentos fazem da mulher o verdadeiro sexo frágil.

A infecção pelo HIV se dá pelo contato direto com o sangue, o sêmen e as secreções vaginais, e isto pode acontecer no sexo oral, mas principalmente, na relação vaginal e no sexo anal. O ânus e a vagina são órgãos muito vascularizados, revestidos por um tecido delgado chamado de mucosa. Na relação sexual, especialmente durante a penetração, o pênis provoca atrito na vagina ou no ânus, causando micro-fissuras nas paredes das mucosas, aumentando o risco de que o HIV presente no esperma entre na corrente sangüínea.

Outro fator que aumenta a vulnerabilidade da mulher à Aids é a menstruação. Quando a mulher está menstruada, a descamação da parede do útero o deixa completamente exposto ao HIV. Fazer sexo menstruada é “entregar o ouro para o bandido”, pois o vírus atinge a corrente sangüínea sem precisar fazer esforço.

Como se não bastasse tudo isso, o canal vaginal é um órgão interno, o que dificulta à mulher perceber qualquer alteração na vagina. Muitas vezes, ela só descobre que tem uma infecção, ou mesmo uma DST, se consultar um ginecologista, ou quando a doença já está bastante adiantada. Uma infecção agrava ainda mais a fragilidade da parede vaginal, aumentado a vulnerabilidade da mulher à Aids.

Meninas sejam espertas e fiquem fora desta estatística da Aids. Se existe sexo frágil, estes são o sexo anal e o vaginal, quando o assunto é Aids. Portanto, alguns cuidados são fundamentais na sua vida, e especialmente, no carnaval:

>> Nunca delegue o cuidado com o seu corpo. O corpo só tem um dono, e este é você. Quando você delega, o outro pode não priorizar os seus interesses.

>>Só se previne quem tem convicção dessa necessidade. Busque informações sobre razões para se prevenir, sexualidade, prevenção, DST/Aids e métodos contraceptivos.

>>Não faça qualquer negócio sexual no Carnaval. A auto-estima da mulher está condicionada a sua capacidade de despertar o interesse nos homens, principalmente, em festas como o Carnaval. Se achar que está invisível, mesmo assim, não faça nenhum acordo que possa lhe colocar em risco.

>>Antes de cair na folia escreva uma lista com os nomes das pessoas que você considera importantes e que lhe amam. Isto ajudará você a não esquecer que é amada

>>Sei que é difícil, mas se for transar não beba. A bebida atrapalha o prazer e faz você esquecer seus limites.

>>Nunca negocie o uso da camisinha na hora da transa. O tesão embriaga e lhe deixa entregue a sorte, ou azar!

>>Conheçam a camisinha feminina. Ela é uma opção, e já existem modelos mais simples que facilita a sua colocação.

>>Na falta da camisinha, você não precisa abrir mão do prazer sexual. O casal pode realizar práticas sexuais que não sejam de risco, como a masturbação simultânea entre os parceiros

>>Existem camisinhas de vários tipos e qualidades. Portanto, sempre haverá uma que se adeque ao seu parceiro.

>>Sexo é uma brincadeira de verdade. Quando a gente se machuca, a cicatriz fica para sempre.

*Maria Helena Vilela é diretora do Instituto Kaplanwww.kaplan.org.br

**Conteúdo enviado pela Vera Moreira Comunicação e publicado com autorização, mediante citação da autoria e respeito à integridade do texto.

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SOS Carnaval: dicas para arrasar no look e na atitude

O Carnaval em Salvador começa, extra-oficialmente, na próxima quinta-feira, embora a cidade já viva “dias de Momo” desde o começo do Verão. Para ajudar quem está atrás de uma inspiração para compor o look da folia, listei algumas dicas de maquiagem e figurino enviadas ao blog por marcas e make up artists que trabalham propostas diferentes, do nude ao clássico, passando pela funny make (assim dá para atender todos os gostos). Além disso, no final do post, enumero algumas recomendações do Instituto Kaplan para a prevenção da AIDS e das DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) durante a semana de “Carnevale“. Tá bem grandinho, mas como é um SOS, para facilitar, dividi por temas:

Divirtam-se, aproveitem as dicas e curtam o espírito de liberação da festa com sabedoria!

Vá de Lady Gaga

MUITO GLITTER COM DAILUS COLOR
A maquiagem é um item indispensável para dar um up  no rosto e deixar todo mundo mais colorido na avenida ou em bailes carnavalescos. Muito glitter, sombra neon e gloss são as opções da marca de cosméticos Dailus Color. A linha Glitter, por exemplo, com brilho intenso e textura fina, pode ser aplicado no rosto e no corpo. São oito cores diferentes que ajudam no momento de compor o visual mais irreverente. Para ressaltar o olhar dentro do espírito da festa, a pedida são as sombras flúor, que garantem um look contemporâneo. É importante ainda usar um fixador de sombra. O glitter também dá maior aderência e fixa de maneira uniforme, evitando que a sombra saia com o passar das horas. Complete a maquiagem com o Gloss Labial Shine, com perolas refletoras de luz. A maquiadora oficial da Dailus Color, Mirian Costa, dá uma dica importante para o dia seguinte: “A maquiagem no Carnaval é essencial para a diversão, mas nada de dormir com a maquiagem, é fundamental limpar bem a pele antes de dormir para não entupir os poros e deixar a pele com aspecto cansado e envelhecido” . Mais informações através do site www.dailus.com.br.

BELEZA NATURAL INDICA FLORES NOS CACHOS
Adriana Lobão, coordenadora técnica das cabeleireiras do Instituto Beleza Natural, sugere que as foliãs apostem em sombras em tons fortes como pink, amarelo, laranja, azul, turquesa e limão. A maquiagem neon, porém, deve ser usada com cuidado para não carregar o look.  Ela segue a tendência do equilibrio entre os contrastes, por exemplo, se você preferir destacar mais os olhos, indica evitar batons de cores vibrantes. “A melhor opção neste caso é o batom nude”, destaca Adriana. Nos cabelos, a tendência é usar flores ou headband para alegrar o visual. Outra opção são as tranças ou coques que também podem ser incrementados com as flores de tecido. Caso opte pelas tranças, use gel nos fios secos para fixar o penteado. Quem tem cabelo crespo ou ondulado e deseja deixá-lo solto na avenida, deve reforçar o uso de creme de pentear para definir os cachos, ensina.

PASSO A PASSO DE CARNAVAL COM NATÁLIA ANTUNES
A make up artist oficial da LUMI Cosméticos indica um passo a passo simples e com efeito sofisticado para os dias de folia, usando produtos da marca. Vai na mesma linha do BN, de olho tudo e boca nada, mas o olho não é colorido para constratar. A dica da make é para festa glamourosa:
1- Prepare a pele com base cremosa, corretivo e pó.
2- O blush  usado nessa make é o Verão Bronze.
3- Nos olhos, com a cor Marrom Siena, do Duo de Sombras, marque toda a pálpebra superior fazendo uma diagonal para dar o efeito mais puxado.
4- Com a Sombra Sol, do Duo, ilumine o canto interno dos olhos e sobre a Sombra Sol aplique a Sombra Brilho Dourada.
5- Use a sombra Bronze do Duo para iluminar embaixo das sobrancelhas.
6- Esfume o canto externo dos olhos com a cor Preta também do Duo de sombras.
7- Aplique o Delineador Preto em todo contorno dos olhos e capriche nas camadas de Máscara para Cílios Alongadora e à Prova d`água.
8- Nos lábios aplique o Brilho Labial Rosa Bailarina.
9- Faça uma trança nos cabeços a arrase no Carnaval!

Para saber detalhes dos produtos, acesse o site www.lumicosmeticos.com.br ou ligue no SAC da marca: (11) 3246 4664

LOOKS DA LIMITS PARA A FOLIA MASCULINA

A bermuda é a peça preferida dos homens para compor o visual e se diferenciar no mar de camisetas de camarotes e abadás de blocos no Carnaval. Em promoção nas lojas da Limits, as bermudas ganham novas propostas e releituras em tecidos leves e formas que priorizam o conforto, não aquecem e dão maior liberdade aos movimentos. Nas lojas da marca carioca no Shopping Iguatemi e Salvador Shopping, as bermudas ganham descontos progressivos: 10% na compra de uma peça; 20% em duas peças, 30% em três peças e 40% em quatro peças. Na linha surf, os preços reais vão de R$139,00 a R$159,00; nos modelos cargo os valores vão de R$179,00 a R$269,00; e as de surf sarja R$209.00.  Na linha surf, as bermudas ganham listras e estampas geométricas em tecidos acqualight que respiram e secam rápido. Já na linha Cargo, as bermudas são criadas com puro algodão, ganham bolsos utilitários e cores modernas. Para combinar com as bermudas, a Limits apresenta na sua coleção camisetas e regatas confortáveis e com estampas exclusivas, além de batas e camisas em tecidos leves e fluidos. Fechando as dicas, tênis, que também estão em promoção nas lojas da marca, com peças em diversas cores e modelos.

ROUPAS LEVES SÃO AS SUGESTÕES DA BRIX

A marca catarinense Brix traz diversas opções para quem quer curtir os dias de Carnaval, na avenida ou numa viagem de descanso durante o feriadão, sem perder o estilo. O clima quente e o agito da comemoração pedem roupas leves e super coloridas. A coleção de Verão 2011 da Brix oferece peças estampadas, lisas, com detalhes… É forte a presença do jeans e das cores alegres e vibrantes para homens e mulheres. Para os homens, as bermudas cargo em sarja de algodão, com bolsos laterais, nos tons preto, cinza, marrom ou estampa em xadrez são excelentes para aproveitar o dia-a-dia e o período de folia. Pólos listradas, camisetas com corte em V ou arredondado em tons de rosa, salmão, azul, cinza, branco e preto são as apostas da Brix. O portfólio feminino é composto por diversos modelos de shorts e saias. Seguindo as tendências, o jeans vem nas versões rasgadinho, com barra dobrada, boyfriend, cintura alta e algumas peças em sarja. Em cores fortes e vibrantes, como pink, azul e verde, há regatas e batinhas estilosas e versáteis. Vestidos curtos, tomara que caia, com mangas, lisos ou estampados completam as alternativas para festas privadas.
E para saber onde encontrar as peças, ligue no SAC BRIX: (11) 3073-1066

BERMUDA E SANDÁLIA, COMBINAÇÃO PERFEITA DA TIMBERLAND

A sugestão da Timberland é muito conforto para agüentar o pique dos dias de folia. A marca separou opções de sandálias outdoor e bermudas para serem usadas tanto de dia quanto à noite, na praia, campo ou atrás do trio. As bermudas de corte reto ou cargo, de sarja nas lavagens estonada, estão descoladas e ganham destaque na cores branca, areia, caqui escuro, azul marinho e cinza escuro. Já as famosas sandálias outdoor da marca, chegam nos modelos Nekkol e Trailray, que possuem diversas tecnologias que ajudam em atividades ao ar livre e também para o dia a dia, como palmilha anatômica em EVA para conforto dos pés, três pontos de ajuste em velcro e forração interna de neoprene. Apenas para os homens, o modelo River Dog, se diferencia pelo cabedal confeccionado em couro sintético, que não retém água. Todos as sandálias têm solado em borracha com tecnologia BSFP, o que aumenta a segurança e performance em terrenos acidentados ou molhados. Para detalhes e saber pontos de vendas visite o site www.timberland.com.br.

FANTASIAS PARA OS PETITS VIA CHICLETARIA

As opções de fantasias infantis da Chicletaria Moda Infantil para os petits que vestem até o numero oito incluem princesa, pirata, palhaço e até uma joaninha. As fantasias também possuem sapatos e acessórios, que são vendidos a parte. Os preços variam R$ 85 a R$ 170. E para saber detalhes e ver outros modelos, acessem o site www.chicletaria.com.br.

MAKE ALEGRE E DIVERTIDA É A APOSTA DE O BOTICÁRIO

O make up artist Sadi Consati, consultor da linha Intense, de O Boticário, dá dicas de cores intensas para brincar na rua e nos salões. Azul, roxo, vermelho e pink são os destaques da produção. “A maquiagem para o Carnaval pede uma intensidade de cores maior que o habitual. Minhas apostas são os olhos coloridos com azul e roxo dividindo a atenção com a boca vermelha ou pink. Você pode brincar com as cores da make sem ficar ‘over’. Tipo tudo ao mesmo tempo agora.”, define. Abaixo, um passo a passo do look criado por Sadi:

Para iniciar, faça uma preparação suave da pele com base, corretivo e pó.

Passo 1 (olhos fechados)

Aplique a sombra Cor 27 (roxa) em toda a pálpebra móvel, esfumando de dentro para fora e de baixo para cima até o côncavo. Deixe mais suave no côncavo do que na base dos cílios.

Passo 2 (olhos fechados)

Esfume com pincel de cerdas a sombra Cor 35 (azul) nos cantos externos dos olhos fazendo um ‘<’ ‘>’ de fora para dentro. Aplique a Máscara Para Cílios à Prova d’Água Preta na parte superior dos olhos e depois coloque cílios postiços. Faça um risco bem fino com Lápis Preto Cor 1 na base dos cílios.

Passo 3 (olhos abertos)

Na parte inferior, por fora (abaixo dos cílios, na pele) esfume com pincel de cerdas umedecido na água, a sombra Cor 35 (azul) de fora para dentro e a Cor 27 (roxo) de dentro para fora. Finalize com a Máscara Para Cílios à Prova d’Água Preta.

Passo 4 (rosto)

Nas maçãs do rosto esfume o blush Cor 1 (rosado) subindo com movimentos circulares em direção às têmporas. Faça uma aplicação suave, apenas para dar um ar de saúde. Para finalizar essa make super colorida aplique o batom Cor 27, um vermelho com fundo rosa/pink.

No site de O Boticário www.boticario.com.br, há o vídeo do passo a passo do look de Carnaval, bem como os nomes dos produtos usados, preços e tal. Mais informações podem ainda ser obtidas pelo telefone do Centro de Relacionamento com o Cliente O Boticário – 0800-413011 (chamada gratuita).

ALERTA SOBRE A RESPONSABILIDADE SEXUAL:

E depois da seleção de truques e beleza e dicas de adereços e adornos para o corpo durante o Carnaval, publico também as orientações do Instituto Kaplan, que lança um alerta aos jovens para que se previnam e tenham responsabilidade na hora da relação sexual. O Instituto, fundado desde 1991, oferece serviços de orientação e capacitação para adolescentes, jovens, educadores e profissionais que lidam com educação sexual. Além do uso da camisinha, que é o método mais eficaz na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e de uma gravidez indesejável, a diretora do Instituto Kaplan, Maria Helena Vilela, dá alertas sobre cuidados que não devem ser esquecidos durante a festa:

– “Nunca delegue o cuidado com o seu corpo. O corpo só tem um dono, e este é você. Quando você delega, o outro pode não priorizar os seus interesses;
– Só se previne quem tem convicção dessa necessidade. Busque informações sobre razões para se prevenir, sexualidade, prevenção, DST/Aids e métodos contraceptivos;
– Não faça qualquer negócio sexual no Carnaval. A auto-estima da mulher está condicionada a sua capacidade de despertar o interesse nos homens, principalmente, em festas como o Carnaval. Se achar que está invisível para os homens, mesmo assim, não faça nenhum acordo que possa te colocar em risco;
– Antes de cair na folia escreva uma lista com os nomes das pessoas que você considera importantes e que te amam. Isto ajudará você a não esquecer que é amada;
– Sei que é difícil, mas se for transar não beba. A bebida atrapalha o prazer e faz você esquecer seus limites;
– Nunca negocie o uso da camisinha na hora da transa. O tesão embriaga e lhe deixa entregue a sorte, ou azar!
– Conheçam a camisinha feminina. Ela é uma opção e já existem modelos mais simples que facilitam a colocação;
– Na falta da camisinha, você não precisa abrir mão do prazer sexual. O casal pode realizar práticas sexuais que não sejam de risco, como a masturbação simultânea entre os parceiros;
– Existem camisinhas de vários tipos e qualidades. Portanto, sempre haverá uma que se adeque a você;
– Sexo é uma brincadeira de verdade. Quando a gente se machuca, a cicatriz fica para sempre”.

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Os diversos tipos de orgasmo na definição de Ingrid Guimarães

A comédia De pernas pro ar (direção de Roberto Santucci), protagonizada pela atriz Ingrid Guimarães terá pré-estreia nos cinemas de Salvador a partir desta sexta-feira, dia 24. A estreia nacional do longa que conta a história de Alice, uma workaholic que aprende a levar a vida com mais leveza após perder o emprego, será dia 31 de dezembro. A data é meio ingrata, véspera do Reveillon, mas o tema tem apelo principalmente junto ao público feminino, já que nós mulheres estamos eternamente nos dividindo entre os papeis de mãe, profissional, amantes, amigas e o que mais apareça. Por aqui, quem quiser conferir a pré-estreia deve ficar atento aos horários dos cinemas. Boa parte das redes, como a UCI Orient só terá sessões iniciadas até 17h nesta véspera de Natal ou começadas após às 14h, no dia 25, feriado natalino. A classificação indicativa é 14 anos.

E já que falei nos múltiplos papeis femininos, vale destacar o teaser hilário que já está no canal De pernas pro ar do Youtube. No vídeo, que vocês conferem abaixo, Ingrid Guimarães brinca com alguns estereótipos da femininilidade e toca no tema tabu do orgasmo. Claro que, ao invés do ar professoral de sexóloga, ela encarna a “psicológa de almanaque” e nos explica direitinho os diversos tipos de orgasmo que existem e de que forma o gozo define a personalidade da mulherada. Vale a pena rir um pouco e começar a descontrair para o feriadão que se inicia. De repente bate uma inspiração… Divirtam-se:

Veja o vídeo dos “orgasmos” de Ingrid Guimarães:

Visite também o site oficial do filme De pernas pro ar.

Para quem ainda não sabia, o Conversa de Menina foi um dos blogs femininos da web contemplados com convitinho especial da atriz para conferir De pernas pro ar nos cinemas. Em um teaser gravado com exclusividade para a gente, Ingrid convida “a galera do blog Conversa de Menina” para prestigiar seu novo trabalho.

E então, vamos ao cine!

Assistam também ao teaser da atriz feito especialmente para o nosso blog…

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Especial Dia da Criança: sexualidade da criança

Fechando a série Especial Dia da Criança publico um texto de Maria Helena Vilela, diretora do Instituto Kaplan, entidade especializada em arte-educação, com foco na questão da educação sexual e prevenção à gravidez precoce. Neste texto, Maria Helena fala, de maneira resumida e de fácil compreensão, da sexualidade infantil, abordando temas tabu como masturbação e prazer sexual. É um material para orientar os pais e professores a lidar com a descoberta da sexualidade. Confiram:

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Outros artigos de Maria Helena no blog:

>>Artigo: *É possível evitar gravidez na adolescência

>>Especial Semana da Mulher: Sexo frágil e a Aids

>>Artigo: Verdades e mitos sobre a homossexualidade

>>Saúde & Fitness: Dia de prevenir a gravidez precoce

>>Mais um papo sobre a gravidez na adolescência

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Sexualidade da criança – atenção para pais e educadores

*Maria Helena Vilela

É difícil para o adulto aceitar que é natural a criança sentir prazer sexual. Mas, é na infância que construímos os alicerces que compõem os elementos centrais da sexualidade: a vinculação afetiva, a configuração da imagem corporal, a identidade sexual básica como homem ou mulher, a segurança e conforto como ser sexual, os medos e as preocupações… e também as sensações eróticas.

Quando pensamos em prazer sexual, imediatamente nos remetemos à excitação sexual e ao orgasmo. Mas para chegarmos até aí, antes, foi importante vivenciar outras formas de prazer decorrentes da descoberta do corpo, do carinho e da intimidade que irão interferir diretamente na relação afetivo-sexual, permitindo a entrega, a confiança e a cumplicidade.

Tudo começa no decorrer do primeiro ano de vida. A primeira fase é aquela que Freud chamou de fase oral, na qual a sucção é a manifestação sexual característica. Mas, o prazer não está unido, apenas, à estimulação e à riqueza de sensações da mucosa da cavidade bucal e dos lábios. O alimento, o leite materno ou de mamadeira, morninho, desliza pelo seu aparelho digestivo, aliviando a dor causada pela fome. Neste momento, além de saciar, o ato de amamentar propicia o aconchego e o calor do colo materno, a conversa e a troca de olhares. Este contato materno propicia a consolidação da imagem corporal, o estabelecimento de zonas erógenas e a experimentação de emoções e sentimentos associados às sensações de prazer e desprazer que ajudam a confirmar o vínculo afetivo.

Amamentação, Pablo Picasso

É a forma como a criança é atendida em suas necessidades que dá a ela a dimensão de sua importância e a aprendizagem do amor. A criança ama do jeito que se sente amada. Por isso, que acredito que a melhor forma do professor ensinar um aluno a amar e a ter auto-estima é amando, respeitando e valorizando suas necessidades.

Em torno do segundo ano de vida, a criança adquire a capacidade de aumentar a percepção e a coordenação motora. Ela consegue cada vez mais explorar o ambiente, adotar maneiras de expressar emoções e perceber a importância do controle de certas vontades. É o início da sociabilização! Quem exerce maior influência neste processo são os pais, mas os professores também significam muito para os seus alunos e despertam neles, o desejo de agradá-los e sentir confirmado seu bem querer e aprovação.

Para a criança sentir prazer nesse processo de aprendizagem ele precisa ser gradativo, desenvolver-se num contexto de baixa tensão e sem desgaste emocional dos pais ou educador. A criança é simplesmente levada a imitar o comportamento correto e recompensada sempre que o fizer.

Aos 3-4 anos de idade, por meio da observação, manipulação e percepção das sensações corporais, a criança faz a diferenciação sexual de si e do outro, descobrindo que quem tem “o pipi para fora” é homem e o “pipi encoberto” é mulher. É um período de investigação sexual. Daí surgirem os famosos porquês. Como se de repente a criança começasse a enxergar as coisas. Ela precisa conhecer e entender o que acontece à sua volta. Através de perguntas, vai testando as diferenças entre os sexos (homem tem barba, mulher tem seios) e demonstra interesse tanto em relação aos adultos como a outras crianças.


Os bebês pequenos e as barrigas de mulheres grávidas exercem grande atração sobre ela, desencadeando uma série de perguntas do tipo: Como se faz um bebê? Como ele entrou na barriga? Por onde saiu? As respostas devem ser dadas numa linguagem que a criança compreenda: clara, curta e convincente. Se a criança voltar a perguntar a mesma coisa para outra pessoa, não se irrite e nem se sinta frustrado na sua resposta – crianças costumam testar as respostas dadas.

Mas a curiosidade não para aí! Descobre que é gostoso tocar em determinadas partes do corpo, principalmente a região genital. E tudo que lhe causa prazer, ela tende a repetir. É quando pode começar os episódios de masturbação, se bem que o termo não me parece apropriado para essa fase. A masturbação envolve pensamento erótico e isso a criança ainda não tem. O adequado é falar manipulação dos genitais.

Nesta fase, que Freud designou de genital, se constrói, entre outras coisas, o alicerce da intimidade com o prazer genital. Quando a criança pode identificar e perceber as sensações que seu corpo é capaz de produzir, isto permite uma intimidade consigo mesma, que será importante por toda a sua vida.

Freud

Esta fase, no entanto, costuma ser crítica dentro da escola, porque em geral os professores não sabem que atitude tomar ao surpreender a criança tocando nos genitais. Em vez de fazer a adequação deste comportamento sexual para o ambiente social, o adulto acaba entrando em pânico e não fazendo nada; e, a criança, não aprendendo as regras e repetindo o ato. Na escola, o professor deve lidar com naturalidade diante da manifestação sexual das crianças, mostrando claramente que aquilo é natural, mas, que o local e o momento não são adequados. Para a criança compreender melhor, se pode ensinar o conceito de público e privado, dizendo que os genitais são partes íntimas que não ficam expostos e, portanto, não devem ser tocados na frente de outras pessoas. Mas, atenção! Se depois desta conversa a criança continua a se tocar de maneira insistente, o professor deve ficar atento ao fato da criança estar querendo chamar a atenção, ou para a necessidade de ser examinada por um pediatra para avaliar a possibilidade de alguma coceira ou infecção nesta região.

Brincar é fundamental para o desenvolvimento da criança. Através da brincadeira, ela treina ações futuras, aprende novos papéis, ensaia como deve ser o comportamento esperado do seu sexo, elaborando as informações que foram transmitidas para ela.

E, assim, vai atravessando diversas etapas no processo de identificação sexual: no início, imita as pessoas que têm para ela grande valor afetivo. Depois, ao descobrir que é homem ou mulher, trata de repetir os comportamentos da pessoa do mesmo sexo.

Através destas vivências, a criança incorpora aspectos de seu cotidiano que vão reforçar ou inibir a sua identificação com pessoas do mesmo sexo. Neste processo, é importante que reconheça no pai e na mãe que vale a pena ser desse sexo. E mais: que o progenitor do mesmo sexo seja valorizado pelo do sexo oposto.

A escola deve estar atenta a essas situações e os pais devem orientar suas crianças desde cedo a exercer a sexualidade com responsabilidade.

*Maria Helena Vilela é diretora do Instituto Kaplan.

**Material encaminhado ao blog pela Vera Moreira Comunicação.

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Leia os seis artigos anteriores da série:

>>Especial Dia da Criança: Preservação ambiental

>>Especial Dia da Criança: Avós e netos

>>Especial Dia da Criança: “ser” criança

>>Especial  Dia da Criança:  consumismo infantil

>>Especial Dia da Criança: o cuidador

>>Especial Dia da Criança: hábito de leitura

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Mais um papo sobre a gravidez na adolescência

No post da série Saúde & Fitness deste domingo, abrimos espaço para um material do Instituto Kaplan sobre o Dia Mundial de Prevenção à Gravidez na Adolescência (comemorado ontem), tema que envolve saúde e comportamento. Pois bem, por questão de espaço, senão o post ia ficar gigante, não deu para colocar o artigo da Maria Helena Vilela, que segue publicado agora. Vale a pena ler as suas dicas de como os pais podem abordar a questão da educação sexual com os filhos adolescentes:

Uma conversa com os pais – gravidez na adolescência

*Maria Helena Vilela

O mito do sexo na adolescência
“Na adolescência não se deve fazer sexo, muito menos, as meninas”.  Este é um mito que caiu e, muitos pais ainda não se deram conta.  A pesquisa UNESCO em 2004 já identificava a média da idade da primeira relação sexual dos meninos por volta dos 14 anos e das meninas entre 15 e 16 anos. O sexo é uma função natural do ser humano que desperta na adolescência. Nesta fase, o corpo já consegue reagir aos estímulos sexuais, se excitar e provocar o desejo de ir mais adiante – transar. No momento, a realização do sexo é extremamente prazerosa e gratificante, independente do fato de ter sido realizado com ou sem segurança. Isto só começa a preocupar depois do fato consumado e passada a euforia da excitação. É muito difícil para o ser humano conseguir se negar a fazer sexo quando há estímulo e oportunidade de se seguir ir adiante. Mas, nossos adolescentes não são, apenas, um corpo! O adolescente é uma pessoa que tem uma determinada vivência, valores, crenças, e expectativas. Por outro lado, o sexo não é só prazer: é entrega e responsabilidade com a prevenção de gravidez e DST/Aids. E meus queridos pais, esta oportunidade existe! Mas, num ambiente liberal, numa idade em que os hormônios estão em alta e a curiosidade sexual é grande, esperar que nossos filhos resistam à motivação de fazer sexo é esperar que eles sejam super homens e as meninas super mulheres!

A solidão dos filhos
A maioria dos nossos filhos está só no quesito sexo. Todas as pesquisas sobre comportamento sexual dos jovens que tenho acesso mostram os pais como uma das últimas opções na busca de informações sobre sexo, e em contra partida, os sites eróticos e os que abordam a sexualidade, são cada vez mais procurados pelos jovens. A falta de diálogo com os pais é um ponto forte na vulnerabilidade dos adolescentes à gravidez na adolescência! Os estudos mostram que as meninas que conversam com seus pais sobre sexo, engravidam menos na adolescência do que aquelas que não têm esta mesma oportunidade. Muitas meninas desejam ir ao ginecologista, mas tem medo de pedir aos pais para fazer esta consulta. Assim, resolvem sem conversar com familiares ou consultar um médico, a contracepção ou a “não” contracepção que lhe convier, segundo a sua própria avaliação – alguém que está no início de sua estrada de vida e que pouco pode enxergar das consequências de se ter um filho na adolescência.

Vamos criar o “chega-te” com os filhos
Na minha terra, em Alagoas, a gente usa uma expressão abreviada de “saia para lá” (afastar alguém) que é “sai-te”. Outro dia, conversando com um cantor local muito perspicaz, perguntei se ele tinha um site, e ele, com o seu humor, em trocadilhos, me respondeu: não, estou construindo um “chega-te”.  E é este o convite que quero fazer a todos os pais, que cheguem mais perto de seus filhos. A adolescência apronta armadilhas difíceis de serem vencidas pelos jovens. Vários fatores contribuem para isto, mas, principalmente, em relação à gravidez, é muito importante que os adultos de sua confiança encarem a realidade atual da sexualidade na adolescência e promovam o diálogo como alguém que sabe ouvi-lo de verdade e respeite seus valores e atitudes. Seguem algumas dicas para os pais que queiram experimentar criar o movimento do “chega-te”:
·      Comente ou leia uma matéria sobre gravidez na adolescência com seu filho ou sua filha e pergunte se isto acontece entre os amigos deles;
·      OUÇA a opinião deles;
·      Conte para eles o que significava na sua época de adolescente, uma garota ficar grávida e o que acontecia com o casal adolescente;
·      FALE a sua opinião, justificando o seu ponto de vista e ao mesmo tempo preenchendo lacunas do pensamento deles;
·      Leve sua filha ao ginecologista e apóie o uso do método contraceptivo indicado;
·      Estimule seu filho a usar a camisinha, pois, esta é a única forma dele ter o controle sobre sua paternidade;
·      Fale dos seus sonhos profissionais em relação a eles, mostrando sua expectativa. Mas também ouça e respeite o sonho deles, ajudando-os a enxergar as vantagens e desvantagens que ainda não consigam ver.
·      Descubra e realize alguma coisa que você e seu filho(a) gostam de fazer juntos;
·      Conheça os amigos, ficantes e namorados e, os deixe lhe conhecer também.
·      Promova as informações sobre sexualidade e contracepção que os jovens precisam saber. Se não souber como conversar, indique a leitura de artigos. “Chega-te” e Boa sorte!

*Maria Helena Vilela é sexóloga e diretora do Instituto Kaplan – www.kaplan.org.br

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