Quando o dinheiro falta, não é só o poder de compra e a capacidade de manter as contas em dia que ficam prejudicados. Pessoas endividadas têm mais chances de desenvolver depressão ou problemas de saúde como a hipertensão. Isso porque a escassez de recursos gera alta carga de estresse. Com as festas de final de ano, o risco de gastar mais do que o orçamento comporta é uma realidade que assombra muita gente. A conta no vermelho repercute negativamente na qualidade de vida.
Projeção do começo deste mês, da Fundação Getúlio Vargas, revela que os itens da ceia natalina devem ter um aumento de 10,19%, em relação a 2015. Com isso, tem gente buscando substitutos em conta para ingredientes como o peru ou o tender. No quesito presentes, o aumento esperado pelos cálculos da FGV é de 4,23% em relação ao ano passado. A regra, nesse caso, também é trocar o presentão pela lembrancinha.
Sobre endividamento, pesquisa de 2015 da Serasa Experian, empresa de informações financeiras, mostrou que 54 milhões de brasileiros – 40% da população – iniciaram o ano com as contas no vermelho. Em setembro passado, dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), elevaram a estatística para 58,2% dos brasileiros.
Vulnerabilidade financeira
Estudo das universidades Cornell e Rush, nos Estados Unidos, mostra que o saldo bancário negativo é prejudicial para a saúde física e emocional de idosos. Entre essa turma, o prejuízo para o bolso está ligado ao perigo de serem vítimas de golpistas. Além disso, o gasto com medicamentos para tratar males crônicos da idade também é fator de risco. Somadas às dificuldades de lidar com a tecnologia de caixas eletrônicos e aplicativos, as falhas de cognição afetam memória e raciocínio. Assim, fica difícil o controle dos gastos e o planejamento das despesas.
Para endividados em qualquer idade, o Hospital das Clínicas de São Paulo possui um grupo de atendimento a compradores compulsivos. Mas não são apenas esses pacientes que sofrem com doenças provocadas pelo endividamento. Desempregados com dificuldade de recolocação no mercado e até quem está trabalhando, mas sofre as consequências do aumento da inflação, costumam desenvolver desde ansiedade e crises de pânico, até depressão, insônia, úlceras e gastrites, entre outras panes na saúde.
Nesses casos, o sujeito fica preso em um ciclo. O endividamento gera a doença que, por sua vez, acarreta despesas médicas, que trazem ainda mais ansiedade. Sair dessa ciranda requer ajuda especializada para quem precisa controlar a compulsão por gastar e para os que querem se organizar financeiramente.
Dicas para controlar os gastos
Nessa época do ano, uma das recomendações é usar o décimo terceiro salário para quitar as dívidas. O dinheiro extra pode ainda amenizar débitos com valor maior. Vale, no entanto, ficar atento às condições de renegociação oferecidas. Na dúvida, consulte órgãos como o Procon para verificar possíveis cobranças de juros abusivos.
Abaixo, preparamos dicas para quem pretende organizar o orçamento a partir de 2017:
Saiba quanto você gasta
Para botar ordem nas contas, é preciso ter a noção clara da receita x despesa do mês. Dá para usar desde uma planilha de Excel até ferramentas online. E algumas, inclusive, são gratuitas. Pesquise no Google usando os termos “ferramentas online para controle financeiro”. As sugestões vão atender todos os níveis de usuário da web.
Centralize o pagamento das contas e crie metas
Reunir os vencimentos das contas essenciais na mesma data, além de ser prático, acalma a ansiedade. Assim, evita-se o risco de perder o foco no planejamento ao longo do mês. Além disso, vale criar metas que dividem quanto da renda mensal vai para contas essenciais, lazer e para a poupança. De 10% a 20% da renda mensal devem ser armazenadas, todo mês, para garantir uma reserva de emergência.
Evite comprar tudo no crédito
Os cartões de crédito e suas muitas tentações dão dor de cabeça aos endividados. Para quem está no vermelho, a dica é aposentar o cartão até a situação se resolver. Já quem ainda não ligou a luz de emergência, deve evitar parcelamentos infinitos e não cair na armadilha de pagar apenas o mínimo da fatura. O ideal é pagar o máximo que for possível à vista, nem que para isso seja preciso alguns meses para juntar o montante.
Prefira dinheiro vivo a débito e faça pesquisa
Reserve uma quantia para as compras e use apenas ela. Ao optar pela função débito do cartão, tendemos a perder o controle. Por questões de segurança, não dá para levar grandes quantias de vez para a rua. Então, antes de comprar, vale pesquisar as melhores ofertas e optar por aquilo que de fato é essencial. Evite também preencher vazios emocionais com gastanças sem limites em itens supérfluos.
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