Falta de empolgação marca estreia da Seleção Brasileira na Copa

*Texto da jornalista Giovanna Castro

Não é por nada não, mas tem que ter paciência, muita paciência para assistir até o fim os jogos do Brasil nessa chamada era Dunga. A Seleção estreou na Copa nesta terça-feira obviamente envolta em muita expectativa por causa dos três anos e meio de vitórias do escrete sob o comando do ex-capitão, mas também com aquela mega pulga atrás da orelha devido aos nomes que formam a seleção principal. A maior estrela do time, Kaká, há 50 dias sem jogar uma partida, sem ritmo de jogo, e machucado, afinal de contas, alguém aí se convenceu que ele se curou das contusões no púbis e na coxa? Não, pode dizer, se convenceu mesmo? Acredito que não.

Ai, Jesus Cristinho, dai-me paciência para aguentar o time do "anão"! Sofremos para vencer a Coreia por 2x1

Na última coletiva de imprensa, antes da partida de estreia contra a Coréia do Norte, ele mesmo disse que não sabia se aguentaria ir até o final do período de jogo. Cansaço? Falta de preparo físico por causa dos dias sem jogar? Dor? Ou tudo isso junto? Aliás, não consigo entender como é que pode um país historicamente pródigo de bons jogadores se apoiar numa única peça e dar a ela a responsabilidade de fazer o time um time vencedor…

Tá na cara que tem alguma coisa errada aí… Luís Fabiano, então, não conseguia chegar na bola de maneira convincente… Robinho, que já declarou que quer ser escolhido o melhor jogador da copa 2010, se destacou no meio da mediocridade, mas não fez lá grandes coisas. Exceção para o sen-sa-cio-nal e açucarado passe  dado para Elano marcar o segundo gol.

É sempre assim. Ou melhor, já faz um tempo que a seleção não vai a campo de forma empolgante. É algo muito claro. E o que mais chamou atenção nesse primeiro jogo foi perceber a falta de entusiasmo das pessoas à medida que o jogo passava de morno, pra lento, em seguida modorrento e finalmente, insosso e sem graça.

Ao final do jogo, não ouvi a quantidade de fogos de artifício que em outros momentos mais graciosos da seleção eu ouvi estourar. Umas poucas bombas soaram nos momentos dos gols, sendo, finalmente, silenciadas pelo melancólico gol de honra da Coreia do Norte.

Será que voltaremos a ver essas duas mãos apontadas para o céu na Copa da África 2010?

O time de Dunga é muito sério, muito engessado, com poucas alternativas de jogadas. Não tem surpresa. O primeiro tempo inteirinho o time parecia torto, jogando invariavelmente pelo lado direito onde Maicon carregava o piano, já que Elano não conseguia dar conta do recado, sumido que estava.

Foram 45 minutos de enfado que somente começaram a melhorar no início do segundo tempo, quando a galera caiu na real e percebeu que ia pegar mal demais empatar com uma das piores seleções do mundo. Rolou aquela correria, os dois gols aconteceram e o anão, ou melhor Dunga, pra variar só começou a fazer mudanças no time lá pelos 30 minutos do segundo tempo. Entraram Daniel Alves e logo depois Ramires.

Aqui pra nós, fico imaginando sobre como os jogadores devem se sentir ao entrar num jogo da seleção brasileira – sempre favorita ao título e por isso mesmo, sempre submetida a uma grande pressão e cobrança –  tendo apenas 10, 15 minutinhos para fazer alguma coisa ou, como quase sempre ocorre, com a missão de mudar os rumos da partida. Desta vez, nem mesmo aquele que costuma entrar e desequilibrar, Daniel  Alves, deu jeito na história.

Uma das coisas que mais me incomoda na seleção é a postura de Dunga, o anão, ele passa o jogo inteiro impassível e acreditando até o final que está fazendo a coisa certa. Aqui com meus botões – não resisto ao trocadilho, mas meus botões são bem mais bonitinhos que aqueles botõezões do inacreditável, de tão horroroso, sobretudo de Dunga – eu acho que por dentro ele tá remoendo suas escolhas e torcendo para que um dos talentos se destaque  e resolva o problema que é fazer gols numa jogada individual.

Copa da África 2010 é teste de fogo para a seleção do rabugento Dunga

Pra mim, que gosto de esportes e particularmente de futebol, uma partida é para se divertir, é sentir a emoção, o frio na barriga dos chutes ameaçadores, aquele “uuuuuuuuuuuuu” que a gente faz quando a bola passa pertinho do gol e teima em não entrar, caprichosa. Com essa seleção acabrunhada, sem empolgação e sem brilho, fica difícil torcer. O anão insiste em querer tirar de nós essa alegria que, nada a ver com propaganda de órgão oficial de turismo, é mesmo inerente do brasileiro.

Ele quer que a gente seja europeu, aparecendo de gola rulê e sobretudo cafona para o planeta inteiro. Ele quer ser europeu e quer convencer também a gente a ser das “ôropa”. Jogando aquele jogo duro e triste. Não à tôa, todos os titulares, e somente por acaso, muito acaso mesmo, à exceção de Robinho, que deu piti e saiu do Manchester City pra jogar no Santos, onde recuperou seu futebol, todos eles são “estrangeiros”, ou seja, jogam em times europeus. Não sei não, estamos apenas no começo da jornada na África do Sul e torço pelos lampejos e pelo talento individual de nossos jogadores, apesar de Dunga. É e tem sido nossa única esperança. Porque espetáculo, essa seleção não vai dar… Torço sinceramente para os milionários queimarem minha língua…

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Traça de biblioteca: Olhares sobre o feminino

As seis indicações de leitura da série Traça de biblioteca nesta sexta-feira têm em comum o fato de representarem olhares de diferentes autores sobre o feminino. A importância social das mulheres, os amores, adolescência, maturidade, as decepções, a autoestima, tudo serve de pano de fundo para romances sensíveis, com senso de humor agridoce, ou para ensaios esclarecedores sobre o nosso estar no mundo. Confiram:

A MENINA SEM QUALIDADES

menina qualidadesA menina sem qualidades (Editora Record) é o primeiro romance da alemã Juli Zeh publicado no Brasil. A autora retrata a atmosfera niilista de uma geração européia criada sob o impacto de imagens violentas da guerra dos Bálcãs, dos atentados terroristas de Madri e do 11 de setembro, além da Guerra do Iraque. O cenário é o microcosmo de uma escola de filhos rebeldes da classe alta, onde dois adolescentes entregam-se a um jogo perverso e sádico. A jovem Ada considera-se o ícone de sua geração – sem identidade e sem qualidades – e instintivamente questiona se valores morais e éticos ainda cabem no mundo atual.

A menina sem qualidades
Juli Zeh
Tradução de Marcelo Backes
Grupo Editorial Record/Editora Record
546 páginas
Preço: R$  62,00
Sinopse: Numa escola para filhos desajustados da elite alemã, o jogo perverso dos alunos termina em banho de sangue. A advogada responsável pelo caso sente-se incapaz de julgar o ato cínico e brutal e decide escrever a história de seus três protagonistas. No ginásio Ernst Bloch, em Bonn, dois adolescentes transgridem todas as amarras morais e o sentido de compaixão. Ada, com apenas 14 anos e dona de uma inteligência incomum, se proclama filha do niilismo e se considera ícone de sua geração: sem qualidades e sem identidade. O manipulador Alev, com 18 anos, usa as pessoas de acordo com leis matemáticas. Forçando-as a desempenhar o seu destino, orientado para a única opção que lhes dá. Se Ada caracteriza o panorama de toda uma época, unida a Alev compõe uma geração que pensa saber tudo e professa não crer em nada. Ambos nasceram durante a Guerra do Golfo e as imagens do conflito no Iraque, assim como as do ataque terrorista ao metrô de Madri, povoaram sua adolescência. Juntos, idealizam uma brincadeira, misto de sadismo e perversão sexual, com um de seus professores: Smutek, um ex-refugiado polonês que parece vir de outro universo, onde noções de bem e mal, respeito ao outro e pecado ainda estão vigentes…

MULHER DE UM HOMEM SÓ

Mulher de um Homem Só - capaO romance de Alex Castro, lançado em 2002 em versão para download gratuito, agora ganha versão impressa. Finalizado em 2001, Mulher de Um Homem Só é um romance curto e intenso sobre os desafios e atribulações do começo da idade adulta e, também, sobre amizade entre homem e mulher: Murilo e Júlia são melhores amigos de infância. Quando Murilo ainda está na faculdade, ele se casa com Carla, a narradora da história. A partir daí, o romance trata das aventuras e desventuras dos primeiros anos de casamento de Carla e Murilo, com ambos tentando ser maduros, buscando independência financeira e procurando, ao mesmo tempo, encontrar um lugar para aquela melhor amiga dentro do relacionamento. Para Carla, Júlia é uma presença intimidadora: uma mulher que ama seu marido e a quem ele ama, ainda que apenas como amigos, e que o conhece há mais tempo e, sob certos aspectos, melhor. A narrativa na primeira pessoa, naturalmente, é parcial, e as entrelinhas podem, ou não, revelar isso…

Mulher de um Homem Só

Alex Castro

Editora: Os Vira Lata

Preço: R$ 28,00 + taxas (frete de R$ 4,40 + taxa administrativa de R$ 2,00)

Para comprar: www.tinyurl.com/MulherComprar

ELA SÓ PENSA EM DINHEIRO

ela so pensa em dinheiroMaya sempre foi a boa menina, e Camden, o garoto popular e bonito com nada além de diversão na cabeça. Ela nunca imaginou que um dia eles tivessem algo em comum. Mas quando comete o primeiro e grande deslize de sua vida, Maya descobre que Camden pode sim ter mais alguma coisa na cabeça: um plano elaborado, diabólico e genial que fará Maya mentir, enganar, trapacear e… ir às compras. Divertido e empolgante, Ela só pensa em dinheiro é o livro de estreia de Chery Cheva, roteirista da animação Uma família da pesada.

Ela só pensa em dinheiro
Cherry Cheva
Tradução de Natalie Gerhardt
Editora: Galera Record
288 páginas
Preço: R$ 27,00
Sinopse:  O que pode acontecer quando juntamos…uma garota acima da média, um cara incrivelmente gato, uma multa altíssima e um plano que envolve alguma desonestidade e… muito dinheiro? Maya, a boa menina que trabalhava duro por horas no restaurante tailandês dos pais e ainda assim gabaritava todas as provas, e Camden King, aquele garoto bonito e popular com quem ela cruzava nos corredores — com um ego provavelmente muito maior do que o tamanho do seu cérebro, se juntam para resolver um grande problema, que pode colocar a família de Maya a beira de perder o restaurante. O problema é que eles não usam meios muito lícitos para conseguir juntar o dinheiro e pagar a dívida da família…

MULHER DE PAPEL

mulher de papelNeste livro, a jornalista Dulcília Buitoni analisa a representação da mulher na imprensa feminina brasileira, mostrando qual ideologia foi transmitida em mais de um século e em que medida a imprensa, como fator cultural, difundiu conteúdos que influíram na formação da consciência da mulher brasileira. Existe mulher de verdade nas revistas femininas? Como a mídia impressa vem mostrando a adolescente, a adulta e a mulher madura? Quais modelos são mais frequentes? Uma extensa pesquisa revela que a imagem da mulher na imprensa feminina brasileira é refletida segundo as conveniências da sociedade.

Mulher de papel – A representação da mulher pela imprensa feminina brasileira

Dulcília Schroeder Buitoni

Editora: Summus Editorial

240 páginas

Preço: R$ 57,60

Sinopse: A segunda edição – revista, atualizada e ampliada – chega quase trinta anos depois da publicação do primeiro livro, com mais dois capítulos redigidos para completar a linha do tempo da imprensa feminina brasileira. A obra aborda desde a mocinha casadoira e pouco alfabetizada de 1880 até a celebridade siliconada de 2001, mostrando como meninas, jovens e adultas estiveram e estão sob a influência poderosa da mídia impressa especializada. Fruto de uma tese de doutorado desenvolvida em 1980, o livro traz um levantamento histórico, incluindo informações e imagens a respeito dos diversos periódicos para mulheres na imprensa brasileira. Em que medida jornais e revistas difundiram conteúdos modeladores da consciência da mulher brasileira? Baseando-se no contexto sociocultural de cada época – de meados do século XIX até o começo do século XXI –, a autora mostra que a mulher ainda tem muito que fazer para deixar de ser representação e virar realidade. A reprodução de páginas e capas de algumas revistas permite visualizar as transformações na construção dos modelos de mulher…

SEXO INVISÍVEL

sexo-invisivel-202x300Neste livro, os autores apresentam uma nova visão sobre a pré-história, ao argumentar que foram as mulheres as responsáveis pela criação de meios essenciais para a sobrevivência, incluindo as roupas para climas mais frios, a agricultura, as cordas usadas em viagens muitos longas pela água e as redes usadas em caças coletivas. A mulher também desempenhou papel fundamental no desenvolvimento da linguagem e das habilidades sociais.

Sexo Invisível

J.M. Adovasio, Olga Soffer e Jake Page

Tradução de Hermano de Freitas

Grupo Editorial Record/Editora Record

312 páginas

Preço: R$ 49,90

Sinopse: No processo evolutivo, as fêmeas da espécie desenvolveram papéis mais complexos do que meras reprodutoras. No inovador Sexo Invisível, os autores — J.M. Adovasio, Olga Soffer e Jake Page — apresentam uma nova visão sobre a pré-história, ao argumentar que foram as mulheres as responsáveis pela criação de meios essenciais para a sobrevivência. Pela primeira vez, o lado feminino da evolução humana e da pré-história é analisado. Adovasio, Soffer e Page constatam que foram as mulheres as grandes organizadoras nos primeiros passos rumo às noções de civilização. Cabia a elas a confecção de roupas para climas mais frios, a agricultura, as cordas usadas em viagens muitos longas pela água e as redes usadas em caças coletivas. As mulheres também desempenharam papel fundamental no desenvolvimento da linguagem e das habilidades sociais. O livro retoma um passado povoado por um conjunto abundante de indivíduos. Pessoas que viveram e amaram, caçaram, coletaram, aprenderam a falar, cozinharam, costuraram, construíram, deslumbraram crianças com fabulosas lendas sobre seres míticos, brincaram, riram, adoeceram, se machucaram, choraram seus mortos, inventaram a religião. Os autores corrigem o relato histórico conhecido, que estabelece que as mulheres não participaram de forma relevante do nosso passado. Aqui, uma nova idéia de mulher pré-histórica é desenhada e implicações provocativas sobre questões contemporâneas de gênero são levantadas…

OS AMANTES DE MINHA MÃE

amantes de mamaeNo aclamado romance Os amantes de minha mãe, Christopher Hope apresenta uma reflexão sobre a história da África do Sul no século XX através da relação conturbada entre uma mulher pioneira e seu filho. Kathleen Healey dá a partida no monomotor; o aparelho corre pela pista improvisada na savana. A aeronave a levará à aldeia onde ela dá aulas de tricô, sem deixar de fazer oferendas à líder da tribo, a Rainha da Chuva. Uma mulher muito à frente de seu tempo, Kathleen, sul-africana descendente de ingleses, risca incessantemente os céus da África desde a década de 20 até os anos 70. Luta boxe com Hemingway e caça búfalos. Quarenta anos depois, ao receber a notícia de sua morte, Alexander, seu filho único, decide retornar ao país natal, a fim de realizar seus últimos desejos.

Os amantes de minha mãe

Christopher Hope

Tradução de Léa Viveiros de Castro

Grupo Editorial Record/Editora Record

480 páginas

Preço: R$ 59,00

Sinopse: Em um romance comovente e lírico, o premiado escritor sul-africano Christopher Hope – finalista do Man Booker Prize e ganhador do Whitbread Award – traça um panorama da história da África do Sul no século XX, pelos olhos de uma autêntica e corajosa personagem feminina e de seu filho único. Mulher de hábitos peculiares, Kathleen Healey imaginava que a África era deserta e que pertencia a ela. Africana, descendente de ingleses e irlandeses, Kathleen era amante de tricô, caçava búfalos, pilotava aviões e certa vez lutou três rounds de boxe com Ernest Hemingway em um ginásio em Mombasa. Pousava seu avião onde e quando quisesse e transportava para o exílio militantes do CNA, o Congresso Nacional Africano, que fazia oposição ao regime de apartheid. Distribuía favores livremente e tinha amantes de diversos locais do mundo. Os homens que amou representam a história da África do Sul, desde a Guerra dos Bôeres, passando pelas guerras mundiais, até o fim do apartheid…

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