Depois do Funeral – Resenha do livro

livro depois do funeral | foto: conversa de meninaA escritora Agatha Christie dispensa comentários e apresentações. É uma das autoras mais publicadas em todo o mundo. No currículo estão 63 livros, 163 contos, sem contar as inúmeras peças, poemas etc. Seus livros trazem narrativas policiais sempre muito bem amarradas e envolventes, cercadas de mirabolantes mistérios, rumos sinuosos e finais surpreendentes. Com a publicação Depois do Funeral não é diferente.

Durante a leitura do testamento do Sr. Richard Abernethie, a irmã do falecido milionário, Cora, deixa todos os familiares presentes atônitos ao levantar a hipótese de que ele teria sido assassinado. Uma semana depois, ela é assassinada em sua casa, de forma bastante violenta. É a gota d´água para que o Sr. Entwhistle, advogado do Sr. Richard, resolva contactar seu velho amigo Hercule Poirot, o famoso investigador belga dos livros da rainha do suspense policial.

A narrativa é envolvente e muito bem destrinchada, cheia de detalhes minuciosos que confundem a cabeça do leitor até seu desfecho. Durante a leitura, todos os personagens se mostram potenciais culpados, o que é marca registrada das histórias da autora. O relato é tão sedutor que torna a leitura ágil e de fácil digestão. Atiça a curiosidade de tal forma, que você simplesmente não consegue parar de ler.

livro depois do funeral | foto: conversa de meninaA construção da ambientação também é maravilhosa. A sensação é de estar ali, na antiga Inglaterra, com todo seu charme histórico. Os personagens são deliciosamente bem caracterizados, cheios de particularidades, pormenores. E neste livro, eles são muitos! Por isso é fundamental ficar atento a quem é quem, o que vai permitir a fluidez da leitura.

É um livro curto, ótimo para quem está em busca de um romance policial sedutor. E para quem nunca leu Agatha Christie, mas é fã do gênero literário, se prepare. Este será o primeiro, mas certamente não o último de sua coleção!

Ficha técnica:
Depois do Funeral
Autor: Agatha Christie
Páginas: 282
Editora: L&PM Pocket
Média de valor: R$ 17,00

Leia Mais

Dê uma turbinada na sua biblioteca

Não é novidade para os leitores deste blog que as autoras, além de falarem feito duas vitrolas quebradas e escreverem compulsivamente, são traças de biblioteca. Mas gente, convenhamos, livro ainda custa muito caro neste nosso país que injustamente tem fama de não gerar bons leitores. E como é que alguém pode formar uma biblioteca decente com livros que custam o equivalente ao que uma família de quatro pessoas gasta na feira da semana?

A solução para não perder o bonde das letras é pesquisar. Frequentar sebos, futucar as prateleiras das livrarias e não ter vergonha de comprar aquelas edições de bolso, que geralmente custam menos. Desde que essas edições tenham qualidade editorial e tragam o texto na íntegra.

Recentemente, cinco bons livros para começar uma biblioteca de respeito foram lançados pela Edições BestBolso. Detalhe importante: todos custam menos de R$ 20,00. Conversa de Menina, que como toda mulher adora uma promoção, foi atrás saber detalhes. Confira:

Lia Luft
Lia Luft

PERDAS & GANHOS
Lya Luft
140 páginas
Preço: R$9,90
Texto integral, com Nova Ortografia

Este livro, de 2003, vendeu quase 1 milhão de exemplares. Trata-se de uma lição genial de otimismo da escritora Lya Luft. Remexendo nas próprias lembranças, ela compõe ensaios deliciosos, escritos em tom de diálogo com outras mulheres. Não tem como não se identificar.

André Malraux
André Malraux

A CONDIÇÃO HUMANA
André Malraux
Tradução de Ivo Barroso
350 páginas
Preço: R$17,90
Texto integral

China, março de 1927. Um homem corroído pela amargura. Um país sacudido por uma insurreição. Atrás de fachadas insuspeitas de cidades sufocadas por riquixás, automóveis e bondes, fumaça de carvão, excrementos e suores de brancos e amarelos, homens planejam uma revolução, muitos divididos entre a culpa e a ideologia. Publicado em 1933, este livro de André Malraux é um relato dos acontecimentos que deram início à Revolução Chinesa. Um depoimento pessoal sobre um dos momentos históricos mais dramáticos do século XX.

Mario Puzo
Mario Puzo

O ÚLTIMO CHEFÃO
Mario Puzo
Tradução de Geni Hirata
532 páginas
Preço: R$19,90
Texto integral

Quem assistiu ao memorável filme com Marlon Brando e ainda não leu o livro, taí uma oportunidade de conhecer a saga dos últimos mafiosos ítalo-americanos que viveram nos Estados Unidos e sua influência em Hollywood e Las Vegas. O chefão é Domenico Clericuzio, homem determinado a assegurar o futuro de sua família numa era de apostas legalizadas, investimentos no cinema e a constante ameaça dos informantes do governo. O velho Clericuzio está bem perto de alcançar seu objetivo quando um segredo do passado ameaça seus planos e provoca uma guerra entre dois primos de sangue.

A LOJA DE PIANOS DA RIVE GAUCHE
T. E. Carhart
Tradução de Maria Alice Máximo
294 páginas
Preço: R$17,90
Texto integral, com Nova Ortografia

Um romance de rara sensibilidade sobre a redescoberta do amor pela música. A loja de pianos da Rive Gauche é uma silenciosa e apaixonante história sobre o piano e sua importância na vida francesa e na vida do próprio autor. Enquanto caminha pelas ruas de Paris para levar seu filho à escola, o personagem Carhart, um americano que vive em Paris, passa por uma loja de reparos e vendas de pianos e faz amizade com Luc, o restaurador, líder de uma confraria parisiense que se reúne na loja de pianos. A partir desse encontro, Carhart irá reviver sua infância e uma paixão esquecida.

Agatha Christie
Agatha Christie

OS RELÓGIOS
Agatha Christie
Tradução de Carmem Prudente
280 páginas
Preço: R$14,90
Texto integral

Essa é uma das aventuras do detetive Hercule Poirot, um dos personagens mais carismáticos de Christie. Ao visitar um condomínio na pequena cidade de Crowdean, o agente secreto Colin Lamb acaba se envolvendo na investigação de um estranho assassinato ocorrido naquele lugar: um homem desconhecido foi encontrado morto na sala da casa da Sra. Pebmarsh, uma deficiente visual muito independente e peculiar. Curiosamente, na cena do crime são encontrados quatro relógios marcando todos a mesma hora. O caso parece complexo, principalmente quando outros dois crimes são cometidos em circunstâncias igualmente suspeitas. Colin Lamb desafia então o seu amigo Hercule Poirot a desvendar o caso.

Leia mais sobre Agatha Christie aqui

Leia Mais

Agatha Christie, a rainha do crime

Agatha ChristieMeu fascínio pelos livros policiais começou com a leitura de Agatha Christie. Na época, eu estava com uns 15 anos e fazia curso de inglês na Acbeu. Lá, tinha uma biblioteca vasta. Não apenas livros em inglês, mas diversos outros, muito interessantes, em português, tanto da literatura nacional, quanto internacional. Um dia, em uma das estantes, lá estava Convite para um Homicídio. Eu sempre gostei de histórias com investigações criminais e muito suspense. E na orelha no livro,  o anúncio de que ali poderia conter uma narração interessante me fez locá-lo. Não, eu não sabia quem era Agatha Christie naquele momento, e aquele livro foi o suficiente para me apaixonar pela literatura dela.

Dela, li praticamente tudo. Na época, chegava a ler um livro inteirinho por dia. Devorava as páginas enquanto tentava desvendar as histórias tão bem entrelaçadas. No final da leitura, eu já tinha acreditado que todo mundo podia ter sido o assassino. O tempo me fez compreender melhor a lógica narrativa… em alguns livros cheguei a descobrir, orgulhosa, o final da trama antes mesmo de chegar a ela. Mas na maioria dos casos, uma grande confusão se formava em minha cabeça, criava várias teorias e quando chegava aos capítulos finais, eram surpresas atrás de outras. Certa feita, ela anunciou: “Dentro de alguns anos, só quero ser lembrada como uma boa escritora de casos policiais”. Ela morreu em 1976, aos 85 anos, com o merecido título de “rainha do crime”.

Agatha ChristieReza a lenda que seus pais fizeram um esforço sobrenatural para trasnformá-la em cantora lírica e pianista. E para o nosso agrado, ainda bem que não conseguiram. Ela sempre preferia se dedicar aos contos e poemas. Sua estreia nos livros policiais foi com O Misterioso Caso de Styles, em 1920. De lá para cá, ela já vendeu nada menos que dois bilhões de livros por todo o mundo. Foi a publicação que fez nascer o detetive Hercule Poirot. Ele e a iniciante Miss Jane Marple (que estrela, inclusive, seu último livro, Um Crime Adormecido), foram os dois personagens eternizados pela escritora como as mentes investigativas mais brilhantes do mundo. Ah, e não foi só nos livros que ela brilhou, porque diversas de suas obras acabaram adaptadas para o cinema.

De onde alguém pode tirar tantas ideias criativas e inovadoras? Nem ela mesma respondia. Agatha Christie afirmava que nunca sabia onde as histórias poderiam nascer. Na sua autobiografia, ela conta que andava sempre com uma caneta em mãos. “Repentinamente, uma ideia esplêndida me ocorria”, conta ela em seu livro. Como viajou muito durante a vida e conheceu gente de todo o canto, gênero e estilo, deste universo ela retirava inspiração e referências para escrever seus livros. Em uma passagem, seu neto a descrevia como uma mulher que observava mais do que era observada e que ouvia mais do que falava.

Mas daí a se tornar a rainha do crime é um longo caminho. Mais do que vontade, observação e ouvidos atentos, precisa de muita dedicação, criatividade e um certo dom da escrita. Agatha Christie tinha dezenas de livros de anotações, onde reunia as tais ideias esplêndidas. Além disso, só começava a nova história, só colocava mesmo a trama no papel, quando já tinha em mente cada detalhe bem delineado. Só pra dimensionar, o livro O Inimigo Secreto surgiu de uma conversa em uma casa de chá; Assassinato no Campo de Golfe nasceu de um artigo sobre uma morte misteriosa na França; e uma viagem para assistir à apresentação de uma atriz levou à criação de Treze à Mesa.  É muita imaginação para uma pessoa só! E a gente agradece!

=========================
Algumas curiosidades sobre Agatha Christie:
=========================
>> Seu primeiro livro levou cinco anos para ser publicado e foi rejeitado por seis editoras.
>> Foi a única escritora policial que conseguiu fama e adoração para seus dois personagens (Hercule Poirot e Jane Marple).
>> Quando ela morreu, seu personagem Hercule Poirot ganhou uma página inteira no obituário do The New York Times.
>> Seus escritores favoritos eram Elizabeth Bowen e Graham Greene.
>> Uma de suas grandes paixões na vida era a música, especialmente as óperas de Wagner.
>> Ela escreveu seis romances sob o pseudônimo Mary Westmacott (ela conseguiu manter sua identidade em segredo durante 20 anos).
>> Ela levou 15 anos escrevendo sua autobiografia, entre 1950 e 1965.

=========================
Mais informações:
=========================
>> Site oficial (em inglês)
>> Relação de seus livros com um pequeno resumo de cada (aproveite para escolher por qual deles vai começar a ler)
>> Lista de todos os seus trabalhos (em inglês)

Leia Mais