Abuso sexual de crianças, vergonha nacional

pedofiliaEstava hoje em um consultório médico e comecei a folhear uma revista. Era de maio deste ano, mas o tema da reportagem de capa, o abuso sexual contra crianças e adolescentes, continua muito recente e recorrente, para a vergonha deste país. Diariamente, basta abrir as páginas policiais dos jornais  para se deparar ao menos com uma nota do tipo: “padrasto é preso por abusar de enteada” ou “pai estupra a filha”. É doloroso para quem tem filhos pequenos pensar que existem crianças que não encontram abrigo e proteção dentro de casa, que são traídas por aqueles em quem deviam confiar. Sim, porque o abusador na grande maioria dos casos é alguém muito próximo da criança. O pai, ou irmãos, primos mais velhos, tios, padrastos, vizinhos, amigos da família que se aproveitam da proximidade e da confiança que as crianças têm neles para violentá-las. E a pedofilia na internet? Cresce assustadoramente e as pessoas simplesmente acham que clicando em outros sites se livram do problema. Sem contar que, nos casos em que a violência resulta em gravidez, muitas vezes de meninas de nove, dez anos de idade, se discute mais se é cristão ou moralmente correto um aborto do que o fato de que uma criança foi molestada, estuprada e ainda corre risco de vida.

Já falamos da violência sexual aqui, bem no início do blog e ao menos uma vez por mês, temos um post sobre violência doméstica. E é em tom de campanha mesmo, pessoal. Como mulher e mãe, não posso deixar de defender essa bandeira. Infelizmente, são temas que ainda precisam ser abordados com campanhafrequencia, que não podem, não devem ser empurrados para baixo do tapete. Cabe a nós, cidadãos, cobrarmos para que a lei seja mais rígida na hora de punir o abusador e o estado mais responsável para acolher a vítima. Não basta apenas garantir que o nosso filho navegue em páginas seguras, isso é imprescindível, mas somente quando começarmos a nos preocupar também com os filhos dos outros vamos ser uma sociedade evoluída. O acolhimento é fundamental para reconstruir o emocional dilacerado de quem sofre abuso. Pensem nas marcas que essas crianças irão carregar pelo resto da vida e no que elas podem se transformar devido a esse trauma. Muito tem se falado do tema abuso ultimamente, devido as excentricidades do cantor Michael Jackson, morto em junho passado. O comportamento do artista ao longo da vida sempre foi associado aos maus-tratos e abusos sofridos na infância. Mas, vamos olhar, por minuto que seja, para  vida real e não para o faz-de-conta da vida de um astro pop. Vamos esquecer um pouco as notícias dos tabloides ingleses ou americanos e pensar no drama de uma criança que mora aqui mesmo no Brasil, no nosso Estado, que pode até ser nossa vizinha de porta. Vamos pensar na humilhação que essas crianças sofrem, na dor que carregam para o resto da vida, na falta de confiança em si mesmas e nos seus semelhantes, no fato de que, quando uma criança é ferida e cresce traumatizada, a esperança do que ela poderia vir a ser e  a esperança do que nós, como sociedade, poderíamos vir a ser, morre. Que Michael Jackson descanse em paz, mas que todos nós, cidadãos, não tenhamos descanso na campanha contra a violência!

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Leia também os posts:

>>Violência que faz calar, publidado em fevereiro

>>Internet segura, controle o acesso dos filhos, publicado em fevereiro

>>O que estão fazendo com nossas crianças? Publicado em 03 de julho

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Livro traz relatos de vítimas de abuso sexual

“A violência sexual, seja estupro ou atentado violento ao pudor, é um problema constante na vida de muitas mulheres de todas as idades, raças, tradições e religiões. Por isso a importância de abordar esse assunto. A idéia é fazer o tema ser lembrado com freqüência na mídia e no diálogo das pessoas, porque, quanto mais se fala sobre uma determinada problemática, mais a sociedade e as autoridades competentes se sensibilizam a debater e buscar soluções cabíveis para a questão.”

Assim inicia a narrativa do livro Cicatrizes – Relatos de Violência Sexual, da jornalista e artista plástica paulista Dalila Penteado.

A publicação, além de depoimentos comoventes, reúne dados atualizados sobre o problema no Brasil.

A autora nos conta o drama de mulheres como Girassol (nome fictício), que junto com o namorado e duas amigas, foi torturada e estuprada. Cicatrizes ainda traz um pingue-pongue com Sidney Barbosa, coordenador do setor de Artes Forenses da Delegacia Geral de Polícia de São Paulo, responsável pelo retrato falado do ‘Maníaco do Parque’; e compila notícias atualizadas sobre casos de violência contra mulheres e crianças na atualidade. O livro detalha também o funcionamento do Disque-Denúncia — o Disque 100 — destinado às vítimas de violência sexual que, muitas vezes, sem informação, acabam silenciando.

Ficha técnica:

cp_cicatrizes_gdeCicatrizes – Relatos de Violência Sexual

Autora: Dalila Penteado

Editora: Palavra&Prece

192 páginas

Preço sugerido: R$ 24,90

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Links úteis:

>>Campanha Nacional de Combate à Pedofilia na Internet

>>Safernet Brasil – ong de proteção aos direitos humanos na internet

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