Especial Dia da Criança: o cuidador

O quinto artigo – segundo publicado nesta terça – selecionado para a série Especial Dia da Criança é da psicóloga Sonia Bagatini e fala da primeira infância e do impacto causado na formação do futuro adulto, a partir das influências sofridas dos cuidadores (família ou não) nessa fase da vida e do desenvolvimento dos pequenos. Confiram:

O cuidador

*Sonia Bagatini

Especialistas e estudos da psicologia, medicina e outras áreas a fim comprovam que as primeiras experiências infantis até os três anos de idade são as que formam a personalidade do ser humano, e, ainda que as marcas que os adultos cuidadores – pais, parentes, babás ou professores – deixam é para sempre na vida destas crianças. Nesse contexto, reciclar e agregar conhecimentos sobre o desenvolvimento infantil é um desafio para a toda a sociedade.

Sabemos que a convivência familiar na infância é fundamental para o crescimento e desenvolvimento saudável da criança, assim como sabemos que ambientes familiares hostis podem causar danos com conseqüências irreversíveis à existência humana, afetando o bem-estar e a saúde mental dos envolvidos, principalmente dos mais frágeis que são as crianças. Na busca em diminuir essa fragilidade física e emocional das futuras gerações, a permanência da criança deve se dar em um ambiente seguro e afetuoso, onde há os ensinamentos sobre o amar. Isso só é possível quando amamos as nossas crianças.

Vamos reciclar, reforçar e despertar os estudos e questionamentos entre todos para sempre buscar o melhor para a vida humana. Primeiro aquela pequenina vida da qual somos os cuidadores responsáveis, em segundo a nossa própria vida, buscando a satisfação e o prazer em atingir os resultados esperados na criança como reflexo daquilo que oferecemos a ela. Cabe lembrar que a nossa natureza humana se não for instigada, desafiada e motivada, pode esquecer muitas coisas importantes caindo no sentido negativo da palavra rotina.

Tudo o que fizermos para as nossas crianças terá registro eterno em seus corações e nas suas mentes.

*Sonia Bagatini é psicóloga e assessora da SOS Casas de Acolhida

**Material encaminhado ao blog pela WH Comunicação Ltda.

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Leia os outros artigos já publicados pela série:

>>Especial Dia da Criança: Preservação ambiental

>>Especial Dia da Criança: Avós e netos

>>Especial Dia da Criança: “ser” criança

>>Especial  Dia da Criança:  consumismo infantil

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Artigo: O papel da rotina na vida das crianças

Quando somos mais velhos o que mais desejamos é fugir da rotina, pelo menos de vez em quando. Embora reconheçamos que existe necessidade de manter o mínimo de organização na vida diária, a fuga do padrão é a utopia de todo adulto, principalmente porque vivemos presos ao tempo, escravos do relógio. No entanto, segundo os especialistas, há um momento na nossa vida em que a presença ou ausência completa de rotina (hora para comer, tomar banho,estudar, brincar, dormir) é fator crucial para o nosso desenvolvimento: na infância. A psicoterapeuta Blenda Oliveira analisa a importância da rotina na vida das crianças, no artigo que reproduzimos abaixo. Confiram:

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**O papel da rotina na vida das crianças

 Blenda Oliveira*

Bebês e crianças têm necessidade de sentir seu ambiente organizado e previsível. A rotina funciona como uma espécie de moldura que organiza os três grandes domínios na área da saúde: o físico, o psicológico e o social, auxiliando numa maior integração dessas áreas, já que há uma interligação e uma afeta a outra. Bebês e crianças muito pequenas ainda não possuem maturidade neurológica e psicológica para suportar todas as inconstâncias em suas rotinas. Por isso, muitas mudanças externas podem gerar experiências precoces de instabilidade. Não precisamos imprimir mudanças no dia a dia da criança, porque já existe um movimento intenso da natureza em cada uma. Ela por si só vive uma interessante transformação no seu corpo, na sua percepção e na capacidade de se locomover. A rotina prepara a criança e ajuda no desenvolvimento da confiança e perseverança, qualidades imprescindíveis para uma futura autonomia.

Escola e família são uma das parcerias mais produtivas. Se uma escola tem como valor o cumprimento de certas rotinas e a família não compartilha, ou vice-versa, podem ser gerados na criança sentimentos de confusão, dúvidas e desconfiança. A escola, dependendo da sua orientação e da formação do seu corpo docente, tem competência para orientar a melhor maneira com que a família pode dar continuidade ao trabalho. Porém, é importante deixar claro que a escola não é responsável sozinha pelo desenvolvimento das crianças. Enfatizo que o papel da família é intransferível, isso não quer dizer que não seja possível fazer parcerias e receber orientações. As ações serão mais significativas quanto maior for o envolvimento da família.

A rotina é um dos pilares para o desenvolvimento da autonomia das várias áreas do desenvolvimento infantil. Vale lembrar que uma rotina adequada vem acompanhada de afeto e flexibilidade, mas não é preciso usar de rigor em detrimento das vivências de afetividade e espontaneidade entre as crianças e seus cuidadores. Sabemos que disciplinas duras, rigorosas e inflexíveis não necessariamente criam indivíduos comprometidos e autônomos, o mesmo ocorre com rotinas por demais permissivas. Qualquer extremo contribui para o aparecimento na criança, no adolescente e nos futuros adultos, de insegurança, medo e desconfiança quanto à própria capacidade de dar conta da vida. A rotina na medida adequada gera referência à criança. Depois o adolescente vai aprendendo quanto pode, em alguns momentos, modificar aquilo que lhe foi ensinado pelos seus pais e professores.

“Não se educa pela razão, apenas.

Educa-se, principalmente,

pela qualidade do afeto”

Quanto mais os bebês se desenvolvem, maior a conquista da independência e, portanto, mais de olho é preciso estar. Crianças a partir de um ano iniciam movimentos mais autônomos, a marcha fica mais firme, a verbalização é maior e, assim, a curiosidade e a descoberta vão ganhando complexidade. Na realidade, criar rotina para crianças em qualquer fase exige que os adultos também sejam pessoas com uma adequada relação com a rotina. Não existe fácil ou difícil, cada momento requer um tipo de cuidado, assim como cada criança tem seu ritmo de adaptação. Podemos comprovar isso desde o nascimento. Alguns bebês se adaptam mais rapidamente ao ritmo das mamadas, outros demandam maior flexibilidade por parte da mãe.

No caso da berçarista, ele consegue manter uma rotina, desde que exista um bom planejamento e orientações coerentes de quem a contratou. É importante ressaltar que as pessoas escolhidas para a função precisam ter equilíbrio emocional, formação adequada, não só intelectual, mas, e principalmente, formação pessoal. É esse conjunto que mantém uma boa rotina. As berçaristas são pessoas crucias, com ela, além da família, laços afetivos serão construídos, e esses serão o melhor meio de comunicação, por onde informações importantes serão passadas e transformadas em hábitos. Não se educa pela razão, apenas. Educa-se, principalmente, pela qualidade do afeto. A qualidade de vida inicia-se desde a concepção, quando os pais recebem seu filho com prazer, comprometimento, alegria e celebração.

*Blenda Oliveira é coordenadora da Casa Movimento (www.casamovimento.com.br), doutora em psicologia clínica pela PUC-SP, psicanalista pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo – SBP-SP -, além de psicoterapeuta.

**Conteúdo enviado ao blog através da assessoria de comunicação da Casa Movimento.

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