Começo o dia de blogagem com um artigo muito leve sobre hábitos de consumo. Apesar de ser escrito por uma analista de mercado especialista, não tem aquela afetação de consultor. O tema, claro, Dia dos Namorados. Adorei a comparação das pessoas com os flamingos, além de lúdica, faz muito sentido e dá no que pensar. Confiram:
Dia dos Namorados: uma deliciosa desculpa para “namorar” as vitrines como flamingos
*Stella Kochen Susskind
Como uma eterna romântica, adoro todos os pormenores que envolvem o Dia dos Namorados! Apaixonada pelo varejo, delicio-me especialmente com as vitrines bem-montadas, o movimento nas lojas, a magia de um atendimento bem-feito e com o namoro dos consumidores: indivíduos que mantêm vínculos racionais e emocionais com as marcas. E como a data desperta muito mais o lado emocional, temos aí uma boa desculpa para namorar as vitrines sem culpa. Em um paralelo com a faceta mais instintiva do ser humano – aquela que nos aproxima dos animais – ir ao shopping, centros comerciais e ruas nessa época é como observar flamingos no cativeiro. Para o bem-estar do grupo de flamingos, os especialistas instalam no cativeiro um espelho, oferecendo aos belos pássaros a sensação de estar em bando, portanto, protegidos.
Os apaixonados olham os seus reflexos nas vitrines, namoram os objetos aspiracionais, que podem ou não comprar, e se sentem protegidos por semelhantes que tomam parte do mesmo ritual. É comum nesta época, desconhecidos trocarem ideias em frente às vitrines, balcões e araras. Inúmeras vezes me vi como protagonista de um diálogo singular que começa repleto de perguntas:
— Moça (adoro ser chamada assim!), que número você usa? Você usaria uma bolsa assim? E o que acha desta pulseira? Essa cor está na moda?
Ao responder a um estranho, captamos de imediato um brilho no olhar que nos é familiar. Ou seja, somos flamingos protegidos pelo bando. Mas será que com todo esse “love is in the air”, os homens se tornam tão flamingos quanto as mulheres?
Nessa época que culmina no outono, com suas manhãs e entardeceres mais frios – remetendo ao aconchego de um colo gostoso – nos damos o direito de namorar as vitrines com o emocional a mil. É como se a loucura do dia a dia nos desse um break! Nós, mulheres, temos a sensação de passear com uma trilha sonora romântica; nesse espaço onírico, o olfato fica mais aguçado, mais sensível aos perfumes que saem das lojas, ao cheiro de chocolate… Aproveitamos ao máximo desse átimo! Olhamos as vitrines com calma, tocamos os produtos, cheiramos. É comum, inclusive, fecharmos os olhos imaginando o objeto da paixão, recebendo o presente. Nesse momento, um sorriso discreto nos escapa.
Como “pesquiseira” tenho por missão de desvendar os sentimentos dos consumidores no momento da compra. Com essa profissão, constantemente paro para refletir se o comportamento de homens e mulheres se iguala em determinadas ocasiões do consumo. Será que o Dia dos Namorados tem esse poder? Eu me divirto imensamente com a certeza que os homens são tão parte do bando de flamingos quanto as mulheres! Se indagados, claro que jamais irão admitir; contudo, é fato que transformam a data em oportunidade para namorar as vitrines. Afinal, há desculpa melhor ou algo mais acolhedor do que se sentir protegido por outros flamingos?
O desafio de empresários, lojistas e equipes é não deixar os flamingos soltos, abandonados! É aproveitar o namoro com as vitrines para namorar os clientes, para criar reciprocidade. Nada mais bonito do que um atendimento personalizado, próximo e assertivo. Como especialista e consumidora – e como flamingo, é claro! – afirmo categoricamente que isso é apaixonante! Um cliente apaixonado volta e fala sobre sua paixão para centenas de conhecidos. É claro que isso ocorre quando a paixão tem um final mágico, quando é correspondida. Ao contrário, nos finais trágicos, a falta de sintonia ganha negativamente as redes sociais; a experiência do abandono corre rapidamente entre os “flamingos”. E a minha experiência diz que há muita solidariedade entre os flamingos…
*Stella Kochen Susskind preside a Shopper Experience, empresa especializada em pesquisa e mercado.
**Material encaminhado ao blog para publicação pela Printec Comunicação.
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