Mais um papo sobre a gravidez na adolescência

No post da série Saúde & Fitness deste domingo, abrimos espaço para um material do Instituto Kaplan sobre o Dia Mundial de Prevenção à Gravidez na Adolescência (comemorado ontem), tema que envolve saúde e comportamento. Pois bem, por questão de espaço, senão o post ia ficar gigante, não deu para colocar o artigo da Maria Helena Vilela, que segue publicado agora. Vale a pena ler as suas dicas de como os pais podem abordar a questão da educação sexual com os filhos adolescentes:

Uma conversa com os pais – gravidez na adolescência

*Maria Helena Vilela

O mito do sexo na adolescência
“Na adolescência não se deve fazer sexo, muito menos, as meninas”.  Este é um mito que caiu e, muitos pais ainda não se deram conta.  A pesquisa UNESCO em 2004 já identificava a média da idade da primeira relação sexual dos meninos por volta dos 14 anos e das meninas entre 15 e 16 anos. O sexo é uma função natural do ser humano que desperta na adolescência. Nesta fase, o corpo já consegue reagir aos estímulos sexuais, se excitar e provocar o desejo de ir mais adiante – transar. No momento, a realização do sexo é extremamente prazerosa e gratificante, independente do fato de ter sido realizado com ou sem segurança. Isto só começa a preocupar depois do fato consumado e passada a euforia da excitação. É muito difícil para o ser humano conseguir se negar a fazer sexo quando há estímulo e oportunidade de se seguir ir adiante. Mas, nossos adolescentes não são, apenas, um corpo! O adolescente é uma pessoa que tem uma determinada vivência, valores, crenças, e expectativas. Por outro lado, o sexo não é só prazer: é entrega e responsabilidade com a prevenção de gravidez e DST/Aids. E meus queridos pais, esta oportunidade existe! Mas, num ambiente liberal, numa idade em que os hormônios estão em alta e a curiosidade sexual é grande, esperar que nossos filhos resistam à motivação de fazer sexo é esperar que eles sejam super homens e as meninas super mulheres!

A solidão dos filhos
A maioria dos nossos filhos está só no quesito sexo. Todas as pesquisas sobre comportamento sexual dos jovens que tenho acesso mostram os pais como uma das últimas opções na busca de informações sobre sexo, e em contra partida, os sites eróticos e os que abordam a sexualidade, são cada vez mais procurados pelos jovens. A falta de diálogo com os pais é um ponto forte na vulnerabilidade dos adolescentes à gravidez na adolescência! Os estudos mostram que as meninas que conversam com seus pais sobre sexo, engravidam menos na adolescência do que aquelas que não têm esta mesma oportunidade. Muitas meninas desejam ir ao ginecologista, mas tem medo de pedir aos pais para fazer esta consulta. Assim, resolvem sem conversar com familiares ou consultar um médico, a contracepção ou a “não” contracepção que lhe convier, segundo a sua própria avaliação – alguém que está no início de sua estrada de vida e que pouco pode enxergar das consequências de se ter um filho na adolescência.

Vamos criar o “chega-te” com os filhos
Na minha terra, em Alagoas, a gente usa uma expressão abreviada de “saia para lá” (afastar alguém) que é “sai-te”. Outro dia, conversando com um cantor local muito perspicaz, perguntei se ele tinha um site, e ele, com o seu humor, em trocadilhos, me respondeu: não, estou construindo um “chega-te”.  E é este o convite que quero fazer a todos os pais, que cheguem mais perto de seus filhos. A adolescência apronta armadilhas difíceis de serem vencidas pelos jovens. Vários fatores contribuem para isto, mas, principalmente, em relação à gravidez, é muito importante que os adultos de sua confiança encarem a realidade atual da sexualidade na adolescência e promovam o diálogo como alguém que sabe ouvi-lo de verdade e respeite seus valores e atitudes. Seguem algumas dicas para os pais que queiram experimentar criar o movimento do “chega-te”:
·      Comente ou leia uma matéria sobre gravidez na adolescência com seu filho ou sua filha e pergunte se isto acontece entre os amigos deles;
·      OUÇA a opinião deles;
·      Conte para eles o que significava na sua época de adolescente, uma garota ficar grávida e o que acontecia com o casal adolescente;
·      FALE a sua opinião, justificando o seu ponto de vista e ao mesmo tempo preenchendo lacunas do pensamento deles;
·      Leve sua filha ao ginecologista e apóie o uso do método contraceptivo indicado;
·      Estimule seu filho a usar a camisinha, pois, esta é a única forma dele ter o controle sobre sua paternidade;
·      Fale dos seus sonhos profissionais em relação a eles, mostrando sua expectativa. Mas também ouça e respeite o sonho deles, ajudando-os a enxergar as vantagens e desvantagens que ainda não consigam ver.
·      Descubra e realize alguma coisa que você e seu filho(a) gostam de fazer juntos;
·      Conheça os amigos, ficantes e namorados e, os deixe lhe conhecer também.
·      Promova as informações sobre sexualidade e contracepção que os jovens precisam saber. Se não souber como conversar, indique a leitura de artigos. “Chega-te” e Boa sorte!

*Maria Helena Vilela é sexóloga e diretora do Instituto Kaplan – www.kaplan.org.br

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Saúde & Fitness: Dia de prevenir a gravidez precoce

A série Saúde e Fitness, deste domingo, destaca um assunto que tem relação com o corpo, mas não no sentido de atividade física. Embora a gravidez altere bastante o corpo feminino, é na alma que as transformações acontecem com mais impacto. Na adolescência, quando tanto corpo quanto alma estão em formação, a gravidez precoce e não planejada pode causar impactos para a vida toda. Hoje é o Dia Mundial de Prevenção da Gravidez na Adolescência e o blog recebeu uma contribuição fantástica do Instituto Kaplan, especializado em educação sexual. Confiram e ajudem a disseminar:

Educação sexual e atuação dos pais podem
reduzir os índices de gravidez na adolescência

O Dia Mundial da Prevenção da Gravidez na Adolescência, 26 de setembro, é de extrema importância como reflexão sobre a educação sexual para a redução do índice de jovens “grávidos”. Sexo responsável é o maior enfoque da proposta de trabalho educativo que o Instituto Kaplan desenvolve na capacitação de professores e técnicos que trabalham nas questões de métodos contraceptivos, os riscos das doenças sexualmente transmissíveis, além do impacto de uma gravidez nesta faixa etária.

Maria Helena Vilela, diretora do Instituto Kaplan (Centro de Estudos da Sexualidade Humana), comemora este dia com dados expressivos conquistados através do Projeto Vale Sonhar, uma ação de política pública de conscientização na prevenção de gravidez na adolescência. “Conseguimos obter, entre 2008 e 2009, uma diminuição de 50% do número de gravidez nas escolas das cidades de Serra e Cariacica (ES). Em Alagoas este índice foi de 35%, o que é significativo para um estado nordestino. O Vale Sonhar também foi implantado nas escolas públicas do ensino médio do estado de São Paulo, na disciplina de Biologia, e alcançamos uma redução de gravidez em torno de 20%, o que equivale a 60.000 jovens que deixaram de engravidar na adolescência. É como ter um estádio do Morumbi lotado. No Brasil, este índice caiu em 8 pontos percentuais”.

A conscientização do impacto de uma gravidez indesejada é fundamental para que os jovens entendam a necessidade de prevenção: “É natural que havendo estímulo sexual, os jovens se desejem e, portanto, precisam ser bem preparados para esta liberdade em relação à questão sexual que a própria sociedade criou. Daí a importância do trabalho de educação nas escolas, com informação de credibilidade via internet, nos postos de saúde, enfim, onde os jovens estiverem”, ressalta Maria Helena Vilela.

A educadora e diretora do Kaplan acredita que, no Dia Mundial de Prevenção de Gravidez na Adolescência, a mensagem não é para os jovens, mas para os pais: “precisamos começar a refletir sobre a vida sexual como algo positivo, na qual nós devemos de fato estimular os nossos filhos a buscar consultas médicas e usar corretamente os métodos contraceptivos. A ajuda da família e de toda a comunidade é fundamental para que percebamos que hoje em dia, não dá mais para as meninas largarem a escola por causa de uma gravidez fora de hora”.

Veja vídeo com uma mensagem de Maria Helena Vilela:

Prevenção de Gravidez na Adolescência:

A gravidez na adolescência regrediu 34% na década passada, segundo dados do Ministério da Saúde, mas ainda é preocupante. O Instituto Kaplan, por exemplo, tira dúvidas sobre sexualidade de qualquer pessoa, por MSN (veja aqui no site deles como se conectar). Abaixo, perguntas e respostas de Maria Helena Vilela sobre o trabalho da ong:

A gravidez na adolescência tem diminuído no Brasil?
O trabalho com os adolescentes está tendo uma resposta positiva. Em 2004, quando nós começamos o trabalho do Projeto Vale Sonhar, o índice de gravidez na adolescência no Brasil era em torno de 28%. Hoje, a última referência que nós temos do DATASUS é de 2007, e estes dados nos mostram que houve uma diminuição de quase 8 pontos percentuais. Então atualmente, esse índice está em torno de 20% de gravidez na adolescência no Brasil.  Isso mostra que todo o trabalho com a educação sexual, de prevenção que vem sendo feito, pode ter tido sim, um impacto positivo na vida desses jovens e contribuído para a redução desses números de gravidez na adolescência.

É essencial que haja educação sexual nas escolas?
Sem dúvida. A gravidez na adolescência tem muitos fatores, mas sem dúvida nenhuma, a educação sexual é um dos principais que interferem na decisão ou na condição de uma jovem de engravidar na adolescência. É fundamental que os adolescentes não apenas saibam, mas de fato tenham consciência do porque este corpo se reproduz, o impacto que uma gravidez pode trazer na vida deles, e como evitar em um momento que eles não estão prontos para isso. Portanto, o trabalho com educação sexual é imprescindível na vida desses jovens. Vale ressaltar a informalidade com que a questão sexual é tratada hoje em dia e muitos jovens não estão preparados para viver neste ambiente liberal criado pela própria sociedade. A facilidade que veio com o avanço da ciência, como exames de DNA e pílulas anticoncepcionais permite que o sexo não mais seja visto apenas com o objetivo de reprodução. Se sexo faz parte da vida do homem, portanto é natural que, se houver estimulo sexual, estes meninos reajam a estes estímulos e se desejem. Portanto, eles precisam ser bem preparados para esta realidade em que eles vivem hoje, daí a importância do trabalho de educação nas escolas, via internet, nos postos de saúde, enfim, onde os jovens estiverem. O que eles precisam é de um espaço para que eles tenham consciência de que adolescência não é o melhor momento para eles terem um filho.

Essa liberdade de informação da internet não atrapalha os jovens a dividir o que é o joio do trigo? Como o Instituto Kaplan está usando essas novas ferramentas de informação para também balizar o jovem?
A internet abre o espaço para que os jovens tenham acesso a todo o tipo de informação e obviamente, separar o joio do trigo para o jovem é muito difícil. Então o papel do Instituto Kaplan como uma instituição educadora nesta área de sexualidade é já dar o joio separado do trigo. E é isso que nós procuramos fazer no nosso trabalho, buscar a atenção do jovem para aquilo que ele de fato precisa saber: usar a sua sexualidade em seu benefício e não contra ele mesmo. Por isso, não negamos a nenhum jovem qualquer tipo de informação que eles queiram saber e sempre nos baseamos em critérios científicos e de investigações que nós ou outros profissionais de outras instituições tenham feito que embasam o nosso trabalho e as nossas observações a fazer para eles.

O Instituto Kaplan tem um trabalho pioneiro, que é o Projeto Vale Sonhar. Em alguns estados como Alagoas, São Paulo e Espírito Santo já há uma política pública que é o ensino da educação sexual com base no futuro, com os sonhos do futuro, dentro da disciplina de biologia. Quais têm sido os resultados efetivos dessa ação?
Os resultados são bem animadores! Nós conseguimos obter por meio de um trabalho de multiplicador (em que instruímos o coordenador pedagógico para que ele prepare os seus professores para realizar as oficinas do Vale Sonhar), uma diminuição de 50% do número de gravidez nas escolas das cidades Serra e Cariacica (ES) em 2008 e 2009. A partir dessa experiência, esse trabalho foi expandido para todo o estado do Espírito Santo. No estado de Alagoas que foi um trabalho desenvolvido em 2008 e 2009, também por este meio de multiplicador, conseguimos obter um resultado em torno de 35% de diminuição no número de gravidez na adolescência. Este trabalho, que foi o primeiro realizado na Secretaria de Educação do Estado de Alagoas, foi implantado em todas as escolas estaduais do estado, onde todos os municípios puderam desenvolver um trabalho monitorado pelo Instituto Kaplan em todos os momentos. São Paulo, que já é uma rede infinitivamente maior, (enquanto em Alagoas nós temos 187 escolas no estado inteiro de Ensino Médio, em São Paulo nós temos uma rede de 3.668 escolas), é um universo fantástico e o Instituo Kaplan fica muito feliz que esta secretaria tenha implementado a metodologia do Vale Sonhar dentro da matéria de biologia. E com isso, a gente conseguiu nesta primeira avaliação de 2008 e 2009, uma diminuição em torno de 20% do número de jovens que deixaram de ficar “grávidos” após as oficinas do Vale Sonhar. Isso é um dado muito significativo, já que na rede de São Paulo, são 600.000 alunos e podemos inferir que aproximadamente 60.000 jovens deixaram de engravidar nesse ano de 2009. É um resultado muito gratificante não só para o Instituto Kaplan como para todos nós que queremos que os nossos jovens e nossa população tenham uma melhor qualidade de vida.

Qual a reflexão que o Instituto Kaplan deixa nesse Dia Mundial da Prevenção da Gravidez na adolescência?
A reflexão é para os pais e não para os jovens. Embora os adolescentes tenham vida própria, eles são frutos de uma educação, isto é, boa parte do que fazem e acreditam ainda está no núcleo familiar. O que eu gostaria de dizer para os pais é que sexo faz parte da vida da gente, é uma necessidade como outra qualquer e não é por si só ruim, pelo contrário sexo é uma coisa boa. Agora se ele não for bem trabalhado, se a pessoa não souber como lidar com a questão sexual, isto pode trazer conseqüências negativas para a vida delas. Ou nós começamos a refletir sobre a vida sexual como algo positivo, na qual nós precisamos de fato olhar para ela com carinho e estimular os nossos filhos a buscarem consultas médicas, e usarem os métodos contraceptivos ou o que nós vamos ter aí é uma dificuldade que vai além das possibilidades do Instituto Kaplan. Nós vamos até um ponto, mas agora, nós precisamos da ajuda das famílias, de toda a comunidade, para que a gente perceba que hoje em dia não dá mais para as meninas largarem a escola por causa de uma gravidez na adolescência.

Saiba mais:
INSTITUTO KAPLAN – www.kaplan.org.br

*Material elaborado e encaminhado ao blog pela jornalista Vera Moreira, usando como fonte Maria Helena Vilela, diretora do Instituto Kaplan. A publicação no blog é mediante autorização, desde que respeitados a citação dos créditos e a integridade do texto.

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Leia mais textos de Maria Helena Vilela no blog:
>>Artigo: *É possível evitar gravidez na adolescência (publicado em 26/09/2009)
>>Um papo sobre sexualidade, menarca e dúvidas na “gineco” (publicado em 02/02/2010)
>>Artigo: Verdades e mitos sobre a homossexualidade (publicado em 06/06/2010)

Leia Mais

Artigo: *É possível evitar gravidez na adolescência

Neste sábado, 26, é o Dia Mundial de Prevenção da Gravidez na Adolescência, uma das mais importantes causas de abandono escolar entre meninas de 15 a 17 anos. Para lembrar a data, o Conversa de Menina publica um artigo assinado por Maria Helena Vilela, diretora do Instituto  Kaplan, ong voltada para educação e estudos sobre sexualidade, que atua principalmente com foco na adolescência. O Instituto criou o programa Vale Sonhar, que tem o objetivo de reduzir o índice de gravidez na adolescência a partir de um curso de capacitação de profissionais em educação. O projeto piloto foi desenvolvido no Vale do Ribeira (SP), onde constatou-se entre 2004 e 2006, uma redução de 91% de casos de gravidez na adolescência em 14 municípios. O Kaplan desenvolve projetos com as Secretarias de Educação dos estados de S.Paulo, Alagoas e Espírito Santo. Confiram o artigo:

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É POSSÍVEL EVITAR GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

*Maria Helena Vilela

gravidez na adolescenciaOs índices de gravidez na adolescência são alarmantes num país como Brasil, em pleno crescimento econômico e com maior participação de pessoas de baixa instrução no mercado consumidor. Pelos dados oficiais do Datasus – Ministério da Saúde – 24% dos bebês nascidos vivos no Brasil em 2005 são filhos de meninas entre 10 a 19 anos. No estudo Juventudes Brasileiras, realizado pela UNESCO, 25% das meninas que engravidam na adolescência abandonam a escola. A evasão escolar é uma das conseqüências imediatas da gravidez na adolescência.

Os pais transferiram para a escola a obrigação de ensinar e discutir educação sexual.  Há 15 anos, o Instituto Kaplan desenvolve metodologias que promovem capacitação de profissionais para explicar como a sexualidade deve ser vivida, sem interromper sonhos. Quando trabalhamos com educação e saúde pública, temos que ter em mente nossa responsabilidade. Descobrimos que, com vontade política e investimento no capital humano, é possível diminuir a gravidez na adolescência.

O Instituto Kaplan, com parceria da Pfizer, elaborou um projeto em 14 municípios do Vale do Ribeira, uma das regiões mais pobres do Estado de S.Paulo. O “Vale Sonhar” conseguiu diminuir 91% o índice de gravidez na adolescência em 14 municípios, por meio de um curso de capacitação em sexualidade para professores das escolas estaduais e educadores do Programa Escola da Família; além de formação da rede comunitária de prevenção de gravidez na adolescência – REGA. A dramatização de situações como: fazer uma viagem ao futuro estando grávida e perceber o adiamento dos sonhos de estudar e fazer uma carreira, foi uma eficaz aliada da informação para conscientizar os adolescentes.

Esse trabalho foi emblemático e as secretarias de educação dos estados de Alagoas, Espírito Santo e São Paulo adotaram o Projeto Vale Sonhar, capacitando seus professores da rede pública, totalmente voltados para o bem estar do adolescente, a diminuição da evasão escolar e a prevenção de saúde. Ganha a sociedade, que terá um adolescente se preparando para o mercado de trabalho e menos crianças na rua ou criadas pelos avós, engrossando estatísticas de país subdesenvolvido.

O Projeto Vale Sonhar tem seus reflexos no comportamento desses jovens, mas impacta positivamente no sistema de saúde, na produção escolar e na possibilidade de formar talentos para o mercado. Os professores ficam motivados porque o resultado se vê na maturidade dos alunos e na perspectiva de vida melhor pelo estudo.

É necessário encarar a gravidez na adolescência como um problema da sociedade! Criar um círculo virtuoso é dever do estado, apoiado pela responsabilidade social de empresas, dos profissionais de ONG´s e OCIP´s, de professores comprometidos com o futuro intelectual da nação, de profissionais de saúde envolvidos e de pais que querem um futuro melhor para seus filhos.

A escola representa o principal espaço de sociabilização de crianças e adolescentes. Isto, associado ao tempo cada vez mais reduzido que os pais ficam com seus filhos, faz da escola uma das principais fontes de aprendizagem da convivência em grupo que podem contribuir para a  saúde e da qualidade de vida de seus alunos.

Cena do filme Juno, que mostra a história de jovem que engravidou aos 16 anos
Cena do filme Juno, que mostra a história de jovem que engravidou aos 16 anos

É preciso entender que os paradigmas da sexualidade mudaram exponencialmente na última década. Os jovens têm acesso a informações com todo tipo de conteúdo pela internet, além da motivação para ter comportamentos sexuais, porque isso é da natureza humana e a nossa sociedade está mais permissiva em relação à sexualidade.

 

Isso exige dos adultos diálogo franco, honesto, sem meias palavras. Com a mãe levando sua filha ao ginecologista, explicando como usar os métodos contraceptivos, esclarecendo que não é inteligente segurar o namorado com uma gravidez e confirmando que a adolescência não é o melhor momento para se ter um filho. É preciso desenvolver a auto-estima nessa garota. O mesmo vale para os meninos: é preciso entender que usar camisinha é um ato de autonomia e controle de sua paternidade. Um filho é bem vindo se planejado e na hora certa.

A escola, através de seus professores capacitados com metodologia eficiente, será a maior aliada dos pais e do Governo para combater e prevenir a gravidez na adolescência. Precisamos desbancar a hipocrisia, olhar para nossos jovens com a perspectiva de fazer uma nação qualificada e com força para fazer o Brasil crescer em inovação, em trabalhos que utilizem nossa capacidade intelectual e não por ser mão-de-obra barata.

Investir nas políticas de educação e saúde, visando os adolescentes, é apostar num país com perspectiva de crescer mais justo, mais igualitário em oportunidades. Um jovem casal pobre, com filho para criar, encarece o estado, rouba os sonhos e diminui a possibilidade de mudar o patamar econômico de uma família.

*Maria Helena Vilela é diretora do Instituto Kaplan

Visite o site da entidade: www.kaplan.org.br

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