Aproveitando que no post abaixo Alane falou sobre o Dia Mundial de Luta Contra a Aids, publico aqui no blog um artigo assinado por Carlos Varaldo, do Grupo Otimismo, ong de apoio e esclarecimento aos portadores de hepatites. Já publicamos outras contribuições de Varaldo em ocasiões anteriores. Desta vez, ele fala sobre a combinação da Aids, que enfraquece o sistema imunológico, com doenças infecto-contagiosas como a tuberculose e a hepatite C, o que afeta sensivelmente a expectativa de vida dos soropositivos, mesmo quando usuários do coquetel antirretroviral. O artigo é um alerta para pacientes e para os gestores do sistema de saúde. Combater o “trio mortal” é questão de política pública e de consciência individual e coletiva. Aids, tuberculose, hepatite C, ao contrário do que pensa o senso comum, não são doenças específicos de um determinado grupo social, de um determinado gênero ou de uma determinada cor de pele, todos estamos sujeitos ao risco de contágio e todos somos responsáveis para que portadores dessas doenças tenham tratamento humanizado, digno e livre de juízos de valor e preconceitos. Confiram o texto:
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**O Trio Mortal
*Carlos Varaldo
Durante o Congresso Internacional de AIDS na Ásia e no Pacifico, que aconteceu em setembro, participantes e ativistas solicitaram maiores esforços para enfrentar “O Trio Mortal” formado pela combinação das epidemias de HIV/AIDS, tuberculose e hepatite C.
As três doenças, quando separadas, possuem tratamentos efetivos que controlam a progressão e até a cura. Isto é possível na tuberculose e na hepatite C, mas quando alguém se infecta com mais de uma dessas doenças a situação complica e o quadro se torna grave e difícil de tratar.
O alerta desesperado chega, até tardio, porque é estimado que aproximadamente 30% dos infectados com HIV/AIDS já se encontram infectados com à hepatite C ou a tuberculose, passando a ser as duas principais causas de mortes das pessoas infectadas pela AIDS.
O tratamento com o coquetel antirretroviral transformou a AIDS de doença letal para doença crônica, permitindo que as pessoas possam conviver com a doença, mas a utilização dos medicamentos prejudica o fígado e diminui as defesas, tornando-os presas fáceis se estiverem co-infectados com tuberculose ou hepatite C. Para evitar danos maiores é urgente que todos os indivíduos HIV positivos sejam testados para tuberculose e hepatites.
O número de brasileiros infectados com tuberculose ou hepatites B ou C é medido em milhões, números que superam em mais de dez vezes os infectados pelo HIV. O maior problema é a não identificação de quem está infectado, possibilitando a disseminação descontrolada dessas doenças rapidamente na população. Estudos mostram o crescimento das epidemias, principalmente, devido a que uma pessoa com tuberculose pode infectar outras 15 durante o curso da doença, que a hepatite B se transmite sexualmente com uma facilidade até 100 vezes maior que o HIV e que a hepatite C em caso de compartilhamento de instrumentos contaminados possui 85% de possibilidade de cronificação.
Os infectados com HIV/AIDS e os gestores da saúde devem tomar consciência que existe uma formula matemática que demonstra o perigo da hepatite C, a qual foi colocada por ativistas na entrada do congresso para alertar a comunidade HIV positiva: “Hepatite C + Silencio = Morte”.
“O Trio Mortal” se alimenta de carências no sistema público de saúde, do desconhecimento da população, da pobreza, da desnutrição, da falta de acesso a educação, da falta de profissionais de saúde com os conhecimentos suficientes, de comportamentos de risco e de programas pouco eficazes para enfrentar as epidemias.
Acrescentando a tudo isso a não realização de campanhas de detecção dos casos de hepatites e tuberculose complica ainda mais a situação. Quando a hepatite C e a tuberculose é diagnosticada precocemente a possibilidade de cura é excelente.
“O Trio Mortal” já está trabalhando, silenciosamente, e, de forma unida, continua ganhando força. É o momento dos movimentos sociais da AIDS, da Tuberculose e da Hepatite juntar forças para combater um inimigo comum. Por enquanto “O Trio Mortal” está ganhando a batalha, é necessário enfrenta-lo para não perder a guerra.
Na Indonésia os ativistas utilizaram o símbolo da AIDS para alertar sobre as três doenças, mas formado por balões na cor vermelha para mostrar que o perigo já está presente.
*Carlos Varaldo é presidente do Grupo Otimismo de Apoio ao Portador de Hepatite e vice-diretor da World Hepatitis Alliance.
**Material encaminhado ao blog através da assessoria de comunicação do grupo Otimismo
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Mais sobre hepatites:
>>Visite o site do Grupo Otimismo
>>Uma conversa sobre Hepatite B
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