Agatha Christie, a rainha do crime

Agatha ChristieMeu fascínio pelos livros policiais começou com a leitura de Agatha Christie. Na época, eu estava com uns 15 anos e fazia curso de inglês na Acbeu. Lá, tinha uma biblioteca vasta. Não apenas livros em inglês, mas diversos outros, muito interessantes, em português, tanto da literatura nacional, quanto internacional. Um dia, em uma das estantes, lá estava Convite para um Homicídio. Eu sempre gostei de histórias com investigações criminais e muito suspense. E na orelha no livro,  o anúncio de que ali poderia conter uma narração interessante me fez locá-lo. Não, eu não sabia quem era Agatha Christie naquele momento, e aquele livro foi o suficiente para me apaixonar pela literatura dela.

Dela, li praticamente tudo. Na época, chegava a ler um livro inteirinho por dia. Devorava as páginas enquanto tentava desvendar as histórias tão bem entrelaçadas. No final da leitura, eu já tinha acreditado que todo mundo podia ter sido o assassino. O tempo me fez compreender melhor a lógica narrativa… em alguns livros cheguei a descobrir, orgulhosa, o final da trama antes mesmo de chegar a ela. Mas na maioria dos casos, uma grande confusão se formava em minha cabeça, criava várias teorias e quando chegava aos capítulos finais, eram surpresas atrás de outras. Certa feita, ela anunciou: “Dentro de alguns anos, só quero ser lembrada como uma boa escritora de casos policiais”. Ela morreu em 1976, aos 85 anos, com o merecido título de “rainha do crime”.

Agatha ChristieReza a lenda que seus pais fizeram um esforço sobrenatural para trasnformá-la em cantora lírica e pianista. E para o nosso agrado, ainda bem que não conseguiram. Ela sempre preferia se dedicar aos contos e poemas. Sua estreia nos livros policiais foi com O Misterioso Caso de Styles, em 1920. De lá para cá, ela já vendeu nada menos que dois bilhões de livros por todo o mundo. Foi a publicação que fez nascer o detetive Hercule Poirot. Ele e a iniciante Miss Jane Marple (que estrela, inclusive, seu último livro, Um Crime Adormecido), foram os dois personagens eternizados pela escritora como as mentes investigativas mais brilhantes do mundo. Ah, e não foi só nos livros que ela brilhou, porque diversas de suas obras acabaram adaptadas para o cinema.

De onde alguém pode tirar tantas ideias criativas e inovadoras? Nem ela mesma respondia. Agatha Christie afirmava que nunca sabia onde as histórias poderiam nascer. Na sua autobiografia, ela conta que andava sempre com uma caneta em mãos. “Repentinamente, uma ideia esplêndida me ocorria”, conta ela em seu livro. Como viajou muito durante a vida e conheceu gente de todo o canto, gênero e estilo, deste universo ela retirava inspiração e referências para escrever seus livros. Em uma passagem, seu neto a descrevia como uma mulher que observava mais do que era observada e que ouvia mais do que falava.

Mas daí a se tornar a rainha do crime é um longo caminho. Mais do que vontade, observação e ouvidos atentos, precisa de muita dedicação, criatividade e um certo dom da escrita. Agatha Christie tinha dezenas de livros de anotações, onde reunia as tais ideias esplêndidas. Além disso, só começava a nova história, só colocava mesmo a trama no papel, quando já tinha em mente cada detalhe bem delineado. Só pra dimensionar, o livro O Inimigo Secreto surgiu de uma conversa em uma casa de chá; Assassinato no Campo de Golfe nasceu de um artigo sobre uma morte misteriosa na França; e uma viagem para assistir à apresentação de uma atriz levou à criação de Treze à Mesa.  É muita imaginação para uma pessoa só! E a gente agradece!

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Algumas curiosidades sobre Agatha Christie:
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>> Seu primeiro livro levou cinco anos para ser publicado e foi rejeitado por seis editoras.
>> Foi a única escritora policial que conseguiu fama e adoração para seus dois personagens (Hercule Poirot e Jane Marple).
>> Quando ela morreu, seu personagem Hercule Poirot ganhou uma página inteira no obituário do The New York Times.
>> Seus escritores favoritos eram Elizabeth Bowen e Graham Greene.
>> Uma de suas grandes paixões na vida era a música, especialmente as óperas de Wagner.
>> Ela escreveu seis romances sob o pseudônimo Mary Westmacott (ela conseguiu manter sua identidade em segredo durante 20 anos).
>> Ela levou 15 anos escrevendo sua autobiografia, entre 1950 e 1965.

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Mais informações:
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>> Site oficial (em inglês)
>> Relação de seus livros com um pequeno resumo de cada (aproveite para escolher por qual deles vai começar a ler)
>> Lista de todos os seus trabalhos (em inglês)

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