Quando falamos de doenças, a intenção não é assustar nem desesperar nossos leitores. O mais importante em tocar nestes assuntos é justamente esclarecer e mobilizar as pessoas na luta pela prevenção. Meu último post foi sobre doença, a Aids, e este é também para tratar de uma ameaça à saúde pública, a meningite. A Bahia já registrou até agora, só em 2009, 1.195 casos da doença, causadas por agentes diversos, seja vírus, bactérias, fungos ou protozoários. O agente vai fazer variar o grau de lesividade da doença. A mais grave delas é a bacteriana, que já vitimou 44 pessoas em todo o Estado. Destas, 22 mortes foram em Salvador.
A meningite é uma doença caracterizada pela inflamação das finas membranas protetoras do sistema nervoso central, as meninges, que revestem o cérebro e a medula espinhal. A meningite viral é mais amena e apresenta sintomas típicos de uma gripe. O tratamento é mais simples e a possibilidade de deixar sequelas é mínima. A meningite bacteriana, no entanto, é bem mais grave. A meningocócica, que ouvimos falar constantemente, é o tipo mais complicado. Deflagrada pela bactéria Neisseria meningitidis, ela chega a matar 10% dos pacientes. E se a infecção atingir a corrente sanguínea, o índice de óbitos atinge 50%.
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>> Veja como a bactéria da meningite age no corpo humano
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A meningite bacteriana é altamente contagiosa, podendo levar, inclusive, a uma infecção generalizada. Ela pode ser causada por meningococos, pneumococos ou hemófilos. A mais séria, como já falamos acima, é a causada pelos meningococos. O ser humano é o único hospedeiro natural deste tipo de bactéria. É muito importante a determinação da causa da inflamação, porque é isto que vai determinar o tipo de tratamento adequado, e a possibilidade de evolução da doença. Por isso, não é recomendável que a pessoa inicie qualquer tipo de automedicação, já que o uso de antibióticos por iniciativa própria pode acabar dificultando o diagnóstico.
Sintomas – Os sintomas podem variar um pouco a depender da idade. A suspeita de diagnóstico se torna mais difícil entre os recém-nascidos. Deve-se prestar bastante atenção à irritabilidade, choro em excesso, sonolência. Os pais precisam ficar alerta à moleira, que pode ficar estufada, como se houvesse um galo na cabeça da criança, já que isso pode ser mais um sinal da doença. Acima de um mês de idade, a criança pode apresentar também dificuldades em movimentar a cabeça. Outros sintomas percebidos são febre alta constante, rigidez na nuca (dificuldade de movimentar o pescoço), dor de cabeça, náuseas, manchas avermelhadas na pele e vômitos. Também há casos de confusão mental. Estes últimos atingem a pessoa em qualquer idade.
Diagnóstico – A suspeita da doença pode surgir da avaliação detalhada do estado clínico do paciente. Mas o diagnóstico só será confirmado pelo exame do liquor. Para tanto, é feita uma punção lombar, ou seja, a coleta do líquido da medula espinhal por meio de uma agulha implantada na coluna do indivíduo. Esse líquido é enviado para análise. A partir do momento em que as meninges são atacadas por micro-organismos, o corpo reage com a produção de leucócitos (nossas células de defesa). A reação entre os leucócitos e os micro-organismos gera a inflamação, caracterizada pela alta do número de leucócitos e formação de anticorpos contra os agentes. A análise do liquor, portanto, vai demonstrar o aumento dos leucócitos, o que faz aumentar a concentração de proteínas e diminuir a de glicose (açúcar consumido pelas células).
Contágio – a transmissão acontece pelo contato com as secreções respiratórias do paciente infectado. A saliva é meio transmissor da doença, por isso o contágio ocorre também por meio do beijo e do compartilhamento de talheres, da tosse e do espirro, por exemplo. Como a transmissão é pela via área, os locais fechados, onde há uma concentração maior de pessoas estão mais propícios à disseminação da meningite.Fazem parte do grupo vulnerável todos aqueles que possuem o sistema imunológico comprometido, seja pelo desenvolvimento incompleto, como é o caso das crianças, seja por qualquer outra causa. Como podem causar epidemias, todos os casos de meningite devem ser imediatamente informados à Secretaria de Saúde do local onde foi registrado.
Tratamento – A evolução da meningite meningocócica é muito rápida. Ela pode levar o indíviduo à morte em questão de 48 horas se não for tratada a tempo, no caso de sua forma mais grave. Aqui o correto diagnóstico se mostra super importante, porque o tratamento precisa ser específico para o agente que provocou a doença. No caso da meningite viral, não há um tratamento específico, pela menor gravidade. Normalmente é indicado repouso, e não é comum a necessidade de internação e uso de antibióticos. Na bacteriana, no entanto, é preciso o tratamento com antibiótico específico, com internação indispensável para o acompanhamento da evolução do quadro.
Recomendações do Ministério da Saúde aos pais e responsáveis:
– estejam atentos aos sinais e sintomas, principalmente em crianças menores de 5 anos;
– procurem imediatamente um médico para um diagnóstico seguro e tratamento eficiente;
– se seu filho tiver febre alta, não o mande para a escola. Procure um médico para saber o motivo da febre;
– avise à escola se seu filho estiver com meningite;
– após a alta do paciente não existe mais perigo de contaminação, portanto essas crianças não precisam ser evitadas ou discriminadas, voltando normalmente a frequentar a escola;
– não há necessidade de fechar escolas ou creches quando ocorre um caso de meningite entre os alunos, professores ou funcionários da escola, pois o meningococo não sobrevive no ar ou nos objetos;
– a limpeza e a higiene devem ser as habituais. Não há necessidade de inutilizar ou desinfetar objetos de uso pessoal do doente.
Vacinas, tipos e diferenças -Achei uma explicação bem interessante sobre os tipos de vacinas disponíveis no mercado e qual a indicação de cada uma delas. O texto que segue abaixo (entre aspas) foi retirado na íntegra do site da Clínica de Vacinação Vaccini. Para quem quiser ler o texto na fonte original, é só clicar aqui. É possível encontrar uma série de outros esclarecimentos sobre vacinação no mesmo endereço. Portanto, se persistirem dúvidas, cliquem no link acima e leiam mais sobre o assunto. Vale ressaltar que em muitos locais, como a Bahia, a vacina contra o tipo mais grave da meningite só está disponível nas redes particulares de vacinação. Aqui, ela custa em torno de R$ 100. Recentemente, por causa do índice de disseminação da doença, o Governo baiano anunciou que a partir de 2010 a criançada será imunizada pela rede pública.
“Hoje existem algumas vacinas disponíveis, mas com diferenças importantes entre elas.
A vacina conjugada contra o Haemophilus influenzae do tipo b faz parte do calendário básico de vacinação, estando disponível em postos de saúde, na vacina TETRA que é aplicada a partir dos dois meses de idade, com grande proteção (tornou-se uma doença rara atualmente, graças à vacinação em massa). Na rede privada, essa vacina encontra-se em combinação nas vacinas HEXA, PENTA e TETRA acelulares. Crianças com mais de cinco anos de idade em geral não necessitam tomar esta vacina. No entanto, adultos e crianças mais velhas com problemas de saúde especiais devem ser vacinados.
Contra a doença meningocócica, existem três tipos de vacina, muito diferentes entre si.
As vacinas meningocócicas polissacarídicas Combinada A+C e Combinada B+C conferem proteção por tempo limitado (cerca de três anos), não induzem memória imunológica, e não são eficazes em crianças abaixo de 2 anos (faixa etária onde a incidência da doença é maior). Além disso, o uso repetido dessa vacina acarreta uma tolerância imunológica, isto é, a cada dose aplicada, diminui ainda mais eficácia da vacina.
Mais recentemente, foi desenvolvida uma vacina conjugada contra a meningite meningocócica C, com elevada eficácia (inclusive em menores de um ano), que confere proteção prolongada (possivelmente por toda a vida). Alguns países desenvolvidos, como a Inglaterra, já adotaram esta vacina de forma rotineira no calendário vacinal infantil.
Contra a doença pneumocócica, existe a vacina conjugada pneumocócica 7-valente, que é recomendada para todas as crianças a partir dos dois meses de idade, sendo altamente indicada para aquelas sob alto risco para desenvolver doença grave ou com outras situações de risco associadas. Pode ser aplicada até os 9 anos de idade.
Outra vacina disponível contra a doença pneumocócica é a vacina pneumocócica polissacarídica 23-valente que, da mesma forma que a vacina polissacarídica contra o meningococo, não pode ser aplicada antes dos dois anos de idade (época de maior risco para doença invasiva), não tem proteção prolongada e induz à tolerância imunológica. Tem indicações mais específicas, para indivíduos de alto risco e somente pode ser usada a partir dos dois anos de idade. Crianças sob alto risco devem receber a vacina 7-valente e também a vacina 23-valente. Esta vacina é também recomendada para todas as pessoas idosas.”
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>> Mais sobre a meningite no site do Ministério da Saúde
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