Um novo método de laqueadura foi lançado no Brasil. A novidade é um clipe de titânio e silicone que comprime as tubas, impedindo a passagem do óvulo e, consequentemente, a fecundação. Como vantagem está a maior possibilidade de reversão no caso de a mulher se arrepender.
Pelo método tradicional, utilizado hoje em dia, a tuba é cortada e amarrada, o que causa uma lesão de até 5 cm. O novo clipe, denominado Filshie Clip, causa um dano de apenas 4 mm no órgão. Os especialistas explicam que, para reverter uma laqueadura, é essencial que a tuba esteja o mais intacta possível. Só para dimensionar, a taxa de reversão deste novo método fica em torno de 90%, segundo estudo publicado no Journal of Obstretrics and Gynaecology, enquanto a técnica tradicional de laqueadura tem uma chance de reversão variável entre 50% e 70%.
Dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) de 2006, do Ministério da Saúde, mostram que 81% das mulheres brasileiras com união estável utilizam métodos contraceptivos. Destas, 29% já passaram por algum processo de esterilização. Entre os homens, 5% são esterilizados.Ambos os casos são considerados técnicas permanentes. Isso porque embora haja um processo de reversão, ele é complicado e não é cabível em todos os casos. No caso da ligadura de trompas, por exemplo, a possibilidade de sequelas é imensa mesmo que a reversão seja bem-sucedida.
A técnica moderna traz outra promessa: reduzir os efeitos da síndrome pós-laqueadura, como irregularidade menstrual e deficiência na ovulação. O problema afeta atualmente cerca de 80% das mulheres submetidas ao procedimento tradicional. A colocação do clipe pode ser feita por microlaparoscopia, laparoscopia comum ou por cirurgia aberta, este último, o mais invasivo dos três. No primeiro caso, o meio é menos invasivo e deixa uma cicratiz menor. É mais simples, ambulatorial, com anestesia local e sedação. A alta é no mesmo dia e com três dias de descanso já é possível voltar ao trabalho. Na laqueadura convencional, é feita uma cirurgia que se assemelha a uma cesariana.
O novo método foi lançado durante o 1º Congresso Brasileiro de Endometriose e Endoscopia Ginecológica. A aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária aconteceu há cerca de dois meses. Com isso, o Brasil se tornou o primeiro país da América Latina a adotar o Filshie Clip. No mundo, no entanto, a técnica já é utilizada desde 1975 na Europa. Em países como Inglaterra e Canadá, o Filshie já é utilizado em 80% dos procedimentos de laqueadura. Os estudos apontam que até hoje apenas um caso de rejeição foi registrado em todo o mundo. Em números absolutos, mais de 8 milhões de Filshie Clips já foram aplicados mundo afora, com uma taxa de sucesso de 99,76% na contracepção cirúrgica feminina.
Claro que toda novidade tem seu custo. A laqueadura tradicional utiliza um fio que custa em torno de R$ 50, sem contar as despesas com médicos e internação. No novo procedimento, só o kit com o clipe e o aplicador custa entre R$ 1000 e R$ 1600. Agora é só procurar o ginecologista e tirar as dúvidas sobre o procedimento, as indicações, contraindicações e demais questões.
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