Oi, meus amores, hoje vou tratar de um assunto sério e que interessa em demasia a nós, mulheres e homens de todas as idades. O tema deste post é a tão debatida e divulgada microcefalia, mais especificamente a importância do suporte psicológico às famílias que possuem entre seus membros uma criança vítima da doença. A ideia deste texto veio depois de uma conversa com a psicóloga Eneida de Oliveira Lima, especialista em psicomotricidade e psicóloga que atende no Fit Studio Salvador.
A microcefalia é uma condição neurológica, em que o cérebro e a cabeça da criança são muito menores que o normal, afetando seu desenvolvimento mental. A doença veio à tona após a sua recente comprovada relação com o zika vírus. De acordo com os dados do Ministério da Saúde divulgados em março deste ano, estão sob investigação no País 4.222 casos suspeitos de microcefalia, desde 22 de outubro do ano passado, registrados em 1.143 municípios de 25 unidades da federação. Na lista dos Estados mais atingidos, a Bahia só perde para Pernambuco.
Além do Zika, a microcefalia pode ser causada por outros agentes infecciosos, sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e herpes viral. Uma importante questão é justamente os efeitos sociais da doença, já que a maioria dos casos registrados envolvem crianças de baixa renda, sem acesso ao tratamento adequado para minimizar os efeitos da doença. “O cenário a que assistimos é alarmante. Os maridos abandonam as esposas ao descobrirem que o filho tem a doença. Como a criança possui uma demanda grande, e normalmente a mãe não possui estrutura, acaba perdendo a afetividade, e a relação com o filho torna-se uma relação de obrigação. Por isso, trabalhar o emocional dessa família é de fundamental importância”, explica Eneida.
Como a microcefalia causa deformidade física, a criança também vira alvo de olhares e questionamentos diversos. Tudo isso em decorrência da desinformação. As pessoas criam um clima de curiosidade em torno da doença, e a família acaba se vendo obrigada a lidar com isso. “É muito importante trabalhar a parte psicológica do núcleo familiar. É a estrutura familiar que vai fazer toda a diferença para o desenvolvimento da criança com microcefalia”, conta a psicóloga. Importante lembrar que a intenção deste texto é falar exatamente da importância do acompanhamento psicológico, sem abordar tratamentos médicos e afins.
“Há uma série de fatores que interferem no estado psíquico desta mãe. Imagine que a gravidez, por si só, já é uma fase de muita expectativa. Aliado a isso, vêm o diagnóstico da microcefalia e o sentimento de culpa. E, por fim, o abandono do companheiro”, destaca Eneida Lima, que complementa: “Qualquer deficiência vai gerar na família um sentimento de frustração, com o qual é preciso aprender a lidar. A família passa por um desgaste físico e emocional muito grande para proporcionar uma qualidade de vida melhor para a criança”.
Vivemos em uma sociedade machista, que responsabiliza a mulher de uma maneira pejorativa. Culpar a mãe pela microcefalia de seu filho é um ato desumano. Acusá-la de ter esquecido o repelente é estarrecedor. Quando há casos de infertilidade, a suspeita inicial sempre recai sobre a mulher, tão odiosa é a forma como a diferença de gênero é tratada em nossa sociedade. Numa época de casos como a microcefalia, a união dos pais é fundamental, o apoio do companheiro é fundamental, pois não há cura para a microcefalia e ainda há uma série de doenças secundárias que atingem a criança, como a redução da visão e audição.
Fundamental é o conhecimento. Precisamos nos apoderar dele e colaborar para a construção de uma sociedade mais solidária e compreensiva com as necessidades alheias. Porque o que é alheio hoje, pode ser uma demanda nossa amanhã. Não estamos livres de nada! Para quem tiver algum ente familiar ou conhecido passando por essa situação ou que esteja precisando de acompanhamento psicoterapêutico por outros motivos, a psicóloga Eneida faz atendimento clínico a crianças, adolescentes e adultos, todas as quintas-feiras à tarde, no Fit Studio Salvador. Mais informações ou marcação de consultas podem ser feitas pelo telefone (71) 3021-0649.
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