Livros resgatam história de Jacinta Passos e Lélia Gonzales

Dois produtos editoriais recentes homenageiam mulheres notáveis. Na próxima terça-feira, dia 08, às 18h, no Espaço Unibanco Glauber Rocha (Praça Castro Alves, Salvador), acontece o lançamento do livro Jacinta Passos – coração militante, que resgata a história da poetisa e jornalista baiana. Escrito pela historiadora Janaína Amado (filha de Jacinta), o  livro reúne a obra completa da poetisa, inclusive textos inéditos, além de uma biografia.

Jacinta Passos foi casada com James Amado, irmão do escritor Jorge Amado, e teve uma única filha. Feminista e comunista, passou anos internada em sanatórios, com o diagnóstico de esquizofrenia paranóide. Mas, apesar das dificuldades, não desistiu da militância política e  nem deixou de escrever poesia. Nascida em Cruz das Almas, em 1914, e falecida em Aracaju, em 1973, Jacinta Passos foi poetisa, escritora, professora e jornalista, tendo lutado por causas e ideais em que acreditava.

O livro sai publicado pela EDUFBA e pela Corrupio, com apoio da FAPESB (Fundação de Amparo a Pesquisa da Bahia).

Direitos da mulher – O segundo livro recente que resgata uma personagem feminina é a biografia de Lélia Gonzales, um dos maiores nomes do movimento negro no Brasil (fundadora do MNU – Movimento Negro Unificado) e referência internacional na defesa dos direitos da mulher e da população negra. O livro sobre Lélia é a primeira biografia já escrita sobre a personagem e integra a coleção Retratos do Brasil Negro, da Selo Negro Edições.

Lélia Gonzalez foi uma das figuras centrais na reformulação teórica e prática do movimento social negro contemporâneo. Militante, professora e escritora, a fundadora do MNU faleceu em 1994. No livro, os pesquisadores Alex Ratts e Flavia Rios revelam a trajetória da intelectual e feminista da infância humilde até a consagração no meio político e cultural, incluindo também um levantamento de sua obra. Segundo os autores, ela foi uma figura extremamente importante para o debate sobre as questões de raça, gênero e classe, dentro e fora do país.

Resultado de extensa pesquisa, incluindo entrevistas com familiares e amigos, o livro conta, em dez capítulos, as ações e ideias de Lélia, contemplando sua vida de dedicação e inteligência antes de se tornar militante negra e feminista, sua atuação como ativista e seu desempenho como docente, política e intelectual.

Retratos do Brasil Negro

A Coleção Retratos do Brasil Negro é coordenada por Vera Lúcia Benedito, mestre e doutora em Sociologia/Estudos Urbanos, pela Michigan State University (EUA) e pesquisadora dos movimentos sociais e da diáspora africana no Brasil e no mundo. A coletânea tem por objetivo abordar a vida e a obra de figuras fundamentais da cultura, da política e da militância negra.

Os autores da biografia de Lélia

Alex Ratts doutorou-se em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo em 2001. É professor dos cursos de graduação e mestrado em Geografia do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais (Universidade Federal de Goiás), publicou artigos sobre quilombos, relações raciais e grupos étnicos e orienta pesquisas que englobam esses temas. Já Flavia Rios é socióloga. Atualmente faz doutorado na Universidade de São Paulo, onde obteve os títulos de bacharel em Ciências Sociais e mestre em Sociologia. Suas áreas de pesquisa são relações raciais, movimentos sociais e políticas públicas.

Ficha técnica

Lélia Gonzalez – Coleção Retratos do Brasil Negro
Autores: Alex Ratts e Flavia Mateus Rios
Coordenadora da coleção: Vera Lúcia Benedito
Editora: Selo Negro Edições
Preço: R$ 21,00
176 páginas
Atendimento ao consumidor: (11) 3865-9890 ou no site: www.selonegro.com.br

Livro resgata história esquecida da poetisa e jornalista militante, Jacinta Passos

A historiadora Janaína Amado lança o livro Jacinta Passos, coração militante, no dia 8 de junho (terça-feira), às 18h, na Galeria do Livro, no Espaço Unibanco, Praça Castro Alves. O livro reúne a obra completa de Jacinta Passos, inclusive textos ineditos, como tudo o que se escreveu sobre a autora, além de uma biografia, escrita por sua filha, Janaína Amado.

Jacinta Passos casou-se com James Amado, irmão do escritor Jorge Amado, com quem teve a única filha. Feminista e comunista, Jacinta Passos passou anos internada em sanatórios, com o diagnóstico de esquizofrenia paranóide. Mesmo assim, continuou a militar no PCB e a escrever poesia.

Nascida em Cruz das Almas, em 1914, e falecida em Aracaju, em 1973, Jacinta Passos foi poetisa, escritora, professora e jornalista, tendo lutado, dentro do Partido Comunista, por causas e ideais em que acreditava.
Jacinta Passos, coração militante, foi publicado pela EDUFBA e pela Corrupio, com apoio da FAPESB.

O quê: Lançamento do livro Jacinta Passos, coração militante

Quando: 8 de junho, às 18h

Onde: Galeria do Livro, no Espaço Unibanco (Praça Castro Alves).

Lélia Gonzales

A biografia de Lélia Gonzalez, referência internacional na defesa dos direitos da mulher e da população negra, revela o importante legado da ativista, professora e escritora, fundadora do Movimento Negro Unificado, que se consagrou no meio político e cultural.

Um dos maiores nomes do movimento negro brasileiro, Lélia Gonzalez foi uma das figuras centrais na reformulação teórica e prática do movimento social negro contemporâneo. Militante, professora e escritora, a fundadora do Movimento Negro Unificado, falecida em 1994, tornou-se referência internacional na defesa dos direitos da mulher e da população negra. No livro Lélia Gonzalez (176 p., R$ 21,00), quarta biografia da Coleção Retratos do Brasil Negro, lançamento da Selo Negro Edições, os pesquisadores Alex Ratts e Flavia Rios revelam a trajetória da intelectual e feminista da infância humilde até a consagração no meio político e cultural, incluindo também um levantamento de sua obra. Segundo os autores, ela foi uma figura extremamente importante para o debate sobre as questões de raça, gênero e classe.

Primeira biografia de Lélia, a obra reúne um importante legado deixado por ela em textos e depoimentos que influenciaram novas gerações de pensadores negros. Resultado de extensa pesquisa, incluindo entrevistas com familiares e amigos, o livro conta, em dez capítulos, as ações e ideias da biografada, contemplando sua vida de dedicação e inteligência antes de se tornar militante negra e feminista, sua atuação como ativista e seu desempenho como docente, política e intelectual.

A obra aborda também os significados de sua perda e a importância do seu trabalho para o Brasil e para o mundo. “O objetivo é resgatar a imagem dessa militante e inseri-la no conjunto dos intelectuais negros”, complementam os autores. Para eles, Lélia foi uma das ativistas importantes para a articulação de uma frente de participação política em uma fase de democratização do país.

Os capítulos que compõem a biografia resgatam a história da intelectual e ativista negra a partir da infância em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, destacando uma vida marcada pela busca do conhecimento. Filha de um ferroviário negro e mãe de origem indígena e penúltima de dezoito irmãos, Lélia seguiu na direção do não conformismo e graduou-se em História e Filosofia. Na pós-graduação optou pela Comunicação e Antropologia, além dos cursos livres em Sociologia e Psicanálise. O livro mostra também fatos que marcaram o desenvolvimento do país nos governos de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek. Retrata as dificuldades impostas pelo regime militar e ainda o período de democratização do Brasil, com a abertura política.

A biografia contempla ainda o ingresso de Lélia no movimento negro contemporâneo, destacando sua atuação diretamente na formação, consolidação e difusão do movimento, que reapareceu no Brasil no final dos anos 1970, em pleno regime militar. Mostra também que ela analisou e interpretou a luta negra no país, além de descrever sua participação no movimento feminista, uma referência na luta contra a discriminação da mulher, e na política brasileira, com sua atuação no PT e no PDT, representando as demandas dos movimentos sociais dos quais fazia parte.

A participação de Lélia em movimentos sociais e culturais foi decisiva para a formação de sua identidade pessoal e também de seu pensamento. Além de evocada nos círculos da militância negra e feminista, ela é lida e comentada em cursos acadêmicos de graduação e pós-graduação no Brasil e em países de língua inglesa, espanhola e francesa. “Esperamos que o pensamento e o discurso dela continuem explicando o mundo que se quer interpretar e transformar”, concluem os autores.

Retratos do Brasil Negro

A Coleção Retratos do Brasil Negro, coordenada por Vera Lúcia Benedito, mestre e doutora em Sociologia/Estudos Urbanos pela Michigan State University (EUA) e pesquisadora dos movimentos sociais e da diáspora africana no Brasil e no mundo, tem por objetivo abordar a vida e a obra de figuras fundamentais da cultura, da política e da militância negra. Nei Lopes • Sueli Carneiro

Os autores

Alex Ratts doutorou-se em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo em 2001. É professor dos cursos de graduação e mestrado em Geografia do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais (Universidade Federal de Goiás), publicou artigos sobre quilombos, relações raciais e grupos étnicos e orienta pesquisas que englobam esses temas.

Flavia Rios é socióloga. Atualmente faz doutorado na Universidade de São Paulo, onde obteve os títulos de bacharel em Ciências Sociais e mestre em Sociologia. Suas áreas de pesquisa são relações raciais, movimentos sociais e políticas públicas.

Título: Lélia Gonzalez – Coleção Retratos do Brasil Negro
Autores: Alex Ratts e Flavia Mateus Rios
Coordenadora da coleção: Vera Lúcia Benedito
Editora: Selo Negro Edições
Preço: R$ 21,00
Páginas: 176 (12,5 x 17,5)
ISBN: 978-85-87478-42-9
Atendimento ao consumidor: 11-3865-9890
Site: www.selonegro.com.br

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Luto: Morre Zilda Arns, mulher que fez a diferença

Zilda Arns em uma de suas palestras. Crédito das imagens: Agência Brasil

A médica pediatra e sanitarista Zilda Arns, criadora das pastorais da Criança e do idoso, indicada ao prêmio Nobel da Paz em 2006, foi uma das vítimas do forte terremoto que abalou o Haiti e foi sentido em boa parte do pacífico caribenho nesta terça-feira à noite. Zilda Arns viajou ao Haiti para fazer uma palestra sobre combate à desnutrição e voltaria para casa no próximo sábado, dia 16. Infelizmente, quis o destino que ela estivesse no local de uma tragédia de grandes proporções. Foram três terromotos, um deles alcançou 7 graus, o mais alto na escala Richter. Os abalos derrubaram um hospital e diversos edifícios e casas, ferindo moradores e turistas de Porto Príncipe, a capital haitiana. Também atingiu as instalações do exército brasileiro – há tropas do país, inclusive baianos, servindo nas forças de paz da ONU naquela ilha – e até a embaixada brasileira foi afetada. Enquanto os governos do Brasil e EUA tentam mitigar o sofrimento dos haitianos e descobrir informações sobre as vítimas, Conversa de Menina faz uma singela homenagem à Zilda Arns, uma mulher que sem dúvida, ao longo dos seus 76 anos de vida, fez a diferença.

Alguns anos atrás, fui uma das repórteres que entrevistou a médica durante um evento da pastoral da criança, em Salvador. Fiquei impressionada com a força de caráter e a bondade e delicadeza demonstrados por aquela senhora quase da idade da minha mãe, tão ativa e dinâmica, cheia de energia e com tanta vontade de ajudar aos outros. Incansável, ela vivia viajando, militava pela diminuição da mortalidade infantil nos países subdesenvolvidos, militava contra  a fome, era inteligentíssima e profunda conhecedora da natureza humana.

Para quem tem curiosidade em saber mais sobre quem foi Zilda Arns, abaixo uma resumida biografia:

Pediatria social era uma das especialidades da médica, incansável militante no combate a mortalidade infantil e manterna

Zilda Arns nasceu em agosto de 1934, em Santa Catarina. Era irmã do cardeal e arcebispo de São Paulo, D. Paulo Evaristo Arns.  Estudou medicina em Curitiba e escolheu a pediatria como carreira, tendo trabalhado durante anos em prol da diminuição da mortalidade infantil e materna e pelo fim da violência doméstica contra crianças. Ao longo da carreira, fez dezenas de cursos de especialização: em medicina sanitária, educação física, pediatria social, educação em saúde materno-infantil. No começo dos anos 80, ela coordenou a primeira grande campanha de vacinação contra a poliomielite em Santa Catarina e o método que ela desenvolveu foi posteriormente adotado pelo Ministério da Saúde em todo o país. Em 1983,  criou a Pastoral da Criança e desde então, percorreu diversos países no seu trabalho como médica, sanitarista e divulgando os trabalhos da pastoral. Os caminhos da solidariedade levaram Zilda Arns até a Indonésia, Angola, Estados Unidos e quase toda a Europa. Graças ao trabalho na pastoral da Criança, essa mulher que ainda encontrou tempo para criar cinco filhos sozinha – ficou viúva em 1978 – recebeu da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), a missão de criar a Pastoral da Pessoa Idosa, o que ela fez em 2004. Por sua luta em prol da infância, Zilda Arns recebeu diversos prêmios e títulos nacionais e internacionais. Além da indicação ao Nobel, um dos prêmios internacionais de destaque foi o título como “heroína da saúde pública das Américas”, concedido pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).

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