*Texto da jornalista Giovanna Castro
Uma semana após o anúncio do noivado do príncipe William com a bela plebéia Kate Middleton, a Família Real inglesa anuncia que o casório acontecerá no dia 29 de abril de 2011. A festa, como todas as festas da realeza, já está revestida por camadas e mais camadas de expectativa e, desde o vestido – que já se especula seja feito pela estilista brasileira Daniela Issa, tudo porque o wrapping dress azul cobalto do anúncio do compromisso foi dela; até o anel com uma generosa safira azul rodeada de diamantes, que pertenceu à Lady Di; até o palco da cerimônia, a Catedral de Westminster – onde os reis e rainhas ingleses sempre são coroados – tudo contribui para reeditar o conto de fadas que quase parou o mundo em 1981, quando Charles e Diana se casaram. Só que, nestes tempos de novas tecnologias da comunicação, as coisas vão acontecer em escala mega-planetária. Um doce para quem adivinhar o trending topic do Twitter no dia da boda…
O casamento do pai e da mãe de William foi visto pela televisão por cerca de 28,4 milhões de pessoas, em tempos em que a internet não era o que é hoje, não havia celular e o Twitter não era nem mesmo um sonho dos mais dourados de quem quer que fosse. Agora, a expectativa é que o casório de Kate e William atraia cinco vezes mais público do que a boda de 29 anos atrás. Mas eu desconfio que o fator multiplicador seja maior ainda, tendo em vista que a cultura do entretenimento também mudou muito e a vida das celebridades, reais ou plebéias, virou alvo de curiosidade em proporções jamais vistas.
Hoje em dia, quase todo mundo quer saber da vida dos outros, principalmente se os outros são lindos, jovens, milionários, cultos, até onde se sabe apaixonados há oito anos, e o noivo é um príncipe – segundo na linha sucessória do trono inglês – e a noiva, uma quase cinderela. E é aí que reside o mote do meu post: a Cinderela. O mito da Kate-Cinderela moderna que estudou nas melhores escolas – o casal se conheceu na faculdade – tem fama de ser independente, de personalidade forte e habilidosa com a imprensa.
Aparentemente, Kate é uma mulher moderna, mas vai entrar numa roda viva de tradicionalismo, formalidades e ritos que capturou e quase engolfou Lady Di, que se safou por ser simpática, habilidosa e mesmo ardilosa, até por que, diz-se que a meiga Lady Di, usava e abusava da imprensa para atingir seus propósitos. Então, ela dava à imprensa infindáveis libras de lucros materializadas em fotos em páginas de tablóides e revistas, e conseguia dar visibilidade ao que achava importante como suas ações sociais que ganhavam repercussão com o mesmo peso e impacto.
No começo, Di era uma mocinha ingênua que não sabia que estava entrando num ninho de cobras e nem que seu marido sonhava em ser o Tampax da mulher com quem se casaria depois da morte trágica da primeira esposa. Reinventou-se inteligentemente e entrou para a história como mito, como a Princesa do Povo e como a mulher responsável por obrigar a Rainha Elizabeth II a se pronunciar respeitosamente em relação à morte da ex-nora, quebrando o orgulho da realeza que nunca entendeu o carisma da English Rose. Mais detalhes sobre isso, você pode encontrar no filme A Rainha, estrelado pela atriz Helen Mirren e dirigido por Stephen Frears (veja aqui o trailler).
Eu não acompanho exatamente a trajetória de Kate Middleton, mas pelo que andei vendo e lendo nesses dias de emotividade internacional devido ao casamento, ela já caiu nas graças da Família Real e também da mídia, o que é um trunfo, em se tratando da sanha por notícias dos tablóides sensacionalistas ingleses. A moça não parece ter ficado exatamente em casa esperando a chegada do príncipe com o sapatinho de cristal perdido depois que sua carruagem virou abóbora. Kate é filha de um empresário, ex-piloto de avião e de uma aeromoça.
Educada nas melhores escolas, fez o curso superior na Universidade de St. Andrews, a mesma de William. Por algum tempo, os dois dividiram o mesmo apartamento com mais três amigos, terminaram a faculdade e se separaram por um tempo em 2007. Correu à boca pequena que ela estava insatisfeita com alguns sassaricos do agora noivo. Voltaram a ficar juntos e o destino agora é o altar.
Agora, me pergunto, o que motiva tanta fascinação pelo conto de fadas de Kate e William? O que poderá atrair mais de 100 milhões de pessoas para a frente da TV, do monitor do computador, do celular? Acredito que seja porque ainda é muito forte o mito do príncipe encantado que chega a bordo de um cavalo branco vindo de um mundo perfeito e muito distante para resgatar sua amada e levá-la para viverem juntos para sempre no paraíso do amor infinito. Ufa!
Pois é, por mais que as mulheres tenham se inserido no mercado de trabalho, ocupando espaço no mundo com voz ativa, a maioria delas ainda guarda lá dentro de si aquele sonho de viver uma história de amor perfeita que vai terminar no altar numa festa magnífica e com promessa de felicidade sem fim. Acredito que muitos homens também alimentem este sonho de levar sua princesa encantada pelo corredor da igreja e fazer dela o único, inatingível e imaculado objeto de desejo. Não vamos falar aqui na tão propalada alergia masculina aos casamentos, até porque sobre isso há controvérsias…
Fato é que a festa de casamento, qualquer que seja, já provoca encantamento na maioria das pessoas – e eu sou uma delas – com seus detalhes dos mais singelos aos mais sofisticados, o vestido da noiva, o bolo da festa enfeitado com o casalzinho de biscuit no topo, flores, bem-casados, os convites, as madrinhas, daminhas de honra, pagens, doces e tudo mais… Imagina o casamento de um príncipe e uma futura princesa, que deve custar os olhos da cara e dinheiro é o que não falta para eles.
Mas como conto de fada não existe e nada é totalmente um mar de rosas, já começaram a surgir informações negativas dando conta de que a festança vai causar um impacto negativo na economia britânica. Isto porque o evento, sim, porque é um evento, deve durar 11 dias. Como o enlace vai acontecer em uma sexta-feira, deve gerar um feriado prolongado já que a segunda-feira logo depois é feriado por lá. E detalhe, o final de semana anterior é da Páscoa, o que pode fazer os britânicos ficarem um tempão sem trabalhar. Mal posso esperar para acompanhar mais este super acontecimento midiático dos nossos pós-modernosos tempos!
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