*Mudanças no corpo da mulher durante a gravidez

As mães não são iguais e as grávidas muito menos. Nem todas sentem todos os chamados sintomas da gestação e vivem o período sem grandes alterações na rotina, mas algumas ganham mais peso do que o devido, ou tem predisposição para contrair diabetes gestacional ou mesmo sofrer de elevação da pressão arterial. Cuidados básicos, atividade física moderada, alimentação saudável e pré-natal ajudam muito a garantir a saúde da futura mãe e do bebê, mas é fato que a gravidez provoca muitas alterações no corpo das mulheres. Mesmo aquelas que levam os nove meses “numa boa”, sabem que algo diferente está ocorrendo. Para começo de conversa, uma pessoa está gerando outra pessoa (isso é fascinante e assustador!). Bom, para ajudar as mamães a entenderem o que está acontecendo com elas, a ginecologista e mastologista Nara Mattia, especialista que se norteia na semiologia obstétrica, responde as questões abaixo, tirando as dúvidas mais frequentes sobre as alterações no corpo feminino durante a gestação. O que toda grávida precisa ter em mente é que o corpo não se recupera da gravidez logo de cara, depois do parto. Demora um tempo e esse tempo vai depender do quão saudável foi a gestação, adverte a especialista. Confiram as dicas:

1- Na Pele: Pode surgir manchas, oleosidade e acne? O que fazer?

Durante a gestação os hormônios femininos aumentam. O cloasma gravídico (mancha no rosto) e a pigmentação da linha média da barriga é estimulado pela  melatonina que aumenta pela progesterona. Porém, a oleosidade e acne dependem da sensibilidade de cada mulher a dilatação dos vasos da pele, principalmente do rosto, em algumas, esse aumento da vascularização causa uma melhora da pele e até diminuição da oleosidade e da acne, para outras, entretanto, o efeito é exatamente contrário, ficando pior, principalmente nos primeiros 3 meses de gestação. Toda gestante deve usar filtro solar e evitar exposição solar, principalmente porque as manchas gravídicas são difíceis de desaparecer mesmo após o nascimento do bebê. A oleosidade e acne melhoram com dieta adequada, muito líquido e uso de cremes específicos para essa fase e dependente de cada biotipo de pele. Um bom cosmetologista pode ajudar as peles mais difíceis.

2- No cabelo: é verdade que eles ficam mais bonitos? Por quê? Após a gestação eles voltam ao normal ?

Sim, é verdade, observa-se aumento da produção dos pelos, em geral, manifestação do aumento dos vasos, induzida pelo estrógeno na periferia do bulbo folicular e da vasodilatação promovida pela progesterona, aumentando a nutrição desse pelo/cabelo. Isso também diminui a queda normal aumentando o volume dos cabelos. Durante o puerpério (periodo pós-parto), principalmente 3 a 4 meses após o nascimento do bebê, tudo volta ao que era antes, havendo até uma certa diminuição da nutrição normal por diminuição da taxa hormonal e os cabelos que não caíram durante toda a gestação são liberados todos de uma vez, causando até um certo pavor por parte das mulheres. Mas, não é motivo para preocupação, com a normalização hormonal que ocorre logo apos 5/6 mês, o que caiu a mais volta a nascer.

3- No olfato e paladar: o que muda? A mulher realmente sente mais desejo ou aversão por determinados alimentos?

Durante a gestação, tanto a fome como o apetite estão exarcebados. É comum a aversão a alimentos gordurosos e pode surgir a malácia (desejo de comer substâncias não convencionais, como terra, giz ou arroz cru). O desejo de ingerir alimentos específicos, também pode surgir na fase inicial da gestação (desejos), sendo justificado pela presença de gonadotrofina coriônica e alterações emocionais, algumas relacionadas à carência afetiva. As teorias evolucionistas explicam que a aversão por determinados alimentos, as naúseas e os vômitos, pode ter protegido as gestantes (durante a evolução), de comerem alimentos contaminados que poderiam transmitir doenças ao feto durante sua formação.

4- Na barriga: Por que surgem estrias? Dá para prevenir?

Durante a gestação a supra-renal aumenta sua função ocorrendo um aumento do cortisol, que além de diminuir a imunidade da gestante (o que a impede de rejeitar o feto no útero), junto com a distensão abdominal (do aumento do feto) e mamária (preparo para lactação), pode responder pelo aparecimento de estrias nestas regiões. O acúmulo de tecido adiposo no abdomen, mamas e região lateral das coxas também contribuem para o aparecimento de estrias. Existe uma predisposição genética para o aparecimento de estrias, mas o ganho de peso adequado durante a gestação, a perfeita hidratação da pele com cremes e a ingestão de líquidos podem diminuir seu aparecimento.

5- Nas mamas: quando começa a produção de leite? Quanto as mamas crescem? Por que ela “racha”?

As mamas sofrem uma modificação desde o início da gestação, mas a produção do colostro (leite primitivo) pode ocorrer desde o final do segundo trimestre, sendo mais comum no final da gestação. O leite propriamente dito, só começa a ser produzido até 62 horas pós-parto com a queda do estrógeno sanguíneo. Toda a rede glandular mamária termina sua diferenciação para lactação o que pode aumentar muito o volume da mama, mas esse aumento é muito relativo e modifica-se de mulher para mulher. Vale lembrar que uma boa parte da mama é gordura e que o ganho excessivo de peso pode também aumentar muito o volume da mama. A rachadura do mamilo ocorre por pega inadequada do recém-nascido durante a amamentação e pode ser prevenida com uma boa orientação à mãe, durante as primeiras mamadas. Um mamilo bem preparado e bem  hidratado pode resistir mais a algumas pegas inadequadas do bebê ao mamar.

6- Na coluna: o que ocorre na postura? É possível o aparecimento da lordose? Como amenizar?

Com o aumento do volume abdominal, o centro de gravidade da gestante desvia-se para frente, para compensar e não cair. A lordose natural da coluna lombar tem que ser acentuada, e o pés ficarem um pouco mais afastados (aumento da base). A lordose é uma modificação fisiológica da gestação. Um aumento adequado do peso na gestação, não aumentando o volume abdominal demais, pode amenizar o incômodo.

7- No útero: Quanto ele cresce? O que muda?

O útero cresce cerca de 20 vezes seu tamanho original e 1000 vezes sua capacidade inicial. Durante a gestação ocorre um aumento do número de células miometriais (hiperplasia) e um aumento do tamanho dessas células (hipertrofia), possibilitando o crescimento do órgão e a acomodação do feto em crescimento.

8- Nos órgãos internos: eles se comprimem para acomodar o bebê? Como?

Cada órgão interno sofre uma modificação diferente. A bexiga fica comprimida, o que aliado ao aumento da filtração do rim, que ocorre durante a gestação, faz com que a gestante sinta vontade de urinar muito mais vezes do que a não grávida. Os intestinos ficam deslocados superior e lateralmente. O fígado fica comprimido contra o diafragma e com o aumento uterino comprimem o pulmão, diminuindo o volume respiratório. O estômago também fica comprimido o que dá aquela sensação de empaxamento e refluxo no final da gestação, após alimentar-se em grande quantidade.

9- Nas pernas: Por que surgem varizes e inchaço? Como aliviar?

O aumento do volume uterino causa compressão na principal veia que leva o sangue de volta ao coração, a veia cava, dificultando o retorno venoso. Esse fator, aliado ao efeito da progesterona e do estrógeno sobre os vasos (vasodilatação), facilita o  aparecimento de varizes e inchaço nos membros inferiores.

10- No sangue: muda o fluxo sanguíneo? Há risco de diabetes? Como prevenir?
Com o aumento uterino a quantidade de sangue no organismo aumenta 50% aumentando o trabalho cardíaco, principalmente por volta da 28ª. semana de gestação, o que faz com que as cardiopatias possam descompensar nessa fase se não adequadamente acompanhadas. Para facilitar a entrada e disponibilidade de glicose para o feto, a placenta produz um hormônio que compete pela ação da insulina. O hormônio lactogencio placentário, como é chamado, causa uma resistência a ação da insulina materna. Em resposta, o pâncreas materno produz mais insulina, Essa produção pode ser prejudicada levando ao diabetes gestacional, que deve ser rigorosamente tratada para evitar repercussões para gestante e seu feto. Como disse anteriormente, uma dieta e ganho de peso adequado durante a gestação, podem diminuir o risco de diabetes gestacional. Mas, a pesquisa deve ser realizada em todas as gestantes, porque pode aparecer em pacientes sem nenhum fator de risco prévio.

11- Nos hormônios: O que ocorre nesse sistema e quais hormônios entram em ação?

Pode-se considerar o período gestacional com o sistema endócrino funcionando com todas as suas reservas, sobressaem o pâncreas, hipófise, tiróide, paratireóide e adrenais. Existe uma maior exigência metabólica, em troca do aumento do fluxo sanguíneo, a estas glândulas. Durante a gestação surge, temporariamente, um novo órgão no organismo materno, a placenta. Reconhece-se, na placenta, funções glandulares específicas, produzindo uma infinidade de hormônios, notadamente o hormônio lactogênio placentário e a gonadotrofina coriônica.

Saiba mais:
Para outros detalhes, visite o blog da Clínica Nara Mattia: www.naramattia.com.br

*Material elaborado pela equipe da Facto Jornalismo Empresarial e encaminhado ao Conversa de Menina via email.

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