Traça de Biblioteca: Biografias, romances e afins

A série Traça de Biblioteca desta semana traz algumas dicas de biografias, livros de não-ficção sobre psicologia e alguns romances à disposição no mercado editorial brasileiro desde o final do ano passado. O livro que abre as dicas da semana é A Vida Breve de Oscar Wao, que está na minha lista de leitura para os próximos dias. Prometo comentar com vocês minhas impressões de leitura depois. Além disso, há ainda a biografia do casal Bonnie & Clyde, que inspirou o filme Uma rajada de balas. Sim, meninas e meninos, ando completamente fascinada pelos anos 30. Sem esquecer de citar na lista ainda O anel que tu me deste, em que a psicanalista Lidia Aratangy faz uma radiografia precisa do casamento nos dias atuais. Confiram as sugestões abaixo e caso alguém já tenha lido algum dos livros indicados, fique à vontade para opinar na caixa de comentários do post. Caso queiram também colaborar enviando resenhas literárias e/ou dicas para a Traça de Biblioteca, nosso email é o [email protected]. Boa leitura!

A FANTÁSTICA VIDA BREVE DE OSCAR WAO

O romance apresenta à tumultuada vida de Oscar, um nerd doce e obeso, que mora com a irmã e a mãe em Nova Jersey. Sua vida está destinada ao fracasso e é marcada pela fukú, uma antiga maldição dominicana que assola sua família há gerações. Sonhando em se tornar o J.R.R. Tolkien dominicano e encontrar um grande amor, ele passa horas na companhia de livros e filmes de ficção científica. De Nova Jersey, Díaz nos remete também à história recente da República Dominicana, contando com ironia e dramaticidade a saga da família de Oscar sob os absurdos da ditadura Trujillo. Confesso que me interessei muito pela história da República Dominicana devido às minhas aulas na faculdade. Estudando uma disciplina sobre música e história, o merengue, ritmo que ajudou a promover o pequeno país, foi muitas vezes abordado como exemplo do uso da indústria do entretenimento para promover governos. A discussão parece acadêmica, mas tem aplicações em diversos episódios da história em que ditadores usaram o cinema, a televisão e outras formas de comunicação e/ou artes como máquina de propaganda.
Autor: Junot Diaz
Tradução: Flávia Anderson
Grupo Editorial Record/Editora Record
336 páginas
Preço: R$ 45,00

O ANEL QUE TU ME DESTE

A obra da psicanalista e terapeuta Lidia Rosenberg Aratangy é de 2007, mas foi relançada recentemente pela Primavera Editorial. O que acontece depois do “felizes para sempre”? As complexas relações humanas, as origens históricas e situações ricas que mostram os mitos, medos, contradições, armadilhas e desgastes – evitáveis e inevitáveis – do casamento são a base da obra. Em “O anel que tu me deste – o casamento no divã”, a autora analisa o casamento e seus protagonistas com a experiência de uma profissional que bebe na fonte da psicanálise e que atua com terapia de casais há mais de 30 anos. A obra reflete o olhar, os sentimentos e pensamentos de uma mulher casada há quase 50 anos; uma profissional que lança uma análise criteriosa e propõe uma reflexão profunda e bem-humorada sobre o casamento.
Autor: Lidia Rosenberg Aratangy
Genero: Psicologia e comportamento
192 páginas
Preço sugerido: R$ 29

O ÓRFÃO DE HITLER

Conta a história de Peter, filho de judeus mortos durante a Segunda Guerra. Com o assassinato dos pais, ele é levado a um orfanato em Varsóvia, onde é qualificado pelos soldados alemães como um exemplo da raça ariana: Peter é loiro, de olhos azuis, muito parecido com o garoto-propaganda da Juventude Hitlerista. Por isso, logo é adotado por uma família muito importante. Mas a essa altura, o menino já tem seus próprios ideais e não quer se tornar um nazista. A Alemanha preconceituosa de 1942 é o cenário desta história comovente, na qual acompanhamos a coragem de Peter pelos caminhos que o levarão à liberdade – ou à morte. Testemunha dos horrores dos campos de concentração e ao mesmo tempo reconduzido à vida por meio de uma família nazista, Peter se debate em questões morais: deveria ou não lutar pela humanidade? De qual lado deveria estar? O livro é considerado um dos melhores lançamentos do mercado editorial em 2009, sendo citado em comunidades de leitores como a skoob.com
Autor: Paul Downswell
Editora: Planeta
272 páginas
Preço: 39,90

QUERIDO E DEVOTADO DEXTER

Querido e devotado Dexter é o segundo volume da coleção que deu origem à série de tv. Dexter Morgan trabalha na perícia do departamento de polícia de Miami, mas, nas horas vagas, é um assassino em série. Seus alvos, porém, são apenas serial-killers que escaparam impunes da justiça convencional.  Neste segundo volume, uma figura sombria chega a Miami e começa a perseguir ex-colegas do tempo de exército com um método de tortura assustador. Apelidado de Dr. Danco, este psicopata dopa suas vítimas por dias e começa a mutilá-las, deixando-as completamente desfiguradas, mas sempre de forma que possam viver para ver o resultado. Enquanto isso, Dexter está levando uma vida de cidadão comum, devotando seu tempo à namorada Rita e aos filhos dela. Ficar longe de sua atividade de caçador de serial killers foi a única saída que encontrou para manter seu disfarce à salvo. Até que se depara com o misterioso caso do Dr. Danco e descobre que o namorado de sua irmã é uma das vítimas em potencial do psicopata…
Autor: Jeff Lindsay
Editora: Planeta
272 páginas
Preço: 44,90

O MUNDO

Nascido a partir de uma reflexão, em O Mundo, Juan José Millás fala sobre a mudança de sua família de Valência para Madri quando tinha apenas seis anos. Mudança essa que significou abandonar o calor do Mediterrâneo para se instalar em uma zona suburbana da capital, o que acabou marcando sua vida. Vencedor do Prêmio Planeta 2007, o segundo maior da categoria, atrás apenas do Nobel, o livro oscila entre os limites da memória e da ficção, resultando em um relato autobiográfico sobre seu universo particular e como suas impressões de menino permaneceram na vida adulta. Millásé referência no jornalismo literário espanhol e na medida em que o autor começou sua jornada pelos caminhos da memória, a reportagem acabou confundindo-se com os limites da ficção.
Autor: Juan José Millás
Editora: Planeta
216 páginas
Preço: 44,90

SATANÁS

Esta é uma novela sobre a obscura presença do maligno na vida cotidiana. Conhecido por seus romances de suspense, Mario Mendoza ancora este novo livro em torno de três personagens: uma mulher formosa e ingênua que rouba com destreza os altos executivos, um pintor habitado por forças misteriosas e um sacerdote que se enfrenta num caso de posse demoníaca. A Colômbia de hoje e sua capital, Bogotá, são o pano de fundo da trama, na qual os personagens vivenciam cenas à procura de amor, redenção e de uma segunda chance em um mundo regido por medo, tentações, paixões e dor. Amplamente reconhecido em sua terra natal, este é o primeiro livro do autor publicado no Brasil.
Autor: Mario Mendoza
Editora: Planeta
280 páginas
R$ 49,90

SÓ O AMOR NÃO BASTA

Após quase quatro anos sem lançar um livro inédito, César Romão nos leva a avaliar nosso comportamento a dois, para saber se estamos deixando o amor morrer com a convivência ou fortalecendo-o a cada dia. Por muito tempo, fomos induzidos a achar que o amor era a grande força de união de duas pessoas. Mas a convivência começa, os compromissos amorosos surgem, as exigências de um se impõem sobre as do outro, o dia-a-dia tira um pouco do romantismo e, embora duas pessoas se amem, acabam vivendo de maneira sofrida e forçada, quando não se separam. O amor, sozinho, não consegue manter vivos os sentimentos de atração, interesse e afeição.  Nesse livro, o autor mostra como lidar com as influências externas que podem ser positivas ou negativas ao amor, dependendo de como reagimos a elas. Entre os temas abordados, estão a importância de preservar a individualidade, como neutralizar a pressão familiar, como continuar fazendo as coisas de que gostamos ou, ainda, não deixar que a vida profissional interfira demais na nossa vida pessoal.
Autor: César Romão
Editora: Academia de Inteligência
136 páginas
Preço: 19,90

FRANKSTEIN – AS MUITAS FACES DE UM MONSTRO

Há quase 200 anos, a escritora britânica Mary Shelley criou um dos maiores romances de terror de todos os tempos – Frankenstein ou O moderno Prometeu. Perdi as contas das vezes em que li e reli este livro, tanto no original, quanto em suas versões adaptadas. Considerado o primeiro mito dos tempos modernos, o monstro criado por Mary Shelley surgiu num momento decisivo da história ocidental, numa época em que os avanços no conhecimento científico prometiam o domínio humano sobre o que, por séculos, fora só de Deus.  Neste mais recente lançamento da editora Larousse do Brasil, Frankenstein – as muitas faces de um monstro, a autora Susan Tyler Hitchcock analisa a história do monstro e a evolução do seu significado, desde o sonho de Mary Shelley até os dias atuais. Frankenstein nasceu de um desafio feito em 1816, numa época em que poesia e ciência, horror gótico e reanimação dominavam o ar de Genebra.  Lord Byron, escritor e amigo de Shelley, desafiou-a e a seu futuro marido Percy Shelley, além do também John Pollidori a criar, cada um, uma história de fantasmas.  Byron escreveu um conto que usaria mais tarde na conclusão de seu poema Mazzepa. Pollidori  escreveu  o romance O Vampiro, que seria a primeira história ocidental contendo o vampiro como conhecemos hoje, e que décadas depois inspiraria Bram Stoker no seu Drácula.  Mary Shelley imaginou uma história sobre a presunção humana e suas conseqüências; ela teve uma visão sobre um estudante dando vida a uma criatura. Já Percy Shelley parece não ter composto sequer um fragmento em resposta ao desafio. Neste livro, Susan Tyler Hitchcock narra a evolução desse ícone cultural.  Ela recorre ao cinema, à literatura, história, ciência e até mesmo a música punk para entender o significado desse personagem, que nos fala sobre nossas aspirações humanas e os nossos mais profundos temores. Este, com certeza, vai entrar na minha lista de leituras imperdíveis.
Autora: Susan Tyler Hitchcock
Tradução: Henrique Amat Rêgo Monteiro
Editora: Larousse do Brasil
352 páginas
Preço: 49,90

BONNIE & CLYDE – A VIDA POR TRÁS DA LENDA

No dia 23 de maio de 1934, o casal de criminosos mais famoso dos Estados Unidos foi morto num tiroteio com a polícia, em Louisiana.  Em 1967 o diretor Arthur Penn mudou a forma como Hollywood mostrava sexo e violência nos filmes, contando a história da dupla, interpretadas por Warren Beatty e Faye Dunaway,  Bonnie e Clyde – uma Rajada de balas. O filme  quebrou diversos tabus e foi campeão de bilheteria e crítica.
Neste mais recente lançamento, Bonnie & Clyde – a vida por trás da lenda, o autor Paul Schneider conta a história pela voz dos amantes, com verossimilhança e drama a serem comparados com o livro A sangue frio, de Truman Capote. Baseado em uma ampla pesquisa em arquivos, documentos do FBI e entrevistas, Schneider esmiúça a vida dos amantes e descreve a gélida época da Depressão que colaborou para fazer o público aceitar um casal frio e cruel em figuras românticas. Clyde pertencia a uma família simples, que se mudou diversas vezes na tentativa de melhorar de vida.  Era um menino insensível, teimoso, durão e, pior, tinha vergonha de ser pobre. Sua carreira de criminoso começou com furto de galos de briga no interior do Texas ainda na adolescência. A família de Bonnie era mais privilegiada. Ela era uma menina doce, muito ligada à mãe. Adorava assistir filmes, ouvir música country e escrever.  Apaixonou-se pela primeira vez muito cedo, casou-se aos 15 anos e teve uma grande decepção amorosa que deixou marcas. Conheceu Clyde na casa de uma amiga, mas foi em sua casa, ao presenciar a prisão dele, que Bonnie descobriu que seu amor era um fora da lei.  A carreira criminosa dos dois, o talento para fugir da polícia e o romance do casal fascinavam o mundo.  A gangue criada por eles fazia tremer o comércio –  era sinônimo de brutalidade, impiedade, mas também vista como um sinal de revolta contra a miséria em tempos de crise. Segundo o autor, o relacionamento de Bonnie e Clyde era, no fundo, uma combinação tóxica de paixão cega misturada com um instinto de ir longe demais. Eles levaram as autoridades à loucura. Apesar do grande esforço da lei, a dupla perpetrou façanha após façanha, escapando da justiça inúmeras vezes. Sem exaltar os assassinos ou difamar os policiais, Bonnie & Clyde – a vida por trás da lenda apresenta um relato verídico e eletrizante do casal criminoso mais célebre dos Estados Unidos e da cultura que o criou.  A vida do casal ganha nova versão para o cinema em 2010, desta vez com Hillary Duff e Kevin Zeger (Transamerica).
Autor: Paul Schneider
Tradução: Lizandra Magon de Almeida
Editora: Larousse do Brasil
432 páginas
Preço: R$ 69,90

O MARIDO PERFEITO MORA AO LADO

A incomunicabilidade entre os casais, a dificuldade em entender o outro, as armadilhas do amor. Tudo isso embrulhado em um enredo lúdico e bem articulado, que resgata o prazer da leitura. Definindo como uma história de amor, Felipe Pena enreda o leitor com as diferentes narrativas sobre aspectos diversos da alma e do cotidiano. No livro, somos apresentados a uma mulher angustiada que busca a ajuda de uma terapeuta para salvar o casamento. Mas logo percebemos que a angústia é compartilhada por outros personagens, até mesmo pelos bem casados (ou principalmente por estes, como diz um deles). Então ocorre um crime. E os terapeutas farão o papel de investigadores. Quem é o culpado pela incomunicabilidade entre homens e mulheres? Uma questão que nem Freud foi capaz de resolver, embora passemos a vida atrás da resposta.
Autor: Felipe Pena
Editora: Grupo Editorial Record/Editora Record
304 páginas
Preço: R$ 34,90

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