Um passeio pelo acervo do MAM-BA

O Vendedor de Passarinhos, Candido Portinari - Acervo do MAM-BA / Divulgação

O Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), na Avenida Contorno, abriu desde a última sexta, dia 18, uma exposição especial, com parte do seu acervo que conta a história dos últimos 50 anos da arte brasileira. São 80 obras restauradas, em mostra que ocupa todos os espaços do Solar do Unhão, dividida em quatro núcleos: Modernistas, Fotografia, Rubem Valentim e Contemporâneos. Uma Linha do Tempo, construída na Galeria Subsolo, contextualiza a história do acervo e do museu, que funciona em um dos complexos coloniais mais bonitos da capital baiana. Quem quiser conferir a riqueza das obras, além de desfrutar da beleza do Solar do Unhão, tem até 28 de março de 2010. Para vocês terem uma ideia da diversidade de obras e das possibilidades de interação da mostra, segue um roteiro enviado ao blog pela assessoria do MAM-BA, detalhando o que ver em casa núcleo:

Cinco Pinturas Modernistas / Casarão (Primeiro Andar)

O primeiro andar do Casarão abriga obras dos cinco maiores modernistas brasileiros representados na coleção: O Touro (Boi na Floresta), 1928, de Tarsila do Amaral; Retrato de Oswald de Andrade e Julieta Bárbara (1939), de Flávio de Carvalho; Retrato (1941), de Di Cavalcanti; Casas (1957); de Alfredo Volpi; e Vendedor de Passarinhos (s/ data), de Cândido Portinari.

Fotografia / Casarão (Primeiro Andar)

A importante presença da fotografia no acervo do Museu é celebrada pelo núcleo que reúne imagens de nomes clássicos como Pierre Verger e Mario Cravo Neto, além de artistas contemporâneos que usam fotografia como Caetano Dias, Luís Braga, Pedro Motta, Milena Travassos e Danilo Barata.

Rubem Valentim / Capela

A Capela do MAM abriga obras da coleção Rubem Valentim, uma das maiores do Museu. Escultor, pintor e gravador, o artista baiano Valentim (1922-1991) criou uma poética única ao desconstruir e geometrizar elementos ligados aos rituais da religiosidade afro-brasileira, transformando-os em um vocabulário simbólico. Autodidata, ele participou do movimento de renovação das artes plásticas na Bahia com Mario Cravo Júnior, Carlos Bastos e outros. A Capela reunirá pinturas, esculturas e serigrafias do artista.

Contemporâneos / Casarão (Térreo)

A produção contemporânea é o foco do núcleo que ocupa o térreo do Casarão. Com pinturas, vídeos, instalações e esculturas de artistas como Efrain Almeida, Brígida Baltar, Regina Silveira, Iuri Sarmento, Vauluizo Bezerra, Gaio Matos, Tatiana Blass, Bené Fonteles, Tonico Portela, Marepe, Ayrson Heráclito, Pazé, Matheus Rocha Pitta, Leda Catunda, Rubens Mano e outros, a mostra ilumina vertentes importantes da arte contemporânea, como a tendência à pintura expandida, além da forma como os artistas locais lidam com referências nordestinas. A mostra é iluminada por trechos do texto em que a curadora pernambucana Cristiana Tejo analisa o núcleo contemporâneo da coleção do MAM.

Solar do Unhão, sede do MAM-BA / Crédito da imagem: Andreia Santana

Linha do Tempo / Galeria Subsolo

A Linha do Tempo reúne e organiza referências cronológicas, biográficas e visuais às histórias entrelaçadas do museu, de seu acervo, dos artistas representados nele e das transformações da arte ao longo do século 20. Mostra como se deu a ocupação do Solar do Unhão pelo projeto de Museu de Arte Moderna de Lina Bo Bardi, o processo descontínuo de formação do acervo, a expansão das ideias modernistas no Brasil e os encontros e bienais que foram construindo uma nova cena artística na Bahia e no país. Criada para contextualizar as obras da exposição e as grandes movimentações da arte no período, a Linha do Tempo poderá ser explorada pelos visitantes com ou sem o acompanhamento de mediadores, e também servirá como suporte a propostas práticas e reflexivas da curadoria educativa.

Arte em prol da educação

Além dos núcleos, o MAM também manterá uma Curadoria Educativa que realizará diversas atividades para o público que visitar a mostra Coleção MAM-BA – 50 Anos de Arte Brasileira. As atividades vão desde visitas mediadas com percursos temáticos, até um curso de histórias e leituras, previsto para começar em 02 de março próximo.

Aos sábados e domingos, a programação se volta para crianças e jovens, com as atividades Investigação MAM: Eu – Detetive, um percurso narrativo de exploração a partir de palavras e temas-chave e de pistas conduzidas por um mediador (aos domingos, 15h às 16h). Também aos domingos, o Pinte no MAM, projeto que promove a atividade da livre pintura entre não-iniciados, ganha uma ação ampliada, com artistas e arte-educadores convidados. Aos sábados, das 15h às 16h, a oficina Meu Museu propõe a construção de maquetes de um museu imaginário e a seleção de imagens de obras do acervo do MAM-BA para compor uma coleção.

Em feveriro, de 02 a 05, será realizada a Semana do Professor, com orientações sobre como trabalhar acervos de arte na prática pedagógica diária. E para completar, há ainda o projeto Zoom In Zoom Out, que busca estreitar as relações entre o museu e a cidade e estabelecer vínculos com comunidades de Salvador e Região Metropolitana. As comunidades participantes poderão integrar ações como visitas guiadas, conversas e oficinas, contando com transporte gratuito.

======================================

Saiba mais:

Para conhecer detalhes da mostra e ficar por dentro de outras novidades do MAM, a dica é visitar o site do museu ou acompanhar o blog MAMBOX. E aqui no blog da Revista Muito, é possível ler um artigo do artista plástico Sante Scaldaferri e ver vídeo do também artista Mário Cravo, sobre Lina Bo Bardi, a fundadora do MAM.

Leia Mais

Estilistas baianos inauguram loja em Salvador

Será inaugurada nesta quinta-feira, 04,  às 17h, a loja Vem Ver Maria, que oferecerá ao público peças elaboradas pelos estilistas Eduardo e César Rocha. Os profissionais utilizam diversas técnicas de pintura, bordados e aplicações, feitas manualmente, nos seus modelos exclusivos. A loja fica na Rua Alexandre Gusmão, nº 50, Rio Vermelho, ao lado do restaurante Cien Fuegos. Vale conferir!

Leia Mais

Exposição celebra chegada de Carybé à Bahia

Carybé em seu estúdio / Crédito: Acervo da família
Carybé em seu estúdio / Crédito: Acervo da família

A magia contida nas linhas de Jubiabá, um dos romances mais famosos de Jorge Amado, foi suficiente para trazer à Bahia o argentino, nascido em Buenos Aires, Hector Julio Paride Bernabó, lá pelos idos de 1938. Você não sabe quem é Hector Bernabó? E se eu chamá-lo pelo apelido que recebeu ainda na infância, quando era escoteiro, Carybé? Mesmo que não conheça a fundo a vida desse artista plástico, escultor, gravador, cenografista, jornalista, diretor de arte, multitalentoso baiano de coração – ele naturalizou-se brasileiro em 1957 e foi agraciado na mesma época com o título de cidadão da Bahia -, com certeza, já viu espalhadas pelas ruas de Salvador, obras que levam sua assinatura. Se for soteropolitano do dendê (carioca é que é da gema), conhece os gradis que cercam o Museu de Arte da Bahia (MAM-BA) ou o Campo Grande (praça 2 de Julho); ou já viu a escultura de uma mulher com o filho enganchado nos quadris, na entrada do shopping Iguatemi; ou ainda, os paineis no Teatro Castro Alves. Se for baiano e seguidor do Candomblé, mais especificamente frequêntador do terreiro do Ilê Axé Opô Afonjá, em São Gonçalo do Retiro, já viu obras do artista e referências a ele no lugar de honra reservado aos obás (ministros) de Xangô da casa. Mesmo que seja turista, ao desembarcar no Aeroporto Internacional da capital baiana, no seu roteiro até a saída, há um painel do artista.

Caribé mostra que é bom também no pandeiro / Crédito: Acervo da família
Caribé mostra que é bom também no pandeiro / Crédito: Acervo da família

Com tanto de Carybé impregnado na cidade, era de se esperar uma homenagem. E vai haver mesmo uma série delas. A partir do dia 24 de abril até 31 de maio, quem é da terra ou de outros cantos do mundo, está convidado para dar uma passadinha no MAM, ali na Ladeira da Av. Contorno, para conferir a exposição Carybé – 70 anos de Bahia. Organizada pelo Instituto Carybé, com patrocínio da iniciativa privada e apoio do governo estadual, a mostra reunirá 200 obras que retratam a pluralidade de temas e técnicas utilizadas pelo artista ao longo da sua trajetória.  Serão pinturas, esculturas, gravuras, paineis, murais, ilustrações de livros (Carybé era um dos principais ilustradores das obras do amigo Jorge Amado), objetos pessoais, os figurinos que criou para cinema, teatro e balé; a exibição de dois filmes (O Cangaceiro, em que assina a direção de arte) e o documentário O capeta Carybé, sobre sua vida. Para completar, seus cadernos de viagem, com esboços e diários de bordo retratando as andanças pela Europa, Oriente e Brasil serão exibidas pela primeira vez.

A garrafa verde - A hora do cão / Crédito: Sérgio Benutti (divulgação)
A garrafa verde - A hora do cão / Crédito: Sérgio Benutti (divulgação)

Também conteúdo inédito da exposição são as pinturas de países da América e o Gabinete de Humor Erótico, essa parte reservada apenas aos maiores de 18 anos, com desenhos e pinturas mais calientes do argentino-baiano. Ficou sem fôlego? Pois nem fique, porque os organizadores do megaevento ainda montaram um passeio cultural chamado Rota Carybé, que consiste em percorrer 19 pontos de Salvador onde existem interferências do artista na área urbana. Alguns desses pontos foram citados ali no começo do post, mas creiam que tem muito mais Carybé na atmosfera da soterópolis.

E as homenagens não se limitam à exposição. Carybé, morto em outubro de 1997, vai virar selo comemorativo dos Correios e Telegráfos. Reconhecendo o valor da obra do artista para a cultura baiana e nacional, o painel do aeroporto será totalmente restaurado através da iniciativa de uma empresa privada. A exemplo do que ocorre no Chile, com as casas onde Pablo Neruda viveu, o Instituto Carybé pretende ainda restaurar a sua antiga residência, no bairro da Boa Vista de Brotas, e transformá-la em um memorial e centro cultural aberto ao público.

Bahia, 1971 / Crédito: Sérgio Benutti (divulgação
Bahia, 1971 / Crédito: Sérgio Benutti (divulgação)

 Reserve espaço na agenda, porque vale a pena:

O quê: Exposição Carybé – 70 anos de Bahia

Onde:  Museu de Arte da Bahia – Ladeira da Av. Contorno, centro de Salvador

Quando: de terça a domingo, das 13h às 19h; sábados, das 13h às 21h

Período: de 24 de abril até 31 de maio

Entrada: gratuita

Leia Mais