120 Batimentos Por Minuto – Crítica do Filme

120 Batimentos Por MinutoUm filme intenso, tenso, emocionante e sensível. O diretor francês Robin Campill voltou à ativa quatro anos depois , com um enredo avassalador. 120 Batimentos Por Minuto saiu do Festival de Cannes com o Grande Prêmio do Júri e Prêmio da Crítica. O longa já acumula 19 premiações por todo o mundo. A história revive os anos 90. A Aids já era epidemia e ceifava a vida de centenas de pessoas.

O grupo ativista Act Up Paris, do qual o diretor do filme fez parte, intensifica suas ações. Ele tenta conscientizar e sensibilizar a sociedade, o Governo e a indústria farmacêutica sobre a doença. Mas 120 Batimentos Por Minuto não fala apenas de ativismo. O filme fala de amor, fala de luta, de uma dura e árdua luta pela vida, o filme fala de esperança.

Por trás da militância, a história de amor entre os personagens Nathan (Arnaud Valois), o novato do grupo, e o ativista Sean (Nahuel Perez Biscayart), vão costurando o enredo de uma maneira sólida, mas sensível, mostrando o universo homossexual soropositivo, com seus prazeres, suas dores e seus riscos. Destaque para a atuação intensa e comovente de Sean, um personagem que reúne alegria e tensão, força e fragilidade na dosagem certa. 120 Batimentos Por Minuto recria o cenário da Aids no início da década de 90 com bastante precisão, época em que a doença era deixada de lado pelas autoridades e ignorada pela população.

120 Batimentos Por MinutoSobre o diretor de 120 Batimentos Por Minuto

Este é apenas o terceiro filme de Campill. O primeiro, Eles Voltaram (2004), fala sobre o universo dos zumbis. O segundo, Meninos do Oriente (2014), traz como pano de fundo uma história de amor homossexual. A proposta em 120 Batimentos Por Minuto foi resgatar a importância da atuação da Act Up na mobilização social. É um filme que reescreve lembranças e memórias, que coloca a mulher em um papel importante na liderança militante da época, que mostra inclusive como a doença afetava as pessoas. É um filme que fala também sobre a morte, de uma maneira direta, objetiva, sem romantismo. As pessoas morriam da Aids, e isso está no filme. As pessoas queriam viver com a doença, e isso também está no filme.

Cenas intensas

As cenas de sexo chamam a atenção em 120 Batimentos Por Minuto, não pela sexualidade em si. Destacam-se pela relação construída ali, entre os personagens. É um filme que humaniza e personifica a Aids, que a coloca como uma real ameaça à vida, às relações, às pessoas. Essa parte humana da história é forte e comovente. O espectador não acompanha apenas as ações políticas do Act Up, acompanha o drama de seus membros, as dúvidas que os cercam, acompanha inclusive a fragilidade que toma conta deles, acompanha inclusive as discordâncias em suas reuniões.

120 Batimentos Por Minuto

O filme é forte, traz uma temática bastante importante e comove. O filme retrata a Aids da década de 90, mas a doença ainda está aí, ainda causa a morte de centenas de pessoas. É um filme que nos traz um alerta. A Aids tem tratamento, mas continua sem cura. E o filme toca no dilema do que é viver com Aids. Vale muito a pena ver.

Ficha técnica 120 Batimentos por Minuto

Título original: 120 battements par minute
Gênero: Drama
Duração: 140 minutos
Direção: Robin Campill
Roteiro: Robin Campillo, Philippe Mangeot
Elenco: Nahuel Perez Biscayart, Arnaud Valois, Adèle Haenel
Distribuidor: Imovision
Ano: 2017
Classificação: 16 anos
Estreia no Brasil: 4 de janeiro de 2018

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Esquadrão Suicida peca no ritmo, mas diverte

Esquadrão Suicida cartazO filme Esquadrão Suicida chegou às telonas cercado de expectativas, especialmente porque por trás dele estava o diretor David Ayer. Ele havia ganhado os holofotes após a calorosa recepção de seu longa anterior, “Corações de Ferro”. A tão esperada superprodução reuniu os famosos vilões da DC com a promessa de mesclar muita ação e referências do universo pop.

Temendo a ação de poderosas forças enigmáticas e sobrenaturais, o governo norte-americano põe em prática um plano audacioso, arquitetado pela inescrupulosa oficial da inteligência, Amanda Waller (Viola Davis). Convocar os criminosos encarcerados mais perigosos, para formar uma equipe de combate a serviço do País. Caso consigam realizar as missões, eles terão as penas reduzidas. E para que cumpram seu papel, têm chips instalados em seus corpos, capazes de explodir com um simples comando.

E é assim que Capitão Bumerangue (Jai Courtney), Pistoleiro (Will Smith), El Diablo (Jay Hernandez), Arlequina (Margot Robbie), Crocodilo (Adewale Akinnuoye-Agbaje) e Amarra (Adam Beach) se unem ao agente Rick Flag (Joel Kinnaman) e à ágil espadachim Katana (Karen Fukuhara), formando o esquadrão suicida. Quem também aparece na trama é o Coringa, interpretado por Jared Leto, cuja participação ficou bastante tímida, se limitando a tentar resgatar seu grande amor, a Arlequina.

Depois de todo o burburinho em torno das dificuldades durante a montagem, dos cortes grandiosos, das reedições e das refilmagens, não tinha como “Esquadrão Suicida” passar despercebido. Fato é que o filme efetivamente oscila entre altos e baixos, deixando claro que algo não deu tão certo. Se algumas cenas mostram-se bastante frenéticas e aceleradas, outras parecem ter sido filmadas para outra produção. Em alguns momentos, a criatividade impera, imponente. Em outros, há um abuso exagerado de clichês. E nessa inconstância segue o filme.

esquadrão suicida

As atuações são boas, o roteiro não é de se jogar fora, mas esta desaceleração leva o espectador da excitação à monotonia e faz o filme deixar a desejar. Alguns personagens, no entanto, recompensam o ingresso de entrada. Arlequina é um deles, rouba a cena. Intensa, convincente e divertida, a excelente caracterização de Margot Robbie ganha destaque no desenrolar da trama, com a coragem aliada a um toque bem dosado de ingenuidade.

Com um papel de liderança no grupo, o Pistoleiro de Will Smith ficou bem formatado e dinâmico. O Coringa, que prometia uma atuação marcante, teve diversas cenas cortadas. Certamente Jared Leto tinha muito mais a contribuir com o resultado final da produção. A postura impiedosa e sem escrúpulos da agente de Amanda Waller também merece menção. Sem falar na Magia/June Moon de Cara Delevingne. No conjunto, as atuações são bem expressivas e conquistam o espectador.

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Por fim, é indiscutível que, apesar de todos os pequenos problemas, “Esquadrão Suicida” diverte. É possível sair da sala do cinema meio confuso e em dúvidas sobre o que aconteceu ali dentro. Até um pouco decepcionado, achando que o filme poderia render mais. Mas isso certamente será acompanhado de algumas boas gargalhadas e entretenimento. Além, claro, de reacender as expectativas quanto ao que a DC ainda tem a oferecer. Sem falar na animada e bem escolhida trilha sonora, que tenta manter a produção no ritmo que ela merecia.

Ficha técnica de Esquadrão Suicida

Gênero: Aventura, Ação
Duração: 130 minutos
Origem: Estados Unidos
Direção: David Ayer
Roteiro: David Ayer, John Ostrander
Distribuidor: Warner Bros. Pictures
Ano: 2016

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