A demanda por informações de saúde é muito grande na internet e também preocupante. Recentemente, na edição de julho da Revista Nova, li uma reportagem sobre as pessoas que buscam consultas virtuais e que ficam obcecadas por informações médicas, a ponto de não prestarem atenção na confiabilidade do site em que estão pesquisando e de se automedicarem, o que é um risco enorme para a saúde. Trata-se dos cibercondríacos, uma junção entre os termos ciberespaço (usado pelos especialistas em comunicação para definir a internet e a realidade virtual) e hipocondríaco, que segundo o dicionário Aurélio é um adjetivo que define as pessoas que tem “preocupação doentia com a própria saúde”. Usando o bom e velho português do cotidiano, é aquele sujeito que tem mania de doença.
As pesquisas por termos de saúde, ainda segundo a reportagem sobre os cibercondríacos, representam quase 80% das buscas na internet feitas no Brasil (dados fornecidos pela empresa Google à reportagem de Nova). Nos Estados Unidos, em 2006, os cibercondríacos representavam 160 milhões de pessoas navegando na rede. Mas calma lá! Para ser diagnósticada como cibercondríaca, é preciso que a pessoa tenha verdadeira obsessão por sites sobre saúde, acredite piamente que sente cada sintoma do que lê e também faça consultas virtuais e até tome remédios indicados por outros internautas, sem prescrição ou acompanhamento médico.
Se você é do tipo que apenas usa a internet para ficar sabendo mais sobre uma determinada doença, tem na rede um apoio ao dignóstico feito por especialista em consulta ao vivo e não se automedica, parabéns, você está apenas se informando. Não há mal nenhum em entrar na internet e pesquisar mais sobre uma doença que o seu médico diagnosticou em você após um exame clínico e laboratorial. Existem bons sites que ao invés de prescrever remédios e tratamentos, apenas dá dicas de bem-estar e orientações gerais sobre higiene e cuidados básicos. O importante é ficar de olho na confiabilidade da informação divulgada pelos sites e blogues. Cheque sempre se o post tem fontes e links para instituições confiáveis. Em se tratando de saúde, confiável quer mesmo dizer oficial: Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Organização Mundial de Saúde, Fundação Osvaldo Cruz, Instituto Butantã, as sociedades e entidades médicas reconhecidas como a Sociedade Brasileira de Oftalmologia ou Cardiologia, entre outras, artigos assinados por médicos registrados e com know how sobre a área tratada no texto. Não adianta, por exemplo, um ortopedista escrever sobre doenças do coração, porque a especialidade dele é outra.
Eis uma situação séria. A internet é como o mundo: enorme, cheia de coisas fascinantes e maravilhosas, mas igualmente perigosa. Em blogs ou sites não especializados, e muito menos fora deles, quem não é médico não pode prescrever medicamentos e nem fazer diagnóstico. Pelo simples fato de que prescrever remédios, tratamentos, fazer diagnóstico e interferir na saúde de alguém sem ser especialista formado e com registro para tal, configura-se em exercício ilegal da medicina. É crime. Sem contar que é irresponsável e leviano. Remédio errado, como já foi dito em outros posts aqui no Conversa, pois estamos sempre batendo nesta teclinha, pode provocar desde uma simples alergia até levar a morte.
Pessoalmente, costumo navegar na internet em busca de informações confiáveis cada vez que meu médico me diz que tenho algum problema. Como sou asmática e alérgica a vários tipos de medicamentos, também costumo ler a bula de cada remédio prescrito para mim. Se precisar ir para uma emergência, sei dizer na ponta da língua as substâncias que não posso tomar. No entanto, por não ser médica, tudo o que eu pesquiso, levo para dentro do consultório, para discutir com o profissional de saúde que me atende. É uma forma de não ficar perdida na fala do especialista e de me informar, mas daí a querer passar por médica e decidir sobre meu próprio tratamento, vai uma diferença enorme.
O importante seja na internet ou fora dela, é usar o conhecimento adquirido em prol do nosso bem-estar e também do bem-estar coletivo, social. Não devemos transformar tudo o que lemos em sites, revistas, livros, e muito menos tudo o que ouvimos por aí, em leis máximas ou verdades absolutas. Muito menos, podemos sair por aí replicando coisas sobre as quais não temos conhecimento aprofundado. Visão crítica é importante em tudo na vida, deste os atos e exercícios diários como cidadãos (votar, fiscalizar partidos e candidatos, exigir nossos direitos e etc) até saber selecionar com critério que tipo de informação entra nas nossas vidas e o que vamos fazer dessas informações para garantir nossa segurança e das pessoas ao nosso redor.
Comentário Recentes