Artigo: O papel da rotina na vida das crianças

Quando somos mais velhos o que mais desejamos é fugir da rotina, pelo menos de vez em quando. Embora reconheçamos que existe necessidade de manter o mínimo de organização na vida diária, a fuga do padrão é a utopia de todo adulto, principalmente porque vivemos presos ao tempo, escravos do relógio. No entanto, segundo os especialistas, há um momento na nossa vida em que a presença ou ausência completa de rotina (hora para comer, tomar banho,estudar, brincar, dormir) é fator crucial para o nosso desenvolvimento: na infância. A psicoterapeuta Blenda Oliveira analisa a importância da rotina na vida das crianças, no artigo que reproduzimos abaixo. Confiram:

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**O papel da rotina na vida das crianças

 Blenda Oliveira*

Bebês e crianças têm necessidade de sentir seu ambiente organizado e previsível. A rotina funciona como uma espécie de moldura que organiza os três grandes domínios na área da saúde: o físico, o psicológico e o social, auxiliando numa maior integração dessas áreas, já que há uma interligação e uma afeta a outra. Bebês e crianças muito pequenas ainda não possuem maturidade neurológica e psicológica para suportar todas as inconstâncias em suas rotinas. Por isso, muitas mudanças externas podem gerar experiências precoces de instabilidade. Não precisamos imprimir mudanças no dia a dia da criança, porque já existe um movimento intenso da natureza em cada uma. Ela por si só vive uma interessante transformação no seu corpo, na sua percepção e na capacidade de se locomover. A rotina prepara a criança e ajuda no desenvolvimento da confiança e perseverança, qualidades imprescindíveis para uma futura autonomia.

Escola e família são uma das parcerias mais produtivas. Se uma escola tem como valor o cumprimento de certas rotinas e a família não compartilha, ou vice-versa, podem ser gerados na criança sentimentos de confusão, dúvidas e desconfiança. A escola, dependendo da sua orientação e da formação do seu corpo docente, tem competência para orientar a melhor maneira com que a família pode dar continuidade ao trabalho. Porém, é importante deixar claro que a escola não é responsável sozinha pelo desenvolvimento das crianças. Enfatizo que o papel da família é intransferível, isso não quer dizer que não seja possível fazer parcerias e receber orientações. As ações serão mais significativas quanto maior for o envolvimento da família.

A rotina é um dos pilares para o desenvolvimento da autonomia das várias áreas do desenvolvimento infantil. Vale lembrar que uma rotina adequada vem acompanhada de afeto e flexibilidade, mas não é preciso usar de rigor em detrimento das vivências de afetividade e espontaneidade entre as crianças e seus cuidadores. Sabemos que disciplinas duras, rigorosas e inflexíveis não necessariamente criam indivíduos comprometidos e autônomos, o mesmo ocorre com rotinas por demais permissivas. Qualquer extremo contribui para o aparecimento na criança, no adolescente e nos futuros adultos, de insegurança, medo e desconfiança quanto à própria capacidade de dar conta da vida. A rotina na medida adequada gera referência à criança. Depois o adolescente vai aprendendo quanto pode, em alguns momentos, modificar aquilo que lhe foi ensinado pelos seus pais e professores.

“Não se educa pela razão, apenas.

Educa-se, principalmente,

pela qualidade do afeto”

Quanto mais os bebês se desenvolvem, maior a conquista da independência e, portanto, mais de olho é preciso estar. Crianças a partir de um ano iniciam movimentos mais autônomos, a marcha fica mais firme, a verbalização é maior e, assim, a curiosidade e a descoberta vão ganhando complexidade. Na realidade, criar rotina para crianças em qualquer fase exige que os adultos também sejam pessoas com uma adequada relação com a rotina. Não existe fácil ou difícil, cada momento requer um tipo de cuidado, assim como cada criança tem seu ritmo de adaptação. Podemos comprovar isso desde o nascimento. Alguns bebês se adaptam mais rapidamente ao ritmo das mamadas, outros demandam maior flexibilidade por parte da mãe.

No caso da berçarista, ele consegue manter uma rotina, desde que exista um bom planejamento e orientações coerentes de quem a contratou. É importante ressaltar que as pessoas escolhidas para a função precisam ter equilíbrio emocional, formação adequada, não só intelectual, mas, e principalmente, formação pessoal. É esse conjunto que mantém uma boa rotina. As berçaristas são pessoas crucias, com ela, além da família, laços afetivos serão construídos, e esses serão o melhor meio de comunicação, por onde informações importantes serão passadas e transformadas em hábitos. Não se educa pela razão, apenas. Educa-se, principalmente, pela qualidade do afeto. A qualidade de vida inicia-se desde a concepção, quando os pais recebem seu filho com prazer, comprometimento, alegria e celebração.

*Blenda Oliveira é coordenadora da Casa Movimento (www.casamovimento.com.br), doutora em psicologia clínica pela PUC-SP, psicanalista pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo – SBP-SP -, além de psicoterapeuta.

**Conteúdo enviado ao blog através da assessoria de comunicação da Casa Movimento.

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Porque o importante é ser feliz

felicidadeHoje eu tentei escrever sobre tanta coisa. Comecei diversos posts, sobre diversos assuntos. Apaguei, recomecei, apaguei. Às vezes o assunto chama por nós. Acho que quem escreve sempre passa por isso, aquela sensação de que hoje o tema será aquele especificamente. É por isso que hoje eu vou falar de felicidade, das pequenas coisas, dos detalhes. A correria cotidiana fecha nossos olhos à beleza da simplicidade. Nos envolvemos em rotinas tão cansativas que muitas vezes nem o riso dá as caras em nosso rosto. O semblante cansado começa o dia pouco dormido, as olheiras saltitam dos olhos. Dormimos e acordamos como máquinas programadas. Mas somos humanos. Podem até nos tirar a paciência, o humor, mas não podem nos tirar a condição de humanos. E isso não é pouco, não.

Resolvi falar de felicidade ao perceber o quanto a felicidade tem-se tornado mera palavra listada em dicionário. Sinto as pessoas mais fechadas, mais tristonhas, emburradas. A gente não consegue mais dar conta de tudo o que é preciso. Trabalhar, estudar, cuidar de casa, da família… É muita obrigação para uma pessoa só. No final, a sensação de que não deu tempo de fazer tudo é avassaladora. Quem nunca passou por isso, não é? E no meio disso tudo, o namorado, noivo, marido, paquera… Eu sei que não é fácil. Vivo isso diariamente, nessa correria insana em busca de um lugar ao sol. Mas aprendi a olhar ao redor. E embora as perspectivas não sejam as melhores, ainda assim é possível ser feliz. Porque a felicidade, gente, é feita de momentos. São pequenos momentos que fazem tudo valer à pena.

A gente não sabe como vai ser o amanhã. Vivemos na espectativa de que vamos realizar sonhos que parecem nunca acontecer. E o presente vai passando despercebido, na busca frenética pelo tal do futuro, o salvador, a luz no fim do túnel, a meta. Claro que isso é importante. Mas é tão importante quanto aproveitar os momentos presentes. Sabe aquele amigo com quem você nunca mais falou? Vocês viveram tanta coisa juntos e agora quase não se encontram. Por que não transformar em presente as boas lembranças do passado? Por que não viver essa coisa boa agora, por que não lutar pra tê-lo de volta? FelicidadeAndamos tão entretidos com os futuros projetos que estamos esquecendo de ser felizes agora. O agora é importante. O agora é o futuro do ontem.  É o passo do amanhã. É o presente do hoje.

A felicidade não é um bichinho que anda escondido por aí. É uma construção. Uma construção pessoal de cada um. Às vezes nos basta tão pouco para um riso despretensioso, para um abraço apertado… Mas andamos sempre tão envolvidos com as tarefas diárias que esquecemos disso. Esquecemos de olhar para o lado, de dar um abraço apertado, de rir do acaso… Esquecemos de olhar para o caminho, de cumprimentar as pessoas, de construir novos laços. Deixamos de lado os momentos singelos, aqueles em que nada fazíamos, apenas éramos felizes. Momentos dedicados a não fazer nada, a sentar na areia da praia, a caminhar por aí, a fotografar o mundo, a cantar em voz alta, a ligar para alguém especial… Remoemos acontecimentos ruins, guardamos rancor, incentivamos a angústia…

As exigências da sociedade moderna são assustadoras. Individualismo, egoísmo, competição cruel… O capital virou o senhor de chicote na mão punindo um escravo fujão. É desleal a concorrência. Mas, como comecei dizendo nesse post, somos humanos. E a felicidade faz parte disso. E ela está sempre dentro de nós, doidinha para rasgar nosso peito e se mostrar ao mundo. A felicidade individual pode fazer milagres às convivência social. É só você sorrir mais, tratar bem às pessoas, pedir por favor e obrigada…  É só você se descobrir merecedor dessa felicidade, compreender a importância do riso, acreditar que os momentos mais simples podem estar recheados de belas surpresas. E quando a felicidade tentar brincar de se esconder, é só lembrar que só cabe a você a responsabilidade por tê-la de volta. Ser feliz é responsabilidade sua. E assim será, sempre!

Vamos então nos esforçar um pouquinho mais. Vamos ser felizes!

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Divagando sobre a vida

FelicidadeTem tanta coisa boa que é difícil definir o melhor da vida. Creio que o melhor seja a possibilidade de viver, de fazer escolhas, de construir um caminho, de ter a liberdade de tomar uma curva ou outra, de desistir ou de insistir. O melhor da vida é mesmo viver, com todos os amores e dissabores que há nisso. Algumas escolhas são acertadas, outras se tornam completos desastres. Há o que nos faça feliz, há o que nos faça triste. As contradições é que trazem beleza ao viver, embora esta beleza possa estar coberta de lágrimas e olheiras.

Costumamos associar a beleza ao riso no rosto, à alegria por uma notícia boa… mas há beleza na tristeza também. Uma beleza mascarada por acontecimentos ruins, mas que traz nas suas entrelinhas um aprendizado qualquer, que pode evitar novas lágrimas futuras. Acho que essa é uma maneira bacana, embora supérflua, de encarar a tristeza. É que a tristeza faz parte da vida, integra essa coisa maravilhosa que é seguir em frente, passo-a-passo. Não há como ter uma coisa sem ter outra. Como diriam alguns, é um tempero, um tanto salgado, apimentado demais, mas um tempero.

A vida é recheada de surpresas e talvez não fosse tão legal viver se a previsibilidade fizesse parte do nosso dia-a-dia. Nem todas as suas decisões serão as melhores, mas você não precisa se culpar tanto por isso. Afinal de contas, Felicidadeinúmeras são as vezes que precisamos decidir sem ter qualquer elemento fundamentador. E ainda assim, precisamos decidir. Isso faz parte também. Somos humanos, temos sentimentos, uma personalidade particular que é de cada um. O que é bom pra você, nem sempre é bom pro outro. A sua forma de enxergar o mundo não é a única, nem a melhor, nem a pior. É apenas mais uma.

É difícil conviver, enfrentar a contradição no outro, ter ponto de vista diferente daquele exposto por um alguém. É muito difícil lidar com os fracassos, ver sonhos morrerem, não conseguir realizar projetos. Tanta coisa que pode funcionar mal, que pode dar errado. Mas, por outro lado, há um tanto infinito de coisas que dão certo, que funcionam bem, que nos fazem ficar orgulhosos… É nisso que precisamos concentrar nossas energias. Precisamos olhar mais para o lado, aproveitar melhor as pequenas coisas que podem fazer uma grande diferença. Tem um colorido todo especial ao nosso redor, e simplesmente passamos inertes por ele. É mesmo difícil viver. Mas pode ser bem mais prazeroso do que normalmente pintamos.

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