Escritoras baianas na Bienal do Livro em Minas

As escritoras baianas Miriam de Sales e Ivone Alves Sol participam da Bienal do Livro de Minas 2010, nestes sábado e domingo. As duas integram a programação da Arena Jovem.  Neste  sábado, Miriam de Sales fará  a leitura de seus contos e falará sobre seu processo criativo e inspirações.  Aos 67 anos, Miriam é uma ativista em defesa do livro e da literatura baiana. É autora dos livros Contos e Causos, Maktub e Bahia de Outrora, além de centenas de crônicas publicadas na internet, em três blogs que mantém com atualizações diárias.  Internauta ávida, a escritora possui ainda perfil no Orkut, Facebook e Twitter, onde dialoga com leitores de vários países.

Confira os links para os blogs de Miriam:

www.contosecausos24x7.blogspot.com

www.mirokcaconversafiada.blogspot.com

www.wwwfiatluxblogspotcom.blogspot.com

Já Ivone Alves Sol declamará poesias de sua autoria, além de debater sobre a linguagem poética, no domingo. A autora apresentará ainda a coletânea Alma BRASILEIRA – Especial Dia das Mães, que reúne oito poesias próprias, além de versos de poetas baianos. O projeto é coordenado por Sandra Stabile. Ivone Alves Sol já integrou outras duas coletâneas literárias e é assesssora do PABRAA (Projeto Alma Brasileira). SOLvendo Sentidos é o título do primeiro livro individual da poeta, com previsão de lançamento em agosto deste ano.

Para ler alguns dos mais de 800 textos de Ivone Alves Sol, clique aqui.

Parceria – A participação baiana no evento literário mineiro é fruto de uma parceria entre a Câmara Bahiana do Livro (CBaL) e o Governo do Estado, através das secretarias de Cultura (Secult) e da Indústria, Comércio e Mineração (SICM). O stand próprio da Bahia possui mais de três mil livros, entre cordéis, poesia, quadrinhos, contos, romances, livros de arte, patrimônio, religião, entre outros temas. São obras de autores consagrados e de nomes contemporâneos. Além de Miriam de Sales, Ivone Alves Sol e Ruy Espinheira, a literatura da Bahia está representada na Bienal pelos escritores Clara Maciel, Hugo Homem e Nilson Schommer.

*Com informações da Assessoria da Fundação Cultural do Estado da Bahia.

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Mania de Alice

Tim Burton pega emprestados os personagens e o mundo idealizado por Lewis Carrol para contar uma versão toda sua da história: o que aconteceria se Alice tivesse voltado ao País das Maravilhas depois de adulta? É ver no cinema.

Com a versão de Tim Burton para o clássico de Lewis Carrol, Alice no País das Maravilhas, uma verdadeira alicemania, ou mania de alice
(como queiram) toma conta do mundo nos últimos tempos. Em se tratando de uma história com cerca de 150 anos, que não perde o ineditismo e nem a capacidade de suscitar debate, nada mais natural que Alice agora sirva de inspiração para todo tipo de ação, iniciativa e forma de expressão neste nosso mundo contemporâneo, já apelidado por quem teoriza a respeito de “canibalismo cultural”. Não gosto deste termo, porque um canibal, a meu ver, devora a presa, digere e pronto, transforma em excremento. Prefiro um termo menos radical como por exemplo, “reciclagem cultural”, porque nem tudo o que é resultado da transformação de um clássico pode ser enquadrado como excremento. Pensar assim é coisa de purista e preconceituoso, tento não ser nem uma coisa e nem outra. Adoro as referências, a mitologia moderna que bebe na fonte da antiga, com respeito, lógico, à propriedade intelectual e às devidas citações. Fora isso, nada mais é inédito no mundo (“tudo já foi inventado”), porque para criar, é preciso referências, a cultura se alimenta de si mesma, mas sempre, claro, com o devido respeito e créditos a quem de direito, senão, aí sim, vira canibalismo. Mas, não é bem disso que quero falar. O negócio e não deixa mesmo de ser um negócio, é que Alice está na moda, é up, na crista da onda e isso é muito bom (independente dos puristas se torcerem todos, coitados), pois as transformações modernas são também uma forma de conhecimento humano e claro, ao atualizar um clássico, desperta-se a curiosidade dos jovens leitores para a fonte “original” das ideias. Pois sim, deixando a filosofia de lado, que hoje eu estou impossível, confiram abaixo algumas reatualizações de Alice:

Alice no País das Maravilhas inspira Izabelle Nossa

Um exemplo na moda: Izabelle Nossa, proprietária de uma marca de bolsas super requisitada, recebe clientes na loja do Shopping Paseo Itaigara, nesta quinta, entre às 15h e às 21h, para apresentar uma nova coleção todinha inspirada no longa de Tim Burton. Durante o encontro, haverá ainda sorteio de camisetas customizadas e também inspiradas na Alice do diretor americano. É passar lá e conferir!

Alice no País da Poesia

Pois não é que depois de perambular pelo País das Maravilhas, atravessar o espelho, dar um giro pelo país da gramática de Monteiro Lobato, a menina Alice, inquieta como ela só, resolveu dar um passadinha no País da Poesia? Neste livro de Elias José, a personagem Alice é “flagrada” no momento em que descobre o mundo das palavras, enquanto vivia no “país das maravilhas”. Esse é o ponto de partida do autor na obra “Alice no país da poesia”, lançamento da Editora Peirópolis, já nas livrarias. São 33 poemas repletos de lirismo e encantamento, em imagens que remetem a grandes textos da literatura universal. O leitor segue em companhia de Sherazade, Peter Pan e Dom Quixote, além de um séquito de fadas e feiticeiras, duendes e sereias, reis e rainhas, príncipes e princesas, pássaros e cavalos mágicos. Um excelente exemplo do que eu estava falando lá no topo do post – a mitologia moderna que bebe na fonte da mitologia clássica.

Ficha Técnica
Alice no país da poesia

Autor:  Elias José

Ilustrações: Taisa Borges

Editora: Peirópolis

56 páginas

Preço: R$ 34,00

O mundo aliciano em debate

Ainda dentro da minha pequena seleção de “manias de alice”, uma dica de um encontro que deve acontecer em maio, aqui em Salvador, promovido pelo Clube do Livro Saraiva, em parceria com a Galeria do Livro, que fica no Espaço Unibanco/Glauber Rocha. Trata-se de uma reunião de amantes da literatura, para discutir alguns textos propostos: a edição pocket de Alice no País das Maravilhas; o livro Eu sou Alice, de Melanie Benjamim e o livro 1 da série Lost Girls, de Allan Moore e Melinda Gebbie (estes dois últimos, ainda não li e por isso não posso opinar). Sobre Alice, recomendo tanto a edição pocket da L&PM, quanto a comentada (maravilhosa!) da Jorge Zahar.

Alicemania também em audiolivro

Quem assistiu o filme O Leitor, com Ralf Fiennes e Kate Winslet, sabe que em determinado momento da história, o personagem de Fiennes começa a gravar sua leitura em voz alta de diversos clássicos da literatura mundial e enviar de presente para a personagem de Winslet, que cumpre pena numa penitenciária. Pois bem, a ideia do audiolivro é mais ou menos esta. Um livro gravado, para ouvir no carro, enquanto se dirige, para ouvir enquanto se faz alguma tarefa em casa, para ouvir no leito do hospital, ou antes de dormir, e mais ainda, para fazer com que pessoas cegas tenham uma opção de contato com a leitura além dos caracteres em braille, muito mais caros de imprimir do que o alfabeto de não cegos. Pois o site www.audiolivro.net.br está oferecendo a versão acústica de Alice no País das Maravilhas, por R$ 24,90.  Além do texto, toda a sonoplastia foi cuidadosamente elaborada para transportar o leitor até o mundo criado por Lewis Carrol. Em breve, a editora Audiolivro, responsável pelo site, também vai colocar a obra no mercado em versão CD.

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Mais Alice no blog:

Artigo: Mil faces de Alice no país da diversidade (publicado em agosto de 2009)

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Para lembrar Castro Alves

Hoje é aniversário de Castro Alves, poeta abolicionista baiano que nasceu em 14 de março de 1847. Para lembrar a data, publico O Laço de Fita, um dos seus poemas que considero libelo à beleza feminina.

O laço de fita

Não sabes, criança? ‘Stou louco de amores…
Prendi meus afetos, formosa Pepita.
Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?!
Não rias, prendi-me
Num laço de fita.

Na selva sombria de tuas madeixas,
Nos negros cabelos da moça bonita,
Fingindo a serpente qu’enlaça a folhagem,
Formoso enroscava-se
O laço de fita.

Meu ser, que voava nas luzes da festa,
Qual pássaro bravo, que os ares agita,
Eu vi de repente cativo, submisso
Rolar prisioneiro
Num laço de fita.

E agora enleada na tênue cadeia
Debalde minh’alma se embate, se irrita…
O braço, que rompe cadeias de ferro,
Não quebra teus elos,
Ó laço de fita!

Meu Deusl As falenas têm asas de opala,
Os astros se libram na plaga infinita.
Os anjos repousam nas penas brilhantes…
Mas tu… tens por asas
Um laço de fita.

Há pouco voavas na célere valsa,
Na valsa que anseia, que estua e palpita.
Por que é que tremeste? Não eram meus lábios…
Beijava-te apenas…
Teu laço de fita.

Mas ai! findo o baile, despindo os adornos
N’alcova onde a vela ciosa… crepita,
Talvez da cadeia libertes as tranças
Mas eu… fico preso
No laço de fita.

Pois bem! Quando um dia na sombra do vale
Abrirem-me a cova… formosa Pepital
Ao menos arranca meus louros da fronte,
E dá-me por c’roa…
Teu laço de fita.

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Traça de Biblioteca: Leitura de volta às aulas

Quem não lembra das provas de literatura no Ensino Médio? São inesquecíveis aqueles dias em que tínhamos de ler os clássicos para responder provas de interpretação de texto. Sabem que eu adorava? Não é de hoje que sou “comedora de livros”. Camilo Castelo Branco, Machado de Assis, José de Alencar, Eça de Queiroz, Graciliano Ramos, Jorge Amado… cresci na companhia desses caras. E de meninas maravilhosas como Clarice Lispector, Raquel de Queiroz, Cecília Meirelles, Lygia Fagundes Telles… Gente, eu sinto saudades das leituras da minha adolescência e é em homenagem a esse tempo gostoso de outrora, que a série Traça de Biblioteca desta semana traz uma dica que além de tudo é perfeita para quem vai começar as aulas logo após o Carnaval. O selo Best Bolso da editora Record lançou obras de alguns dos autores citados acima. Boa parte deles são os livros que as escolas e os vestibulares adotam, em coleção pocket, que dá para carregar por aí sem pesar na mochila. O melhor de tudo é que o precinho é tentador, principalmente para o pais. Aliás, socorro! Meu filho vai cursar a sexta série e eu quase infarto na livraria quando fiz o orçamento dos seus livros didáticos. Em homenagem a outros pais e mães que estão às voltas com as listas de material escolar, confiram os lançamentos da Best Bolso:

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DOM CASMURRO
Publicado pela primeira vez em 1899, Dom Casmurro é o romance mais estudado, comentado e discutido deste autor e tudo por culpa do casal Capitu e Bentinho. Considerado a obra-prima de Machado, é um dos livros mais traduzidos da literatura brasileira. Conta a história de amor entre Capitu e Bentinho desde a infância. A história é narrada pelo ponto de vista dele, que depois de adulto, passa a desconfiar de que a mulher o traiu, sendo que a culpa de Capitu nunca fica provada. Conversa de Menina, claro, já teve post dedicado a Capitu e dedicado ao ciúme doentio e delirante, problema de Bentinho, com toda certeza.
Autor: Machado de Assis
280 páginas
Preço: R$14,90

O CORTIÇO
O cortiço é considerado o livro que inaugura o realismo/naturalismo no Brasil. Publico em 1890, descreve a sociedade brasileira através de personagens que moram em um cortiço do Rio de Janeiro no final do século XIX. Cortiço, para quem não sabe, é o nome pejorativo que se dava aos antigos casarões decadentes, com quartos para alugar, onde geralmente moravam pessoas de camada social mais baixa. O livro não tem uma personagem central, mas várias personagens que, com seus dramas, compõem o panorama de hábitos, costumes e conflitos sociais daquela época.
Autor: Aluísio Azevedo
280 páginas
Preço: R$14,90

MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS
Memórias de um sargento de milícias foi o primeiro grande romance brasileiro a apresentar a vida urbana e os costumes de meados do século XIX. Também considerada precursora do realismo, a obra faz uma “radiografia” do povo brasileiro no período. Conta a história de Leonardo, filho enjeitado de Leonardo Pataca e Maria da Hortaliça, que é criado pelos padrinhos. Às voltas com romances com Vidinha (mulata pobre) e Luisinha (branca e de melhor condição financeira) Leonardo vive articulando planos para escapar das perseguições do severo major Vidigal. A diversão do livro são as interrupções do narrador oculto da história para conversar com o leitor e tecer comentários sobre a trama.
Autor: Manuel Antônio de Almeida
238 páginas
Preço: R$14,90

NOVA REUNIÃO
Nova reunião resgata o melhor da poesia de Drummond. Publicada pela primeira vez em 1969, a obra foi ampliada pelo autor em 1983. São 23 livros de poesia drummoniana divididos em três volumes e que dão um vasto panorama da obra deste que é considerado um dos poetas modernistas mais importantes do país. A produção de Drummond se encontra entre a segunda e terceira geração do Modernismo, movimento literário iniciado em 1922. Nascido em Itabira, Minas Gerais, o poeta morreu em 1987.
Autor: Carlos Drummond de Andrade
Vol. 1 – 420 páginas; Vol. 2 – 392 páginas e Vol. 3 – 574 páginas
Preço por volume: R$14,90

O ATENEU
O ateneu, lançado em 1888, impressiona pela sua riqueza de estilos: apresenta elementos realistas, naturalistas, expressionistas, que fogem de qualquer padronização literária. Em tom reflexivo e autobiográfico, o autor narra o período em que Sérgio, o protagonista, viveu no internato chamado Ateneu. O livro é um rico panorama da vida nos internatos no final do século XIX, explorando temas como a sexualidadse reprimida pela igreja, as descobertas da adolescência, o medo de crescer e sair do ninho familiar e até o bouling (prática de humilhações e assédio moral praticada entre crianças e adolescentes no ambiente escolar).
Autor: Raul Pompeia
322 páginas
Preço: R$14,90

CAETÉS

Caetés é o primeiro romance de Graciliano Ramos e foi publicado originalmente em 1933. Através de um texto conciso e sintético, o escritor apresenta o cotidiano da classe média da pequena cidade que dá nome ao livro. Conta a história de  João Valério, o personagem principal, homem introvertido e fantasioso, que apaixona-se por Luisa, mulher do dono da firma onde ele trabalha. O caso é denunciado por uma carta anônima, levando o marido traído ao suicídio… Graciliano destaca-se como o principal romancista da segunda fase do modernismo brasileiro.
Autor: Graciliano Ramos
210 páginas
Preço: R$14,90

RIACHO DOCE
Riacho doce, que virou minissérie na tv na década de 90, apresenta a uma visão dos desequilíbrios sociais e dos dramas humanos, individuais e coletivos, provocados pela exploração do petróleo em Alagoas. A história é impregnada de oralidade e tem como cenário uma pacata vila de pescadores em Maceió. Um casal de suecos chega ao local e a loura Edna se apaixona por Nô, um rústico pescador nordestino. O romance gira em torno do caso extraconjugal de Edna e das suas descobertas numa terra tropical e cheia de sensualidade e mistérios. Ao mesmo tempo, o marido de Edna, funcionário da companhia petrolífera, representa o impacto de cultura e interesses com a instalação de uma multinacional num vilarejo perdido no tempo.
Autor: José Lins do Rego
280 páginas
Preço: R$14,90

OS MELHORES CONTOS DE FERNANDO SABINO
Seleção feita pelo próprio autor, com 50 contos publicados em jornais e revistas, que trazem relatos curtos de fatos colhidos da vida real, com tratamento de ficção.
Autor: Fernando Sabino
196 páginas
Preço: R$14,90

50 CRÔNICAS ESCOLHIDAS
Considerado por muitos o maior cronista brasileiro desde Machado de Assis, Rubem Braga produziu entre 1935 e 1977 o material reunido nesta antologia. Os textos foram extraídos da famosa coletânea 200 crônicas escolhidas, organizada pelo próprio autor.
Autor: Rubem Braga
168 páginas
Preço: R$12,90

O PRIMO BASÍLIO
Eça de Queirós divide com Machado de Assis o título de representante da melhor escrita realista em língua portuguesa. Em O Primo Basílio, publicado em 1878, o escritor analisa a burguesia urbana do século XIX, expondo as mazelas sociais que assolavam o país. O livro conta a história de um caso extra-conjugal entre Luiza e seu primo Basílio, que reaparece depois de anos, quando Luiza está casada com Jorge. O personagem mais forte da trama é a empregada Juliana, que chantageia Luiza, que revela-se uma heroína fraca e incapaz de assumir as consequencias pelos próprios atos.
Eça de Queirós
490 páginas
Preço: R$ 19,90

A CIDADE E AS SERRAS
A cidade e as serras (1901), romance póstumo de Eça de Queirós, abandona o projeto contestador do mundo luso-burguês e faz uma comparação entre a vida bucólica da serra em Portugal e a agitação de Paris.
Autor: Eça de Queirós
238 páginas
Preço: R$14,90

AMOR DE PERDIÇÃO
Amor de perdição conta a trágica história de dois jovens apaixonados, Simão e Teresa – o Romeu e a Julieta portugueses. Escrita em 1961, este é o título mais famoso do autor que escreveu mais de uma centena de obras e ficou conhecido por suas novelas passionais. Neste livro, o autor explora o amor obsessivo, daqueles doentios, que fazem definhar e que tiram o foco para qualquer outra coisa na vida e que geralmente levam a atos desesperados.
Autor: Camilo Castelo Branco
210 páginas
Preço: R$14,90

>>Confira outros títulos da Editora BestBolso no site: www.record.com.br.

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Traça de Biblioteca: Drummond e outras letras

Para os amantes da poesia, a série Traça de Biblioteca nesta sexta-feira traz o lançamento de uma nova coletânea dos poemas de Carlos Drummond de Andrade. Para o público infanto-juvenil, indicamos o segundo volume da saga de Ulysses Moore. Já o relato, baseado em fatos reais, O Infiltrado, sobre a mafia e o FBI,  é para aqueles que gostam de investigar o submundo, numa mistura de filme policial noir e realidade. Para terminar, a série também destaca o romance da escritora portuguesa Margarida Rebelo Pinto, Pessoas Como Nós. Boa leitura!

NOVA REUNIÃO DE DRUMMOND
A coleção resgata poemas que Carlos Drummond de Andrade publicou originalmente pela José Olympio em 1969. A obra foi posteriormente ampliada pelo autor e reeditada com 19 livros (1983). Agora, são 23 livros de poesia compilados em 3 volumes.

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) nasceu em Itabira, Minas Gerais. Em 1921, vivendo em Belo Horizonte com a família, teve seus primeiros trabalhos publicados no Diário de Minas. Em 1924, conheceu Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral e nessa mesma época deu início a uma longa correspondência com Mário de Andrade, de quem recebeu orientação literária. Em 1927, fixou-se em Belo Horizonte trabalhando como redator e depois redator-chefe do jornal Diário de Minas. Ao completar 80 anos, o escritor recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e foi homenageado com exposições comemorativas na Biblioteca Nacional e na Fundação Casa de Rui Barbosa. Em 1984, decidiu encerrar a carreira de cronista regular, após 64 anos dedicados ao jornalismo. O poeta faleceu em 1987 deixando cinco obras inéditas: O avesso das coisas, Moça deitada na grama, Poesia errante, O amor natural e Farewell, além de crônicas e correspondências. Há livros de Drummond traduzidos para o alemão, búlgaro, chinês, dinamarquês, espanhol, francês, holandês, inglês, italiano, latim, norueguês, sueco e tcheco.

>>Visite o site oficial do autor

Drummond 1VOLUME 1, Oito livros de poesia:  Alguma poesia – Brejo das almas – Sentimento do mundo – José – A rosa do povo – Novos poemas – Claro enigma – Fazendeiro do ar

Edições BestBolso – Grupo Editorial Record
420 páginas
Preço: R$14,90

Drummond 2VOLUME 2, Seis livros de poesia: A vida passada a limpo – Lição de coisas – A falta que ama – As impurezas do branco – A paixão medida – Boitempo I

Edições BestBolso
392 páginas
Preço: R$14,90

Drummond 3VOLUME 3, Nove livros de poesia: Boitempo II – Boitempo III e SELEÇÃO DOS LIVROS: Viola de bolso – Versiprosa – Discurso de primavera e algumas sombras – Corpo – Amar se aprende amando – O amor natural – Farewell

Edições BestBolso
574 páginas
Preço: R$14,90

NAS AREIAS DO TEMPO

image002Neste segundo volume da série Ulysses Moore, Jason, Julia e Rick se aventuram nas dunas do Egito antigo.  Para quem não acompanha a série, na aventura anterior os leitores conheceram os gêmeos Jason e Julia que, com a ajuda de um espevitado garoto, Rick, desbravaram a mansão de Vila Argo, lugar de muitos segredos. Neste segundo episódio – Ulysses Moore — A loja dos mapas esquecidos -, os três amigos vão se deparar novamente com situações-limite que prenderão a atenção do começo ao fim. A aventura continua exatamente após o término do primeiro livro: depois de desvendarem vários segredos, os três descobrem um antigo navio, o Métis, escondido em uma gruta subterrânea. Ao explorarem o interior da embarcação, os jovens vão parar no antigo Egito, palco das novas aventuras. Adaptada pelo italiano Pierdomenico Baccalario, a série Ulysses Moore foi traduzida para diversas línguas e destaca-se por possuir uma narrativa leve, prazerosa e envolvente. O autor vai recheando a história com muito suspense, enquanto que familiariza os leitores com a trama e as personagens.

Ulysses Moore – A loja dos mapas esquecidos

Adaptação: Pierdomenico Baccalario

Selo: Prumo Jovem

232 páginas

Preço: R$ 29,90

O FBI E A MÁFIA

INFILTRADOA família Gambino é uma das cinco famílias da “Cosa Nostra”, em Nova York e é reconhecida como a família mais poderosa do crime nos Estados Unidos. A lista dos delitos é longa, mas em terras norte-americanas em vez da prática de extorsão, a máfia italiana dedica-se principalmente ao tráfico de drogas, aliado a crimes como homicídio, tentativa de homicídio e de violação, conspiração, roubo. Em 2008, os Gambino voltaram às manchetes com a prisão de 54 beneficiários, entre eles estava o novo chefão do clã, Frank Cali.  A ação foi resultado de uma investigação chamada “Old Bridge”, que monitorava famílias mafiosas de Palermo envolvidas com o tráfico de drogas entre a Itália e os Estados Unidos. Infiltrado – O FBI e a Máfia é uma história verídica sobre a investigação à família Gambino, conduzida por um agente secreto do FBI, que resultou em uma série de prisões. Joaquim “Jack” Garcia era um dos agentes mais improváveis do FBI. Cubano, naturalizado americano, um metro e noventa de altura e cento e cinquenta quilos, não era o típico G-man (Government man). Mas ele tornou-se um dos poucos agentes dedicados exclusivamente ao trabalho sob disfarce. A diferença entre Jack e a maioria dos agentes é que ele trabalha em vários casos importantes simultaneamente, infiltrado, às vezes fazendo malabarismos com cinco ou seis identidades e desempenhando os papéis correspondentes. Fez isso durante 24 dos seus 26 anos de serviço, com 45 investigações secretas de longa duração, além de incontáveis operações secretas de curta duração. Infiltrado – o FBI e a Máfia é um relato empolgante da luta entre a lei e o crime organizado, à altura de histórias clássicas, como Donnie Brasco: uma viagem ao submundo dos Estados Unidos, por meio das lembranças de um condecorado veterano do FBI. Em 2010, o livro ganha uma versão cinematográfica produzida pelo diretor de Che Steven Soderbergh com roteiro de Peter Buchman, também de Che. O título provisório da película é Making Jack Falcone.

Autor: Joaquim Garcia

Tradução: Vera Martins

Editora: Larousse do Brasil

320 páginas

Preço: R$ 49,90

PESSOAS COMO NÓS

pessoas como nosSucesso absoluto em Portugal e na Europa, Margarida Rebelo Pinto foi uma das responsáveis por levar a nova geração de autores lusitanos para o topo das listas de mais vendidos. Depois de conquistar o público brasileiro com os romances Não há coincidências, Sei lá e Alma de Pássaro, a autora regressa com Pessoas como Nós, um retrato implacável de uma geração de homens e mulheres entre 30 e 40 anos na atual sociedade urbana portuguesa. O que pode separar duas irmãs? Como se perde uma grande amizade? E o amor de uma vida? Três mulheres revelam seus temores, angústias e segredos surpreendentes, às voltas com sua própria solidão

Margarida Rebelo Pinto

Editora Record

272 páginas

Preço: R$ 39,00

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Museu da Língua homenageia Cora Coralina

Vi a reportagem na TV de madrugada: O Museu da Língua Portuguesa abre nesta quarta uma mostra em homenagem à poeta Cora Coralina. Pensei com meu teclado (não estava usando roupa com botões), taí uma boa oportunidade de falar de Cora no blog. Vamos saber um pouco mais sobre ela? Reproduzo também alguns de seus belos e delicados poemas. Aproveitem!

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Quem é?

Cora CoralinaCora Coralina nasceu Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, em 20 de agosto de 1889, as margens do Rio Vermelho, na cidade de Goiás, em uma casa antiga, de construção datada do século XVIII; e morreu em 10 de abril de 1985, em Goiânia. Passou a vida entre o interior de Goiás e o interior de São Paulo, para onde se mudou após casar-se e onde morou por 45 anos.

Cora começou a escrever aos 14 anos, embora só tivesse cursado as quatro primeiras séries do ensino fundamental. Exercia oficialmente a profissão de doceira, mas também trabalhou vendendo livros e fabricando linguiça, após ficar viúva. A notoriedade porém, só viria aos 75 anos, quando Carlos Drummond de Andrade escreveu um artigo elogioso ao primeiro livro da poeta, Poemas dos Becos de Goiás.

Cora 2Além de escrever poemas, Cora Coralina também era contista e cordelista. Seu primeiro conto, escrito aos 14 anos, foi publicado em um jornal da sua cidade natal. A prosa e os versos da autora são ricos em simplicidade e em cenas do cotidiano do Brasil do interior. A vida doméstica e as cenas da infância e juventude de Cora servem de inspiração para compor pequenos libelos a vida. Muito difícil alguém que tenha nascido em cidade pequena, não se identificar com a autora.

Uma das filhas de Cora Coralina, Vicência Tahan, escreveu a biografia romanceada Cora coragem, Cora poesia, lançada pela Global editora, em 1989.

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Cora em versos:

Versos… não
Poesia… não
um modo diferente de contar velhas histórias

Cora Coralina (Poemas dos Becos de Goiás )

Todas as Vidas

Vive dentro de mim
uma cabocla velha
de mau-olhado,
acocorada ao pé
do borralho,
olhando para o fogo.
Benze quebranto.
Bota feitiço…
Ogum. Orixá.
Macumba, terreiro.
Ogã, pai-de-santo…
Vive dentro de mim
a lavadeira
do Rio Vermelho.
Seu cheiro gostoso
d’água e sabão.
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa,
pedra de anil.
Sua coroa verde
de São-caetano.
Vive dentro de mim
a mulher cozinheira.
Pimenta e cebola.
Quitute bem feito.
Panela de barro.
Taipa de lenha.
Cozinha antiga
toda pretinha.
Bem cacheada de picumã.
Pedra pontuda.
Cumbuco de coco.
Pisando alho-sal.
Vive dentro de mim
a mulher do povo.
Bem proletária.
Bem linguaruda,
desabusada,
sem preconceitos,
de casca-grossa,
de chinelinha,
e filharada.
Vive dentro de mim
a mulher roceira.
-Enxerto de terra,
Trabalhadeira.
Madrugadeira.
Analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem criadeira.
Seus doze filhos,
Seus vinte netos.
Vive dentro de mim
a mulher da vida.
Minha irmãzinha…
tão desprezada,
tão murmurada…
Fingindo ser alegre
seu triste fado.
Todas as vidas
dentro de mim:
Na minha vida –
a vida mera
das obscuras!

Cora Coralina

Aninha e suas pedras

Não te deixes destruir…
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.

Cora Coralina  (Outubro, 1981)

O Passado…

Homens sem pressa,
talvez cansados,
descem com leva
madeirões pesados,
lavrados por escravos
em rudes simetrias,
do tempo das acutas.
Inclemência.
Caem pedaços na calçada.
Passantes cautelosos
desviam-se com prudência.
Que importa a eles o sobrado?

Gente que passa indiferente,
olha de longe,
na dobra das esquinas,
as traves que despencam.
-Que vale para eles o sobrado?

Quem vê nas velhas sacadas
de ferro forjado
as sombras debruçadas?
Quem é que está ouvindo
o clamor, o adeus, o chamado?…
Que importa a marca dos retratos na parede?
Que importam as salas destelhadas,
e o pudor das alcovas devassadas…
Que importam?

E vão fugindo do sobrado,
aos poucos,
os quadros do Passado.

Cora Coralina

Considerações de Aninha

Melhor do que a criatura,
fez o criador a criação.
A criatura é limitada.
O tempo, o espaço,
normas e costumes.
Erros e acertos.
A criação é ilimitada.
Excede o tempo e o meio.
Projeta-se no Cosmos

Cora Coralina

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>>Para saber mais sobre a mostra em homenagem a Cora (Estadão)

>>Post no blog sobre o Museu da Língua (publicado em 21 de março)

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Fernando Pessoa: “um enigma em pessoa”

Minha estima por Fernando Pessoa é comparada àquela que nutro por Pablo Neruda. Para mim, são dois grandes nomes da poesia do século XX, sem sombra de dúvidas. O português Pessoa, rei dos heterônimos. Sim, os personagens que criou durante a vida, todos eram carregados de personalidade forte e bem desenhada. Como não lembrar de Álvaro de Campos ou Alberto Caeiro, ou ainda de Ricardo Reis? Todos tão reais, facetas do Fernando Pessoa.

Fernando Pessoa

Sobre a vida de Pessoa, pouco sei. Recordo-me apenas de que viveu parte da adolescência na África do Sul, que perdeu o pai muito cedo, de tuberculose. Também lembro-me de ter lido em algum lugar sobre o gosto exagerado pelo álcool, vício que teria sido decisivo para a morte precoce, aos 47 anos, de cirrose hepática. E mesmo no leito de morte, Pessoa eternizou sua poesia, ao declarar “I know not what tomorrow will bring” (Não sei o que o amanhã trará).

“A tua carne calma é fria em meu querer. Os meus desejos são cansaços. Nem quero ter
nos braços meu sonho do teu ser.”

De tanto criar pessoas, Pessoa se recriou. A resposta que muitos buscavam era para a pergunta “quem é ele?”. Seus personagens tornaram sua vida mais misteriosa ainda. Muitos pensavam inclusive se não seria o próprio Pessoa mais um de seus personagens. Ele morreu sem nos esclarecer a questão. Melhor que tenha sido assim. É como a expressão usada pelo crítico brasileiro Frederico Barbosa: “Pessoa é um enigma em Pessoa”.

Fernando Pessoa

Não me canso de ler Fernando Pessoa. A cada leitura, redescubro um fascínio ainda maior por suas palavras. Fernando Pessoa me ganhou na primeira poesia que li dele, que diz: “Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia, não há nada mais simples. Tem só duas datas – a da minha nascença e a de minha morte. Entre uma e outra todos os dias são meus”. Para uma adolescente em busca de seu próprio caminho, nada podia ser mais significativo.

“Não sei, mas meu ser tornou-se-me estranho.E eu sonho
sem ver os sonhos que tenho.”

A partir dali, viramos caça e caçador. Eu, em busca de tudo e qualquer coisa que tivesse a sua assinatura por trás. Logo em seguida, descobri os personagens que havia criado, soube das biografias que instituiu para cada um deles, das diferenças tão bem delineadas. Me apaixonei de vez. A sensação era que eu estava diante de uma pessoa imaginária, de tão discreta, cheia de imaginação e possuidora de um grau de intelectualidade intangível, fora do comum.

“És melhor do que tu. Não digas nada: sê! Graça do corpo nu
Que invisível se vê.

Algumas coisas de Pessoa seguem abaixo. Eu simplesmente não consigo fazer uma seleção. Cada texto que releio, volto a me apaixonar perdidamente, como se estivesse diante de uma primeira leitura. Cada linha que descubro me encobre de mais admiração. Não consigo pinçar da obra de Pessoa, coisas que mais gosto, ou que mais me instigam. Eu só consigo enxergá-lo como um conjunto. Pessoa é um todo e cada trecho é apenas uma parte, um pedaço do universo que é sua poesia.

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Para inspirar
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Cancioneiro

Nota preliminar
2 – Todo o estado de alma é uma passagem. Isto é, todo o estado de alma é não só representável por uma paisagem, mas verdadeiramente uma paisagem. Há em nós um espaço interior onde a matéria da nossa vida física se agita. Assim uma tristeza é um lago morto dentro de nós, uma alegria um dia de sol no nosso espírito. E – mesmo que se não queira admitir que todo o estado de alma é uma paisagem – pode ao menos admitir-se que todo o estado de alma se pode representar por uma paisagem. Se eu disser “Há sol nos meus pensamentos”, ninguém compreenderá que os meus pensamentos são tristes.

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Tenho tanto sentimento

Tenho tanto sentimento
Que é frequente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.

Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.

Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.

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Entre O Sono E Sonho

Entre o sono e sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim.

Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.

Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.

E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre –
Esse rio sem fim.

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Grandes mistérios habitam

Grandes mistérios habitam
O limiar do meu ser,
O limiar onde hesitam
Grandes pássaros que fitam
Meu transpor tardo de os ver.

São aves cheias de abismo,
Como nos sonhos as há.
Hesito se sondo e cismo,
E à minha alma é cataclismo
O limiar onde está.

Então desperto do sonho
E sou alegre da luz,
Inda que em dia tristonho;
Porque o limiar é medonho
E todo passo é uma cruz.

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Viajar! Perder países!

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!

Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.

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Análise

Tão abstrata é a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perço-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.

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Para ler
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alvaro de camposPoesia Completa de Álvaro de Campos

ricardo reisPoesia Completa de Ricardo Reis

alberto caeiroPoesia Completa de Alberto Caeiro

obra poéticaObras Poéticas

desassossegoLivro do Desassossego

pessoaE tudo mais que você achar!!!

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As quintanices do poeta Mário

quintana-2Em maio próximo completam-se 15 anos que o poeta gaúcho Mário Quintana dava adeus a esse mundo e ia flanar pelos ares com seus “aeroanjos”. Um poetinha tão delicado, de versos aparentemente simples, mas que foi capaz de inventar um novo verbo. Cada vez que alguém pensa ou até arrisca versejar sobre o miudinho da vida cotidiana, “a obsessão do mar oceano”, os arroios, que “são rios guris”, os “degraus de sonho” que descemos ou subimos por esta vida, está quintaneando. Quintanear virou sinônimo de filosofar entre os seus leitores mais ávidos.

Conversa de Menina convida vocês a quintanear nos belos versinhos do poeta:

DA OBSERVAÇÃO
Não te irrites, por mais que te fizerem…
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio…

DOS MUNDOS
Deus criou este mundo. O homem, todavia,
Entrou a desconfiar, cogitabundo…
Decerto não gostou lá muito do que via…
E foi logo inventando o outro mundo.

DAS UTOPIAS
Se as coisas são inatingíveis… ora!
Não é motivo para não querê-las…
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!

DOS MILAGRES
O milagre não é dar vida ao corpo extinto,
Ou luz ao cego, ou eloqüência ao mudo…
Nem mudar água pura em vinho tinto…
Milagre é acreditarem nisso tudo!

DO AMOROSO ESQUECIMENTO
Eu, agora – que desfecho!
Já nem penso mais em ti…
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

DA DISCRIÇÃO
Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem.
E o amigo do teu amigo
Possui amigos também…

mario-quintana_blogO AUTO-RETRATO
No retrato que me faço
– traço a traço –
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore…
às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança…
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão…
e, desta lida, em que busco
– pouco a pouco –
minha eterna semelhança,
no final, que restará?
Um desenho de criança…
Corrigido por um louco!

>>Para saber quem foi Mário Quintana

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Quanto pode doer um adeus?

Dizer adeus dói. Mais talvez para aquele que se despede de alguém que ama. É uma dor que sangra, porque faz sair da boca palavras que o coração rejeita. Quanta dor… quanta dor pode caber em um adeus? É no que me faz pensar as palavras do poeta cubano Buesa, que compartilho abaixo com vocês.

Poema de la Despedida

Te digo adiós y acaso, te quiero todavía.
Quizá no he de olvidarte, pero te digo adiós.
No se si me quisiste…No se si te quería…
O tal vez nos quisimos demasiado los dos. 

Este cariño triste y apasionado y loco,
me lo sembré en el alma para quererte a ti.
No se si te amé mucho…No se si te amé poco.
Pero si se que nunca volveré a amar así. 

Me queda tu sonrisa dormida en mi recuerdo,
y el corazón me dice que no te olvidaré;
pero al quedarme solo; sabiendo que te pierdo,
tal vez empiezo a amarte como jamás te amé. 

Te digo adiós y acaso en esta despedida
mi más hermoso sueño muere dentro de mí…
Pero te digo adiós para toda la vida,
aunque toda la vida siga pensando en ti.

(José Angel Buesa)

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José BuesaPARA SABER MAIS

***Quem foi José Angel Buesa? (em espanhol)

***Ouça algumas poesias do cubano recitadas

***Leia mais escritos do autor

 

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Receita de Mulher – Vinicius de Moraes

Vou abrir um espaço para atender ao pedido de um casal de amigos. Os dois queriam ver no blog, um poema que marcou o início do relacionamento deles. Entre paquera, namoro, noivado e casamento, são 20 anos juntos. Se conheceram no final da adolescência, caminham lado a lado rumo aos 40. Brigam? Claro que brigam, todo casal briga. Mas sabem reconciliar interesses, afinar vontades, aparar arestas, respeitar individualidades. Por isso, a receita deles dá tão certo quanto essa Receita de Mulher de Vinicius. Em homenagem ao casamento feliz e possível dos meus amigos, um poema que descreve mulheres reais, mas ainda assim, com aquele toque de sonho que só o poetinha consegue dar.

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Leia também:
>> Vinicius de Moraes, o poeta
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Receita de mulher

vinicius-de-moraesAs muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental. É preciso
Que haja qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture
Em tudo isso (ou então
Que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República [Popular Chinesa).
Não há meio-termo possível. É preciso
Que tudo isso seja belo. É preciso que súbito
Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto
Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche
No olhar dos homens. É preciso, é absolutamente preciso
Que tudo seja belo e inesperado. É preciso que umas pálpebras cerradas
Lembrem um verso de Eluard e que se acaricie nuns braços
Alguma coisa além da carne: que se os toque
Como ao âmbar de uma tarde. Ah, deixai-e dizer-vos
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e
Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem
Com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos, então
Nem se fala, que olhem com certa maldade inocente. Uma boca
Fresca (nunca úmida!) e também de extrema pertinência.
É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos
Despontem, sobretudo a rótula no cruzar das pernas, e as pontas pélvicas
No enlaçar de uma cintura semovente.
Gravíssimo é, porém, o problema das saboneteiras: uma mulher sem [saboneteiras
É como um rio sem pontes. Indispensável
Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida
A mulher se alteie em cálice, e que seus seios
Sejam uma expressão greco-romana, mais que gótica ou barroca
E possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de 5 velas.
Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebral
Levemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal!
Os membros que terminem como hastes, mas bem haja um certo volume de [coxas
E que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima [penugem
No entanto, sensível à carícia em sentido contrário.
É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio
Apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!)
Preferíveis sem dúvida os pescoços longos
De forma que a cabeça dê por vezes a impressão
De nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre
Flores sem mistério. Pés e mãos devem conter elementos góticos
Discretos. A pele deve ser fresca nas mãos, nos braços, no dorso e na face
Mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca [inferior
A 37° centígrados podendo eventualmente provocar queimaduras
Do 1° grau. Os olhos, que sejam de preferência grandes
E de rotação pelo menos tão lenta quanto a da Terra; e
Que se coloquem sempre para lá de um invisível muro da paixão
Que é preciso ultrapassar. Que a mulher seja em princípio alta
Ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros.
Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que, se se fechar os olhos
Ao abri-los ela não mais estará presente
Com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não vá
E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer [beber
O fel da dúvida. Oh, sobretudo
Que ele não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.

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