Quem fala, fala o que quer. E quem ouve, ouve o que quer também. Nem sempre conseguimos nos fazer entender, ainda que o esforço seja grande. Podemos passar horas analisando o que falar, a forma de falar. Mas nem esse cuidado quer dizer que seremos compreendidos. O problema ficou ainda maior com a comunicação virtual. Agora conversamos por msn, orkut, salas de bate-bato… uma infinidade de mecanismos tecnológicos que nos aproxima das pessoas e, ao mesmo tempo, nos mantem distantes. Ler é diferente de ouvir e de ver. E, em minha opinião, é muito mais fácil interpretar uma frase quando estamos diante de quem a pronuncia.
Há todo um movimento corporal que facilita a nossa compreensão sobre o que o outro está dizendo. Quando a gente vê as expressões, fica mais simples interpretar o tom das palavras. Uma mesma frase pode assumir uma série de sentidos, quando apenas lemos. Várias vezes fico imaginando se a pessoa está zangada, se está brincando, se está do outro lado rindo.. nossa! Essa coisa de tecnologia facilita muito nossa vida, e dificulta também. Não que eu esteja fazendo campanha contra a evolução tecnológica, nada disso. Só acredito que devemos ter um olhar crítico também sobre isso, e a partir desse olhar crítico nos esforçar um pouquinho mais para reduzirmos os conflitos.
Se estivermos mais conscientes destas interferências, talvez possamos minimizar o número de mal entendidos que surgem em uma conversa virtual. Muitas vezes nos basta tirar as dúvidas, perguntar se aquilo é sério, se é uma brincadeira… é possível que uma queixa de alguém vire uma piada porque simplesmente não conseguimos apreender a mensagem. Chegamos em um estágio em que é imprescindível um pouquinho mais de cuidado com as palavras que vamos utilizar. Acho bacana o esforço de tentar deixar as questões o mais claras possível. É um esforço que pode trazer resultados muito positivos.
Ainda mais nessa correria em que sempre andamos. A falta de tempo encurta as conversas. Percebo hoje que falamos menos e mais rapidamente. E, sem dúvida alguma, cada dia as conversas ficam mais distantes. Antes, para um bate-papo você precisava visitar o amigo em casa (já que telefone por muito tempo gerava uma despesa alta). Hoje, basta ligar o computador, acessar o msn, o orkut… Todos os nossos amigos estão ali, tão perto e tão longe. E, para completar, falamos com todos ao mesmo tempo, uma confusão de conversas e ideias. Precisamos pensar com agilidade, escrever com agilidade, até porque sempre estamos diante do computador fazendo alguma coisa mais.
Por isso que cuidado nunca é demais na hora de trocar alguma ideia. Ao saber que o interlocutor não vai te ouvir, tampouco ver suas expressões ao falar (a não ser que vocês estejam conectados por uma web cam), cresce nossa responsabilidade com a forma de se comunicar. E que isso seja levado em consideração não apenas nas relações pessoais, mas também nas profissionais. Trocar mensagem no msn com o chefe não é mesmo que bater-papo com um amigo. Apesar da informalidade do meio, a formalidade das relações devem ser mantidas nestes casos. Quanto mais claro nós formos, mas chances teremos de evitar brigas desnecessárias. E todos saímos ganhando!