Eu entendo perfeitamente o funcionamento do capitalismo, a busca incessante pelo lucro, a propriedade privada individual dos meios de produção. Cultivo uma revolta pela forma como o sistema econômico atropela qualquer tipo de anseio social e sou solidária às iniciativas que visam ao melhoramento do bem estar da coletividade. Já li muito sobre o assunto, textos explicativos, bem elaborados, outros mais complexos, alguns defendendo o sistema, outros levantando seus pontos negativos. Em todos, é fato que está lá presente a questão da exploração desumana e cruel da mão de obra.
Eu não sou contra o lucro, mas repudio a corrida desenfreada por ele, quando há desrespeito contínuo e impiedoso pelo trabalhador, que é, sem sombra de dúvidas, o fator principal do sistema. O que mais me frustra com relação a isso é que, muitas vezes, pequenas atitudes de cuidado que fariam uma diferença estúpida na qualidade do ambiente de trabalho, por exemplo, são solenemente ignoradas pelos patrões. Um salário digno é o mínimo de garantia, o básico, mas não é suficiente. Outras preocupações são igualmente indispensáveis, principalmente no que se refere à saúde, à segurança, a certos benefícios.
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Fico incrédula com a indiferença da maioria dos empresários para com os pequenos problemas que são detectados. Mais incrédula ainda pelo fato de eles não perceberem que, quanto melhor estiver o ambiente de trabalho, mais dedicação e empenho os funcionários terão em suas atividades. Será que ninguém enxerga que ter funcionários trabalhando felizes e realizados é diretamente proporcional ao resultado final deste trabalho? É tão obscura assim essa simples equação? Deve ser coisa do dinheiro, que cega as pessoas, que hipnotiza. E nem pensam que operários satisfeitos seriam capazes de trazer-lhes mais dinheiro ainda.
Imagino até quando os trabalhadores aceitarão passivamente as condições a que são submetidos diariamente. Questiono-me até quando haverá paciência para lidar com tanto descaso. Até quando nós, da classe empregada, permaneceremos inertes diante de tanta atrocidade e desrespeito. E torço para que, um belo dia, acordemos deste pesadelo, com a consciência de que o sistema somos nós e só nós temos o poder de manipulá-lo a nosso favor. Não somos apenas braços, somos cérebro, capazes de transformar a realidade imposta. Somos povo, e o povo unido, ninguém é capaz de vencer.
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