Capitalismo x ambiente de trabalho

Eu entendo perfeitamente o funcionamento do capitalismo, a busca incessante pelo lucro, a propriedade privada individual dos meios de produção. Cultivo uma revolta pela forma como o sistema econômico atropela qualquer tipo de anseio social e sou solidária às iniciativas que visam ao melhoramento do bem estar da coletividade. Já li muito sobre o assunto, textos explicativos, bem elaborados, outros mais complexos, alguns defendendo o sistema, outros levantando seus pontos negativos. Em todos, é fato que está lá presente a questão da exploração desumana e cruel da mão de obra.

Eu não sou contra o lucro, mas repudio a corrida desenfreada por ele, quando há desrespeito contínuo e impiedoso pelo trabalhador, que é, sem sombra de dúvidas, o fator principal do sistema. O que mais me frustra com relação a isso é que, muitas vezes, pequenas atitudes de cuidado que fariam uma diferença estúpida na qualidade do ambiente de trabalho, por exemplo, são solenemente ignoradas pelos patrões. Um salário digno é o mínimo de garantia, o básico, mas não é suficiente. Outras preocupações são igualmente indispensáveis, principalmente no que se refere à saúde, à segurança, a certos benefícios.

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Fico incrédula com a indiferença da maioria dos empresários para com os pequenos problemas que são detectados. Mais incrédula ainda pelo fato de eles não perceberem que, quanto melhor estiver o ambiente de trabalho, mais dedicação e empenho os funcionários terão em suas atividades. Será que ninguém enxerga que ter funcionários trabalhando felizes e realizados é diretamente proporcional ao resultado final deste trabalho? É tão obscura assim essa simples equação? Deve ser coisa do dinheiro, que cega as pessoas, que hipnotiza. E nem pensam que operários satisfeitos seriam capazes de trazer-lhes mais dinheiro ainda.

Imagino até quando os trabalhadores aceitarão passivamente as condições a que são submetidos diariamente. Questiono-me até quando haverá paciência para lidar com tanto descaso. Até quando nós, da classe empregada, permaneceremos inertes diante de tanta atrocidade e desrespeito. E torço para que, um belo dia, acordemos deste pesadelo, com a consciência de que o sistema somos nós e só nós temos o poder de manipulá-lo a nosso favor. Não somos apenas braços, somos cérebro, capazes de transformar a realidade imposta. Somos povo, e o povo unido, ninguém é capaz de vencer.

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Sobre motivação no ambiente de trabalho

Esta semana li um texto que um colega de trabalho me mandou sobre motivação no ambiente de trabalho. Na verdade, é uma resposta do consultor Max Gehringer à pergunta de uma leitora em um jornal. Ela dizia que não suportava mais a pressão sofrida todo dia pela chefia e que estavam ela e os colegas, todos desmotivados. No final, questionava se existia uma fórmula mágica para evitar isso. Olhem a resposta dele:

“Sim, existe. A fórmula é M=R2-P.
Ou, traduzindo, motivação (M) é igual
à recompensa ao quadrado (R2) menos pressão (P).
Quando existe muita pressão no ambiente de trabalho sem nenhuma recompensa para a equipe,
a motivação é um número negativo.
É por isso que a motivação de vocês está abaixo de zero.
Existem muitas empresas no Brasil que exercem uma pressão enorme sobre seus funcionários.
O pessoal trabalha 12 horas por dia ou até mais, incluindo fins de semana,
e toma café falando ao telefone e digitando no computador,
tudo ao mesmo tempo. Mas também existe uma recompensa palpável por todo esse esforço,
na forma de um complemento salarial proporcional aos resultados obtidos.
E isso faz com que os funcionários enxerguem a pressão como um meio, e não como um fim.
Portanto, a fórmula da organização de nossa leitora ficou desbalanceada.
Está sobrando pressão e faltando recompensa nessa fórmula.
Se a corporação simplesmente criar um programa de premiação por resultados,
a mesma pressão que hoje parece intolerável passará a ser admissível.
A matemática é simples.
Quando uma empresa tenta montar uma equação de motivação
usando apenas uma variável, no caso a pressão,
o resultado será a depressão”.

O problema é que hoje a exigência por resultados normalmente não é acompanhada da tal recompensa que Gehringer menciona. O que o modelo capitalista defende é uma fórmula que exige uma conexão entre a contenção de custos e o aumento da produtividade. Por causa do medo do desemprego, nos submetemos a exigências desumanas. E o que ao meu ver é pior: o estresse no ambiente de trabalho passa a ser tamanho que começa a interferir inclusive na vida pessoal do funcionário.

É difícil dividir a vida em blocos e deixar no ambiente de trabalho os problemas surgidos por lá. Carregamos conosco todo o estresse e pressão sofridos. E isso não é saudável. Embora Gehringer tenha descoberto a fórmula mágica da felicidade no ambiente de trabalho, eu desconheço aquela que vai nos fazer aprender a conviver com esta sujeição cruel de maneira sadia. Cada um acaba aprendendo seu jeito de lidar com isso. O importante é compreender que o trabalho não é o fim, mas apenas o meio. Que tal pensarmos nisso?

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