Má gestão compromete atendimento do Beleza Natural

*Texto da jornalista Giovanna Castro

A palavra é pequena – gestão – mas pode gerar enormes consequências em um ambiente, tanto positivas, quando ela existe, ou negativas, quando não dá as caras. E falta de gestão ou deficiências graves de gestão vêm acontecendo, na minha opinião, no atendimento do Instituto Beleza Natural.

Como vocês sabem, eu sou uma cliente do Instituto há oito meses e a cada trinta dias vou lá para retocar minha raiz, afinal de contas, gosto muito do serviço e, apesar dos problemas que listarei a seguir, não pretendo abandoná-lo. Nem que seja por absoluta falta de opção.

Quando comecei a ir ao Beleza, me senti em um oásis, eu que vinha de um salão de bairro muito bom, mas bastante desorganizado em termos de atendimento, já que precisava chegar lá por volta de 7h e, não raro, saía lá pelas 21h. O atendimento do Beleza é feito por meio de uma senha que a cliente pega na entrada e, após o pagamento, se dirige para uma sala onde os números são chamados via painel eletrônico. Uma beleza, pensei!

A primeira etapa, que é pagar, costumava ser rápida. Eu chegava, me dirigia ao caixa, pegava minha senha, pagava e ia para a sala esperar ser chamada para fazer a divisão do cabelo. Esperava coisa pouca, até porque várias meninas ficavam a postos para dividir o cabelo de pelo menos seis mulheres a cada vez. Ritmo de atendimento em série, para desembaraçar e dividir a juba em tufos. Dali da divisão, era esperar mais um pouco, até ser chamada para aplicar o super relaxante. Jogo rápido!

Giovanna Castro

Eu saía do trabalho às 14h, chegava lá por volta das 14h30 e saía no máximo às 18h. Meu recorde foi o dia que saí cerca de 17h, uma maravilha! Porque, adoro salão, como toda mulher adora, a gente se sente o máximo quando é bem cuidada, mas odeio, em letras garrafais, esperar. Odeio mais ainda, e acredito que nenhuma mulher gosta, esperar muitíssimo mais do que parece razoável aguardar por um atendimento.

Pois é, alguma coisa mudou no Beleza, nestes meses de frequência fielmente mensal. Ultimamente, tenho pego a senha e esperado um tempo até mesmo para fazer o pagamento. Entro lá, pego meu número, sou chamada, pago e depois volto para o salão para esperar a divisão. Diversos argumentos podem ser usados, a época de final de ano, que o salão estaria bombando, que a mulherada toda de Salvador resolveu ir cuidar dos cabelos lá, mas nenhum deles justifica.

Se o movimento está sendo maior do que o previsto inicialmente, aparece aqui pela primeira vez a palavrinha mágica, gestão. Há que se rever a quantidade de funcionárias, o sistema de atendimento ou, em último caso, alguma alma boa ficar de olho e remanejar a distribuição de colaboradoras a depender do serviço que estiver deficiente no momento. E isso eu não vejo acontecer no Beleza, nos dias em que vou lá.

Falo isso de cadeira porque aconteceu comigo. Há três meses, mais ou menos, não lembro exatamente, estava havia 50 minutos esperando no salão para ir para a divisão do cabelo. Via várias meninas uniformizadas circulando pela área, enquanto somente duas meninas atendiam na divisão com um monte de mulher esperando a vez. Reclamei.

A justificativa que recebi foi que havia várias meninas em horário de almoço, outras estavam fazendo um treinamento (como assim, treinamento em pleno horário de funcionamento, por volta das 15h??? Não há outro horário que não atrapalhe o atendimento???) e me pediram paciência.

Aliás, todo mundo é educado lá, desde os meninos que ficam no estacionamento organizando o fluxo de veículos, até todas as atendentes. Mas educação não supera falhas de gestão. O mais adequado seria alguém puxar as meninas que circulavam pelo salão, aparentemente, sem fazer nada, e colocá-las na divisão. Porque, mesmo que vá demorar no super relaxante, o atendimento prévio na divisão já “distrai” a gente e ameniza o sofrimento da espera. Mas não foi feito isso.

Giovanna Castro

Da última vez, e foi o que motivou esse meu post, porque eu jamais pensei em escrever algo negativo sobre o Beleza, o sofrimento foi além do normal. Como sempre faço, corri do trabalho direto pro salão. Cheguei lá no horário de sempre e registrei minha senha 035 e pagamento às 14h39, como você pode ver na foto. Começava ali o meu calvário e o de várias mulheres que sofreram a mesma inglória espera naquele dia.

Na hora em que eu cheguei, tinha apenas uma menina dividindo os cabelos das clientes. Uma hora depois, chegaram mais duas, e permanecemos assim por longo tempo. Não sei se houve demissão ou atendentes resolveram deixar o trabalho, mas fato é que vejo menos meninas circulando por lá do que via no começo da minha relação com o Beleza. Às 17h, meu número foi chamado para a divisão.

E você que é mulher, sabe que mulher espera, principalmente em salão, porque sabe que demora mesmo. Ainda não conheci um homem que entenda isso – todos eles falam, “que absurdo!”, “nunca aguentaria isso!”, “iria embora na primeira hora!”. Mas mulher aguenta, ainda mais quando acredita no resultado, que é o meu caso.

Mas também todas se irritam quando o tormento é excessivo e, obviamente, aqui e ali, fui começando a ouvir reclamações da mulherada. Era uma que levantava para reclamar na divisão, outra que abordava uma atendente para perguntar a razão da demora. Nenhuma resposta parecia satisfatória.

Eu, que estava com o número 035, vi o painel eletrônico ir de um em um a partir do 978, até o 999 e vi começar toda a contagem de novo do 000. A inquietação tomava conta de todas nós, até que por volta das 18h10, sim, por volta de 18h10 – uma hora e dez de espera com o cabelo amarrado em tufos e, pior, sem poder desistir porque o serviço já havia sido pago -, uma atendente veio ao salão dizer que a espera seria mesmo de 5 a 6 horas para cada mulher porque meninas tinham faltado, algumas estavam de férias e outras de atestado. “Temos sete colaboradoras e uma vip atendendo e duas meninas da noite estão de férias”, ela disse, se desculpando. Legal! Um salão daquele tamanho com oito pessoas atendendo? Helloooo?

Primeiro erro: alguém não ter dito isso antes. Porque não avisar de hora em hora, por exemplo? Eu falo por mim, até não me importo em esperar, quando percebo que tem alguém preocupado em fazer tudo para que a gente espere menos, não é mesmo?

Segundo erro, dizer que havia recomendado às meninas do caixa que avisassem para as clientes que a espera seria longa, o que naquele dia não aconteceu comigo. Ninguém me avisou nada. As outras mulheres também confirmaram não terem sido advertidas. Fui lá na época do Natal e a menina me disse logo na entrada que havia 42 pessoas esperando só para pagar. O que foi que eu fiz? Decidi que não ia esperar, pronto, tranquilo, sem traumas. Quem ficou lá, não teria porque reclamar, já que foi informado sobre a real situação.

Giovanna Castro

Outro equívoco, dizer que meninas tinham faltado, algumas estavam de férias e outras de atestado, essa última informação quem me passou foi a moça que aplicou o produto no meu cabelo. Eu, como cliente, não tenho absolutamente nada a ver com isso. Esta é uma questão de gestão, ou falta de, gestão administrativa interna. Se acontece um problema desse, a primeira coisa que o gerente deve fazer é remanejar as peças remanescentes para que o cliente final não seja penalizado.

Bom, nada disso tem acontecido no Beleza, pelo menos em duas das datas em que estive lá. Além do mais, encontrar uma moça de roupinha diferente, o que indica que esteja em outra função que pode resolver ou pelo menos acionar quem possa resolver, é a coisa mais difícil. Parece que elas percebem a situação e somem para não serem interpeladas pela fúria das clientes impacientes.

Sentei na cadeira para aplicar o super relaxante em torno de 19h15. Mais de seis horas depois de ter chegado, ainda estava na cadeira, quando uma atendente veio me perguntar se eu iria comprar algum produto. O salão já estava fechado e as últimas clientes aguardavam atendimento. Às 20h44, como aparece na foto do boleto do cartão de débito, comprei um creme para pentear. Saí de lá, exausta, perto de 21h45 com meus cachinhos renovados e já imaginando o que me espera no próximo mês.

Não conheço a estrutura administrativa do Instituto Beleza Natural, sou apenas uma consumidora do produto que, reafirmo, vou continuar utilizando porque me atende muito bem e deu ao meu cabelo o visual que eu precisava. Mas algo tem que ser feito urgentemente em relação ao atendimento, sob pena de clientes abandonarem o serviço, mesmo gostando dele.

Certa vez, conversando com uma das atendentes, ela me falava exultante, enquanto fazia o meu cabelo, que Zica (idealizadora e dona da rede de salões) vinha periodicamente a Salvador para aplicar, ela mesma, treinamentos e que não tinha besteira nenhuma com as funcionárias.

“Ela senta na mesa com a gente e vai almoçar no mesmo restaurante. Não tem frescura. Ela também diz que todos nós somos iguais e que somos importantes para o sucesso dela”. Achei isso muito simbólico da filosofia que a dona pretende imprimir ao seu negócio, mas já tá na hora de Zica dar outro pulinho aqui em Salvador. Parece que a mensagem anda se perdendo da memória das meninas…

Confira entrevista com Heloísa Assis, mais conhecida como Zica, dona e idealizadora da rede Beleza Natural

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Sobre o que o cabelo adequado pode fazer por nossa identidade

*Texto da jornalista Giovanna Castro

Identidade é coisa muito séria. Não é a tôa que vemos tantas mulheres angustiadas e tristes por desejarem se adequar a um padrão de beleza que pouco ou nada tem a ver com elas, com a sua história de vida e com seus princípios. Querer ser magra é até justificável se o objetivo for ter menos problemas de saúde e manter o corpo saudável por mais tempo (e que isso não seja apenas um discurso de dentro pra fora porque há as que emagrecem a base de remédios barra pesada, ficam “lindas” por fora e no discurso, mas doentes por dentro).

Estar um pouco acima do peso não é nenhum problema, nenhum nutricionista vai recriminar quem quer que seja em termos de saúde se possuir alguns quilinhos de sobrepeso. A questão é querer se manter magra para ficar parecida com a atriz/modelo da novela ou com a modelo/atriz das passarelas. Até porque, já não é novidade para ninguém, várias das que aparecem nas capas de revista não são magérrimas do jeito que aparentam. Suas gordurinhas, pneuzinhos, tatuagens e até umbigos são consertados e colocados no “padrão” desejado por meio de programas de editoração de imagens como o Photoshop. E a menina que for sonhar em ser como elas vai quebrar a cara com certeza.

Modelo Filippa Hamilton foi desfigurada por meio do Photoshop. Ela acusou a Ralph Lauren de tê-la demitido por ter engordado demais e não caber mais nas roupas. A solução encontrada foi forjar a magreza da moça

Recentemente, virou até moda dizer que as fotos que aparecem na revista não foram retocadas, como aconteceu com a atriz Cléo Pires que alardeou que não tinha sido “photoshopada” na Playboy mas admitiu, logo depois, que havia sido, sim, retocada.

E quando falo de identidade, não me refiro somente ao corpo. Cabelo também tem a ver com identidade. O seu tipo de cabelo evidencia sua origem étnica e fala muito sobre o que você pensa sobre si mesma através das intervenções e modificações que faz nas madeixas. Por bastante tempo sofri com essa questão identitária pois, à exceção de alguns anos em que usei o cabelo enrolado, nos últimos seis anos, pelo menos, mantive o cabelo à base de químicas que o deixavam com aparência lisa.

Atriz Carol Castro teria pedido para retirar a tatuagem e "otras cositas mas" também foram retiradas. É só dar uma olhada com mais atenção, que você vai descobrir o quê...

Desejava voltar ao enrolado, mas não encontrava uma solução que me deixasse satisfeita pois o tratamento com bigudinhos de antigamente exigia doses e mais doses de creme que deixavam o cabelo com aspecto melecado e até mesmo repulsivo. Naquele tempo, não gostava que ninguém tocasse no meu cabelo até mesmo por vergonha da aparência dele. Meus problemas começaram a acabar quando soube que havia uma rede de cabeleireiros que tratava o cabelo afro-descendente, como é o meu caso (aquele cabelo que nunca aparece nas revistas femininas), estimulando o fio a enrolar de forma natural, sem a violência da modelação por meio de bigudinhos.

Quando a rede Beleza Natural chegou a Salvador, me informei por telefone e soube que precisaria ficar afastada da química anterior por pelo menos três meses. Esperei cinco meses de cabelo amarrado diariamente e já me programava para ir ao salão quando fui convidada por meio de “voucher” encaminhado pela assessoria de imprensa da rede em Salvador, a experimentar gratuitamente o Super-Relaxante com direito a um novo corte. Aceitei, marquei hora e me submeti à prática.

Até Claudia Leitte entrou na "faca" do Photoshop. Ou melhor, o umbigo dela foi extirpado da foto. Onde foi parar o umbigo da carioca-baiana cantora de axé, minha gente?

O resultado obtido foi o melhor possível. Meu cabelo ficou muito melhor do que eu esperava e ouvi elogios unânimes das pessoas ao meu redor. Meu cabelo agora é enrolado e vai continuar sendo porque eu me sinto mais livre desta forma. Olho no espelho e vejo uma mulher muito mais parecida com o que sou de verdade e sem o estresse das químicas agressivas e da eventual chapinha. Agora, depois que o frio passar e a temperatura aumentar, poderei voltar a praticar minha adorada natação, sem me preocupar com a aparência do cabelo após sair da piscina. Estou muito feliz mesmo e satisfeita com meu novo visual. Não canso de me olhar no espelho. Melhor do que isso, só a entrevista que segue abaixo com a dona e idealizadora da rede de salões Beleza Natural, Heloísa Assis, mais conhecida como Zica, uma mulher que correu atrás do seu sonho e o realizou, contemplando, por extensão, o sonho de tantas outras. Inspiração para todas nós. Ah, a foto do meu novo look vou ficar devendo, mas assim que a tiver postarei aqui no blog. Beijos e boa leitura.

GC – Seu salão tem uma estratégia muito inteligente que é contratar funcionárias que causam uma forte identificação entre as clientes que possuem tipo de cabelo semelhante. Pelo que conversei no salão, inclusive, muitas usam o Super Relaxante e atribuo a isso o fato de elas explicarem tão bem o funcionamento do processo. Como você chegou a esta configuração, você fez estudos de marketing ou foi mesmo uma intuição muito certeira que deu resultado na prática?

ZICA – Sempre tivemos o foco em dar a oportunidade do primeiro emprego às pessoas. Aliado a isso, muitas clientes que vinham ao instituto se interessaram pelos cargos que oferecíamos. Ano após ano, esse movimento aumentou e hoje contamos com 90% de nosso quadro de colaboradores formado por ex-clientes, tanto na operação, quanto nas áreas administrativas e na fábrica. Como utilizamos fortemente o marketing de relacionamento, esta oportunidade acabou virando uma importante ferramenta para instrução de nossos serviços e produtos e também para ouvirmos de perto e entendermos melhor os anseios das nossas clientes.

GC – Eu me identifiquei fortemente com o seu salão desde que vi a matéria no Mundo S/A (programa semanal sobre economia do canal GNT) e fiquei muito feliz quando vi que tinham chegado em Salvador, até porque usava métodos que não me satisfaziam plenamente. Ao usar o Super Relaxante, obtive exatamente o resultado que buscava. Como você chegou a esse produto? Sei que foi um esforço pessoal seu, com base na sua insatisfação com o próprio cabelo.

ZICA – Meus cabelos (muito crespos e sem maleabilidade) me incomodavam muito. Resolvi, então, estudar para ser cabeleireira porque acreditava que, conhecendo meu fio, poderia fazer alguma coisa para melhorar minha situação – não me conformava em ter de alisar os cabelos para ficar com um aspecto razoável. Eu percebia que, quando saía do banho, meus cabelos ficavam pesados e mais macios, com os cachos definidos. Era assim que eu gostaria que eles ficassem. Passei dez anos estudando o fio crespo e misturando e testando cremes e produtos com o intuito de me dar aquele visual sonhado: cabelos naturais, cheios de cachos, com brilho, maciez e beleza. Quando cheguei à fórmula que deu aos meus cabelos mais maleabilidade, o Super-Relaxante, além de ficar extremamente feliz com o resultado, percebi que poderia levar essa solução para várias pessoas da minha comunidade, todas com um problema similar ao meu. Assim surgiu o primeiro salão Beleza Natural, na Tijuca, no Rio de Janeiro. Hoje, temos onze institutos, sendo nove no Estado do Rio de Janeiro, um em Vitória (ES) e outro em Salvador (BA). Nossas unidades têm, em média, 1.000m² e atendem, mensalmente, cerca de 70 mil clientes.

Ao realizar o próprio sonho, Zica atendeu o desejo de um montão de outras mulheres, inclusive euzinha!

GC – Você transmite uma imagem muito forte de determinação e busca do próprio sonho que acabou se tornando realidade. Será esse o “segredo” do sucesso do Beleza Natural, ter nascido de uma necessidade pessoal que atende à comunidade que não era contemplada pelos salões atualmente obcecados pelo alisamento e pela chapinha?

ZICA – Acho que o sucesso veio porque as clientes encontraram um local onde finalmente alguém entendia o problema do cabelo crespo e respeitava todas as suas particularidades. O crespo é um cabelo em que a oleosidade natural tem mais dificuldade para chegar da raiz até as pontas.  É o tipo mais seco de todas as estruturas capilares existentes – e também o mais frágil. É preciso ter cuidados especiais para tratá-lo, com suas particularidades. E aqui fazemos exatamente isso. Os fios crespos, cacheados e ondulados precisam de reforços com hidratações de aplicações específicas para que se tornem mais maleáveis, percam o volume e fiquem fáceis para o manuseio no dia-a-dia.

GC – Para mim, que nunca me identifiquei com os cabelos lisos das revistas de moda, ainda que tenha me rendido à chapinha por falta de opção melhor (afinal de contas, as químicas que usam bigudinhos pra moldar o cabelo exigem tratamentos de manutenção que deixam o cabelo com aspecto de molhado e mal cuidado, o que me afastou do processo), o Beleza Natural foi um verdadeiro achado. Você acredita que as mulheres começam a ficar prontas para abandonar a ditadura do cabelo liso, parar de sacrificar sua essência para atender aos padrões de beleza atuais, e se renderem à sua essência afro-brasileira?

ZICA – Com certeza. Este ano estamos completando 17 anos no mercado e nossa campanha institucional retrata toda uma geração de mulheres que nunca precisou alisar os fios, usar cabelo implantado ou amarrado, pois o Beleza Natural já existia em suas vidas quando elas resolveram tratar de seus cachos. A cultura dos cachos está cada vez mais forte. São novelas com protagonistas cacheadas, atrizes e cantoras valorizando seus cachos e a indústria da beleza lançando cada vez mais produtos para este mercado.

GC – Sob toda a estratégia de comunicação do Beleza Natural, percebo que existe uma disposição de reforçar a identidade e aumentar a autoestima da mulher que tem cabelo ondulado e encaracolado, notadamente devido à nossa herança afro. Acredito que vocês queiram atingir todas as mulheres com ascendência afro ou não, mas as mulheres negras são um foco especial?

ZICA – Quando começamos a cuidar dos cabelos crespos e ondulados nossa maior demanda era de mulheres negras, que são a maioria das insatisfeitas com seus cabelos. Mas, ao longo destes anos, percebemos que vivemos num país miscigenado, onde os casamentos entre as raças acontecem numa ordem crescente, gerando filhos com características únicas. Temos o desejo de dar autoestima a muitas mulheres, independente da origem. Nos especializamos em soluções para os cabelos crespos e ondulados e queremos melhorar a autoestima da mulher afrodescendente, em especial, e também de todas as outras que desejam cultivar seus cachos da melhor maneira possível.

Primeira filial do salão Beleza Natural, em Salvador, fica no Largo do Tanque, Liberdade

GC – O Super Relaxante e os produtos de tratamento são de fabricação própria. Como é a estrutura da fábrica que dá suporte ao Beleza Natural, quantos funcionários vocês têm, qual o faturamento anual do negócio e como tem sido a evolução? Existem planos de expandir a rede para além de RJ, ES, BA?

ZICA – Desde 2004 criamos a fábrica Cor Brasil, que produz cerca de 250 toneladas de produtos por mês. A fábrica alimenta os 11 institutos com produtos de uso profissional e também mais de 40 produtos em linhas de manutenção para o público final. Atualmente, a rede conta com 1.300 colaboradores. Atendemos cerca de 70 mil clientes por mês nas onze filiais da empresa. Nosso percentual de crescimento é, em média, 30% ao ano. Nosso maior sonho, hoje, é levar autoestima a outros estados do Brasil (além do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia, onde estão instaladas nossas filiais) com solidez. É levar o Beleza Natural a outras cidades, repetindo os acertos que tivemos ao longo desses 17 anos. Depois disso, nosso grande objetivo é chegar ao exterior. Só que pretendemos crescer sem perder nosso padrão de qualidade e manter a nossa cultura de valorização das pessoas. Para isso, é necessário profissionalizar cada vez mais a gestão da empresa. É alcançar algumas metas a que nos propomos, mas crescendo com qualidade, sem perder em atendimento, sem perder o carinho que temos por nossos clientes e colaboradores.

GC – Para mim é muito clara a estratégia de vir para a Bahia, estado com maior quantidade de mulheres afro-descendentes, com cabelos originalmente encaracolados, e a instalação da primeira sede na Liberdade, bairro mais negro da capital baiana. Quais os seus planos para Salvador? Há projetos de abrir novas filiais em outros bairros? Se há, em longo, médio ou curto prazo?

ZICA – Em longo prazo, queremos abrir mais lojas em Salvador. Já até fizemos um estudo de geomarketing que aponta outros bairros onde deveríamos estar. No futuro, o plano é ter ao menos mais três lojas na cidade.

GC – Qual foi o investimento total para instalar a primeira sede do Beleza Natural em Salvador?

ZICA – R$ 3 milhões.

GC – Você diria que, com base na sua própria experiência de vida, de uma mulher que correu atrás do próprio sonho e conseguiu contemplar o sonho de muitas outras, que a mulher tem força, ainda que nesse mundo fortemente machista no qual ainda vivemos, para realizar e empreender?

ZICA – Claro! Com força de vontade, garra e determinação sempre conseguimos vencer barreiras e obstáculos. Por isso, a discriminação é algo que nunca deve incomodar a mulher. Tínhamos certeza de que nosso negócio daria certo e de que nosso empenho e dedicação seriam suficientes para passar por cima de qualquer preconceito. Para mim, a discriminação ou o preconceito estão dentro de cada um. A mulher que não se sente vítima deste tipo de reação, certamente não terá dificuldades em ser uma vencedora.

GC – Você daria alguma dica em termos de empreendedorismo para as mulheres que querem chegar longe, assim como você chegou?

ZICA – O mais importante é correr atrás de seus sonhos e não desistir diante da primeira dificuldade. Para começar qualquer emprego ou negócio é importante entender bem e amar verdadeiramente o ramo no qual vai atuar ou pretende investir. O trabalho só é bem feito quando se gosta do que se faz. É imprescindível estudar e buscar novos conhecimentos. Este é o meu conselho para qualquer pessoa: tenha muita determinação, força de vontade e procure aprender um ofício e se dedicar a este aprendizado.

Plano da rede de salões Beleza Natural é abrir mais três filiais em outros bairros de Salvador

GC – Como você vê a mulher contemporânea? Suas posturas, a forma de lidar com o mundo, com os homens e com o mercado de trabalho?

ZICA – Nós, mulheres, ficamos muitos anos fora do mercado de trabalho e acredito que, agora, tendemos a agarrar todas as oportunidades que nos são oferecidas. Também somos muito dinâmicas. Você já pensou quantas atividades fazemos todos os dias? Somos mães, esposas, trabalhamos fora, enfim… Temos todas estas tarefas diárias e conseguimos driblar tudo isso sem desistir, sem esmorecer. Também somos mais perfeccionistas e estamos sempre de olho em tudo. A mulher se supera constantemente e, por este motivo, temos alcançado vôos tão bacanas.

GC – Cada vez mais, as mulheres têm sido alvo de violência em todos os âmbitos, especialmente, o doméstico. Como você vê isso e que saídas apontaria para que as mulheres não sejam mais alvos tão fáceis da truculência de alguns homens que insistem em querer “domar” a força feminina?

ZICA – A coisa mais importante a dizer é que é preciso se amar para que as pessoas nos amem e nos respeitem. É assim que me sinto e espero que todas se sintam assim. Além disso, elas devem se cercar de meios formais para terem sua segurança garantida.

Serviço:
Instituto Beleza Natural
Telefone: (71) 3389-7744
Horário de funcionamento: segunda-feira a sábado, de 8h às 19h
Referência: ao lado da Igreja Universal, no Largo do Tanque, nº 108, loja 3. Liberdade.

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Revista Manequim investe em editorial “plus size”

Precisava dividir essa informação com vocês. Não é todo dia que uma revista como a Manequim (51 anos de moda no currículo), com um histórico de celebridades do mundo artístico e top models magérrimas ostentando modelitos de cair o queixo na capa, decide investir em um editorial “plus size”. Pois a edição deste mês, já nas bancas, traz a modelo Fluvia Lacerda (como gordinha que sou, estou me tornando uma verdadeira fã dessa modelo!) vestindo peças charmosas e ousadas, que valorizam as meninas G e GG, mostrando a beleza das suas formas exuberantes, mas tudo com muito bom gosto e alinhamento com as tendências da moda.

A produção da revista e a modelo criaram um ensaio com dicas para as leitoras aprenderem a valorizar o próprio corpo sem precisar sair por aí usando preto para disfarçar os quilinhos a mais. Gente, isso para mim tem nome: auto-estima!

A Fluvia Lacerda, que já rendeu outras notinhas aqui no blog, nasceu no Rio de Janeiro, mas vive em Nova Iorque (a meca da moda) há 13 anos. Ela tem uma história linda, digna de roteiro de comédia romântica hollywodiana: foi descoberta por uma editora de revista de moda em um ônibus, em Manhattan, quando trabalhava como babá. Daí foi convidada para fazer umas fotos e não parou mais.

Fluvia é a única brasileira a trabalhar como modelo plus size no exterior e faz parte do casting da Ford Models EUA (pensem em quantas magras tentam fazer parte do casting dessa agência!).

A modelo já fotografou nos EUA, Espanha, México, Canadá, Alemanha, Austrália, Jamaica, França, Holanda, Londres, África do Sul e para grandes marcas como Kmart, Biluzik, Tórrid e IGIGI. Entre os trabalhos mais importantes de Fluvia está a capa do calendário americano Curves (Curvas) que teve toda a renda voltada para instituições de pessoas com distúrbios alimentares. Além de bonita e bem resolvida, ainda é engajada!

Para saber mais sobre Fluvia, visite o site da modelo: www.fluvialacerda.com

E aqui, duas fotos do making off do editorial da revista Manequim:

Digam se ver uma menina GG bem vestida desse jeito não dá um estímulo a mais para uma gordinha como eu caprichar na produção? Adorei! Esse peep toe azul então, dá um charme a mais no visual.

E essa combinação, numa linha mais mocinha? Achei muito bacana. Notem que as peças escolhidas tem caimento perfeito e valorizam a exuberância a "La Botero" de Fluvia, mas sem marcar o corpo. Até a sobriedade na escolha das cores mostra que é possível ampliar o guarda-roupas de uma menina GG para além do pretinho básico!

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