O Destino de Uma Nação – Crítica do filme

O Destino de Uma NaçãoA chegada de Winston Churchill (Gary Oldman) ao cargo de Primeiro Ministro da Grã-Bretanha ocorre em um momento historicamente turbulento e de maneira fortuita. Seu nome surge como opção ao cargo por se tratar de uma pessoa com facilidade de acesso ao Parlamento e o Rei. O filme O Destino de Uma Nação (Joe Wright) retrata exatamente esse período, quando a Grã-Bretanha está prestes a ruir diante da Alemanha na 2ª Guerra Mundial, lá na década de 40.
Em meio às avassaladoras derrotas no front, surge a possibilidade de negociar um acordo de paz com Hitler, que seria capaz de colocar um ponto final no conflito. E cabe a Churchill tomar a decisão que vai interferir diretamente no futuro do país.
Antes de qualquer coisa, preciso destacar a atuação de Oldman no filme, é simplesmente espetacular. A caracterização e transformação do artista no personagem foi extraordinária, Oldman está irreconhecível, inclusive fisicamente. Some-se a isso sua brilhante interpretação, que já lhe garantiu o Globo de Ouro de melhor ator em filme dramático. E que deve também lhe garantir o Oscar, aqui vai minha aposta!
O Destino de Uma Nação
E ainda em relação ao personagem Winston Churchill, O Destino de Uma Nação traz às telonas um forte vértice humano do personagem. A fragilidade do Primeiro Ministro Inglês é explorada com delicadeza, mas de forma bem clara. O filme, no entanto, não se trata de uma biografia de Churchill, é um recorte de um momento histórico específico.
O Destino de Uma NaçãoO Destino de Uma Nação explora os recursos cinematográficos de uma maneira muito aprazível. Os planos, a iluminação, os movimentos de câmera, toda a estética e plasticidade são muito belas. No decorrer do filme, quando o exército britânico está sendo dizimado aos poucos, todos parecem render-se à ideia de que o melhor seria ceder à pressão e tentar um acordo com a Alemanha. Até o próprio Churchill, sempre contrário a essa alternativa, chega a pensar no acordo como única saída.
Até que, e aí vem o que considero um apelo emocional exagerado, o Primeiro Ministro decide ouvir o povo e volta atrás, mantendo a posição de que a Grã-Bretanha não irá se render. Esse pequeno trecho do filme traz um cunho muito patriota e pouco verossímel. Mas isso não tira o mérito da produção, que tem um ritmo e um conjunto que merecem ser vistos.

Ficha técnica O Destino de Uma Nação

Titulo origina: The Darkest Hour
Gênero: Drama
Duração: 125 min
Direção: Joe Wright
Roteiro: Anthony McCarten

Elenco: Gary Oldman, Stephen Dillane, Lily James

Distribuidora: Universal
Classificação: 12 Anos

Estreia no Brasil: 11 de janeiro de 2018

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120 Batimentos Por Minuto – Crítica do Filme

120 Batimentos Por MinutoUm filme intenso, tenso, emocionante e sensível. O diretor francês Robin Campill voltou à ativa quatro anos depois , com um enredo avassalador. 120 Batimentos Por Minuto saiu do Festival de Cannes com o Grande Prêmio do Júri e Prêmio da Crítica. O longa já acumula 19 premiações por todo o mundo. A história revive os anos 90. A Aids já era epidemia e ceifava a vida de centenas de pessoas.

O grupo ativista Act Up Paris, do qual o diretor do filme fez parte, intensifica suas ações. Ele tenta conscientizar e sensibilizar a sociedade, o Governo e a indústria farmacêutica sobre a doença. Mas 120 Batimentos Por Minuto não fala apenas de ativismo. O filme fala de amor, fala de luta, de uma dura e árdua luta pela vida, o filme fala de esperança.

Por trás da militância, a história de amor entre os personagens Nathan (Arnaud Valois), o novato do grupo, e o ativista Sean (Nahuel Perez Biscayart), vão costurando o enredo de uma maneira sólida, mas sensível, mostrando o universo homossexual soropositivo, com seus prazeres, suas dores e seus riscos. Destaque para a atuação intensa e comovente de Sean, um personagem que reúne alegria e tensão, força e fragilidade na dosagem certa. 120 Batimentos Por Minuto recria o cenário da Aids no início da década de 90 com bastante precisão, época em que a doença era deixada de lado pelas autoridades e ignorada pela população.

120 Batimentos Por MinutoSobre o diretor de 120 Batimentos Por Minuto

Este é apenas o terceiro filme de Campill. O primeiro, Eles Voltaram (2004), fala sobre o universo dos zumbis. O segundo, Meninos do Oriente (2014), traz como pano de fundo uma história de amor homossexual. A proposta em 120 Batimentos Por Minuto foi resgatar a importância da atuação da Act Up na mobilização social. É um filme que reescreve lembranças e memórias, que coloca a mulher em um papel importante na liderança militante da época, que mostra inclusive como a doença afetava as pessoas. É um filme que fala também sobre a morte, de uma maneira direta, objetiva, sem romantismo. As pessoas morriam da Aids, e isso está no filme. As pessoas queriam viver com a doença, e isso também está no filme.

Cenas intensas

As cenas de sexo chamam a atenção em 120 Batimentos Por Minuto, não pela sexualidade em si. Destacam-se pela relação construída ali, entre os personagens. É um filme que humaniza e personifica a Aids, que a coloca como uma real ameaça à vida, às relações, às pessoas. Essa parte humana da história é forte e comovente. O espectador não acompanha apenas as ações políticas do Act Up, acompanha o drama de seus membros, as dúvidas que os cercam, acompanha inclusive a fragilidade que toma conta deles, acompanha inclusive as discordâncias em suas reuniões.

120 Batimentos Por Minuto

O filme é forte, traz uma temática bastante importante e comove. O filme retrata a Aids da década de 90, mas a doença ainda está aí, ainda causa a morte de centenas de pessoas. É um filme que nos traz um alerta. A Aids tem tratamento, mas continua sem cura. E o filme toca no dilema do que é viver com Aids. Vale muito a pena ver.

Ficha técnica 120 Batimentos por Minuto

Título original: 120 battements par minute
Gênero: Drama
Duração: 140 minutos
Direção: Robin Campill
Roteiro: Robin Campillo, Philippe Mangeot
Elenco: Nahuel Perez Biscayart, Arnaud Valois, Adèle Haenel
Distribuidor: Imovision
Ano: 2017
Classificação: 16 anos
Estreia no Brasil: 4 de janeiro de 2018

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