Museu da Língua homenageia Cora Coralina

Vi a reportagem na TV de madrugada: O Museu da Língua Portuguesa abre nesta quarta uma mostra em homenagem à poeta Cora Coralina. Pensei com meu teclado (não estava usando roupa com botões), taí uma boa oportunidade de falar de Cora no blog. Vamos saber um pouco mais sobre ela? Reproduzo também alguns de seus belos e delicados poemas. Aproveitem!

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Quem é?

Cora CoralinaCora Coralina nasceu Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, em 20 de agosto de 1889, as margens do Rio Vermelho, na cidade de Goiás, em uma casa antiga, de construção datada do século XVIII; e morreu em 10 de abril de 1985, em Goiânia. Passou a vida entre o interior de Goiás e o interior de São Paulo, para onde se mudou após casar-se e onde morou por 45 anos.

Cora começou a escrever aos 14 anos, embora só tivesse cursado as quatro primeiras séries do ensino fundamental. Exercia oficialmente a profissão de doceira, mas também trabalhou vendendo livros e fabricando linguiça, após ficar viúva. A notoriedade porém, só viria aos 75 anos, quando Carlos Drummond de Andrade escreveu um artigo elogioso ao primeiro livro da poeta, Poemas dos Becos de Goiás.

Cora 2Além de escrever poemas, Cora Coralina também era contista e cordelista. Seu primeiro conto, escrito aos 14 anos, foi publicado em um jornal da sua cidade natal. A prosa e os versos da autora são ricos em simplicidade e em cenas do cotidiano do Brasil do interior. A vida doméstica e as cenas da infância e juventude de Cora servem de inspiração para compor pequenos libelos a vida. Muito difícil alguém que tenha nascido em cidade pequena, não se identificar com a autora.

Uma das filhas de Cora Coralina, Vicência Tahan, escreveu a biografia romanceada Cora coragem, Cora poesia, lançada pela Global editora, em 1989.

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Cora em versos:

Versos… não
Poesia… não
um modo diferente de contar velhas histórias

Cora Coralina (Poemas dos Becos de Goiás )

Todas as Vidas

Vive dentro de mim
uma cabocla velha
de mau-olhado,
acocorada ao pé
do borralho,
olhando para o fogo.
Benze quebranto.
Bota feitiço…
Ogum. Orixá.
Macumba, terreiro.
Ogã, pai-de-santo…
Vive dentro de mim
a lavadeira
do Rio Vermelho.
Seu cheiro gostoso
d’água e sabão.
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa,
pedra de anil.
Sua coroa verde
de São-caetano.
Vive dentro de mim
a mulher cozinheira.
Pimenta e cebola.
Quitute bem feito.
Panela de barro.
Taipa de lenha.
Cozinha antiga
toda pretinha.
Bem cacheada de picumã.
Pedra pontuda.
Cumbuco de coco.
Pisando alho-sal.
Vive dentro de mim
a mulher do povo.
Bem proletária.
Bem linguaruda,
desabusada,
sem preconceitos,
de casca-grossa,
de chinelinha,
e filharada.
Vive dentro de mim
a mulher roceira.
-Enxerto de terra,
Trabalhadeira.
Madrugadeira.
Analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem criadeira.
Seus doze filhos,
Seus vinte netos.
Vive dentro de mim
a mulher da vida.
Minha irmãzinha…
tão desprezada,
tão murmurada…
Fingindo ser alegre
seu triste fado.
Todas as vidas
dentro de mim:
Na minha vida –
a vida mera
das obscuras!

Cora Coralina

Aninha e suas pedras

Não te deixes destruir…
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.

Cora Coralina  (Outubro, 1981)

O Passado…

Homens sem pressa,
talvez cansados,
descem com leva
madeirões pesados,
lavrados por escravos
em rudes simetrias,
do tempo das acutas.
Inclemência.
Caem pedaços na calçada.
Passantes cautelosos
desviam-se com prudência.
Que importa a eles o sobrado?

Gente que passa indiferente,
olha de longe,
na dobra das esquinas,
as traves que despencam.
-Que vale para eles o sobrado?

Quem vê nas velhas sacadas
de ferro forjado
as sombras debruçadas?
Quem é que está ouvindo
o clamor, o adeus, o chamado?…
Que importa a marca dos retratos na parede?
Que importam as salas destelhadas,
e o pudor das alcovas devassadas…
Que importam?

E vão fugindo do sobrado,
aos poucos,
os quadros do Passado.

Cora Coralina

Considerações de Aninha

Melhor do que a criatura,
fez o criador a criação.
A criatura é limitada.
O tempo, o espaço,
normas e costumes.
Erros e acertos.
A criação é ilimitada.
Excede o tempo e o meio.
Projeta-se no Cosmos

Cora Coralina

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>>Para saber mais sobre a mostra em homenagem a Cora (Estadão)

>>Post no blog sobre o Museu da Língua (publicado em 21 de março)

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Exposição de perfumes abre a SIM

A Semana Iguatemi de Moda (SIM), que começa nesta segunda-feira, e vai até o dia 27, oferece dentro da sua programação uma exposição deliciosamente cheirosa. Além de ficar por dentro das tendências da moda Primavera-Verão 2010 com desfiles de diversas marcas, os frequentadores da SIM conhecerão um pouco mais da história do perfume através da exposição Perfume & Moda. Idealizada pelo jornalista e pesquisador Roberto Pires, a mostra, no 3º piso do Shopping Iguatemi, em Salvador, traça a íntima relação dos perfumes com o mundo da moda. O perfume – fragrância e embalagem – é a fiel tradução do estilo de uma marca.

Perfume & Moda  pretende revelar ao visitante – por meio de imagens, embalagens e vídeos – a história da longevidade dessa incrível relação. Iniciada no século XX, ela perdura até hoje e cresce ano após ano com o lançamento de novas fragrâncias. A exposição apresenta 10 estilistas que assinam perfumes consagrados como Coco Chanel e seu clássico ‘Nº 5’; Yves Saint Laurent e o polêmico ‘Opium’; Jean Paul Gaultier com os irreverentes ‘Classique’ [feminino] e ‘Le Male’ [masculino].

banner yslO casamento entre a moda e o perfume começou em 1910 com Paul Poiret [1879-1944], que se tornou célebre por libertar as mulheres do espartilho. Fã da modernidade, Poiret associou modelitos art nouveau às fragrâncias da Société des Parfums Rosine. Mas foi Gabrielle ‘Coco’ Chanel [1883-1971] quem fez o marketing definitivo em torno das fragrâncias, ao lançar o Chanel Nº 5.

SERVIÇO:
Semana Iguatemi de Moda – SIM
Exposição “Perfume & Moda (no rastro da história)”
Idealização: Roberto Pires
Data: 21 a 27 de setembro de 2009
Local: Shopping Iguatemi Salvador – 3º piso
Entrada Franca

>>Visite Perfume & moda, o blog de Roberto Pires.

>>Confira cobertura da SIM no blog Simplesmente Elegante, de Márcia Luz

>>Conheça a história do perfume em reportagem no Conversa de Menina

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Verger nos anos 30 em exposição

Abertura da mostra Verger anos 30 no Palacete das Artes. Crédito da Foto: Genilson Coutinho - Divulgação
Abertura da mostra Verger anos 30 no Palacete das Artes. Crédito da Foto: Genilson Coutinho - Divulgação

Uma boa dica para quem está em Salvador neste final de semana é conferir a exposição De um mundo ao outro – Pierre Verger nos Anos 30, no Palacete das Artes – Rodin Bahia. A exposição inédita trouxe para a capital baiana cerca de 180 fotos, 30 documentos originais, 11 reproduções e um audiovisual que mostram como era o ambiente cultural-artístico vivido por Verger naquela época, quando começou a fotografar.

Para que não sabe de quem se trata, Pierre Verger é um importante fotógrafo e etnólogo françês que fixou residência na Bahia em 1946, depois de 14 anos viajando pelo mundo e registrando costumes dos mais diversos povos. Com forte ligação à cultura africana e depois afro-baiana, Verger é autor de importantes obras como Fluxo e Refluxo e Notícias da Bahia – 1850, ambas referência nos estudos culturais sobre baianidade e afrodescendência. Leia a biografia completa de Verger aqui no site da Fundação que leva seu nome.

Crédito: Reprodução da foto do convite da mostra Verger 30 anosNos anos 30 Pierre Verger tem os primeiros contatos com a fotografia e descobre um outro modo de viver e ver o mundo, bem diferente da vida que levava junto à sua família, em Paris, onde nasceu em 1902. Esse contato se dá através de amigos engajados no meio cultural efervescente da época e de sua própria curiosidade.

Na exposição será possível ver as primeiras fotos das viagens à Polinésia, assim como a viagem ao redor do mundo, a primeira como fotógrafo profissional; além dos trabalhos realizados por ele em revistas e jornais e os materiais produzidos pelos seus amigos Pierre Boucher, René Zuber, Emeric Feher e Roger Parry. A exposição também apresenta um audiovisual com trechos da entrevista cedida por Verger ao programa Conexão Internacional, na década de 1980.

Reprodução do convite da mostra Verger 30 anosNa Aliança Francesa, onde também acontece uma outra etapa da mostra, são exibidas fotografias feitas em Paris por ocasião da Exposição Universal de 1937. Ainda na Aliança, No dia 24 de setembro, às 19:30h, os curadores da exposição conversarão com o público sobre Pierre Verger e os anos 30.

De um mundo ao outro – Pierre Verger nos anos 30 é uma realização da Aliança Francesa de Salvador, Fundação Pierre Verger e Palacete das Artes – Rodin Bahia, com apoio financeiro do Fundo de Cultura do Estado da Bahia e Cultures France. O evento faz parte da programação do Ano da França no Brasil.

Serviço:

De um Mundo ao Outro – Pierre Verger nos anos 30
DATA: 17/09 até 18/10
LOCAL: Palacete das Artes Rodin Bahia e na Aliança Francesa de Salvador
ENDEREÇO: Rua da Graça, n° 292 (Rodin Bahia) e Ladeira da Barra (Aliança Francesa)
HORÁRIO: terça a domingo das 10h às 18h (Palacete das Artes – Rodin Bahia) e segunda a sábado das 8h30 às 21h e domingos e feriados das 14h às 21h (Aliança Francesa de Salvador).
Entrada gratuita
MAIS INFORMAÇÕES: (71) 3117-6910
>>Visite o site da Fundação Pierre Verger

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Quem disse que “fuxico” não é fashion?

Calma moças, o título do post não tem relação nenhuma com fofoca. Para quem não é do Nordeste, explico-me: fuxico é uma técnica que consiste em fazer pequenos círculos estilizados em tecido, parecem um botão forrado ou uma flor do campo, para aplicar em roupas, acessórios ou até  montar peças inteiramente “fuxicadas”.

Pois bem, agora que expliquei o título do post, vamos ao que interessa: moda e cultura. “Do Fuxico ao Fashion” é o nome da mostra que acontece no Palacete das Artes, em Salvador, a partir do próximo dia 27,  das peças produzidas por grupos da Penísula de Itapagipe, região bucólica da capital baiana.

De uma rotina antes baseada na produção informal de artesanato para subsistência, surge uma moda que combina a delicadeza da rendas e bordados à elegância dos tecidos e roupas de corte fino. Criada por artesãs residentes na Península, a mostra “Do Fuxico ao Fashion”  é resultado do projeto Incubadoras dos Núcleos Associativos Produtivos, promovido pelo CIAGS – Centro Interdisciplinar de Desenvolvimento e Gestão Social da UFBA (Universidade Federal da Bahia). A exposição pode ser vista, gratuitamente, até o dia 06 de setembro.

As peças em exposição consistem em bolsas, coletes, boleros adornados com fuxicos de chantug, seda e brocal, detalhes em crochê com linha metalizada ou o tradicional ponto “bico de periquito” – quatro pequenos fuxicos que formam um novo fuxico. Todas as peças são feitas a partir de jeans e brim, tecidos com os quais as artesãs já estavam acostumadas a trabalhar. São peças masculinas e femininas, com corte e execução equivalentes à alta costura. Por enquanto,  a produção ainda não está à venda, pois ainda é pequena. Mas em breve,  lojas especializadas da cidade terão peças produzidas pelas artesãs da Península de Itapagipe.

Um pouco de história – Pesquisas feitas na Península – que integra 14 bairros (Uruguai, Ribeira, Bonfim, Monte Serrat, Dendezeiros, Bairro Machado, Alagados, Vila Rui Barbosa, Massaranduba, Baixa do Petróleo, Calçada, Mares e Roma) – apontaram a força da produção têxtil da região. Nos anos 40, Itapagipe foi um pólo industrial forte em Salvador, com destaque no ramo de confecções, até que, na década de 70, uma crise econômica provocou a falência das indústrias locais.  Quase trinta anos depois, em março de 2007, o designer estratégico Fernando Augusto Gonçalves inicia um trabalho de criação e confecção de coleções de moda na região da Península, o que culminou com a mostra do “Fuxico ao Fashion”.

Para ver a vivo:

O quê: Mostra de Moda “Do Fuxico ao Fashion”

Quando: 27 de agosto a 06 de setembro de 2009

Onde: Palacete das Artes Rodin – BA [Rua da Graça, 284, Graça. Salvador-BA]

Horário para visitação: terça a domingo, das 10h às 18h

Entrada Franca

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Chapada Diamantina em exposição

Essa é uma dica cultural que recebemos via email e que se adequa para quem pretende viajar para a região da Chapada Diamantina em período junino e das férias de julho.

Crédito da imagem: Rui Rezende / Divulgação
Crédito da imagem: Rui Rezende / Divulgação

A exposição itinerante Eu Também Sou da Chapada, de Rui Rezende, percorre até agosto, as cidades de Morro do Chapéu, Mucugê, Lençóis, Piatã e Rio de Contas. As imagens retratam as belezas, o povo, a fauna e a flora da região.

Ao todo, 67 fotos coloridas trazem imagens de flores silvestres, pássaros, borboletas, paisagens, pinturas rupestres, gente e cultura da Chapada Diamantina. Em cada cidade por onde a exposição passar, algumas das imagens irão destacar as belezas naturais do local.

Rui Rezende decidiu fazer uma exposição fotográfica itinerante para apresentar aos moradores da Chapada as belezas que circundam suas casas, e assim, estimular o interesse em conhecer e preservar as atrações naturais que trazem turistas do mundo inteiro até essa parte da Bahia.

As cidades que recebem a mostra foram escolhidas pela distribuição geográfica, com o objetivo de ter um amplo alcance na região.

O artista fotografa a Chapada Diamantina desde 1996. Rui Rezende já percorreu grande parte dessa região explorando recursos naturais e culturais pouco conhecidos. Registrou as paisagens e a sua degradação, assim como a cultura e o povo. Percorreu também os Estados da Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Tocantins e Pará, onde produziu fotos aéreas registrando o avanço do desmatamento na região amazônica.

A mostra é uma realização do Projeto Vencedor do Edital Matilde Matos/2008 da Fundação Cultural do Estado da Bahia – FUNCEB, unidade vinculada a Secretaria de Cultura do Estado.

Confira o roteiro da mostra e se você é ou está na Chapada, vá lá ver:

Junho – Mucugê

Quando: até 27 de junho

Local: Clube Social de Mucugê – Bahia

Julho e Agosto – Lençóis

Quando: de 04 a 18 de julho

Local: Mercado Cultural de Lençóis – Bahia

Julho e Agosto – Piatã

Quando: 25 de julho a 01 de agosto

Local: Clube Social de Piatã – Bahia

Agosto – Rio de Contas

Quando: de 08 a 22 de agosto

Local: Clube Rio-contense – Bahia

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Visite também o site Fotos da Chapada

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Exposição para Santo Antonio

Altar de Santo Antonio / Crédito: Genilson Coutinho
Altar de Santo Antonio / Crédito: Genilson Coutinho

O Conversa de Menina inicia neste sábado uma série de posts sobre as Festas Juninas. Vamos contar um pouquinho da história dos santos de junho. Por que será que Santo Antonio é casamenteiro se não era casado? E porque São Pedro é padroeiro das viúvas? São João tinha mesmo cabelinhos cacheados de anjo? Vamos desvendar juntas esses mistérios? E quem pensa que São João, São Pedro e Santo Antonio não tem nenhuma ligação com meninas, engana-se. Os três são considerados os santos mais populares do vasto panteão do cristianismo, principalmente entre as mulheres, e atire a primeira pedra a moça que nunca fez simpatia para arrumar marido em noite de lua antonina; quem nunca pensou em agarrar um amor saltando as fogueiras do compadre João e quem nunca associou São Pedro aos doces feitos nos tachos de cobre de vovó. Para começar a série, divulgamos uma exposição muito legal sobre Santo Antonio, o primeiro dos padroeiros de junho e das casadoiras:

TREZENA EM EXPOSIÇÃO

Altar de Santo Antonio / Crédito: Genilson Coutinho
Altar de Santo Antonio / Crédito: Genilson Coutinho

Para quem não entende nada de religião, nem de ouvir dizer, trezena é o nome de um conjunto de orações que duram 13 dias, feitos em honra de Santo Antonio. Começa dia 01 de junho e termina dia 13, data dedicada ao padroeiro. Pois o hábito de se rezar a trezena, trazido pelos colonizadores portugueses e adaptado ao jeito colorido dos brasileiros, serviu de inspiração para o fotógrafo Genilson Coutinho. A partir deste domingo, dia 07, as imagens captadas pelas lentes de Genilson podem ser vistas na exposição  Santo Antônio Além do Carmo. Tradição e Fé nas casas e janelas.

As imagens mostram a ornamentação das casas no bairro de Santo Antonio Além do Carmo, centro histórico de Salvador, que todos os anos se enche de devotos para orações que são um verdadeiro deleite em matéria de cultura popular.

A mostra acontece na Livraria Saraiva do Salvador Shopping e vai até o dia 21 de junho. Traz registros de longas caminhadas pelas ruas do Centro Histórico – Pelourinho e Santo Antônio Além do Carmo – no mês de junho do ano passado. O objetivo era descobrir e resgatar a tradição mantida por diversas famílias do bairro há mais de 50 anos.

Além das residências, foi descoberto também que as rezas aconteciam em algumas instituições públicas, como FUNDAC, Pelourinho Cultural, Instituto Mauá e pelo afoxé Filhos de Gandhy.  Isso mesmo, um afoxé reza o Santo Antonio em ritmo de ijexá, não é lindo isso? Estes lugares, assim como as casas das famílias, abrem suas portas para receber visitantes e moradores do centro histórico para rezar a trezena e agradecer os milagres alcançados ao longo do ano.

Conversa de Menina recomenda!

Serviço:

O quê: Santo Antônio Além do Carmo. Tradição e Fé nas casas e janelas

Quando: abertura 7 de junho, às 19 horas, e visitação de 8 a 21 de junho

Onde: Espaço Castro Alves da Livraria Saraiva – Salvador Shopping

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Saiba mais:

>>Acesse o blog do fotógrafo Genilson Coutinho para ver outras fotos

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Vá ao museu!

Indiana Jones, vivido pelo ator Harrison Ford. Ícone que arqueólogo aventureiro e caça tesouros
Indiana Jones, vivido pelo ator Harrison Ford. Ícone que mistura o arqueólogo aventureiro e o caça tesouros das brincadeiras da infância

Tenho uma paixão declarada por casarões antigos e objetos do passado. Alma nostálgica, definiriam alguns. Não nego, sou mesmo saudosista. Mas o que me move é uma curiosidade imensa sobre a origem das coisas. Museus para mim são o que há de mais interessante. Impossibilitada de viver as aventuras de Indiana Jones, ou mesmo de escavar tumbas no Egito (quando era criança queria ser arqueóloga), resta a visita a esses pequenos templos que guardam pedaços da memória da cidade, do país, da trajetória da humanidade. E quando o museu em questão está instalado em um imponente casarão do século XVII, mas reúne obras de diversas gerações de artistas, o passeio se torna ainda mais fascinante.  O Solar do Unhão é um dos casarões coloniais mais belos de Salvador. Construído no sopé de uma montanha, debruçado sobre o mar da baía de Todos os Santos. É neste cenário de filme que funciona o MAM-BA (Museu de Arte Moderna da Bahia) e é lá também que na semana de 17 a 23 de maio, uma programação cultural de tirar o fôlego comemora a Semana Nacional dos  Museus. Se você é de Salvador e compartilha essa mesma paixão por entender o significado das coisas, vá ao MAM e a todos os outros museus da capital sempre que tiver oportunidade. Se não é baiano, frequente os museus da sua cidade. Você vai gostar muito do que vai ver.

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Horário extra

O MAM-Ba vai funcionar de 17 a 22 de maio até às 20h e no dia 23, até às 21h. O horário foi esticado para que dê tempo de desfrutar a rica programação elaborada para a Semana dos Museus. Além disso, o MAM vai abrir nesta segunda-feira, 18, dia em que tradicionalmente está fechado.

Palestras, visitas programadas, o circuito de arte eletrônica Zona Mundi, apresentação de Djs, a exposição Caribé – 70 anos de Bahia, a mostra fotografica Lugar de Ausência e a mostra Nuancier – em alusão ao ano da França no Brasil, são algumas das atividades programadas. Confira os detalhes, agende-se e divirta-se:

Novas atrações na mostra Caribé

Iaôs, pintura de Caribé à mostra no MAM
Iaôs, mosaico de Caribé à mostra no MAM

Esculturas, pinturas, desenhos, gravuras, ilustrações e registros de Carybé estão presentes na  exposição em cartaz até o dia 31 de maio. A mostra comemora os 70 anos da chegada de Caribé à Bahia e integra a programação de 50 anos do MAM.  Carybé teve participação ativa, ao lado de Lina Bo Bardi e Mário Cravo, no projeto de implantação do museu, cujo acervo conta com importantes peças suas, a exemplo de pinturas, desenhos, gravuras, painel e serigrafia, além do gradil e portal de entrada do Parque das Esculturas, reunindo mais de 20 obras.

A mostra Carybé ocupa os dois andares do Casarão e a Galeria 1 do MAM.  Além das mais de 200 obras em exposição, os visitantes podem ainda participar da Rota Caribé, um passeio cultural por pontos de Salvador onde existem obras do artista. As saídas ocorrem de terça a domingo, de 19 a 31 de maio, das 14h30min às 17h. São percorridos locais como Praça Castro Alves, Av. Carlos Gomes (Ed. Bradesco), Campo Grande, Iguatemi e Assembléia Legislativa.

Durante a Semana dos Museus, dentro da programação da exposição Caribé – 70 anos de Bahia, ocorrerá ainda o seminário “Encontro com Carybé”, em que amigos e colaboradores do artista reúnem-se para dar depoimentos ao público, abordando questões de interesse específico de estudantes de artes, história, artistas, museólogos, e demais interessados pela Bahia e sua cultura. Participam do seminário: Nancy Bernabó, Solange Bernabó, Ramiro Bernabó, Mario Cravo, Gilberto Sá e José Barrero, entre outros. Há ainda uma programação extensa de filmes dentro do Circuito de Cinema Carybé. Veja aqui no Cineinblog a programação.

Mostra Lugar de Ausência

Imagem da exposição Lugar de Ausência
Imagem da exposição Lugar de Ausência

Exposição individual da fotógrafa baiana Valéria Simões,  até 31 de maio, na Galeria Subsolo e na Galeria 3. Traz o conjunto de 30 fotografias e um audiovisual sobre questões recorrentes da vida contemporânea. As imagens foram colhidas ao longo dos dois últimos anos, em diversas cidades do interior da Bahia e no Centro Histórico de Salvador.

Nuancier

Organizada pelo artista plástico e designer francês Pierre David, a mostra poderá ser visitada até 31 de maio.  O projeto faz parte das comemorações do Ano da França no Brasil – 2009, organizado pelo Comissariado Geral Brasileiro, Ministério da Cultura e Ministério das Relações Exteriores. Montada na Capela do MAM, Nuancier é a terceira parte de uma trilogia que trata da mesma questão: o que determina a escolha de um modelo? Nesta exposição, o critério de escolha dos modelos baseou-se na cor da pele. No projeto, as peles de quarenta modelos foram fotografadas e reunidas em um clássico catálogo de cores. Um fabricante de tintas determinou industrialmente as fórmulas químicas de cada cor de pele. A exposição também é composta da série Ícones, que traz gravuras de crânios trepanados (trepanação é o processo de realizar furos no crânio com objetivo medicinal); e gravuras de catástrofes de amplitude global, a exemplo do 11 de setembro, da bomba de Hiroshima, do assassinato do presidente Kennedy, dentre outros. A idéia é abordar o tema da morte, reinterpretando imagens do sagrado. Dentro da montagem, o artista desenvolveu também trabalhos usando símbolos religiosos.

Mesa Redonda: A Memória e o Espaço Museal

No dia 19 de maio, a partir da 14h, o Núcleo de Arte e Educação do MAM realiza a mesa redonda: A Memória e o Espaço Museal, com o professor de arquitetura da UFBA, Nivaldo Vieira de Andrade Junior e com a professora de História da UNEB, Suzana Maria de Sousa Santos Severs. Os especialistas vão abordar, como tema central, o museu e sua relação com a memória, seja pelo aspecto arquitetural, seja pela sua própria história de ocupação. A entrada é gratuita.

Parque das Esculturas

O local se constitui como um espaço expositivo a céu aberto, o que propõe uma concepção de apreciação alternativa da obra de arte, sem isolamento, nem formalidades. O Parque conta com obras de grandes artistas plásticos brasileiros como Mario Cravo Júnior, Mestre Didi, Waltércio Caldas, Tunga, Carybé, Sante Scaldaferri, dentre outros, reunindo um total de 23 obras. Na Semana dos Museus, escolas, organizações não governamentais, faculdades e outros grupos interessados podem visitar o espaço através de agendamento prévio. A atividade será realizada na quinta-feira (21),  das 10h às 11h da manhã. O agendamento pode ser feito através do telefone (71) 3117 6141.

Zona Mundi

Nos dias 21 e 22 de maio, o MAM abriga a terceira edição do projeto de arte eletrônica Zona Mundi – Circuito Eletrônico de Som e Imagem. A programação conta com um workshop com o DJ Lúcio K (RJ) que acontece no dia 21, das 9h às 12h e das 13h às 18h. O carioca também participa, ao lado do coletivo RadioMundi (BA), de uma performance musical promovida pelo projeto no dia 22, a partir das 20h, no estacionamento inferior do MAM. As inscrições para os workshops podem ser feitas através do envio de propostas – nome completo, RG, um breve release e currículo – para o email [email protected].

Café do MAM: Dj Munch

Integrando a programação especial do MAM para a Semana dos Museus, o Café do MAM recebe o DJ Munch na sexta-feira (22). A apresentação é aberta ao público e ocorrerá das 17h às 22h. Na ocasião, ele convida os Djs Riffis e Mangaio, que comandam sets permeados de afrobeat, dub e brazilian beats.

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Solar do Unhão, foto de Jeanne Darc, 2000, França
Solar do Unhão / Foto: Jeanne Darc, 2000, França

Solar da história – A saga do Solar do Unhão, sede do MAM-Ba, começa com o cronista português Gabriel Soares de Souza. Ele viveu na Bahia entre o final do século XVI e parte do XVII e é autor do livro Tratado Descritivo do Brasil, um dos mais importantes registros da história colonial do país. Gabriel comprou o solar do desembargador Pedro de Unhão Castelo Branco e tentou implantar um engenho de açúcar no local. Após sua morte, a propriedade foi legada aos monges beneditinos. Na capela do solar, nasceu a devoção a Santa Luzia, depois transferida para a igreja do Pilar. Diz a lenda, que a capela foi dessacralizada porque um padre teria sido assassinado no local. No entanto, a história verdadeira é bem menos romântica. No século XIX, o Solar do Unhão foi comprado por um suiço chamado François Meron, que transformou a propriedade em uma fábrica de rapé. Como Meron era protestante, usou a capela do antigo engenho como um dos depósitos de pólvora da fábrica. Os paramentos da igreja e as imagens sacras foram doados pelo suiço para a igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia. O solar também serviu de quartel para os Fuzileiros Navais durante a II Guerra Mundial.

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Leia também:

>>Três anos do Museu da Língua Portuguesa – São Paulo

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Exposição celebra chegada de Carybé à Bahia

Carybé em seu estúdio / Crédito: Acervo da família
Carybé em seu estúdio / Crédito: Acervo da família

A magia contida nas linhas de Jubiabá, um dos romances mais famosos de Jorge Amado, foi suficiente para trazer à Bahia o argentino, nascido em Buenos Aires, Hector Julio Paride Bernabó, lá pelos idos de 1938. Você não sabe quem é Hector Bernabó? E se eu chamá-lo pelo apelido que recebeu ainda na infância, quando era escoteiro, Carybé? Mesmo que não conheça a fundo a vida desse artista plástico, escultor, gravador, cenografista, jornalista, diretor de arte, multitalentoso baiano de coração – ele naturalizou-se brasileiro em 1957 e foi agraciado na mesma época com o título de cidadão da Bahia -, com certeza, já viu espalhadas pelas ruas de Salvador, obras que levam sua assinatura. Se for soteropolitano do dendê (carioca é que é da gema), conhece os gradis que cercam o Museu de Arte da Bahia (MAM-BA) ou o Campo Grande (praça 2 de Julho); ou já viu a escultura de uma mulher com o filho enganchado nos quadris, na entrada do shopping Iguatemi; ou ainda, os paineis no Teatro Castro Alves. Se for baiano e seguidor do Candomblé, mais especificamente frequêntador do terreiro do Ilê Axé Opô Afonjá, em São Gonçalo do Retiro, já viu obras do artista e referências a ele no lugar de honra reservado aos obás (ministros) de Xangô da casa. Mesmo que seja turista, ao desembarcar no Aeroporto Internacional da capital baiana, no seu roteiro até a saída, há um painel do artista.

Caribé mostra que é bom também no pandeiro / Crédito: Acervo da família
Caribé mostra que é bom também no pandeiro / Crédito: Acervo da família

Com tanto de Carybé impregnado na cidade, era de se esperar uma homenagem. E vai haver mesmo uma série delas. A partir do dia 24 de abril até 31 de maio, quem é da terra ou de outros cantos do mundo, está convidado para dar uma passadinha no MAM, ali na Ladeira da Av. Contorno, para conferir a exposição Carybé – 70 anos de Bahia. Organizada pelo Instituto Carybé, com patrocínio da iniciativa privada e apoio do governo estadual, a mostra reunirá 200 obras que retratam a pluralidade de temas e técnicas utilizadas pelo artista ao longo da sua trajetória.  Serão pinturas, esculturas, gravuras, paineis, murais, ilustrações de livros (Carybé era um dos principais ilustradores das obras do amigo Jorge Amado), objetos pessoais, os figurinos que criou para cinema, teatro e balé; a exibição de dois filmes (O Cangaceiro, em que assina a direção de arte) e o documentário O capeta Carybé, sobre sua vida. Para completar, seus cadernos de viagem, com esboços e diários de bordo retratando as andanças pela Europa, Oriente e Brasil serão exibidas pela primeira vez.

A garrafa verde - A hora do cão / Crédito: Sérgio Benutti (divulgação)
A garrafa verde - A hora do cão / Crédito: Sérgio Benutti (divulgação)

Também conteúdo inédito da exposição são as pinturas de países da América e o Gabinete de Humor Erótico, essa parte reservada apenas aos maiores de 18 anos, com desenhos e pinturas mais calientes do argentino-baiano. Ficou sem fôlego? Pois nem fique, porque os organizadores do megaevento ainda montaram um passeio cultural chamado Rota Carybé, que consiste em percorrer 19 pontos de Salvador onde existem interferências do artista na área urbana. Alguns desses pontos foram citados ali no começo do post, mas creiam que tem muito mais Carybé na atmosfera da soterópolis.

E as homenagens não se limitam à exposição. Carybé, morto em outubro de 1997, vai virar selo comemorativo dos Correios e Telegráfos. Reconhecendo o valor da obra do artista para a cultura baiana e nacional, o painel do aeroporto será totalmente restaurado através da iniciativa de uma empresa privada. A exemplo do que ocorre no Chile, com as casas onde Pablo Neruda viveu, o Instituto Carybé pretende ainda restaurar a sua antiga residência, no bairro da Boa Vista de Brotas, e transformá-la em um memorial e centro cultural aberto ao público.

Bahia, 1971 / Crédito: Sérgio Benutti (divulgação
Bahia, 1971 / Crédito: Sérgio Benutti (divulgação)

 Reserve espaço na agenda, porque vale a pena:

O quê: Exposição Carybé – 70 anos de Bahia

Onde:  Museu de Arte da Bahia – Ladeira da Av. Contorno, centro de Salvador

Quando: de terça a domingo, das 13h às 19h; sábados, das 13h às 21h

Período: de 24 de abril até 31 de maio

Entrada: gratuita

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