Artigo: *É possível evitar gravidez na adolescência

Neste sábado, 26, é o Dia Mundial de Prevenção da Gravidez na Adolescência, uma das mais importantes causas de abandono escolar entre meninas de 15 a 17 anos. Para lembrar a data, o Conversa de Menina publica um artigo assinado por Maria Helena Vilela, diretora do Instituto  Kaplan, ong voltada para educação e estudos sobre sexualidade, que atua principalmente com foco na adolescência. O Instituto criou o programa Vale Sonhar, que tem o objetivo de reduzir o índice de gravidez na adolescência a partir de um curso de capacitação de profissionais em educação. O projeto piloto foi desenvolvido no Vale do Ribeira (SP), onde constatou-se entre 2004 e 2006, uma redução de 91% de casos de gravidez na adolescência em 14 municípios. O Kaplan desenvolve projetos com as Secretarias de Educação dos estados de S.Paulo, Alagoas e Espírito Santo. Confiram o artigo:

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É POSSÍVEL EVITAR GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

*Maria Helena Vilela

gravidez na adolescenciaOs índices de gravidez na adolescência são alarmantes num país como Brasil, em pleno crescimento econômico e com maior participação de pessoas de baixa instrução no mercado consumidor. Pelos dados oficiais do Datasus – Ministério da Saúde – 24% dos bebês nascidos vivos no Brasil em 2005 são filhos de meninas entre 10 a 19 anos. No estudo Juventudes Brasileiras, realizado pela UNESCO, 25% das meninas que engravidam na adolescência abandonam a escola. A evasão escolar é uma das conseqüências imediatas da gravidez na adolescência.

Os pais transferiram para a escola a obrigação de ensinar e discutir educação sexual.  Há 15 anos, o Instituto Kaplan desenvolve metodologias que promovem capacitação de profissionais para explicar como a sexualidade deve ser vivida, sem interromper sonhos. Quando trabalhamos com educação e saúde pública, temos que ter em mente nossa responsabilidade. Descobrimos que, com vontade política e investimento no capital humano, é possível diminuir a gravidez na adolescência.

O Instituto Kaplan, com parceria da Pfizer, elaborou um projeto em 14 municípios do Vale do Ribeira, uma das regiões mais pobres do Estado de S.Paulo. O “Vale Sonhar” conseguiu diminuir 91% o índice de gravidez na adolescência em 14 municípios, por meio de um curso de capacitação em sexualidade para professores das escolas estaduais e educadores do Programa Escola da Família; além de formação da rede comunitária de prevenção de gravidez na adolescência – REGA. A dramatização de situações como: fazer uma viagem ao futuro estando grávida e perceber o adiamento dos sonhos de estudar e fazer uma carreira, foi uma eficaz aliada da informação para conscientizar os adolescentes.

Esse trabalho foi emblemático e as secretarias de educação dos estados de Alagoas, Espírito Santo e São Paulo adotaram o Projeto Vale Sonhar, capacitando seus professores da rede pública, totalmente voltados para o bem estar do adolescente, a diminuição da evasão escolar e a prevenção de saúde. Ganha a sociedade, que terá um adolescente se preparando para o mercado de trabalho e menos crianças na rua ou criadas pelos avós, engrossando estatísticas de país subdesenvolvido.

O Projeto Vale Sonhar tem seus reflexos no comportamento desses jovens, mas impacta positivamente no sistema de saúde, na produção escolar e na possibilidade de formar talentos para o mercado. Os professores ficam motivados porque o resultado se vê na maturidade dos alunos e na perspectiva de vida melhor pelo estudo.

É necessário encarar a gravidez na adolescência como um problema da sociedade! Criar um círculo virtuoso é dever do estado, apoiado pela responsabilidade social de empresas, dos profissionais de ONG´s e OCIP´s, de professores comprometidos com o futuro intelectual da nação, de profissionais de saúde envolvidos e de pais que querem um futuro melhor para seus filhos.

A escola representa o principal espaço de sociabilização de crianças e adolescentes. Isto, associado ao tempo cada vez mais reduzido que os pais ficam com seus filhos, faz da escola uma das principais fontes de aprendizagem da convivência em grupo que podem contribuir para a  saúde e da qualidade de vida de seus alunos.

Cena do filme Juno, que mostra a história de jovem que engravidou aos 16 anos
Cena do filme Juno, que mostra a história de jovem que engravidou aos 16 anos

É preciso entender que os paradigmas da sexualidade mudaram exponencialmente na última década. Os jovens têm acesso a informações com todo tipo de conteúdo pela internet, além da motivação para ter comportamentos sexuais, porque isso é da natureza humana e a nossa sociedade está mais permissiva em relação à sexualidade.

 

Isso exige dos adultos diálogo franco, honesto, sem meias palavras. Com a mãe levando sua filha ao ginecologista, explicando como usar os métodos contraceptivos, esclarecendo que não é inteligente segurar o namorado com uma gravidez e confirmando que a adolescência não é o melhor momento para se ter um filho. É preciso desenvolver a auto-estima nessa garota. O mesmo vale para os meninos: é preciso entender que usar camisinha é um ato de autonomia e controle de sua paternidade. Um filho é bem vindo se planejado e na hora certa.

A escola, através de seus professores capacitados com metodologia eficiente, será a maior aliada dos pais e do Governo para combater e prevenir a gravidez na adolescência. Precisamos desbancar a hipocrisia, olhar para nossos jovens com a perspectiva de fazer uma nação qualificada e com força para fazer o Brasil crescer em inovação, em trabalhos que utilizem nossa capacidade intelectual e não por ser mão-de-obra barata.

Investir nas políticas de educação e saúde, visando os adolescentes, é apostar num país com perspectiva de crescer mais justo, mais igualitário em oportunidades. Um jovem casal pobre, com filho para criar, encarece o estado, rouba os sonhos e diminui a possibilidade de mudar o patamar econômico de uma família.

*Maria Helena Vilela é diretora do Instituto Kaplan

Visite o site da entidade: www.kaplan.org.br

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A pílula do dia seguinte

Pílula do dia seguinteUma das coisas mais importantes sobre a pílula do dia seguinte é que ela não deve ser usada como método anticoncepcional. É um contraceptivo de emergência, que precisa ser administrado de maneira responsável, quando o método que você utiliza rotineiramente falha, ou nos casos em que há violência sexual. É usada para evitar uma gravidez indesejada, após uma relação sexual mal protegida ou desprotegida. O problema é que a popularização do medicamento e a falta de informação está levando uma quantidade enorme de mulheres a tomarem o medicamento rotineiramente, sem qualquer cautela. Mas a pílula precisa ser ingerida com o aval de sua ginecologista, que é a pessoa mais capacitada a indicar seu uso ou repudiá-lo.

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Reportagens sobre o tema:
>> Adolescentes entre 13 e 16 anos abusam da pílula do dia seguinte, indica pesquisa (G1)
>> Uso repetido de pílula do dia seguinte é perigoso para a mulher (G1)
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O princípio ativo da pílula é o levonorgestrel, um tipo de progesterona sintética, hormônio que controla o ciclo menstrual e que está presente nos anticoncepcionais orais, só que em menor dose. O hormônio no organismo da mulher, no caso da concentração encontrada nas pílulas do dia seguinte, impede a fecundação. Ou, no caso de já ter ocorrido a fecundação, a ação da pílula é no sentido de impedir a implantação do ovo fecundado no útero. É preciso lembrar que se a mulher jáPílula do dia seguinte estiver grávida, a pílula não terá qualquer funcionalidade. Outra observação importante: nunca troque a caminha pela pílula, qualquer que seja ela, diária ou emergencial. Enquanto as pílulas só protegem contra a gravidez indesejada, a camisinha vai atuar na proteção contra as doenças sexualmente transmissíveis. Contra as DSTs não tem jeito. Só a camisinha mesmo.

Como acontece com todo fármaco, também há contraindicações. É só dar uma lida na bula do remédio, antes de ingeri-lo. E sobre o mito de que o efeito diminui se a pessoa ingerir a pílula várias vezes, isso é desmentido pelos médicos. A grande questão é que a proteção da pílula anticoncepcional diária é superior à da pílula do dia seguinte. Ou seja, há mais riscos de engravidar ingerindo a pílula do dia seguinte, do que utilizando a pílula anticoncepcional diária. Mas isso não significa, volto a repetir, que você deve adotá-la como método contraceptivo, até porque a dosagem hormonal é maior. O mais indicado é utilizar a pílula diária, ou outro método como a camisinha.  Logo abaixo, algumas dúvidas sobre o uso da pílula do dia seguinte. E fica aqui a promessa de um próximo post esclarecendo sobre os métodos contraceptivos.

Quando usar?
Logo após a relação sexual desprotegida com risco de gravidez. Busque orientação médica antes de tomar a medicação. Embora o nome seja “pílula do dia seguinte”, ela deve ser tomada imediatamente após a relação e em até 72 horas depois de consumado o ato. Quanto mais rápido ingerir a pílula, menor é o risco de gravidez.

Como usar?
A cartela contém dois comprimidos. O primeiro deles deve ser ingerido imediatamente, em até 72 horas após o ato sexual. O segundo você vai tomar doze horas depois de ter ingerido o primeiro. Usada nas primeiras 24 horas, a possibilidade de engravidar é menor que 1%. Nas primeiras 72 horas, chega a 5% e aumenta progressivamente.

Como age a pílula?
Se a fecundação não aconteceu ainda, a pílula vai impedir o encontro entre o óvulo e o espermatozóide. No caso de já ter ocorrido a fecundação, a ação da pílula é no sentido de impedir a implantação do ovo fecundado no útero. Agora, se a mulher já estiver grávida, não fará qualquer efeito.

Precisa de receita médica?
As farmácias deveriam exigir a receita, mas não é o que acontece. Hoje em dia, qualquer pessoa pode comprar a pílula do dia seguinte. No entanto,  nunca decida tomar a pílula sem antes consultar sua ginecologista. É a única pessoa capaz de garantir se a pílula deve ser usada por você.

Há efeitos colaterais?
O principal efeito colateral da pílula do dia seguinte é a desregulação do ciclo menstrual. Aliado a isso é possível ter náuseas, dor de cabeça, inchaço nos seios. Se houve diarréia ou vômito nas duas horas seguintes à ingestão da pílula, a dose deve ser repetida. Mas lembre-se sempre de conversar com seu médico sobre o assunto.

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