Intimidade é massa. Talvez seja a parte que mais me atraia em manter relacionamentos longos. O tempo possibilita que conheçamos os detalhes da pessoa que está ao nosso lado. Aprendemos a ler olhares, a entender reações. Deciframos comportamentos sem que palavras sejam necessárias.
Tem gente que acha a previsibilidade um saco, mas eu a aprecio quando ela decorre da intimidade. Sabe aquela sensação de você já esperar a reação do outro? De ter certeza de como vai agir? Eu gosto de conhecer os gostos, os hábitos. De saber o que chateia, o que irrita…
A intimidade possibilita também que você conheça os defeitos, e isso é bom até para você avaliar o que terá de suportar a longo prazo. Permite que você fique mais à vontade ao lado da pessoa, que a interação seja mais dinâmica.
Talvez o meu pensamento não seja o padrão, porque muitas pessoas preferem o início da relação, a fase da conquista, o nascer do sentimento. Eu não. Não gosto de início de relação, se pudesse passaria voando dessa fase para cair direto na parte da intimidade!
Claro que o tempo traz, além da intimidade, o desgaste, as discussões. A intimidade não são apenas flores. Mas eu sempre prefiro pensar no lado bom das coisas, dos sentimentos e sensações. Eu realmente acho a intimidade massa.
Faz tempo que reflito sobre privacidade e o ato de manter a própria vida longe da curiosidade alheia. Com tantas formas de interação disponíveis na internet, tais como o Orkut, facebook, MSN, twitter, comunidades disso e daquilo, sinto que a geração mais nova perdeu a referência do que seja vida privada, num sentido mais profundo da palavra. Não existe mais limite para o que pode ser compartilhado e o que não é de interesse de ninguém mais, a não ser da própria pessoa e de seu círculo mais próximo. Intimidade é artigo raro nesta rede de um milhão de amigos.
Não é uma novidade refletir sobre esse tema, visto que existe todo tipo de estudo sobre o assunto, dos mais sérios aos sensacionalistas. E nem considero hipocrisia também meter minha colher nesse angu, ainda mais que escrevo em blog, tenho twitter, Orkut, facebook, MSN e ainda integro uma rede de bibliófilos, a Skoob, que reúne colecionadores de livros e de leituras (escrevo sobre ela qualquer dia desses). Como usuária das ferramentas, membro das comunidades virtuais e como migrante digital por conta das 36 primaveras de vida, me considero no direito de opinar.
Não é para falar contra a tecnologia ou as novas formas de interação que estou aqui dividindo essa chuva de palavras com quem tiver paciência para ler até o final. Sabemos que o ser humano precisa se expressar. Está aí a arte, em todas as suas manifestações, do cinema a telenovela, do blog ao romance, da pintura a moda, para provar que interação é uma realidade tão antiga quanto o mundo. Os teóricos da comunicação, apesar de se esforçarem para soar “novidadeiros”, não criaram praticamente nenhum conceito novo. Nós, humanos, somos gregários e interativos desde sempre, só funcionamos em bando desde que o mundo é mundo, logo, qualquer ferramenta ou forma de expressão que nos ajude a manter a ideia de comunidade é sempre bem-vinda. Mas, houve um tempo em que mesmo em bando, reservávamos um espaço doméstico e quase sagrado, onde a solidão não era temida, onde a alegria e a tristeza eram divididas apenas com pessoas da maior confiança. Onde o isolamento favorecia a reflexão. Ultimamente, somos papagaios: falamos, reproduzimos outras falas, fazemos um barulho imenso, mas pouco do que é dito importa de fato. Temos medo de ficar sozinhos e em bando, nem sempre dá para refletir.
Minha inquietação é com a incapacidade cada vez maior das pessoas em perceber limites para a privacidade. A própria e a alheia. Fui criada de uma forma moderna, em alguns aspectos, e completamente antiquada, por exemplo, quando o tema é o respeito ao espaço do outro. Nunca tive permissão para dormir na casa de amigos quando era criança e nem tinha permissão para receber amiguinhos em casa para dormir. Os que vinham brincar, ou quando eu ia brincar na casa de alguém, era sempre na sala de visitas. Abrir a geladeira da casa de outra pessoa? Acredito que seja algo inconcebível para os membros da minha geração. Pelo menos para mim, só funciona se for na casa de alguém muito próximo, onde me sinta tão à vontade que possa ajudar na cozinha a lavar e secar a louça. Graças a Deus tenho amigas assim, quase irmãs de tão próximas. A intimidade é tão sagrada e necessária, que não pode e nem deve ser banalizada como tem sido atualmente.
Na minha infância, existia a sala de visitas, que era separada da sala de jantar e de outros cômodos “reservados” da casa, justamente para evitar que as pessoas fossem invadindo, enfiando-se no quarto, vasculhando guarda-roupas. Pelo menos creio que a ideia era essa, manter a visita confortável, acolhida, amada, mas sem deixar que ela se espalhasse por espaços que não lhe pertenciam. A menos que fosse íntima da família.
Depois de adulta, nunca me senti à vontade em abrir o armário de uma amiga, ou de permitir que uma das minhas amigas vasculhasse minha bolsa em busca do celular que estava tocando. Vi uma cena uma vez, ocorrida com uma amiga íntima. Um conhecido em comum nosso, mas sem o mesmo grau de intimidade, sem a menor cerimônia, atendeu o celular dela, depois abriu a bolsa da minha amiga e jogou o aparelho lá dentro, diante do olhar atônito, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Hoje em dia, as crianças na sala de aula do meu filho, por exemplo, acham que é a coisa mais normal do mundo abrir as mochilas uns dos outros para pegar lápis, esquadros, borrachas ou o que quer que estejam precisando, sem ao menos pedir licença ao dono legitimo daquelas coisas. E estranham o fato dele não fazer o mesmo!
Não abro a bolsa da minha mãe ou da minha irmã até hoje, nem a das amigas, a menos que elas permitam e ainda assim, só das muito íntimas. Quando preciso abrir as gavetas de mamãe para buscar alguma coisa me sinto como se invadisse um espaço que pertence a ela. Independente de ser minha mãe, ela tem direito a um espaço único e pessoal. Tento ensinar ao meu filho o mesmo conceito, de respeito à individualidade e à privacidade alheia. Só devemos ir até onde nos é permitido, sem forçar uma intimidade que na maioria das vezes não existe e até constrange o outro.
Outro exemplo, só para ilustrar e ajudar a aclarar as ideias: Não costumo acompanhar avidamente cada atualização de perfil do Orkut dos meus amigos. Tento manter o contato por esta ferramenta ou por outras, repito, não tenho nada contra às ferramentas de interação, mas sem exageros. As comunidades virtuais, quem usa sabe, são divertidas, práticas, facilitam manter proximidade mesmo com quem está distante, ajudam na troca de conhecimento e de ideias, mas ao menos para mim, seriam melhor aproveitadas sem a obsessão de saber o que todos fazem ou dizem a cada segundo do dia. Fico conhecendo melhor as pessoas por suas ideias do que, por exemplo, se estivesse xeretando para saber se estão com o status “namorando” ou “solteiro” ativado.
Acredito que a interação atual – a forma como ela é usada – cria um falso sentimento de intimidade. Tão descartável quanto boa parte da produção cultural caça-níqueis que infesta o mundo tanto real quanto o virtual. Ficamos sabendo se determinada pessoa é casada ou não, se gosta de laranja ou azul, se bebe ou fuma, se vai ao cinema ou se é do tipo baladeira, mas não ficamos sabendo como essa pessoa é de fato, o que ela sente, o que ela acredita. Contamos quantos namorados fulano teve em um ano, de acordo com as vezes em que fulano alterou seu status de relacionamento na internet, mas no que isso nos aproxima ou afasta mais de alguém?
Suspeitamos, melhor dizendo, supomos que fulano tem tal tipo de personalidade porque gosta de tal coisa, mas saber de fato como é alguém, acredito que não sabemos nem depois de anos de convivência. E sinceramente, para mim, é bom que seja assim, fica sempre uma margem de surpresa que, no mínimo, vale para manter o interesse pelo outro. Um pouco de mistério sempre seduz. Não quero saber todos os segredos dos meus amigos, eles têm direito a manter guardadas coisas que não querem mostrar para ninguém. Não me sinto menos amiga por isso. Antes até, crio um laço invisível, como se nos aproximássemos mais pelo que não é dito do que pelo que está exposto para todo mundo ver.
Querem ver outra coisa que me incomoda nessa falta de privacidade generalizada? É quando as pessoas te cobram para manter o twitter 24 horas por dia com novidades. Um post a cada minuto, de preferência. Começam a te seguir numa espécie de desespero e frenesi e quando você não corresponde à velocidade de atualização, param de te seguir e vão atrás de outra pessoa mais “interessante” (?) Tudo bem, a ideia da ferramenta é comunicação instantânea, mas será que vale a pena dizer alguma coisa apenas por dizer, apenas para manter a legião de seguidores? Será que todo ávido seguidor lê mesmo o que o outro está tentando dizer naqueles módicos e telegráficos 140 caracteres? Não costumo blogar se não tiver algo interessante para publicar, seja escrito por mim ou por terceiros. Ou me sinto inclinada a dividir algo que realmente valha a pena ou guardo silêncio. E o conceito de silêncio, tanto no ambiente virtual quanto fora da rede, tem mais nuances do que simplesmente ausência de ruído. Guardar silêncio, quando não se tem nada que valha a pena ser dito, é uma atitude sábia e respeitosa com os demais.
Voltando à questão da privacidade. O exemplo que a meninada segue com cada vez mais freqüência é o das celebridades que expõem as conquistas e as mazelas com o mesmo empenho em todo tipo de revista, algumas com linha editorial duvidosa. Nada mais é segredo, nada mais é pessoal, tudo é compartilhado e coletivo. A dor de alguém tem de ser a dor de muitos, a felicidade de alguém tem de ser a felicidade de muitos. Se uma pessoa é legal e é artista, tem de virar modelo de comportamento e namoradinha do Brasil. Se comete um erro e é também artista, a queda na lama e a redenção precisam ser públicas. Mas, atualmente, nem precisa ser celebridade, de fato ou instantânea, para fazer da vida um “livro aberto”. Qualquer pessoa expõe mais do que seria recomendado, apenas pelo prazer de expor ou pela necessidade de saciar a doentia curiosidade de quem lê. Nem os mortos podem ser chorados em casa, porque seus perfis permanecem eternamente cultuados como numa seita fanática, assombrando orkuts e facebooks. Pessoalmente, acho de uma morbidez assustadora.
Perdemos a identidade de individuo e vivemos a era da identidade de grupo. Angustia-me essa superexposição e a patrulha de ideias que advém de tanto interesse na vida uns dos outros. É como se vivêssemos em eterno estado de big brother (falo daquele de George Orwell e seu emblemático livro 1984 e não do programa do Pedro Bial, que aliás, fabrica celebridades instantâneas e nada discretas).
Outro dia, conversando com minha irmã, ela questionou qual é o sentido, por exemplo, de alguém se preocupar tanto com a opção ou orientação sexual de outra pessoa? Comentávamos uma reportagem que vimos, mais uma da série “fulano saiu do armário”. Para mim, tanto faz se saiu ou entrou. Pessoalmente, me interesso mais pelo caráter das pessoas do que em saber com quem elas dormem. Gostaria que os movimentos que elegem seus símbolos dessem ao escolhido o direito de optar se querem mesmo tornar-se símbolo desta ou daquela militância. Se quer virar mito e inspirar outras pessoas, incentivar ou fortacelecer o movimento, ótimo, vá lá e diga para todo mundo que escancarou a porta do armário. Mas se não quer dividir seu armário com mais ninguém, beleza também, respeito você do mesmo jeito. A cobrança para que a pessoa faça isso ou aquilo, diga isto ou aquilo, é que me tira do sério. Se a estrelinha da tv quiser manter-se virgem até casar ou se já deu para o prédio inteiro onde mora, o que é que eu tenho com isso?
Tornar a vida um grande acontecimento público é cansativo e é uma armadilha. Além de ser fake. Soa falso pelo simples fato de que ao nos mostrarmos para os outros, conscientemente, buscamos sempre exibir nosso lado mais gente boa e tendemos a esconder o chamado dark side. A falta de privacidade cria uma sociedade de espelhos de narciso. Já repararam que somos sempre mais bonitos no espelho do que numa fotografia, por exemplo? Aprendi esse conceito nos tempos da faculdade. É o seguinte, relembrando as aulas do meu velho mestre: isso acontece porque o espelho nos reflete tal qual nos imaginamos, o espelho mostra o que queremos ver, e a fotografia nos mostra tal qual somos de fato, com nossos ângulos bons e ruins.
Só que agora existe o photoshop para dar uma melhorada no que a fotografia mostra e a fotografia se converte cada vez mais em espelho.
Nem é a essência das coisas que eu busco, porque acredito que as coisas tem mais de uma essência. Na verdade, todas as coisas são formadas pela mistura dessas infinitas essências. Ainda bem, porque ansiar por pureza me lembra nazismo. Deus me livre!
Confesso é que ando em busca de um pouco de retorno ao individuo, sinto falta do ser humano, único, pessoal, intransferível, secreto, privado, íntimo. Mas tudo o que vejo é sempre multidão…
*Andreia Santana, 37 anos, jornalista, natural de Salvador e aspirante a escritora. Fundou o blog Conversa de Menina em dezembro de 2008, junto com Alane Virgínia, e deixou o projeto em 20/09/2011, para dedicar-se aos projetos pessoais em literatura.
O Big Brother Brasil vai além de um programa de monitoramento contínuo do comportamento humano. A casa mais vigiada do Brasil é, na verdade, um fenômeno comercial. Só para se ter uma ideia da grana que está por trás da produção, as estimativas de lucro desta nona edição estão na casa dos R$ 280 milhões, o que significa R$ 100 milhões a mais do valor arrecadado em 2008. E isso, mesmo com os menores índices de audiência já registrados desde a criação do reality show, em 2002. Aliás, desde 2004, a audiência do programa vem caindo. De lá para cá, já houve redução de 33% no número de telespectadores. Mas o faturamento, ao contrário, tem crescido aos montes.
Sem dúvida alguma o BBB é um dos produtos mais rentáveis da rede Globo hoje. A expectativa comercial em torno do programa é tanta que, logo depois do episódio de estreia, todos os intervalos já haviam sido comercializados. E por que você acha que a edição foi esticada em mais uma semana? Para agradar o grande público? Claro que não. Tudo uma questão de exigência comercial. Surgiu a demanda, a empresa quer embolsar o dinheiro, então vamos alargar a edição. E os números não param por aí. O BBB9 bateu recorde de vendas de pacotes pay-per-view, para aqueles que querem ter o “privilégio” de acompanhar tudo o que acontece na casa 24 horas por dia. Em 2009 foram vendidos cerca de 200 mil pacotes, contra os 163 mil do ano passado.
O que leva milhares de pessoas a dedicarem algumas – ou várias – horas do seu dia acompanhando o que acontece na vida de um grupo de pessoas que nem mesmo conhecem? Por que o BBB é esse sucesso? O Big Brother Brasil, a meu ver, é uma vitrine da sociedade de consumo moderna. Lembro bem em uma entrevista da ex-sister Iris, em que ela dizia que perdeu peso, fez plástica e o escambau a quatro para poder concorrer a uma vaga na oitava edição. Funcionou. No ano de 2000, Afonso Romano de Sant´Anna publicou um artigo em O Globo, no qual concluía que os reallity shows demonstravam que na sociedade moderna “o indívíduo prefere a vidraça ao espelho”. Ou seja, em nome de qualquer coisa (fama, dinheiro, reconhecimento, vaidade…) a pessoa se mostra cada vez mais e cada vez com menos roupa. Dizia ele, é mais fácil do que olhar para si.
São dois lados da moeda. Em um deles, você simplesmente abre mão de sua intimidade, da privacidade, e permite que sua vida seja despejada na casa de milhares de pessoas. Do outro lado, essas milhares de pessoas, ansiosas por assistir cada movimento dos que se sujeitaram à invasão de suas vidas. O pouco que já li sobre comportamento humano me aponta uma possível vertente, pela qual imagino que, como acontece com as próprias novelas, as pessoas tentam se enxergar naquelas outras em exibição. É a vida que muitas queriam ter, a casa em que muitos queriam viver, o milhão que tantos gostariam de conquistar. Fora a própria curiosidade de saber o que está acontecendo com a vida do outro, o exercício de poder julgar o comportamento alheio sem qualquer piedade ou constrangimento, afinal, eles estão ali pra isso. Para serem julgados e expulsos do jogo quando não corresponderem à expectativa (indecifrável) do público.
A submissão à exposição desenfreada é reflexo de uma sociedade que anda “perdida”, com valores pouco contornados, diria ainda, controversos. Se me preocupo mais em me mostrar fisicamente do que compreender quem sou e tentar me transformar em um ser humano coletivamente melhor e mais atuante, significa que mais vale o que o alheio vê externamente em mim do que aquilo que contribuo para a coletividade. Para isso, imagino que a visão do outro sobre mim será tanto melhor quanto mais arrendondados e duros forem meus seios, ou mais musculoso e definido for o meu corpo e maior for a minha bunda. Me pergunto: que sociedade é essa que estamos construindo para as futuras gerações? Querer se mostrar, tudo bem. O que me impressiona é o querer se mostrar pelo que há por fora, como se embalagem determinasse a qualidade do conteúdo. Como ouvi um dia desses: “se ela for gostosa e trepar bem, também é sinal de bom conteúdo em boa embalagem”. É isso, meninas, o que vocês querem que pensem de vocês? Que ter conteúdo é fazer sexo bem feito depois de lutar pelo corpo perfeito?
A vaidade é positiva, desde que não te torne escravo da beleza, e com o propósito de se sentir bem para você. Você pode até querer fica bela aos olhos do outro, não há nada de mal nisso. O mal é fazer disso um objetivo desmedido, é acreditar que este deve ser o propósito de toda uma vida.
This website uses cookies to improve your experience while you navigate through the website. Out of these cookies, the cookies that are categorized as necessary are stored on your browser as they are essential for the working of basic functionalities of the website. We also use third-party cookies that help us analyze and understand how you use this website. These cookies will be stored in your browser only with your consent. You also have the option to opt-out of these cookies. But opting out of some of these cookies may have an effect on your browsing experience.
Necessary cookies are absolutely essential for the website to function properly. This category only includes cookies that ensures basic functionalities and security features of the website. These cookies do not store any personal information.
Any cookies that may not be particularly necessary for the website to function and is used specifically to collect user personal data via analytics, ads, other embedded contents are termed as non-necessary cookies. It is mandatory to procure user consent prior to running these cookies on your website.
Comentário Recentes