Breve digressão sobre casamento-relâmpago

Nas últimas conversas que tive sobre relacionamento surgiu o assunto do casamento precipitado, e por isso decidi abrir espaço para o assunto aqui. Ultimamente vivenciamos uma era em que todo mundo que inicia uma relação a dois acaba “casando” rapidamente. Não falo aqui do matrimônio no sentido literal da palavra, de uma união legal civil ou de uma união estável. Falo de casamento no sentido de um convívio intenso em que dormir junto e dividir as escovas deixa de ser uma exceção e vira regra. Seja na casa dele, na casa dela ou num motel qualquer.

Por um tempo fiquei analisando essa situação. As pessoas deixaram de namorar, de se encontrar de vez em quando, de ter saudade, sentir falta. Porque hoje, dormir junto quase todo dia é normal. As relações atuais começam em um casamento. Talvez por isso acabem se desgastando muito velozmente também. Não dá tempo de conhecer o outro. Vamos conhecer o outro dentro do contexto de um quase casamento. A possibilidade de a relação ser estragada ainda no início é grande. Porque nem temos tempo de nos adaptar aos defeitos e manias, antes de encarar a responsabilidade do compromisso.

Era o que pensava, quando uma outra teoria começou a nascer em minha mente. Isso por causa de uma experiência pessoal que me fez reavaliar tudo isso. Não temos mais tempo. Andamos tão cheios de deveres e obrigações que não nos resta tempo para namorar. Digo isso depois de viver uma experiência assim. Entrei numa rotina em que o dia começava às 6h, quando acordava, e se encerrava a partir das 23h, ao chegar em casa. No meio do caminho, estudos, trabalho, academia e obrigações diárias. Simplesmente não tinha tempo para me relacionar. Não tinha tempo para namorar.

Passei a namorar por mensagens de celular. Eu não podia ir ao cinema por falta de tempo, não dava para jantar fora, porque sempre estava tarde. O dia a dia era tão cansativo que não tinha ânimo para fazer farrinhas. Percebi que, por isso talvez, as pessoas “casem” tão rápido. É a hora que têm de ver um o outro. Depois de tudo, à noite, na madrugada, é o horário livre para “namorar”. E a relação ganha uma seriedade, um peso muito grande antes da hora. Por não querer entrar nesta rotina, perdi o namorado. Fui acusada de negligência e falta de interesse.

Entendi os questionamentos dele. E entendi também que se não fosse para encarar uma relação-casamento, não ficaria com ninguém. Alguns dirão, e nos finais de semana? Pois é, eu trabalhava nos finais de semana e também nos feriados. E as folgas tão aguardadas eram período de descanso necessário, afinal no dia seguinte a correria seria reiniciada. Alguns dirão que faltou sentimento, e eu respondo que não. Outros pensarão que foi egoísmo. Cada um julga como quer uma situação assim. Eu confesso que priorizei a mim. E confesso que passei a pensar nos casamentos-relâmpagos como uma “exigência” da sociedade moderna.

Continuarei pensando, tentando encontrar a minha fórmula. E aguardando a opinião de vocês para amadurecer as ideias.

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Como manter seu casamento para sempre?

Dia desses recebi uma mensagem perguntando como a gente sabe que encontrou alguém para a vida toda. A gente não sabe. Respondi dizendo que podemos até querer que dure para sempre, e essa vontade é capaz de nos fazer tentar novamente sempre que as coisas não caminharem bem. Ainda assim, não significa eternidade. amorPorque sempre é um tempo longo demais quando os personagens da história somos nós, seres humanos, tão cheios de contradições. Bem, comecei falando sobre isso devido a uma matéria que li estes dias. O tema, um estudo a respeito dos fatores que determinam a longevidade de um casamento.

O resultado da pesquisa da Universidade Nacional Australiana é que o amor não basta para manter um casal unido por muito tempo. Nenhuma novidade, não é? Ou alguém chegou a achar que isso era verdade absoluta? A meu ver, o amor pode até alimentar, pode fazer você querer muito estar ao lado de alguém, mas se não houver outros sentimentos, outros pontos importantes, você acaba distante daquele que ama. Não fosse assim, as pessoas não terminavam relacionamentos com aqueles que amam. Segundo o estudo, exercem papel importante na duração da relação fatores como idade dos parceiros, relacionamentos anteriores e até o fato de um fumar e o outro não.

Foram analisados 2.500 casais, entre os anos de 2001 e 2007, entre casados oficialmente ou que apenas moravam juntos. Uma das conclusões do estudo “O que o amor tem a ver com isso” foi que um marido pelo menos nove anos mais velho que a mulher tem duas vezes mais chances de se divorciar, assim como os homens que se casaram antes dos 25 anos de idade. Eu já me sinto um pouco incomodada quando as relações humanas são encaixadas em perfis próprios. Eu acho esquisito rotular relações humanas, criar parâmetros pré-determinados. O que mais há nas relações humanas são as exceções. Justamente porque é difícil mapear o comportamento. Movido por uma forte emoção, ninguém sabe do que é capaz. Mas vamos adiante.

amorOutro dado levantado pela pesquisa é que 20% dos casais que tiveram filhos antes da união acabaram separados. Casar por causa dos filhos não é uma sábia decisão, se a motivação para o casamento é apenas essa. Mas, ainda assim, é preciso pensar que 80% dos casais continuaram juntos. O que eu pergunto é: até quando, não é? Até quando as relações entre estes casais se manterão estáveis como na época da pesquisa? Daqui a um ano, sabe-se lá se os casais que estavam juntos e felizes ainda manterão esse status. Eu continuo reticente com relação a essas pesquisas. Para mim, é tentar calcular o incalculável. É buscar razões para o que não se explica por amostragem.

Seguindo com os dados da pesquisa, outro fator determinante para o divórcio é a discordância sobre ter ou não ter filhos. Se um quer, e o outro, não, a possibilidade de se divorciar cresce. Ah, e se o parceiro já havia passado por um divórcio anterior, mais chances de enfrentar uma nova separação. E o dinheiro, esse influencia também. Quando a grana acaba, acaba também o casamento.

Meu incômodo aumenta a cada nova exposição. Pergunto-me qual é mesmo o fundamento de estudos como este. Todo casal terá problemas, óbvio. São duas pessoas diferentes, com criações diferentes, tentando viver sob um mesmo teto. Não tem como ser perfeito. Em algum momento estas diferenças se sobressairão. Imagino que o importante seja viver essa relação enquanto ela valer à pena, enquanto for motivo de alegria. Se vai durar para sempre, não importa. Que dure o que tiver de durar. É preciso compreender isso. Se durar para sempre, ótimo. Se durar dois meses, ótimo também. Amor de casalO que não compreendo é essa busca incessante por fórmulas da eternidade.

Não sou psicóloga, não entendo o funcionamento da mente humana. O que sei sobre o assunto é devido a uma leitura rasteira sobre o tema. Mas tenho minhas crenças e apostas. Embora não tenha durado para sempre, de alguma forma toda relação teve seu bom momento, caso contrário você não teria estado ao lado daquele alguém. Portanto, minha gente, vamos esquecer essas equações inexatas que se espalham por aí. Se você quer que uma relação dure para sempre, tente contornar as diferenças. Mas se não durar para sempre, tudo bem. Aceite o fim e siga em frente. Quem sabe você não encontre outro alguém com quem queira viver o resto da vida?

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