Uma conversa sobre Aids, Carnaval e juventude

Durante estes dias de cobertura carnavalesca pela mídia, ouve-se muito falar em Aids e fala-se muito da importância da camisinha, principalmente porque o Carnaval é uma festa que tem fama de mais permissiva. Toda a ênfase no beijar na boca, na “ficação”, no curtir o momento, todo o mito da máscara e do não saber como e com quem, é excitante, sem dúvida. Existe um fetiche na “festa da carne”, isso é inegável e a intenção aqui não é ser moralista. Sexo é bom sim, mas quando feito com consciência, ainda fica melhor. Quando digo consciência, quero enfatizar o conhecimento do próprio corpo, das próprias necessidades e também das necessidades da pessoa com quem compartilhamos esse momento, seja parceiro (a) fixo ou não.

Embora se divulgue mais a escalada da epidemia de Aids entre os brasileiros em datas especiais, perto do Carnaval ou no Dia Mundial dedicado a conscientização sobre a doença, por exemplo, os números não são fantasia e nem estratégia de marketing para comover. Eles refletem a condição de milhares de pessoas reais. Liberar a informação perto ou durante o Carnaval, acredito, tem intenção de aproveitar sim que as pessoas estão focadas no sexo, mas ainda assim, os fatos existem, a epidemia existe, continua a crescer silenciosamente e atinge uma faixa etária cada vez menor.

Segundo o último boletim que recebemos (via email) do Ministério da Saúde, na faixa etária de 13 a 19 anos, o número de casos de Aids é maior entre as mulheres.  Dos 20 aos 24 anos, a divisão por gênero é semelhante e atinge tanto eles quanto elas (independente da orientação sexual) em percentagens iguais. Já entre os homens jovens, ainda segundo o MS, há maior incidência de infecção nas relações homossexuais. Vê-se com isto que a Aids nunca foi uma doença restrita a um gênero ou opção sexual, mas é alarmante o fato de tanta gente jovem adquirir o vírus. É falta de campanha? Acredito que não é só isso. Ainda assim, este ano, o foco da campanha pró-camisinha do MS durante a folia de Momo tem como alvo os jovens.

Acredito que, além da necessidade de se divulgar com mais frequência os números e as estratégias de prevenção, existe também uma falta de consciência corporal, um excesso de fé no outro (principalmente daqueles que tem parceiro (a) fixo), uma grande subserviência das mulheres (que ainda não aprenderam a agir de igual para igual com seus parceiros na relação) e, diante de tantos jovens ainda em tenra idade contaminados, um desejo até meio mórbido de desafiar a morte e dizer: “comigo não acontece”. Só que pode acontecer. E, até o momento, ainda não inventaram método mais simples de prevenção do que a camisinha.

Outro dia, respondi um comentário de alguém que dizia não gostar de sexo com camisinha. Ela revelava que não conseguia sentir prazer com a camisinha, mas acredito que sentir ou não prazer em uma relação está além da camisinha, porque está além da penetração. Cada casal deve buscar nas suas preferências e práticas, fazer o joguinho de sedução, caprichar nas preliminares, descobrir outras zonas de excitação no corpo do parceiro (a), para não limitar o sexo só ao ato da penetração. Ser criativo na vida é fundamental e o sexo faz parte disso. Então, para mim, esse aumento do número de casos de Aids entre gente jovem demais, ou de HPV, ou de outras doenças sexualmente transmissíveis (e aqui vale lembrar que a Aids se transmite por outros meios que não apenas o sexo), tem um pouco também de relação com falta de maturidade para gerenciar uma vida sexualmente ativa.

Os jovens se iniciam no sexo mais cedo, mas não estão preparados para administrar a situação, negociar o uso do preservativo, ainda não possuem aquela consciência corporal que já falei acima, as meninas mais novas são ainda mais vulneráveis à vontade do parceiro, sobretudo nas relações heterossexuais, que é onde a carga machista da sociedade traz toda aquela ideia de que a iniciativa é deles e só deles e que elas devem se submeter, espera-se até que se submetam. Creio que tudo isto ocorre porque a adolescência (e são pessoas de 13 a 19 anos se contaminando), é uma idade de tantas incertezas em tantas áreas da vida, porque não seria neste fator, o sexo?

Os pais, a escola, a sociedade, todos precisam atentar para o fato de que existe um alerta (e não é dos números do Ministério da Saúde) quando tantos jovens se contaminam em tão grande proporção com o vírus da Aids. Existe um alerta que perpassa a educação recebida em casa, a educação recebida na escola, a falta de diálogo, a erotização precoce de crianças que sequer foram alfabetizadas ainda mas estão expostas a letras de música e programas na tv acima da sua capacidade de compreensão. É uma cruzada social impedir que tantas vidas precoces se comprometam com algo tão complexo quanto ser portador de HIV. Todos, de alguma forma, temos de contribuir!

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Confira a íntegra do Boletim do Ministério da Saúde divulgado em fevereiro:

*Epidemia de Aids atinge jovens entre 13 e 19 anos

Mariângela Simão, do Ministério da Saúde. Crédito da imagem: Agência Brasil

Os números mais recentes da Aids no Brasil mostram que a epidemia, na década de 2000, comporta-se de forma diferente entre os jovens. Na população geral, a maior parte dos casos está entre os homens e, entre eles, a principal forma de transmissão é a heterossexual.

Considerando somente a faixa etária dos 13 aos 24 anos, a realidade é outra. Na faixa etária de 13 a 19 anos, a maior parte dos registros da doença está entre as mulheres. Entre os jovens de 20 a 24 anos, os casos se dividem de forma equilibrada entre os dois gêneros. Para os homens dos 13 aos 24 anos, a principal forma de transmissão é a homossexual.

Diversos fatores explicam a maior vulnerabilidade dos jovens para a infecção pelo HIV. Entre as meninas, as relações desiguais de gênero e o não reconhecimento de seus direitos, incluindo a legitimidade do exercício da sexualidade, são algumas dessas razões.

No caso dos jovens gays, falar sobre a sexualidade é ainda mais difícil do que entre os heterossexuais. “Eles sofrem preconceito na escola e, muitas vezes, na família. Isso faz com que baixem a guarda na hora de se prevenir, o que os deixa mais vulneráveis ao HIV”, explica Mariângela Simão, diretora do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.

Feminização – O aumento de casos de Aids entre as mulheres se deu em todas as faixas etárias. Em 1986, a razão era de 15 casos em homens para cada um caso em mulheres. A partir de 2002, a razão de sexo estabilizou-se em 15 casos em homens para cada 10 em mulheres. Na faixa etária de 13 a 19 anos, o número de casos de Aids é maior entre as mulheres jovens. A inversão apresenta-se desde 1998, com oito casos em meninos para cada 10 casos em meninas.

Entre 2000 e junho de 2009, foram registrados no Brasil 3.713 casos de Aids em meninas de 13 a 19 anos (60% do total), contra 2.448 em meninos. Na faixa etária seguinte (20 a 24 anos), há 13.083 (50%) de casos entre elas e 13.252 entre eles. No grupo com 25 anos e mais, há uma clara inversão – 174.070 (60%) do total  de 280.557 de casos são entre os homens.

A Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas da População Brasileira, lançada pelo Ministério da Saúde em 2009, também ajuda a explicar a vulnerabilidade das jovens à infecção pelo HIV. De acordo com o estudo, 64,8% das entrevistadas entre 15 e 24 anos eram sexualmente ativas (haviam tido relações sexuais nos 12 meses anteriores à pesquisa). Dessas, apenas 33,6% usaram preservativos em todas as relações casuais, que são as que apresentam maior risco de infecção.

Nos homens, 69,7% dos entrevistados eram sexualmente ativos. Entre eles, porém, o uso da camisinha é maior: 57,4% afirmaram ter usado em todas as relações com parceiros ou parceiras casuais.

Homossexuais – Na faixa etária de 13 a 19 anos, entre os meninos, houve mais casos de Aids por transmissão homossexual (39,2%) do que heterossexual (22,2%), no ano de 2007. Essa tendência é diferente do que ocorre quando se observa todos os casos de Aids adquiridos por transmissão entre homens – 27,4% homossexual e 45,1% heterossexual.

Nas escolas – O carro-chefe das ações de prevenção à Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis é o programa Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE), uma iniciativa dos Ministérios da Saúde e da Educação. Criado em 2003, o SPE tem como objetivo central desenvolver estratégias para redução das vulnerabilidades de adolescentes e jovens. As ações se dão de forma articulada entre escolas e unidades básicas de saúde. Hoje, 50.214 escolas de todo o país participam do programa.

A iniciativa trabalha a inclusão, na educação de jovens das escolas públicas, dos temas saúde reprodutiva e sexual. O SPE reúne ações que envolvem a participação de adolescentes e jovens (de 13 a 24 anos), professores, diretores de escolas, pais dos alunos, e gestores municipais e estaduais de saúde e educação. É no âmbito deste programa que se disponibiliza preservativos nas escolas.

*Fonte: Assessoria de Comunicação do Ministério da Saúde – Brasília

Saiba mais:

Para ver material da campanha do MS durante o Carnaval, que este ano está focada nos adolescentes, visite: www.aids.gov.br.

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Artigo: “O Trio Mortal”

Aproveitando que no post abaixo Alane falou sobre o Dia Mundial de Luta Contra a Aids, publico aqui no blog um artigo assinado por Carlos Varaldo, do Grupo Otimismo, ong de apoio e esclarecimento aos portadores de hepatites. Já publicamos outras contribuições de Varaldo em ocasiões anteriores. Desta vez, ele fala sobre a combinação da Aids, que enfraquece  o sistema imunológico, com doenças infecto-contagiosas como a tuberculose e a hepatite C, o que afeta sensivelmente a expectativa de vida dos soropositivos, mesmo quando usuários do coquetel antirretroviral. O artigo é um alerta para pacientes e para os gestores do sistema de saúde. Combater o “trio mortal” é questão de política pública e de consciência individual e coletiva. Aids, tuberculose, hepatite C, ao contrário do que pensa o senso comum, não são doenças específicos de um determinado grupo social, de um determinado gênero ou de uma determinada cor de pele, todos estamos sujeitos ao risco de contágio e todos somos responsáveis para que portadores dessas doenças tenham tratamento humanizado, digno e livre de juízos de valor e preconceitos. Confiram o texto:

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**O Trio Mortal

*Carlos Varaldo

Bacilo de Koch, causador da tuberculose

Durante o Congresso Internacional de AIDS na Ásia e no Pacifico, que aconteceu em setembro, participantes e ativistas solicitaram maiores esforços para enfrentar “O Trio Mortal” formado pela combinação das epidemias de HIV/AIDS, tuberculose e hepatite C.

As três doenças, quando separadas, possuem tratamentos efetivos que controlam a progressão e até a cura. Isto é possível na tuberculose e na hepatite C, mas quando alguém se infecta com mais de uma dessas doenças a situação complica e o quadro se torna grave e difícil de tratar.

O alerta desesperado chega, até tardio, porque é estimado que aproximadamente 30% dos infectados com HIV/AIDS já se encontram infectados com à hepatite C ou a tuberculose, passando a ser as duas principais causas de mortes das pessoas infectadas pela AIDS.

O tratamento com o coquetel antirretroviral transformou a AIDS de doença letal para doença crônica, permitindo que as pessoas possam conviver com a doença, mas a utilização dos medicamentos prejudica o fígado e diminui as defesas, tornando-os presas fáceis se estiverem co-infectados com tuberculose ou hepatite C. Para evitar danos maiores é urgente que todos os indivíduos HIV positivos sejam testados para tuberculose e hepatites.

Vírus HIV, causador da Aids

O número de brasileiros infectados com tuberculose ou hepatites B ou C é medido em milhões, números que superam em mais de dez vezes os infectados pelo HIV. O maior problema é a não identificação de quem está infectado, possibilitando a disseminação descontrolada dessas doenças rapidamente na população.  Estudos mostram o crescimento das epidemias, principalmente, devido a que uma pessoa com tuberculose pode infectar outras 15 durante o curso da doença, que a hepatite B se transmite sexualmente com uma facilidade até 100 vezes maior que o HIV e que a hepatite C em caso de compartilhamento de instrumentos contaminados possui 85% de possibilidade de cronificação.

Os infectados com HIV/AIDS e os gestores da saúde devem tomar consciência que existe uma formula matemática que demonstra o perigo da hepatite C, a qual foi colocada por ativistas na entrada do congresso para alertar a comunidade HIV positiva: “Hepatite C + Silencio = Morte”.

“O Trio Mortal” se alimenta de carências no sistema público de saúde, do desconhecimento da população, da pobreza, da desnutrição, da falta de acesso a educação, da falta de profissionais de saúde com os conhecimentos suficientes, de comportamentos de risco e de programas pouco eficazes para enfrentar as epidemias.

Acrescentando a tudo isso a não realização de campanhas de detecção dos casos de hepatites e tuberculose complica ainda mais a situação. Quando a hepatite C e a tuberculose é diagnosticada precocemente a possibilidade de cura é excelente.

Vírus da Hepatite

“O Trio Mortal” já está trabalhando, silenciosamente, e, de forma unida, continua ganhando força.  É o momento dos movimentos sociais da AIDS, da Tuberculose e da Hepatite juntar forças para combater um inimigo comum.  Por enquanto “O Trio Mortal” está ganhando a batalha, é necessário enfrenta-lo para não perder a guerra.

Na Indonésia os ativistas utilizaram o símbolo da AIDS para alertar sobre as três doenças, mas formado por balões na cor vermelha para mostrar que o perigo já está presente.

*Carlos Varaldo é presidente do Grupo Otimismo de Apoio ao Portador de Hepatite e vice-diretor da World Hepatitis Alliance.
**Material encaminhado ao blog através da assessoria de comunicação do grupo Otimismo

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Mais sobre hepatites:

>>Visite o site do Grupo Otimismo

>>Uma conversa sobre Hepatite B

>>Vinte anos da descoberta do vírus da Hepatite C

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Uma conversa sobre Hepatite B

Meninas e meninos, recebemos o alerta abaixo do Grupo Otimismo, que reúne pacientes e familiares dos portadores de Hepatite B. Trata-se de um assunto muito importante e de uma tentativa de acabar com o preconceito e os tabus em torno da doença, que não ajudam em nada no tratamento dos portadores, além de uma tentativa da sociedade civil organizada em cobrar do poder público que cumpra seu papel no desenvolvimento de políticas de saúde inclusivas e justas. Confiram:

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Hepatite B – Um problema de políticas públicas de saúde

Vírus da Hepatite B
Vírus da Hepatite B

Falar da hepatite B sem colocar números assustadores é tarefa impossível. Um terço da população mundial, dois bilhões de pessoas, já teve contato com o vírus B, sendo que 350 milhões estão doentes, infectados cronicamente com uma doença traiçoeira por ser silenciosa e que lentamente leva a cirrose ou ao câncer do fígado.  Estima a Organização Mundial da saúde que mais de 1 milhão de pessoas morrem a cada ano por causas diretamente relacionadas à hepatite B.

No Brasil a situação também é dramática.  O Ministério da Saúde estima que aproximadamente dois milhões de brasileiros estejam infectados cronicamente, o que representa um número três vezes maior que os infectados com HIV/AIDS, duas doenças muito parecidas já que ambas são de fácil transmissão sexual e os tratamentos não conseguem a cura, somente o controle da sua progressão, evitando ainda a transmissão a outros indivíduos.

Mas, diferentemente da AIDS, na hepatite B existem dois graves problemas.  Noventa e cinco por cento dos doentes ainda não foram diagnosticados, os quais perambulam no Brasil evoluindo para a perda total da sua saúde, transmitindo a doença e, pior ainda, se diagnosticados enfrentam o problema de poucos locais especializados no tratamento e de medicamentos caros ainda não disponibilizados no sistema único de saúde.

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Existem várias opções de tratamento aprovadas pela ANVISA para comercialização no Brasil, mas a Portaria que regulamenta o tratamento pelo SUS foi emitida no ano de 2002, não incluindo os quatro autorizados nos últimos sete anos.  Quem pode pagar R$. 800,00 por mês por tempo indeterminado é tratado corretamente. Quem depende do SUS não pode dispor de medicamentos realmente efetivos no controle da doença.  Temos assim cidadãos de primeira e de segunda classe em dissonância com a Constituição Federal.

Segundo Carlos Varaldo, presidente do Grupo Otimismo de Apoio ao Portador de Hepatite, é grande a pressão da sociedade civil e das sociedades médicas nos últimos três anos para a publicação de uma portaria atualizada, recebendo inúmeras promessas nunca cumpridas. O ministro da saúde José Gomes Temporão afirmou que a mesma será publicada agora em setembro.

Varaldo não perde a esperança, mas espera não se sentir desiludido com mais uma promessa, afirmando que não é possível continuar perdendo tempo, já que durante a leitura desta matéria pelo menos duas pessoas infectadas com hepatite B acabam de falecer no mundo, inclusive no Brasil.

Contato:

Carlos Varaldo
Presidente do Grupo Otimismo
Rio de Janeiro (21) 4063.4567 – São Paulo (11) 3522.3154
[email protected]
Visite o site do grupo: www.hepato.com

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>>Saiba mais sobre a Hepatite B

>>Mais informações sobre Hepatite B no blog de Drauzio Varella

>>Orientações sobre Hepatite no site da Anvisa

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Artigo: ”Aprenda a escolher um sapato masculino”

pesCom a proximidade do Dia dos Pais pipocam nas caixas de email dos jornalistas material de divulgação com dicas de presentes, para ajudar os mais indecisos a encontrar um mimo que seja a cara do paizão (aqui você encontra algumas dicas). Não é porque o Conversa de Menina é um blog feminino que vamos relegar os pais ao segundo plano. Eles são importantes e nós abraçamos a campanha da paternidade responsável. Até o fim da semana, aguardem post sobre a história do Dia dos Pais e o que se espera de um pai na contemporaneidade. Por enquanto, aproveitando a data e a correria em busca de um presente ideal, reproduzimos o artigo do ortopedista Fabio Ravaglia, especialista em coluna vertebral e mestre em cirurgia pela Unicamp, que traz dicas sobre o que observar na hora de escolher sapatos para homens. Anatomicamente, lógico, somos bem diferentes dos meninos. Mas, existem outros detalhes na pisada, no peso dos ossos, no formato dos pés, que influenciam bastante. E sapato, enquanto para nós é um acessório para compor aquele visual arrasa-quarteirão, para os médicos significa “olhe onde e como pisa” –  principalmente se desenvolvemos lesões por usar os calçados errados. Confiram:

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Aprenda a escolher um sapato masculino

*Dr. Fabio Ravaglia

O Dia dos Pais está próximo e comprar um sapato é sempre uma boa opção de presente. Mas como fazer a escolha certa? O que considerar na hora de comprar calçado masculino? Há pessoas que não presenteiam com calçados por medo de errar ou já avisam: “pode trocar”. É fácil escolher o que está na moda, o número, a cor predileta, que esposas e filhos conhecem tão bem. Outros fatores, contudo, devem ser levados em conta. Como médico, acredito que a saúde está sempre em primeiro lugar e a saúde dos pés depende em grande parte da forma como os usamos e dos cuidados que temos com eles. O pé é uma máquina perfeita de sustentação do corpo, fundamental para promover a sua mobilidade, e o calçado pode afetar, positiva ou negativamente, a sua saúde e performance.

Originalmente, o pé humano se desenvolveu para andar descalço. Mas é claro que há séculos, por segurança e higiene, este hábito foi abandonado. Ocorre que a maneira de pisar e o tipo de calçado que usamos influenciam tanto no funcionamento quanto no formato de nossos pés. Muita gente sente dor na sola do pé ou dor no calcanhar — resultado do uso de um calçado inadequado ou da maneira de andar incorreta. Ao entrar em contato com o solo, os pés agem no controle de postura, equilíbrio, apoio, impulsão, absorção de impactos e distribuição do peso corpóreo. O calçado pode mesmo prejudicar a saúde dos pés. O uso contínuo de um calçado inadequado pode gerar até uma fascite plantar, ou seja, uma inflamação na sola do pé.



Calçados macios em toda sua extensão, principalmente na parte lateral do calcanhar, são indicados para quem tem a pisada supinada. Pessoas com os pés pronados devem contar com reforço na parte interna do calcanhar. As pessoas com  pé chato tendem a desenvolver processos inflamatórios como tendinites — por isso recomendo sapatos fechados e bem firmes nos pés, com saltos mais altos que ajudam a curvatura.

Mapa dos músculos dos pés
Mapa dos músculos dos pés

Antes de adquirir um sapato, portanto, é importante saber um pouco mais. A anatomia do pé tem uma estrutura complicada – envolve um conjunto de ossos, juntas, articulações, ligamentos, músculos e tendões, que permite uma enorme série de movimentos. Embora a anatomia seja a mesma, há diferenças de formação. Há pessoas com pés normais, supinados (cavos) ou pronados (chatos) e o mercado dispõe de modelos de sapatos, principalmente de tênis, que são apropriados para cada caso. Tênis ou sapatos não têm a função de corrigir problemas ortopédicos, mas podem adaptar o pé para que o passo fique correto, ou seja, para amenizar as falhas da pisada. Palmilhas também são eficazes em muitos casos. Na pisada supinada, a pessoa confere maior peso no lado externo (pés com muita cava). Na pronada, o peso do corpo está concentrado na parte lateral-interna. Na pisada neutra, característica das pessoas com pés normais, o peso do corpo é distribuído  mais uniformemente nos pés.

Em todos os casos, é importante observar para que o calçado não fique curto demais, comprimindo o pé, ou folgado demais na frente, no peito dos pés, atrás e dos lados, deixando uma folga maior do que a necessária para os dedos ou deixando o pé solto, o que pode causar bolhas ou calos. A folga ideal na frente é de no máximo um centímetro entre o dedão e a ponta (bico) do sapato, permitindo a movimentação dos dedos. Solados de borracha são mais recomendados por evitar escorregões. Saltos largos e estáveis ajudam para que a pisada ocorra com segurança. Os sapatos fechados costumam acomodar melhor os pés. Fivelas e cadarços ajudam a manter o sapato preso aos pés. Nem sempre o elástico é uma boa alternativa, uma vez que pode prejudicar a circulação sanguínea. Hoje, muitos tênis têm amortecedores que impedem que os pés e o corpo absorvam um impacto maior. Eles aliviam a carga que as articulações dos pés e dos joelhos, principalmente, recebem. São responsáveis por evitar problemas, como uma fratura por estresse ou mesmo artroses na região entre a coluna vertebral e a bacia. Flexibilidade da sola, material macio, bico amplo e salto em torno de três centímetros são características básicas de um sapato “saudável”.

Desconforto ou dores articulares ao caminhar, especialmente nos pés e nos joelhos, são sintomas de que algo anda errado. O ideal para tirar a prova dos nove sobre o tipo de pisada é fazer a baropodometria, um exame simples que mapeia a distribuição da carga na sola do pé enquanto a pessoa caminha.

Sapatos inadequados são responsáveis por 90% das doenças dos pés. Ter em mente este fato na hora da compra significa prevenir o incômodo de pisar sentindo dor. Reforço que o calçado certo evita a incidência de dores no joelho, no arco anterior dos pés, joanetes, calos, tendinites, unhas encravadas e danos à coluna. Portanto, não sacrifique os pés em favor da estética. Afinal, ninguém quer dar um presente que cause desconforto, não é mesmo? Feliz Dia dos Pais em 9 de agosto!
 

*Fabio Ravaglia, ortopedista e diretor do Instituto Ortopedia & Saúde

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Leia também:

>>Síndrome de Centopeia – ou as mulheres e seus sapatos

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Corredores devem se cuidar para evitar Hérnia de Disco

CorredoresA reportagem que reproduzimos abaixo foi enviada ao blog pela equipe do Instituto de Tratamento da Coluna Vertebral. Como o fim de semana está chegando e diversas pessoas usam esse tempo de folga para praticar exercícios, às vezes, sem o devido acompanhamento especializado, fica o alerta para evitar problemas futuros. Nos links, vocês encontram uma reportagem sobre clubes de corrida e acesso para a página do ITC Vertebral, onde é possível encontrar informações de médicos e fisioterapeutas sobre tratamento e prevenção aos problemas de coluna e a dor crônica.

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Leia também:

>>Pilates alivia dores lombares
>>Prepare-se para correr

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Cuidados com a coluna podem evitar Hérnia de Disco em Corredores

corredores 2A corrida é um dos esportes mais procurados por quem quer ficar com o corpo em forma e melhorar o condicionamento físico. Praticada por atletas experientes e principalmente por amadores, o exercício precisa ser bem orientado para não causar prejuízos à saúde, como uma possível hérnia de disco.

Vários fatores podem levar o atleta a sentir dor na coluna vertebral, são eles: fraqueza e   encurtamento muscular, lesões antigas dos membros inferiores, tênis inadequado, treinos em superfícies irregulares e rígidas (a grama é melhor que o asfalto e este melhor que a calçada) e, principalmente, a falta de supervisão de um professor de educação física.

“Uma dica importante: a corrida passa a ser um risco maior para os novos corredores que  não estão fisicamente preparados para o esporte. Por isso, é preciso ter uma boa estrutura muscular e saber usar bem o músculo transverso do abdômen e os demais músculos posturais. Esses músculos  darão suporte para que a coluna não sofra nenhum tipo de lesão, evitando assim uma hérnia de disco no futuro. Outra orientação importante seria um programa de mobilização das articulações vertebrais, que pode ser feito através da Osteopatia, técnica da Fisioterapia Manual”, explica Helder Montenegro, fisioterapeuta  osteopata e fundador do Instituto de Tratamento da Coluna Vertebral.

Mesmo com esse cuidado, algumas pessoas acabam passando por algum episódio de dor na coluna devido a uma predisposição genética. Segundo Montenegro, junto com o medo de ter que parar de praticar o esporte, vem a cirurgia. “Muitos atletas chegam ao consultório preocupados com o resultado de hérnia de disco, pois não querem passar por uma cirurgia e muito menos parar de correr.”

Porém, uma pesquisa recente da Revista da Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos mostrou que apenas 10% das hérnias de disco necessitam de cirurgia para serem tratadas. Ou seja, tratamentos convencionais como a fisioterapia, medicamentos prescritos por um médico e exercícios físicos podem solucionar 90% das hérnias.

Tratamento convencional combinado com exercícios

A Reconstrução Músculo-Articular da Coluna Vertebral – RMA Vertebral, une o trabalho da fisioterapia manual com a tecnologia das mesas de tração e descompressão e do Stabilizer – equipamento que condiciona o paciente a usar o músculo transverso do abdômen, e exercícios de musculação. A união de todos esses fatores permite que o paciente não tenha mais dor e inicie um trabalho focado no fortalecimento dos músculos posturais.

“Com a técnica RMA Vertebral, temos conseguido resultados equivalente a 87% dos casos resolvidos. Claro que isso só é possível se houver o comprometimento do paciente na manutenção do tratamento, ou seja, fazer exercícios como musculação e Pilates. Assim, se bem utilizado o músculo do transverso do abdômen, muitos corredores poderão voltar para as pistas”, explica Helder Montenegro.

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Vinte anos da descoberta do vírus da Hepatite C

Representação do vírus da Hepatite C
Representação do vírus da Hepatite C

A Hepatite C atinge cerca de três milhões de pessoas no país e infecta cinco vezes mais que a AIDS. Este ano, completam-se vinte anos da descoberta do VHC, vírus causador da Hepatite C, ocorrida em 1989. Recebemos um bom material, que esclarece algumas dúvidas sobre a chamada doença silenciosa, pois o vírus leva anos encubado, antes dos problemas de saúde se manifestarem. Abaixo, transcrevo o material recebido através da assessoria de comunicação do HC – FMUSP (Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo). No final do post, os interessados em saber mais sobre a doença encontram o link para o Portal da Hepatite, uma página na internet com informações completas sobre a doença e suas manifestações. No portal, há também os contatos dos grupos de apoio aos portadores em Salvador – BA e demais capitais.

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“A epidemia silenciosa faz 20 anos”

Na década de 70 e 80, a epidemia de Hepatice C se disseminou pelo mundo, atingindo de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), entre 170 e 200 milhões de pessoas, equivalente a 3% da população mundial. Vinte anos mais tarde, os métodos de diagnóstico e tratamento avançaram muito, mas o cenário continua alarmante. A hepatite C é a maior causa de cirrose e câncer de fígado no mundo e se tornou o principal motivo de morte dos portadores de HIV.

A doença contamina cinco vezes mais brasileiros do que a AIDS. No País, existem 600 mil portadores do vírus da AIDS contra cerca de três milhões de pessoas infectadas com o vírus da hepatite C, segundo estimativas do Ministério da Saúde. De acordo com o infectologista Evaldo Stanislau Affonso de Araújo, Coordenador do Comitê de Hepatites Virais da Sociedade Brasileira de Infectologia e Médico Assistente-Doutor da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do HC-FMUSP, a coinfecção HIV-Hepatite C, entre os usuários de drogas infectados pela AIDS, chega a quase 100%. “Morre-se pelas complicações do fígado e não pelas infecções associadas ao HIV”, explica. A proporção diminui se a pessoa adquiriu o HIV por via sexual. “Nesse caso, teremos ao redor de 15% de coinfecção HIV-Hepatite C”, completa.

Mapa de distribuição da Hepatite C no mundo. Fonte: Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
Mapa de distribuição da Hepatite C no mundo. Fonte: Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)

Segundo o especialista, desde a descoberta do vírus, os avanços foram muito expressivos, mas ainda há muito que melhorar. “Não temos só noticias ruins, a terapia para a hepatite C evoluiu muito. No início, com o uso apenas do interferon alfa, tínhamos ao redor de 6% de sucesso no tratamento”, explica o especialista. “Hoje saltamos para uma média de sucesso de 50% – dependendo do caso pode ser maior – e, em breve, com o advento de novas modalidades terapêuticas, devemos atingir ao redor de 75% de sucesso. Ainda não é 100%, mesmo por que não contamos com uma vacina preventiva”, completa.

O mais preocupante é que a maioria dos portadores, principalmente os mais idosos – em que a prevalência da doença chega a ser o dobro da população em geral – desconhece a sua condição. Isso ocorre, pois a hepatite C é uma doença que evolui silenciosamente sem apresentar nenhum sintoma. “Nesse cenário, tornou-se corriqueiro nos deparar com o diagnóstico tardio, quando as pessoas já apresentam o câncer de fígado ou uma doença hepática avançada” ressalta Dr. Evaldo Stanislau.

Diagnóstico e Tratamento da Hepatite C

A hepatite C crônica é uma doença de evolução lenta e que não causa sintomas por um longo tempo, mas nos estágios mais avançados o quadro sintomático pode ser bastante grave. A doença teve os primeiros casos diagnosticados em 1990, especialmente, em pacientes que receberam transfusão sanguínea antes de 1992. Transmitida, principalmente, pelo contato com o sangue, a hepatite C pode ser contraída por uso de material cortante não esterilizado adequadamente (manicure), compartilhamento de agulhas, hemodiálise, realização de tatuagem sem técnicas de esterilização adequadas ou de acupuntura sem agulhas descartáveis e ainda pelo uso endovenoso de drogas ilícitas. A evolução da doença crônica pode causar cirrose hepática em cerca de 20% dos pacientes em 10 anos, podendo desenvolver também câncer de fígado. Por esse motivo, o diagnóstico precoce é fundamental para a detecção rápida da doença e o estabelecimento de um tratamento adequado, que pode em muitos casos garantir a cura, evitando as complicações de longo prazo.   

Atualmente, os pacientes tratados com remédios de última geração para hepatite C, podem atingir altas taxas de resposta virológica sustentada (RVS), ou seja, a ausência do vírus após o tratamento, considerada como a cura para a Hepatite C. No entanto, especialistas alertam para o diagnóstico precoce e o início da terapia individualizada como o alvo principal para atingir as melhores taxas de resposta.

Locais de Tratamento

O Sistema Único de Saúde oferece tratamento para os pacientes com doenças hepáticas. Há também outros centros especializados, além deínicas privadas e dos postos do SUS no Brasil.

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>>Visite o Portal da Hepatite  e veja onde buscar apoio

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Mutirão para diagnóstico de glaucoma em Salvador

Conversa de Menina abre espaço para divulgar a 6ª Campanha Salvador Contra o Glaucoma, que acontece nestas quinta e sexta-feira, dias 9 e 10 de julho, e espera atender até duas mil pessoas com exames gratuitos para indivíduos acima de 45 anos.  Confiram as informações enviadas pela assessoria de comunicação da campanha e ajudem a divulgar a iniciativa.

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Glaucoma_2Segunda principal causa de cegueira no mundo, o glaucoma está no topo da lista quando se trata da população negra e parda, que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), tem mais tendência de desenvolver a doença. Daí a importância da campanha Salvador Contra o Glaucoma, que mobiliza médicos e hospitais em um grande mutirão para esclarecer dúvidas da população e oferece exames oftalmológicos para o grupo de risco. A campanha será nos dias 9 e 10 de julho, quinta e sexta-feira, no Largo do Bonfim, em frente à Igreja Nosso Senhor do Bonfim.

“De fato, numa cidade onde mais de 70% da população é formada por negros e pardos, campanhas dessa natureza são essenciais. Limitamos o atendimento a pessoas com mais de 45 anos pelo fato de a incidência ser maior a partir dessa idade, além de não termos estrutura para atender a todos. Mas fica o alerta para a população em geral sobre a importância da prevenção”, orienta a oftalmologista Cláudia Galvão, Presidente da Sociedade de Oftalmologia da Bahia (SOFBA), organizadora do evento.

Segundo ela, no que se que refere ao glaucoma, além dos afro-descendentes, devem consultar um oftalmologista pelo menos uma vez ao ano pessoas que apresentem uma ou mais das seguintes características: ter mais de 45 anos, já ter constatado pressão ocular elevada, ter caso de glaucoma na família, diabetes, miopia, histórico de lesão nos olhos ou que façam uso prolongado e continuo de esteróides/cortisona.

Sobre a campanha

Trinta médicos voluntários irão aplicar dois exames preliminares – de pressão ocular e de fundo de olho -, que podem indicar suspeita de glaucoma. “Quando identificarmos risco real, iremos encaminhar o paciente para uma avaliação médica mais detalhada. Esses pacientes irão sair da triagem com uma consulta já agendada”, afirma Dra. Fabíola Mansur, oftalmologista conselheira da SOFBA. Nos últimos cinco anos de campanha, das 16 mil pessoas atendidas, 3,5 mil foram encaminhadas para a segunda consulta.

A campanha tem o apoio da Alcon Laboratórios do Brasil Ltda e de cinco instituições médicas: Hospital das Clínicas de Salvador, Hospital Roberto Santos, Hospital Santa Luzia, Instituto Brasileiro de Oftalmologia e Prevenção da Cegueira – IBOPC e a Clinica de Olhos Oftalmodiagnose

O glaucoma

glaucomaFreqüentemente chamado de “inimigo oculto”, o glaucoma atinge mais 1 milhão de brasileiros. Trata-se de uma doença isolada multifatorial, que envolve danos ao nervo óptico, responsável por enviar sinais visuais ao cérebro. A doença não tem cura, mas o diagnóstico precoce pode evitar a perda da visão. Na maioria dos casos, um tratamento à base de colírios pode ser o suficiente para manter a enfermidade sobre controle. Mas medicamentos orais e intervenções cirúrgicas também podem ser necessários. “O tratamento requer uma rígida disciplina para funcionar. Muitos pacientes se esquecem de pingar o colírio ou não respeitam os horários de aplicação do medicamento, já que a doença é assintomática”, alerta Dra. Cláudia.

No passado, a pressão intra-ocular era controlada basicamente com o uso de colírios que apresentavam alguns efeitos colaterais sistêmicos e exigiam de duas a três aplicações por dia. Na última década, o advento de colírios de prostaglandinas no tratamento clínico do glaucoma foi um verdadeiro avanço, por serem mais seguros, eficazes e oferecerem maior comodidade posológica, pois, em muitos casos, podem ser aplicados apenas uma vez no dia.

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Links úteis:

>>O que é glaucoma? – Site do Instituto Benjamin Constant

>>Saiba mais sobre o glaucoma – Site Saúde Vida On Line

>>Site da Sociedade Brasileira de Glaucoma

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Evite acidentes domésticos com crianças

Acidente domésticoMais de 140 mil crianças são internadas em unidades médicas anualmente, vítimas de acidentes domésticos, segundo dados da ONG Criança Segura. Além disso, as lesões não-intencionais representam a principal causa de morte de criançasS de 1 a 14 anos no Brasil, com cerca de 6 mil ocorrências anuais. E mais, há estimativas no sentido de que a cada morte outras quatro crianças ficam com seqüelas permanentes. O gasto do governo com este tipo de ocorrência, através do Sistema Único de Saúde chega a R$ 63 milhões.

Acidente domésticoQual o remédio para mudar esta realidade? A prevenção. Por isso, precisamos ficar atentos ao ambiente em que há crianças, idosos ou portadores de deficiência. Isso porque, também segundo os dados da ONG, 90% das lesões nas crianças, por exemplo, poderiam ser evitadas simplesmente com políticas caseiras de prevenção. Dentre os registros mais frequentes envolvendo acidentes domésticos com os pequeninos estão as quedas, choques elétricos, queimaduras e ingestão de substâncias químicas.

O problema é que as crianças não possuem noção do perigo, nem discernimento sobre o que é certo ou errado. Elas se desenvolvem aos poucos e, neste processo, passam inclusive pela fase em que começam a enxergar pelos dedos. Por isso teimam em colocar a mãozinha em tudo o que veem pela frente, tocar os objetos que encontram, pegar, sentir. A obrigação de evitar deixar ao alcance dos pequenos objetos que lhes ofereçam riscos é nossa. E não podemos nos eximir desta responsabilidade, ao contrário, precisamos estar alertas para tentar evitar qualquer tipo de acidente.

Acidente domésticoClaro que somos humanos, falhamos, incorremos em erros aqui ou ali. O que não podemos é nos esconder atrás destas desculpas para justificar nossos vacilos.Mais uma vez precisamos estar cientes de que as crianças não possuem consciência para avaliar riscos. Tudo o que estiver ao alcance delas torna-se brinquedo em potencial. A ideia deste post é justamente chamar a atenção para alguns cuidados básicos e orientações que devem ser levados em conta se você tem uma criança em casa. Cabe a nós, adultos, protegê-las e manter um ambiente saudável ao seu redor, com o menor índice de riscos possíveis.

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CriançasRecomendações*
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Qualquer objeto inofensivo pode tornar-se uma arma poderosa na mão de uma criança. Justamente porque elas não conseguem dimensionar seus usos, acabam fazendo com ele o que lhes dar na telha. Assim, botões, tamAcidente domésticopas e rolhas de garrafas, moedas, e até brinquedos que tenham peças muito pequenas podem parar na boca de uma criança. Até os três anos, elas costumam levar tudo à boca. Imagine o problema se o pequenino ingerir um desses objetos? Podem acabar engasgando e até sufocando.

Dentre as principais causas de acidentes com crianças podem ser citados, além dos pequenos objetos deixados ao alcance dos pequenos, as quedas, os cortes, intoxicações e queimaduras. Se você já tem esta informação, já fica mais fácil identificar o que pode se tornar um risco se estiver ao alcance da criança. E não basta apenas reclamar, levantar a voz, gritar. Você deve orientar, ensinar, alertar. Precisa esclarecer, numa linguagem inteligível a ela, os riscos que pode correr se tomar aquela atitude. Acidente domésticoÉ uma forma de aprimorar a noção sobre o perigo. Ainda que o seu filho seja pequenino, use da paciência e do bom senso para as explicações, que são sempre fundamentais.

E, se ele não pode, você também não pode. O exemplo é o maior ensinamento para a criança. Não faça na frente dela aquilo que você não quer que ela faça. Se for fundamental que você tome determinada atitude na frente dele, esclareça porque você pode fazê-lo e ele não. Utilize os argumentos de idade, capacidade, segurança, responsabilidade. Aos poucos, ele vai aprendendo a importância de se agir com segurança.

Medicamentos também são grandes vilões. Devem ser deixados longe do alcance das crianças. Longe quer dizer longe mesmo. Nada de achar que ali ele não mexe. É preciso que ele não consiga mexer ainda que tente. Escolha locais altos, caixas fechadas, locais que possam  ser isolados do alcance do olhar do pequeno. O risco não é apenas de ele pegar o remédio e ingerir escondido de você. Outro risco, e dos grandes, é você dar medicamentos a ele sem prescrição médica. Essa também é uma atitude descuidada e perigosa. Como o exemplo, é a base do negócio, procure evitar tomar a medicação na frente dele, para que não queira imitá-lo, reação normal das crianças.

Escadas:
– devem ter um corrimão de apoio e o piso não deve ser liso (escorregadio);
– se há crianças pequenas, na fase de gatinhar ou começar a andar, coloque proteções e barreiras (portões) em todos os acessos da casa às escadas;
– não se esqueça de fechar as proteções e barreiras dos acessos às escadas depois de passar;

Janelas e varandas:
– coloque grades ou redes de proteção em todas as janelas e varandas;
– uma porta ou uma janela aberta representam um grande perigo;

Piscinas, lagos, lagoas e até na praia:
– nunca deixe a criança sozinha perto de uma piscina, mesmo que esta seja própria para ela;
– nunca deixe uma criança sozinha na piscina, em qualquer circunstância. Muitos afogamentos de crianças até aos 4 anos ocorrem porque os adultos se ausentam por “um minuto”, para atender o telefone, ir buscar o lanche etc;
– esteja atento às brincadeiras das crianças na água;
– coloque braçadeiras ou coletes nas crianças que não sabem nadar, mesmo quando estão apenas em volta da piscina. Se escorregarem e caírem na água estarão mais protegidas;
– se tem piscina em casa, coloque uma vedação ou tela de proteção à volta, de forma a impedir que a criança tenha acesso à água;

Cozinha, sala e área de serviço:
– não deixe crianças sozinhas na cozinha;
– guarde facas e objetos cortantes em locais inacessíveis a elas;
– não deixe panelas no fogo sem ninguém na cozinha e tenha especial cuidado com líquidos quentes, já que queimaduras com líquidos quentes são frequentes em crianças;
– não deixe as bocas do fogão ligadas quando acaba de cozinhar;
– vire os cabos das panelas para o interior do fogão, para evitar que as crianças tentem pegá-los;
– pode remover os botões do fogão quando este não estiver em uso;
– esconda os fósforos, pois as crianças não têm medo do fogo;
– torradeiras, bules, garrafas térmicas e outros equipamentos devem ser mantidos fora do alcance das crianças;
– cuidado ao utilizar panelas de pressão. Cumpra sempre as indicações do fabricante;
– tenha cuidado na utilização do gás no fogão. Acenda o fósforo antes de abrir o gás. Se o seu fogão tiver acendedor eléctrico, acenda primeiro o gás, no mínimo, e só então acione o acendedor;
– quando acender o forno, coloque-se de lado e não em frente do fogão;
– use apenas toalhas, aventais e panos de tecidos naturais. Evite usar roupa de tecidos sintéticos e aventais de plástico quando estiver cozinhando;
– na utilização do micro-ondas não cubra alimentos com papéis metalizados nem coloque, no seu interior, louças com decoração prateada ou dourados (causam faíscas);
– cuidado com produtos de limpeza e outros produtos tóxicos. Seja na cozinha, dispensa ou em qualquer outra divisão da casa ou no jardim, guarde estes produtos em locais inacessíveis a crianças e a animais;
– utilize fechos e protetores (inclusive cadeados) que impeçam a abertura de armários e gavetas da cozinha ou de outros locais;
– nunca coloque detergentes, lixívia, inseticidas ou pesticidas em garrafas de água plásticas já usadas, porque as crianças podem ingerir o produto pensando ser água, resultando num acidente com grande gravidade;
– cuidado com eletricidade e tomadas. Se possível, todas as tomadas devem ter ligação terra;
– instale protetores adequados em todas as tomadas da casa, para evitar choques eléctricos;

Objetos pontiagudos ou cortantes:
– facas, tesouras, chaves-de-fenda e outros objetos perfuradores nunca devem ser dados às crianças para elas brincarem. Mantenha esses objectos em locais fechados e a que a criança não tenha acesso;

Tábua e ferro de engomar:
– nunca deixe o ferro ligado com o fio desenrolado e ao alcance das crianças. Além da alta temperatura, é perigoso pelo seu peso e pela ligação à electricidade;
– evite o uso de tábuas de passar roupa que possam ser puxadas para baixo;

Armas:
– não tenha armas em casa. Se tiver, arrume-as ou guarde-as longe do alcance das crianças;
–  nunca tenha as armas carregadas em casa;
– nunca deixe as munições junto à arma. Guarde-as em local seguro e inacessível às crianças;

Fique atento:
– nunca deixe bebidas alcoólicas ao alcance de crianças;
– procure ajuda médica, se o seu filho engolir uma substância não alimentar;
– anote os números dos telefones do seu pediatra, do hospital, dos centros de envenenamento e de outros centros de ajuda em local bem visível (por exemplo, ao pé do telefone);
– leia atentamente os rótulos das embalagens antes de usar qualquer produto;
– ensine as crianças a não aceitarem bebidas, comida, doces que lhes sejam oferecidos por adultos que não conhecem;
– não deixe que crianças com idade inferior a 10 anos andem sozinhas de elevador;

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No caso dos bebês*
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Cuidados com potenciais quedas:
– nunca deixe o bebê ou a criança sozinha em cima de uma cama, bancada ou móvel onde muda as fraldas e a roupa;
– tenha as fraldas, as toalhinhas de limpeza e os cremes necessários sempre à mão;
– prepare as roupas que vai usar para vesti-lo com antecedência e tenha-as à mão na altura em que vai vestir a criança;

Cuidados com camas de grades:
– use cama de grades, pois evitam que o bebê ou a criança caia da cama;
– assegure-se de que os espaços entre as barras do berço são adequados. Normalmente as grades são adaptáveis em altura, para facilitar o colocar e tirar a criança da cama;
– não esqueça de verificar se a grade está bem colocada depois de pôr a criança na cama;
– tome cuidado quando a criança começar a mostrar movimentos de sentar, engatinhar ou ficar de pé; está na hora de adequar a grade, se for o caso, às suas novas capacidades;
– verifique se o estrado está bem seguro e se o colchão é adequado;
– Não deixe brinquedos dentro do berço ou da cama do bebé;

Cuidados com o banho:
– nunca deixe o seu filho sozinho na banheira, seja qual for a circunstância. Mesmo com água rasa é perigoso. Uns segundos bastam para que se afogue;
– verifique a temperatura da água com um termômetro ou com o seu cotovelo, para evitar queimar a criança se a água estiver demasiado quente;
– use tapetes ou formas antiderrapantes na banheira;

Cuidados com brinquedos:
– os brinquedos devem ser suficientemente grandes para não poderem ser engolidos e suficientemente resistentes para não lascarem ou partirem;
– verifique os rótulos e etiquetas dos brinquedos para saber quais os materiais de que são feitos, evitando, por exemplo, o risco de alergias;
– os brinquedos não devem ter arestas ou ser pontiagudos;
– compre brinquedos adequados à idade da criança e verifique se os oferecidos também são apropriados.

Outras dicas:
– sacos plásticos, fios de telefone soltos, almofadas e travesseiros altos e fofos podem asfixiar ou estrangular;
– não permita que a criança mastigue pastilhas elásticas ou coma rebuçados;
– não ponha cordões à volta do pescoço da criança para segurar as chupetas;
– não permita que a criança brinque com objetos pequenos que possa engolir;
– não beba líquidos quentes com o seu filho no colo. Mantenha os líquidos quentes (café, chá etc.) fora do alcance dele;
– proteja os cantos das mesas e de outros móveis que possam significar perigo para o bebé.

*Fonte: Portal da Saúde.

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21 de Junho – Dia nacional de combate a asma

asmaNeste domingo, 21, é o Dia Nacional de Combate a asma. A doença é responsável por cerca de 35o mil internações por ano no país, sendo considerada a quarta maior causa de hospitalização pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ao todo, no Brasil, de acordo com o Estudo Internacional de Asma e Alergia na Infância (ISAAC), entre 20% e 30% das crianças e adolescentes de grandes cidades brasileiras apresentam sintomas indicativos da asma. A Organização Mundial de Saúde, por sua vez, estima que há 150 milhões de asmáticos em todo o planeta. Além disso, os altos índices de mortalidade provocados pela doença são uma preocupação global.  Nos países em desenvolvimento, corresponde de 5% a 10% das mortes por doenças respiratórias.

Inflamação crônica das vias áereas, que acomete principalmente os brônquios e os bronquíolos, a asma se manifesta por crises de tosse, principalmente à noite e pela manhã ao despertar, chiado, falta de ar e aperto no peito. Para o diagnóstico, deve-se analisar a história do paciente e o exame clínico, bem como avaliar a alergia e a prova de função pulmonar, também conhecida como espirometria, que mede a capacidade pulmonar.  Além de evitar o contato com os fatores desencadeantes da asma, como mofo, poeira, ácaro, produtos de limpeza de cheiro forte e etc; é essencial fazer corretamente o tratamento de manutenção nos intervalos das crises.

O Conversa de Menina já abordou o tema asma anteriormente, mas lembrando a proximidade da data de combate a doença e o aumento do número de crises devido ao período de outono-inverno, voltamos ao assunto. E se você quer saber mais sobre a doença, clique aqui para ler um guia de prevenção a asma, com dicas de sites e algumas atitudes que o paciente precisa tomar se quiser ter qualidade de vida.

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Tratamento em  Salvador

Em Salvador, a Secretaria Estadual de Saúde é responsável pela articulação do ProAr, um projeto de ensino, pesquisa e assistência que integra o SUS, universidades públicas e organizações não governamentais, com o objetivo de coordenar as ações de prevenção da asma brônquica e da rinite alérgica no estado, assegurando atendimento e fornecimento de medicações gratuitas, além de implementar ações educativas para os pacientes e seus familiares, resultando na melhoria da qualidade de vida, redução dos atendimentos de emergência,  internações e mortalidade pela doença.

Implantado há seis anos, o programa também visa oferecer treinamento para profissionais da rede pública para o atendimento aos pacientes. Na rede estadual de saúde, o Hospital Especializado Octávio Mangabeira (HEOM), localizado no bairro do Pau Miudo, abriga o ProAr, que também possui ambulatórios de referência no Centro de Atenção Especializada (CAE) da rua Carlos Gomes – Centro de Salvador; no Hospital Santa Isabel (no bairro de Nazaré) e no Hospital Universitário Professor Edgar Santos (HUPES), no bairro do Canela.

O programa, desenvolvido pela Sesab em parceria com a UFBa, em 2007 foi contemplado com o Prêmio Saúde da Editora Abril, concorrendo com 637 trabalhos inscritos de todo o país.

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Gripe suína põe mundo em alerta como nos tempos da “influenza espanhola”

Vírus influenza, causador da gripe
Vírus influenza, causador da gripe

Guardadas as devidas proporções, o surto de gripe suína, iniciado no México em março,  e que já alcançou diversos países, tem sido comparado com a epidemia de gripe espanhola do início do século XX. Apesar de, em 1918, não termos a quantidade de tecnologia e nem o avanço médico científico dos dias de hoje, as formas de disseminação do vírus se assemelham. Naquela época, a I Guerra Mundial ajudou a espalhar a Influenza pelo mundo. Hoje, após a globalização, o mundo encolheu e os voos que ligam todos os continentes podem trazer bem mais que roupas e acessórios na bagagem de seus passageiros. Queira Deus que a gripe suína nem de longe seja parecida com a epidemia de gripe espanhola, porque aquela sim foi uma calamidade de proporções inimagináveis até para os padrões atuais.

Aqui em Salvador e no resto do país, do planeta, a luz vermelha está acesa. Fronteiras são vigiadas e o controle sanitário torna-se rigoroso. Nas ruas do México, vemos na TV que as pessoas andam com máscara cirúrgica na cara. Mas ainda continuamos perdendo batalhas e mais batalhas para seres microscópicos como os vírus, justamente porque, tal qual em 1918, ainda vivemos diferenças gritantes no acesso à saúde, ao saneamento básico, a condições dignas de moradia e alimentação. O mundo globalizado ainda é dividido entre privilegiados e despossuídos. Não é à toa que o surto epidêmico começou no mais pobre dos países norte-americanos. Igual a epidemia de ebola, nos anos 90, que saiu da África para o resto do globo. Ou ainda, como a cólera morbus, que vez por outra eclode em algum lugar insalubre do mundo.

Diretor-geral da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Agenor Álvares. Governo Federal decidiu criar o Gabinete Permanente de Emergência, para tratar dos assuntos referentes ao surto mundial de gripe suína / Crédito da Foto: Valter Campanato - Agência Brasil
Diretor-geral da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Agenor Álvares. Governo Federal decidiu criar o Gabinete Permanente de Emergência, para tratar dos assuntos referentes ao surto mundial de gripe suína / Crédito da Foto: Valter Campanato - Agência Brasil

Prevenção é a palavra de ordem, tanto nesse caso da gripe suína, quanto em qualquer epidemia, como a de dengue, que já nos dá muito trabalho. Lavar as mãos, evitar contato com doentes, higienizar frutas, verduras, não jogar lixo nas ruas, afinal, somos nós que vivemos nessas mesmas ruas. Tudo isso faz parte da consciência cidadã e ajuda muito a diminuir o poder avassalador de um vírus. Mas, ainda assim,  é preciso uma consciência maior dos governos, dos cidadãos na hora de escolher esses governos, dos mais ricos da sociedade. É preciso mais justiça na hora de dividir o bolo de riqueza do mundo, mais justiça na hora de permitir que os hospitais públicos e os postos de saúde de fato cumpram seu papel perante os mais carentes. É preciso mais compromisso da medicina, tanto nas faculdades, que formam os médicos, quanto na hora de exercer a profissão, de avaliar um paciente e dizer algo mais para ele do que simplesmente “você está com virose”.

Perder vidas por causa da gripe na Idade Média, quando não se sabia nem o que era que causava uma gripe, até se entende, mas perder vidas por causa da gripe em tempos de pesquisas milionárias, em laboratórios milionários, é sinônimo de que precisamos mais do que simplesmente lavar as mãos. Faz-se necessário repensar o que estamos afinal fazendo com este planeta que chamamos de lar, o que estamos fazendo uns com os outros.

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Informações úteis sobre a gripe suína:

Abaixo, alguns links retirados do Portal A TARDE On Line; além da história da gripe espanhola, pandemia ocorrida em 1918 e considerada um dos mais graves surtos de gripe da história.

>>Conheça os sintomas da doença em uma infografia explicativa

>>Salvador tem primeiro caso suspeito de gripe suína

>>Secretário de Saúde da Bahia tranquiliza população

>>Vigilância nos aeroportos

>>Médicos dão orientações sobre o surto de gripe suína

>>Tripulação deve observar passageiros em voos internacionais

>>Site Banco da Saúde reúne guia para esclarecer sobre a gripe.  Confira

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HISTÓRIA DA GRIPE*

O advogado Rodrigues Alves foi o 5º presidente do Brasil, governou entre 1902 e 1906. Disputou e venceu nova eleição presidencial em 1919, venceu, mas não governou, porque morreu na epidemia de gripe espanhola
O advogado Rodrigues Alves foi o 5º presidente do Brasil, governou entre 1902 e 1906. Disputou e venceu nova eleição presidencial em 1919, venceu, mas não governou, porque morreu na epidemia de gripe espanhola

A epidemia de gripe espanhola, em 1918, é considerada a pior da história da humanidade. Atingiu quase todo o globo, deixou 20 milhões de mortos e 600 milhões de pessoas infectadas em todo o mundo. O único país que escapou foi a Austrália, que só registraria alguns casos isolados em 1919. Independente do isolamento da Austrália, nos confins da Oceania, o governo de lá tomou medidas drásticas para impedir a entrada do virus no país. Embora tenha recebido o nome de Influenza, ou gripe espanhola, até hoje não se sabe ao certo onde a epidemia começou. A certeza é de que ela se espalhou tão depressa e fez tantas vítimas graças a I Guerra Mundial. Literalmente, o vírus viajou nas solas dos coturnos das tropas e nos navios de combate.

Surtos de gripe são relatados desde a antiguidade, como o ocorrido em 400 a.C, em Creta. Na Idade Média, alguns historiadores acreditam que a temida peste ocorrida na época da Guerra dos Cem Anos foi uma epidemia de influenza. Nos séculos XVII, XVIII e XIX, a Europa sofreu diversos surtos graves de gripe. Entre 1889 e 1890, Ásia e América também teriam sido afetadas, mas a historiografia moderna é unânime em classificar a pandemia de 1918 como a pior até os dias de hoje.

A influenza chegou por mar ao Brasil e desembarcou nas cidades portuárias mais importantes do país, em setembro de 1918: Santos, Rio de Janeiro, aqui em Salvador e Recife. Desses locais, rapidamente ganhou o resto do território. Em finais de outubro daquele ano, o virus fez estragos comparáveis aos da epidemia de cólera morbus, no recôncavo baiano, em 1859, e já havia se espalhado por todos os estados, alcançando até a Amazônia, onde dizimou tribos indígenas inteiras. O próprio prefeito de São Paulo, Washington Luis foi vítima da doença. A capital industrial do Brasil – já naquela ocasião São Paulo respondia por 40% da produção industrial nacional -, sofreu baixas terriveis na sua população. Oficialmente, foram 66 dias de epidemia e 350 mil pessoas infectadas, o que correspondia a 65% da população da cidade no período.

Destacamento de soldados brasileiros enviado à I Guerra. Acredita-se que os soldados disseminaram o vírus da gripe espanhola, pois foram contaminados nos campos de batalha
Destacamento de soldados brasileiros enviado à I Guerra. Acredita-se que os soldados disseminaram o vírus da gripe espanhola, pois foram contaminados nos campos de batalha

“A epidemia que tão impiedosamente se declarou no Rio, paralysando a vida da cidade, cobrindo-a de luto e de tristeza, e, até, ameaçando-a de fome, parece ter passado como um vendaval malfasejo, carregando vidas e alegrias no seu bojo monstruoso e deixando na sua esteira de sombra a lembrança tragica de um cortejo de dores e de maguas. “

(Trecho de reportagem publicada em 2 de novembro de 1918, na revista Fon Fon – RJ)

Os serviços de vigilância epidemiológica daquele período mostraram-se insuficientes para conter o avanço do vírus tanto em São Paulo, quanto nas demais cidades brasileiras. Os médicos, que não sabiam como tratar a doença, teciam todo tipo de teoria e tentavam combinações das mais esdrúxulas para tratar os pacientes. Em São Paulo chegou-se a catalogar a combinação de 178 substâncias diferentes em um único medicamento! Remédios para malária eram usados indiscriminadamente. Surgiam curandeiros prometendo maravilhas, mas que na maioria das vezes, só ajudavam a debilitar os pacientes ainda mais. Aglomerações públicas eram proibidas. Atletas do Corinthians que sairam para treinar, em outubro de 1918, foram punidos. Jogos e campeonatos eram suspensos. Cabarés e teatros fechados. Também não funcionavam escolas ou repartições públicas. Até a Câmara Municipal paulista fechou, porque os vereadores fugiram de medo da influenza. O índice de homicídios aumentou, porque o medo do contágio, o isolamento obrigatório e o excesso de medicamentos ingeridos, além da própria febre alta e da debilidade dos pacientes, favoreciam as alucinações. Muitos também atribuiam o surto ao castigo divino devido aos pecados da humanidade.

O surto de gripe espanhola em 1918 fez mais mortos do que os fronts da I Guerra
O surto de gripe espanhola em 1918 fez mais mortos do que os fronts da I Guerra

Nas memórias do jornalista e escritor Pedro Nava, a epidemia no Rio de Janeiro ganhou contornos de filme de terror do expressionismo alemão. Bondes e carroças eram usados para transportar centenas de caixões. Era proibido aos familiares acompanharem os mortos até o cemitério. As famílias, isoladas dentro de casa, não sabiam onde os parentes eram enterrados. Igrejas e escolas foram convertidas em hospitais. A população assustada e debilitada, promovia saques aos armazéns em busca de alimentos e remédios. Ainda assim, diante da ineficácia das políticas públicas, foi a união da sociedade civil que manteve o mínimo de ordem em meio ao caos que reinava nas principais metrópoles do país.

Com o fim da I Guerra, a epidemia de gripe foi regridindo no mundo todo. Em finais de novembro, aqui no Brasil, os casos já eram mais isolados e as cidades retomaram suas rotinas. Depois da pandemia, as pesquisas, que já ocorriam desde o século XIX – em 1891 Richard Pfeiffer isolou o bacilo haemophilus influenzae -, foram intensificadas e em 1933, cientistas britânicos anunciaram a descoberta do vírus da gripe. A partir daí, outros virus foram descobertos, todos do grupo myxo-vírus, e vacinas começaram a ser testadas. Na história recente, ocorreram epidemias de influenza em 1946, 57 e 68; além dos surtos de gripe asiática e da gripe do frango, já nos anos 2000. No entanto, nenhuma dessas chegou perto da calamidade registrada em 1918.

*Fonte: A Gripe Espanhola em São Paulo; artigo do professor Cláudio Bertolli Filho (Faculdade de Ciências Humanas da Fundação Valeparaibana de Ensino); in Revista Ciência Hoje, Volume 10, número 58, outubro de 1989. Coleção pessoal da autora deste post.

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