Artigo: Agenda cheia, coração vazio

Reflito bastante sobre o tempo, o trabalho, a correria cotidiana e a falta de amor nas relações atuais. Me irrito bastante também, “Nossa Senhora me dê paciência”, diria o velho Manoel Bandeira. É a idade, minha gente, quanto mais ela avança, mais me torna pensativa. Dando uma geral no meu email por esses dias, vi dois artigos que também refletem essas minhas “inquietações”, para usar uma palavra bem contemporânea, e resolvi trazer o conteúdo para a nossa Conversa. Antes de vocês encherem os olhos com as Curtinhas do Mundo Fashion do dia (sim, a coluna vai ser diária!!), publicarei os dois artigos que estavam na minha caixa de entrada. O primeiro, agora, e o outro, neste domingo. Este que abre a micro série é da Erika de Souza Bueno, consultora do portal Planeta Educação. Vale muito a pena ler e pensar no que ela nos diz. Encham a alma!

Agenda cheia, coração vazio

*Erika de Souza Bueno

Agenda cheia, coração vazio. É assim que muitas pessoas se sentem nestes dias tão tumultuados, com uma pauta imensa de obrigações como reuniões, congressos, e-mails a ser encaminhados/respondidos, contas e mais contas a pagar.

Mas será mesmo que os assuntos que tomam todo o nosso dia e levam o nosso vigor, deixando-nos exaustos, são mesmos indispensáveis ao nosso bem-estar? Para responder a isso é necessário responder primeiro o que realmente nos proporciona o conforto, a satisfação e a paz.

Prioridades. Esta é a palavra-chave para aqueles que não têm mais tempo para aproveitar o dia ou, ainda, aproveitar enquanto é dia e a luz ainda está a brilhar, mesmo que muitos não tenham tempo para nem sequer perceber isso.

Os dias e os anos passam em velocidade muito maior que a de anos atrás, alguns podem pensar. Porém, acredito que não é o tempo que está correndo e, sim, nós mesmos. Somos nós que quando resolvemos tirar o pé do acelerador, já não temos mais nenhuma energia para direcioná-la em momentos que nos conduzirão, realmente, à plenitude do sucesso.

Ao me referir ao pleno sucesso, estou dizendo que o sucesso só será completo se lançarmos sobre a vida um olhar mais amplo, que contemple tanto o lado do sucesso profissional quanto o sucesso pessoal e familiar.

Pessoas que vivem numa busca enlouquecida pelo sucesso na carreira, mas não dispensam o devido cuidado com a saúde física e emocional, incluindo a construção de laços afetivos, por exemplo, estão buscando o sucesso apenas numa área da vida, esquecendo-se de outras que são fundamentais para sermos realmente felizes.

É como um carro indo na contramão. Os motoristas de outros veículos buzinam num sinal de alerta, dizendo que ali não é a direção certa, mas disso até uma mudança de atitude/direção muita coisa pode acontecer e, não se tomando as devidas providências, o resultado desta viagem insana pode ser fatal.

Conheço algumas pessoas que chegaram à velhice com uma confortável aposentadoria, resultado de árdua dedicação ao trabalho, mas ao olharem do lado não veem ninguém. Estão sozinhas, não tiveram tempo em suas agendas para construir bases sólidas para as suas vidas.

Nossa vida é curta demais para vivermos todas as experiências de todas as pessoas. Por isso, é importante olharmos do lado e atentarmos para a experiência daqueles que já viveram situações que, possivelmente, nós não teremos chances de viver.

Ouvi alguém dizendo que só nos damos conta de que aquilo que fazíamos era errado quando não temos mais chances de mudar mais nada. Resta-nos a sabedoria de aprendermos com o outro, enquanto ainda há tempo para mudar nosso modo de ver o mundo e repensar nossa lista de prioridades.

Nosso trabalho precisa de dedicação, mas de forma alguma esta dedicação precisa ou deve ser integral. Dedique-se ao planejamento sábio, visando todas as áreas de sua vida. Se for preciso, acorde ou durma mais cedo. Passeie com seu filho, brinque com ele, vocês dois se recordarão destes momentos algum dia.

Saia de férias, descanse até mais tarde para repor suas energias. Se achar que não tem tempo, comece a pensar que todos nós temos as mesmas 24 horas no dia. Ninguém, afortunado ou não, tem 25. Se algumas (poucas) pessoas conseguem dedicar-se à família, ao trabalho e a si próprias, nós também conseguiremos. O que nos diferencia é, basicamente, a forma como organizamos nossos dias e nossas vidas. Pense em maneiras de aproveitar o dia, sem deixar a luz da esperança e do amor se apagar.

*Erika de Souza Bueno é Editora e Consultora-Pedagógica de Língua Portuguesa do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br), Professora de Língua Portuguesa e Espanhol pela Universidade Metodista de São Paulo. Articulista sobre assuntos de língua portuguesa e família.

**Texto encaminhado ao blog pela Ex-Libris Comunicação Integrada e publicado com autorização desde que citados os créditos e respeitada a integridade do material.

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