Michael Jackson se foi há um ano, mas não está morto

*Texto da jornalista Giovanna Castro

Eu amo Michael Jackson, sempre amei, desde criança. Depois que cresci um pouco e comecei a entender como as coisas funcionavam, percebi que o meu amor servia como uma forma de tentar fazê-lo sentir melhor diante de tanta dor que parecia emanar dele.  Não duvido que muitos outros tantos fãs pensassem da mesma forma, ainda que inconscientemente.

Para mim, MJ era também um caso a ser observado, volta e meia me questionava sobre como um homem brilhante como ele se deixou consumir pela roda viva da fama que acabou virando seu algoz. Amanhã, 25 de junho, faz exatamente um ano que ele se foi e a dor continua. Mas é uma dor que não vai passar porque faltam respostas para entender como a genialidade sucumbiu a si mesma. Porque Michael, mesmo ainda magnífico como se vê nas cenas do documentário-despedida This is it, que registra os ensaios do que seria sua última série de shows, se retirou de cena tão cedo, com apenas 50 anos de vida?

Para mim, sempre foi um grande enigma entender porque Michael mudou sua aparência tão radicalmente

Morrer cedo talvez tenha sido uma forma de ele se livrar do sofrimento que certamente o afligia internamente desde o dia que nasceu numa família doente, num contexto de pobreza, violência, frustrações, castração de desejos infantis, trabalho forçado, porque não?, e da omissão de uma mãe de nove crianças que deixava o genitor dos seus filhos fazer deles o que quisesse com requintes de humilhação e violência física e psicológica. Nunca vou entender o papel desta mãe que, ao que parece, fechou os olhos à tirania do velho Joey.

O tamanho que Michael atingiu como astro pop, como personalidade, como celebridade e alvo de críticas e recriminações foi maior do que ele poderia suportar. Um psicanalista me diria agora, neste momento, que nada acontece à revelia de quem quer que seja, que Michael construiu esse caminho para si próprio, que ele fez escolhas que o levaram a esse angustiante fim. É óbvio que sim, mas o que ele sofreu na infância, de acordo com seu próprio relato, de não poder brincar na rua, jogar bola, interagir com outras crianças, foi definidor para o resto da sua weird existência, pouco compreendida por quem está de fora, seus fãs inclusive. Muitos o taxavam de Jacko uma corruptela que significa algo como “doidão/esquisitão”, no jargão dos americanos. Excêntrico, ricaço sem ter o que fazer, que passou a viver de forma esquisita, astro que não mais conseguiu repetir o brilhantismo de fases anteriores e se rendeu ao ostracismo. Fácil julgar, mas eu não gostaria de estar na pele dele.

A morte de Michael Jackson me atingiu num dia como se fosse uma daquelas notícias falsas que circulam e que depois alguém desmente dizendo que foi apenas um boato. Liguei para minha mãe e disse “Michael Jackson morreu”, meio que sem acreditar que aquilo fosse verdade e tentando confirmar com alguém de confiança se aquilo não tinha sido um engano. O mesmo aconteceu quando falei com meus irmãos. Àquela altura, era apenas um boato propagado por um site de celebridades, mas que depois foi se consolidando como a notícia mais bombástica do mundo artístico do nível das über celebridades, que era a estratosfera que pairava sobre o mundo dos pobres artistas pop que aprenderam tudo com MJ.

Aos poucos, o meu racional se rendeu às notícias. Lembro exatamente da sensação daqueles dias, a música de MJ onipresente na Redação, emanando das televisões ligadas acompanhando minuto a minuto os acontecimentos, as notícias do hospital, as confirmações e desmentidos sobre enterro e funeral, os filhos, a família, o testamento, a mãe e o pai. Acompanhava tudo com imensa curiosidade, queria respostas sobre o que teria acontecido realmente. Respostas que não vieram e provavelmente, acredito, nunca virão por que, a menos que alguém daquela família, incluindo seus filhos, resolver contar a verdadeira história, tudo ficará encerrado para sempre entre eles.

Também me lembro perfeitamente de onde estava quando ouvi pela primeira vez o clipe de Thriller. Eu devia ter uns 11 anos de idade. E ter essa idade, há 26 anos, definitivamente não é a mesma coisa que ter 11 anos atualmente. Naquele tempo, os melhores clipes da música mundial estreavam com estardalhaço e expectativa no Fantástico.  E não poderia ser diferente com MJ. Era um clipe que definiria o astro que ele se tornaria dali em diante, dominando a cena pop norte-americana, internacional e minha cena interior, de pré-adolescente que gostava de ouvir música e ver a Sessão da Tarde.

Houve um momento, no auge da carreira, em que o peso da fama não tirou o brilho dos olhos de Michael Jackson, que sorria à tôa

Lembro que era tarde da noite e eu estava sozinha na sala de casa. Não sei bem se meus pais estavam dormindo e onde estavam meus irmãos. Mas lembro de ter me esforçado para ficar acordada e acompanhar a estreia do material. Consegui não dormir e fui sendo envolvida por aquela aura de mistério que é marca do clipe. Tudo escuro e eu estava sentada no chão. Assisti aquelas cenas inspiradas no clássico filme O Lobisomem Americano em Londres, de John Landis – que também dirigiu o clipe – com muita curiosidade, amando a música, a dança e a historinha do rapaz que se transforma em lobisomem e ameaça a própria namoradinha.

A noite, a história bem roteirizada, as belíssimas atuações me transportaram para aquele universo e eu senti medo. Aquela risada final, a voz grave de Vincent Price, me fizeram demorar a dormir. É uma daquelas coisas impactantes que se constituem em momentos marcantes da nossa existência nas mais variadas fases da nossa vida. E dali em diante meu fascínio por MJ só aumentava e minha curiosidade por sua história de vida também.

É no mínimo intrigante que uma criança que tenha crescido num contexto de violência e rigidez absoluta tenha conseguido construir coisas tão lindas. Michael foi um vitorioso por bastante tempo. Pelo menos, passou por cima do que eventualmente o fazia sofrer e curtiu o seu momento de fama no topo do mundo da música. É genuína a felicidade que se vê no brilho dos seus olhos nos clipes de músicas como Thriller, Off the Wall, Rock with you, Beat it entre tantas outras do auge da fama.

Depois que ele morreu, me questionei sobre o que sempre considerei omissão daquela mãe de expressão não menos dura do que a carranca do velho Joey e me surpreendi que ela tenha sido “premiada” com a citação do seu nome no testamento e sendo encarregada de criar os três netos. Parece que aquela mulher deve ter dado algum tipo de suporte emocional para o filho mais famoso e genial, do contrário, nenhuma recompensa – ainda que representada pelo simbolismo do dinheiro – seria atribuída a ela. A menos que Michael não tivesse melhor escolha a fazer. Vai saber?

A imagem de MJ sempre chegou a mim como uma expressão de grande sofrimento. Sabe-se que ele não tinha nada de ingênuo, em muitos momentos usou a imprensa para propagar informações sobre si mesmo a fim de criar “espuma” em torno do seu nome. Não é novidade para ninguém que ele sabia como poucos usar elementos de marketing para catapultar sua carreira. Mas pelo menos três “factóides” que ele criou, conforme sua biografia mais importante escrita por J. Randy Taraborrelli, se reverteram negativamente, que foi o caso de que ele dormia com um macaco e conversava com o bicho a quem levaria para todos os cantos, incluindo restaurantes; a câmara de oxigênio que, na verdade, era uma foto feita pelo próprio MJ e “plantada” na imprensa; além da ossada do  Homem-Elefante, que ele teria comprado a peso de ouro.

Era para mim também algo enigmático a insistência em mudar a aparência – claramente um distúrbio de identidade, ele procurava um MJ que não era o que ele se tornou, um cara branco, glamuroso, maquiado, de cabelo liso. Reflexo do violento racismo que nos EUA se materializa em forma de segregação, não a tôa MJ começou na Motown, que era uma gravadora especializada em tornar “mais palatável” para os brancos a música vigorosa dos negros. Michael soube, como poucos, e com a ajuda de outro gênio, Quincy Jones, se equilibrar entre esses dois mundos e unir as duas porções dos EUA em torno da sua música. Mas não passou por isso impunemente.

Jamais nenhum artista conseguiu superar os 13 prêmios Grammy que Michael ganhou ao longo da carreira artística

Como já disse, não é adequado negar a participação do próprio MJ em toda a extensão do seu tormento. Ele poderia ter procurado ajuda, não se deixado levar por todo o glamur, mas é sintomático e motivo para se pensar quando após a sua morte descobre-se que ele realmente sofria de vitiligo, que a imprensa de modo geral fazia questão de colocar em dúvida.  Ser vítima de racismo num país como os EUA deve ser algo brutal e MJ desafiou a tudo e a todos quando conseguiu mostrar seu talento avassalador.

Os brancos que, apenas três anos antes de Michael nascer, agrediram Rosa Parks em 1955 por ter sentado num banco de ônibus reservado exclusivamente aos brancos e se negar a cedê-lo, eram obrigados a engolir um negro americano invadindo suas casas sem pedir licença e espalhando sua música por todos os cantos. Para quem não tem uma estrutura psicológica forte e não possui uma identidade solidamente construída e uma auto-estima alquebrada, como parecia ser a personalidade de Michael, é difícil resistir à pressão de não ser aceito pelo que se é.

Acredito que complexidade semelhante pode ser aplicada às acusações por supostamente molestar meninos. Mentes estranhas podem realmente fazer coisas estranhas mas nada ficou provado em relação ao primeiro rapaz cuja família aceitou uma bolada para desistir do processo (quanto vale, em milhões de dólares, para um pai ou uma mãe verdadeiramente indignados por ver a inocência do seu rebento violada, abrir mão de ver o criminoso atrás das grades?). No último julgamento, em 2005, MJ foi inocentado das acusações. Manobras legais podem ser facilmente criadas, principalmente quando há muito, mas muito mesmo dinheiro envolvido.

Amo e sempre vou amar Michael Jackson. Lembro que durante todo o tempo que durou a cobertura da mídia sobre sua morte e até o seu enterro, ouvia sua música sem cansar, belas eternamente.  Sua obra me faz feliz, me faz dançar, me transporta para momentos bons, traz lembranças felizes e o melhor é que sempre que tiver vontade de me sentir assim, bastará ligar o aparelho de som ou o DVD e trazê-lo de volta ao meu convívio. God bless you, Michael. You will always be the best.

Veja um pouco da genialidade precoce do mestre no primeiro teste do The Jackson 5 na gravadora Motown:

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Falta de empolgação marca estreia da Seleção Brasileira na Copa

*Texto da jornalista Giovanna Castro

Não é por nada não, mas tem que ter paciência, muita paciência para assistir até o fim os jogos do Brasil nessa chamada era Dunga. A Seleção estreou na Copa nesta terça-feira obviamente envolta em muita expectativa por causa dos três anos e meio de vitórias do escrete sob o comando do ex-capitão, mas também com aquela mega pulga atrás da orelha devido aos nomes que formam a seleção principal. A maior estrela do time, Kaká, há 50 dias sem jogar uma partida, sem ritmo de jogo, e machucado, afinal de contas, alguém aí se convenceu que ele se curou das contusões no púbis e na coxa? Não, pode dizer, se convenceu mesmo? Acredito que não.

Ai, Jesus Cristinho, dai-me paciência para aguentar o time do "anão"! Sofremos para vencer a Coreia por 2x1

Na última coletiva de imprensa, antes da partida de estreia contra a Coréia do Norte, ele mesmo disse que não sabia se aguentaria ir até o final do período de jogo. Cansaço? Falta de preparo físico por causa dos dias sem jogar? Dor? Ou tudo isso junto? Aliás, não consigo entender como é que pode um país historicamente pródigo de bons jogadores se apoiar numa única peça e dar a ela a responsabilidade de fazer o time um time vencedor…

Tá na cara que tem alguma coisa errada aí… Luís Fabiano, então, não conseguia chegar na bola de maneira convincente… Robinho, que já declarou que quer ser escolhido o melhor jogador da copa 2010, se destacou no meio da mediocridade, mas não fez lá grandes coisas. Exceção para o sen-sa-cio-nal e açucarado passe  dado para Elano marcar o segundo gol.

É sempre assim. Ou melhor, já faz um tempo que a seleção não vai a campo de forma empolgante. É algo muito claro. E o que mais chamou atenção nesse primeiro jogo foi perceber a falta de entusiasmo das pessoas à medida que o jogo passava de morno, pra lento, em seguida modorrento e finalmente, insosso e sem graça.

Ao final do jogo, não ouvi a quantidade de fogos de artifício que em outros momentos mais graciosos da seleção eu ouvi estourar. Umas poucas bombas soaram nos momentos dos gols, sendo, finalmente, silenciadas pelo melancólico gol de honra da Coreia do Norte.

Será que voltaremos a ver essas duas mãos apontadas para o céu na Copa da África 2010?

O time de Dunga é muito sério, muito engessado, com poucas alternativas de jogadas. Não tem surpresa. O primeiro tempo inteirinho o time parecia torto, jogando invariavelmente pelo lado direito onde Maicon carregava o piano, já que Elano não conseguia dar conta do recado, sumido que estava.

Foram 45 minutos de enfado que somente começaram a melhorar no início do segundo tempo, quando a galera caiu na real e percebeu que ia pegar mal demais empatar com uma das piores seleções do mundo. Rolou aquela correria, os dois gols aconteceram e o anão, ou melhor Dunga, pra variar só começou a fazer mudanças no time lá pelos 30 minutos do segundo tempo. Entraram Daniel Alves e logo depois Ramires.

Aqui pra nós, fico imaginando sobre como os jogadores devem se sentir ao entrar num jogo da seleção brasileira – sempre favorita ao título e por isso mesmo, sempre submetida a uma grande pressão e cobrança –  tendo apenas 10, 15 minutinhos para fazer alguma coisa ou, como quase sempre ocorre, com a missão de mudar os rumos da partida. Desta vez, nem mesmo aquele que costuma entrar e desequilibrar, Daniel  Alves, deu jeito na história.

Uma das coisas que mais me incomoda na seleção é a postura de Dunga, o anão, ele passa o jogo inteiro impassível e acreditando até o final que está fazendo a coisa certa. Aqui com meus botões – não resisto ao trocadilho, mas meus botões são bem mais bonitinhos que aqueles botõezões do inacreditável, de tão horroroso, sobretudo de Dunga – eu acho que por dentro ele tá remoendo suas escolhas e torcendo para que um dos talentos se destaque  e resolva o problema que é fazer gols numa jogada individual.

Copa da África 2010 é teste de fogo para a seleção do rabugento Dunga

Pra mim, que gosto de esportes e particularmente de futebol, uma partida é para se divertir, é sentir a emoção, o frio na barriga dos chutes ameaçadores, aquele “uuuuuuuuuuuuu” que a gente faz quando a bola passa pertinho do gol e teima em não entrar, caprichosa. Com essa seleção acabrunhada, sem empolgação e sem brilho, fica difícil torcer. O anão insiste em querer tirar de nós essa alegria que, nada a ver com propaganda de órgão oficial de turismo, é mesmo inerente do brasileiro.

Ele quer que a gente seja europeu, aparecendo de gola rulê e sobretudo cafona para o planeta inteiro. Ele quer ser europeu e quer convencer também a gente a ser das “ôropa”. Jogando aquele jogo duro e triste. Não à tôa, todos os titulares, e somente por acaso, muito acaso mesmo, à exceção de Robinho, que deu piti e saiu do Manchester City pra jogar no Santos, onde recuperou seu futebol, todos eles são “estrangeiros”, ou seja, jogam em times europeus. Não sei não, estamos apenas no começo da jornada na África do Sul e torço pelos lampejos e pelo talento individual de nossos jogadores, apesar de Dunga. É e tem sido nossa única esperança. Porque espetáculo, essa seleção não vai dar… Torço sinceramente para os milionários queimarem minha língua…

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Saúde & Fitness: E por falar em dor…

Aproveito o tema do post recente sobre a moda de adotar mochilas como acessório fashion, evitando assim a sobrecarga nos ombros proporcionada pelas bolsas femininas, e publico na série Saúde & Fitness da semana, uma esclarecedora reportagem sobre a fibromialgia, síndrome caracterizada por dores generalizadas e, muitas vezes, incapacitantes. A fonte é o médico reumatologista Sergio Lanzotti (lá no final do post tem links para o twitter e o blog do especialista), diretor do Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares (Iredo). Confiram:

*Fibromialgia: como conviver com uma dor que não passa?
No rol de combate à doença não podem faltar acompanhamento médico especializado, atividade física e uma boa alimentação

Dor nos ombros, nos braços, nas costas, nas pernas, na cabeça, nos pés. Quem tem fibromialgia conhece bem o corpo, pois todo ele reclama… Antigamente, as pessoas que apresentavam este quadro clínico sofriam duplamente, pois a doença demorou a ser reconhecida como um mal físico. “A fibromialgia já foi confundida com depressão e estresse. Por falta de informação — e diagnóstico —, os pacientes ainda tinham que sofrer na alma o transtorno que a dor já impingia ao corpo”, explica o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti, diretor do Iredo (Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares).

A fibromialgia é classificada como uma síndrome porque se caracteriza por um conjunto de sintomas. “O que está presente em todos os quadros é a dor difusa pelo corpo inteiro, presente na maior parte do dia”, diz Sérgio Lanzotti. Em geral, a dor vem acompanhada de algumas outras manifestações como formigamento, irritabilidade, enxaqueca, cólon irritável, pernas inquietas e distúrbios do sono. “Os pacientes que apresentam  fibromialgia geralmente dormem mal, têm sono leve, entrecortado, não reparador. Ao despertar, a pessoa fica com a sensação de que não descansou”, explica o especialista em Reumatologia.

É comum ainda que os fibromiálgicos apresentem alterações de humor, com quadros de depressão ou de ansiedade. De acordo com pesquisas, 25% dos portadores apresentam sintomas de depressão junto com dores difusas, enquanto 50% relatam aos médicos que já tiveram crises depressivas, antes de surgir o quadro doloroso.

Com o avanço dos estudos e pesquisas sobre a doença, as evidências comprovam que a fibromialgia é uma doença física, sim. Não se trata de uma síndrome invisível. Há trabalhos científicos mostrando que o portador apresenta alterações na anatomia cerebral. Um desses estudos foi apresentado no final de 2008, na França. Graças a um exame por imagem chamado Spect –  tomografia computadorizada por emissão de fóton -, os médicos do Centro Hospitalar Universitário de La Timone, em Marselha, constataram que no cérebro de 20 mulheres com esse tipo de hipersensibilidade havia um fluxo maior de sangue em regiões que identificam a dor. Paralelamente, notaram uma queda de circulação na área destinada a controlar os estímulos dolorosos. Nas dez voluntárias saudáveis que participaram da pesquisa, nenhuma alteração foi detectada. Este trabalho soma-se a outros dados consagrados sobre a presença do distúrbio, como o aumento dos níveis de substância P, o neurotransmissor que dispara o alarme dolorido e a menor disponibilidade de serotonina, molécula que avisa ao sistema nervoso que a causa da dor já passou.

Confirmada que a fibromialgia está longe de ser uma doença psíquica, a pergunta que ainda não foi respondida é por que a doença surge. “Quando soubermos a sua origem, conseguiremos acabar com a causa e encontrar a cura”, diz o médico. Por enquanto, o que se conhece são os gatilhos do terrível incômodo — fatores que desencadeiam a crise, como o estresse pós-traumático —, além dos meios de minimizar o quadro e devolver qualidade de vida aos pacientes.

Para diagnosticar a doença  – Para diagnosticar adequadamente a fibromialgia é preciso estar atento aos seus vários sintomas. “O diagnóstico da doença é clínico, pois os exames complementares, na maioria das vezes, são absolutamente normais. É preciso basear-se na presença do quadro característico de dor e no reconhecimento de pontos pré-definidos que sejam dolorosos à pressão dos dedos do especialista”, explica Sérgio Lanzotti.

Para estabelecer o diagnóstico definitivo é preciso conhecer em detalhes a história do paciente, escutar suas queixas e procurar fatores emocionais ou quadros de depressão ou ansiedade. “Embora não sejam as causas diretas, as condições emocionais estão intimamente ligadas à enfermidade”, destaca o médico.

Tratamento melhora a qualidade de vida – Não existe uma terapêutica única para livrar o paciente de uma vez por todas das dores no corpo, problemas de sono, irritabilidade ou depressão associados. Mas a intensidade dolorosa poderá diminuir. Com a evolução do tratamento, a qualidade de vida pode melhorar. “O tratamento da fibromialgia precisa ser individualizado. Se houver alguma doença associada, ela deverá ser tratada para eliminar mais essa causa de sofrimento. E assim se procede com cada uma das doenças associadas. Procuramos equilibrar este paciente, sugerindo alterações no seu estilo de vida. Por exemplo, aconselhamos o paciente a não ficar parado. Atividades físicas aeróbicas e de baixo impacto, como uma caminhada; e/ou um trabalho de musculação bem dosado são benéficos, pois aumentam os níveis de endorfinas, melhoram o bem-estar e ajudam no relaxamento”, informa Lanzotti.

O médico destaca que, em alguns casos, juntamente com os exercícios, é necessário empregar medicamentos para manter a dor sob controle. “São prescritos medicamentos que atuam sobre os níveis de serotonina, melhorando o processo de inibição da dor e as mudanças de humor”, explica.

Os medicamentos utilizados no tratamento da fibromialgia abrangem desde analgésicos até anti-convulsivantes estabilizadores do Sistema Nervoso Central. “Dentre os tratamentos que estão sendo pesquisados para alívio das dores, destacamos a estimulação magnética transcraniana, que consiste na aplicação diária de  ondas elétricas em um local específico do crânio. O tratamento ainda é experimental, encontra-se em avaliação, tanto no Brasil, como em centros especializados do mundo, como o Centro de Neurociência da Universidade de Harvard, Boston, nos Estados Unidos”, informa Lanzotti.

Já as drogas como os opióides, com exceção do tramadol, não são muito eficazes no tratamento de pessoas fibromiálgicas. “O consenso é que no rol de cuidados não podem faltar remédios, atividade física aeróbica e uma boa alimentação. Um exemplo: caminhar de três a quatro vezes por semana, durante 30 minutos, libera substâncias prazerosas como as endorfinas e relaxa a musculatura. Alguns portadores de fibromialgia que seguem esse receituário chegam até a dispensar a medicação”, diz o reumatologista.

Por fim, Sérgio Lanzotti destaca que durante o tratamento, é preciso “ensinar ao paciente algumas artimanhas para evitar os fatores estressantes, que são gatilhos para a dor. Técnicas de respiração e de relaxamento podem ser caminhos para o alívio do sofrimento também”, defende.

Para saber mais:

Site: www.iredo.com.br

Blog: vivendosemdor.wordpress.com

Rede Social: twitter.com/sergiolanzotti

*Material elaborado e encaminhado ao blog para divulgação, pela jornalista Márcia With, da MW Comunicação.

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Homem de Palavra: “Onde a dor não tem razão”

Onde a dor não tem razão

*Carlos A. Santana

De há algum tempo atrás tenho vivido uma experiência em parte dolorosa, em parte surpreendentemente, digamos, educativa, sob o ponto de vista espiritual (sem querer ou pretender ser melodramático). Tudo começou em abril do ano passado quando o meu mundinho corriqueiro se diluiu em fluidos sanguíneos e o meu mais profundo desprezo por excertos da categoria médica aflorou com violência a partir do diagnóstico de leucemia no meu filho mais novo (Gabriel, 15 anos à época). A partir daí, calvários à parte já que cada um tem o seu mais íntimo, comecei a frequentar assiduamente, ambulatórios, laboratórios, quartos hospitalares… enfim, a liturgia do cargo de ser pai. No entanto, e aí é que vem tudo de bom dessa experiência que continua dolorosa, comecei a olhar, com um olhar mais sensível – característica humana muito mais presente na mulher, a sensibilidade, a sintonia fina com o mundo em seu todo – tudo o que me cercava.

Nas minhas idas à clínica, me vi, subitamente cercado de não-dores, de não-doentes absurdamente doentes. Alguns, com pouco tempo de viver esse mundo daqui. Outros, lutando para tentar ver o amanhecer seguinte. Dramático? Não. Apenas o que via ou sentia. Via e sentia a dor das mães (onipresentes) e a perplexidade dos pais (como eu, minoria absoluta). Mas, deixei de ter uma identidade única para ser “pai”. Apenas “pai” se tornou o meu nome como o de todos os poucos outros que lá vão com os olhos marejados, vermelhos, mas secos (homem não chora!). Me tornei muitos.

Mas não se trata bem disso, o que quero falar. Afora a minha tristeza, a dor do meu filho (que também se tornou a meus olhos, muitos – todos aqueles que passam à minha frente na sala de espera, na enfermaria ou que me olham curiosos enquanto não consigo cochilar ao lado de Gabriel, como eles, meio sedados e com uma agulha levando uma mixórdia de química para suas veias – acabei surpreendido com a forte presença e, ao mesmo tempo a ausência da dor naquele ambiente onde a parca caminha com naturalidade.

Crianças cheias de dor física, brincam pintam e bordam indiferentes à própria dor e só a acusam quando se torna insuportavelmente adulta. No entanto, adultos sucumbem diante da dor infantil e perdem as forças enquanto os pequenos se superam. Nos olhos de todas as matizes, há sim, sofrimento, mas bem lá no fundo. Uma sombra fugidia. Cada novo paciente é um novo amigo, mais um parceiro para uma brincadeira que pode não mais acontecer na manhã seguinte. Fazem do agora, uma festa. Da dor, algo que simplesmente está ali. Não a ignoram. Sentem-na. Sofrem-na. Impávidos colossos, ensinam-nos a viver… enquanto, às vezes, estão à morte.

*Carlos Santana é jornalista e radialista.

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>>A série Homem de Palavra é um espaço dedicado à opinião masculina sobre o universo feminino, comportamento ou qualquer tema de interesse tanto de homens quanto de mulheres. As opiniões expressas nos artigos nem sempre coincidem com a das três autoras do blog, mas a ideia é abrir espaço para o debate e a diversidade. Acompanhe semanalmente a série Homem de Palavra. E, querendo participar, envie seu texto para [email protected].

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Artigo: Estresse provoca dores na mandíbula

Tenho uma amiga que há alguns anos viveu uma crise de estresse tão violenta que começou a sentir dor até para mastigar a comida. Foi ao otorrinolaringologista, ao especialista bucomaxilofacial, fez todo tipo de exames, raio-x da face, e nada, não tinha nada errado com os dentes ou com os ossos do maxilar. Até que, conversando com outra conhecida, que é psicoterapeuta, veio o diagnóstico: “crise de estresse”. Minha amiga estava tão tensa, que nem percebia que ao falar, contraia toda a musculatura da mandíbula. Ela apertava os dentes quando estava nervosa e exercia uma pressão enorma no maxilar, machucando as articulações dessa região. Lembrei desse caso quando recebi o email com um artigo do dentista Marcelo Bolzan. O texto, que publicamos abaixo, descreve exatamente o tipo de problema que a minha amiga viveu e orienta de que forma podemos prevenir esse efeito negativo da tensão acumulada sobre as nossas vidas e a nossa saúde. Confiram:
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Estresse pode levar à ocorrência de disfunções temporomandibulares

*Prof. Dr. Marcelo Bolzan

Ilustração mostra a disfunção da articulação temporomandibular (DTM)

As desordens que acometem a articulação temporomandibular (ATM) podem acometer adultos e crianças. Em especial profissionais e executivos – assim como qualquer outra pessoa – quando submetidos a altos níveis de estresse tendem a apertar e ou ranger os dentes.

E tanto a maior intensidade e frequência, noturna  ou diurna, resulta na contração muscular. Com isso sintomas como fadiga e cansaço, nos casos mais leves, ou dores de intensidades variadas – nos casos mais dramáticos – podem resultar em dores crônicas e dores de cabeça que não cessam.

Isso ocorre em virtude da duração do período em que a tensão é exercida, bem como o excesso de contração na articulação, nos dentes e nos próprios músculos.

O correto diagnóstico do problema se faz necessário na medida em que estes sintomas podem ter sido causados pelo estresse ou terem sido desencadeados por ele, somente evidenciando assim problemas que já existiam, mas estavam latentes.

O caminho para solucionar o problema é a aplicação de um tratamento adequado, que pode variar da aplicação de analgésicos, relaxantes musculares, antiinflamatórios para os casos agudos  com causas temporárias.

Além disso, a utilização de fisioterapia, laser, aplicação de placas oclusais e ministração de medicamentos para melhorar o sono são indicadas par os mais renitentes.

No entanto, é válido salientar que essas são as manifestações físicas do estresse. Mas a causa deve ser combatida ou controlada por meio de relaxamento, autocontrole, mudança de hábitos e psicoterapia, se necessária. Daí a importância do correto acompanhamento profissional.

*Marcelo Bolzan é formado pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP), doutor em ciências da saúde pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), pós-graduado em TMJ Disfunction pela UCLA (University of California /EUA) e Reabilitação Oral pela USC (University of Southern Califórnia/EUA). Além disso, é coordenador do curso de Dor Orofacial e Disfunção Temporomandibular da Fundecto USP.

>>Visite o site do especialista

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Pilates alivia dores lombares

dor lombarA vida sedentária que levamos atualmente é responsável por uma série de problemas de saúde. E eu não falo apenas do aumento das taxas de colesterol e glicemia, epidemia global de obesidade e cada vez mais gente, mais jovem, morrendo de ataque cardíaco ou tendo AVC (acidente vascular cerebral). Na nossa rotina diária, de profissionais que passam horas ao volante ou mais horas ainda em frente ao terminal de um computador, a dor parece ser a companhia de todos os momentos. Dor crônica, tal qual  a obesidade, também é considerada epidemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS). E quando se trata especificamente de dor nas costas, o órgão afirma categórico que todo ser humano sentirá dor lombar ou na região da cervical (pescoço e nuca) ao menos uma vez na vida. As dores na coluna, ainda citando a OMS, são responsáveis por 35% das ocorrências de dores de cabeça no mundo.

Geralmente, a dor tem relação com alguns problemas de desvio da coluna, tendo como principal tratamento exercícios físicos que ajudam a fortalecer os músculos abdominais, que por sua vez, irão sustentar o tronco e manter as curvaturas fisiológicas da coluna. E uma das boas opções para quem anda precisando se exercitar mas não gosta de atividades de alto impacto como aeróbica é o Pilates. O método criado pelo alemão Joseph Pilates, permite alivio e, principalmente, prevenção para as dores de coluna. Joseph Pilates acreditava que o desenvolvimento da estabilidade corporal é a chave para uma vida mais longa e saudável e por isso, criou uma técnica que corrige a postura, realinha a coluna e fortalece a musculatura abdominal e das costas.

Pilates 5Me interesso por Pilates, pois sou uma dessas pessoas que não gostam de exercícios de alto impacto. Levantar barras de ferro na academia também não é a minha praia. Acho o pilates um exercício mais harmônico, mais lúdico, que além de fazer bem para o corpo de uma forma progressiva, é bom para a cabeça. As bolas, elásticos, e outros instrumentos que ajudam nos exercícios tornam a prática muito mais prazerosa. O pilates também é recomendado para todas as idades e até gestantes podem fazer. O importante é procurar um médico e fazer uma avaliação clínica, porque ninguém deve começar atividade física, por mais leve que seja, antes de um bom check up, principalmente quem já passou dos 30, quando o risco cardiovascular aumenta.

Pilates 6Antes de iniciar a prática de pilates, também é importante buscar um centro habilitado, com profissionais que realmente entendam o método e saibam como utilizar os instrumentos e aplicar os exercícios. Do contrário, se o método for usado por gente sem treino, ao invés de ajudar, pode piorar o problema e até causar uma lesão grave na coluna.

Existem porém, alguns exercícios simples, que podem ser feitos em casa, desde que você tenha condições clínicas adequadas. Abaixo, quatro atividades sugeridas por uma especialista em Pilates. Mas voltamos a recomendar: não faça exercícios sozinho antes de visitar seu médico. Para quem quer entender mais sobre o Pilates e seus benefícios, abaixo também disponibilizamos alguns links, vale checar principalmente o da ABP (Associação Brasileira de Pilates).

Pilates 7

Exercícios com thera-band – faixa elástica*

1.      Alongamento da musculatura posterior da coxa e da perna

Pilates 1Deitado, posicione a theraband (uma faixa elástica ou que pode ser feita com uma toalha dobrada no sentido do comprimento) no pé direito e a utilize para alongar toda a musculatura posterior da perna direita. Procure manter a perna de base bem estendida no colchonete ou chão, a cabeça bem apoiada e os ombros relaxados. Mantenha a posição por aproximadamente 1 minuto e troque de perna. Respiração livremente.

Pilates 22.      The Hundred

Deitado, coloque a theraband estendida na região das canelas. Segure na theraband próximo às pernas e eleve o tronco. Execute um movimento semelhante ao de bombeamento com os braços. Inspire em 5 tempos e expire em 5 tempos. Repita este ciclo respiratório 10 vezes. Procure manter os abdominais bem acionados, mantendo o umbigo “colado” à coluna.

3.      Roll down

Pilates 4Sentado com a coluna bem ereta, passe a theraband na sola dos pés e una bem os membros inferiores. Segure na theraband próximo aos tornozelos. Expire e comece a deitar lentamente, executando este movimento segmentando todas as vértebras da coluna. Expire novamente e volte à posição sentada cuidadosamente, também segmentando a coluna. Volte a sentar com a coluna ereta e repita o movimento de 4 a 5 vezes.

4.      Squat

Pilates 3Mantenha-se em pé, em cima da theraband, com os pés um pouco afastados e a segure nas pontas. Ao mesmo tempo, desça o quadril em direção ao chão – inclinando um pouco o tronco à frente – e eleve os braços até a altura dos ombros, aumentando a tensão na theraband. Execute este movimento expirando e retorne à posição inicial inspirando. Procure manter os abdominais acionados e a coluna ereta. Repita de 5 a 8 vezes.

*Fonte:  Professora Cristina Abrami, da CGPA Pilates (Centro de Ginástica Postural Angélica)
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Para saber mais:
>>O que é Pilates?
>>Assista vídeos com exercicios de Pilates
>>Site da Associação Brasileira de Pilates
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Leia também:
>>Prepare-se para correr

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Quanto pode doer um adeus?

Dizer adeus dói. Mais talvez para aquele que se despede de alguém que ama. É uma dor que sangra, porque faz sair da boca palavras que o coração rejeita. Quanta dor… quanta dor pode caber em um adeus? É no que me faz pensar as palavras do poeta cubano Buesa, que compartilho abaixo com vocês.

Poema de la Despedida

Te digo adiós y acaso, te quiero todavía.
Quizá no he de olvidarte, pero te digo adiós.
No se si me quisiste…No se si te quería…
O tal vez nos quisimos demasiado los dos. 

Este cariño triste y apasionado y loco,
me lo sembré en el alma para quererte a ti.
No se si te amé mucho…No se si te amé poco.
Pero si se que nunca volveré a amar así. 

Me queda tu sonrisa dormida en mi recuerdo,
y el corazón me dice que no te olvidaré;
pero al quedarme solo; sabiendo que te pierdo,
tal vez empiezo a amarte como jamás te amé. 

Te digo adiós y acaso en esta despedida
mi más hermoso sueño muere dentro de mí…
Pero te digo adiós para toda la vida,
aunque toda la vida siga pensando en ti.

(José Angel Buesa)

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José BuesaPARA SABER MAIS

***Quem foi José Angel Buesa? (em espanhol)

***Ouça algumas poesias do cubano recitadas

***Leia mais escritos do autor

 

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Quando chega a hora de dizer adeus

É difícil lidar com o fim de uma relação. Ainda que ela já não te faça sorrir como antes, mesmo quando alguma coisa dentro da gente diga que está na hora de colocar um ponto final, ainda assim é difícil. Sempre tentamos arranjar um motivo que justifique o fim, buscamos o culpado, queremos explicações. Talvez porque seja mesmo difícil lidar com nossos fracassos. Fomos criados para vencer, para ganhar, e costumamos enxergar o fim de uma relação como uma derrota, um fracasso. E estampamos no peito: “não deu certo”.

“… E foi o fim pra nós dois, nada restou pra depois.
Foi bom enquanto durou
esse romance, esse amor. Pena que acabou…”

Criamos uma rotina. E o mais doloroso é sair dessa rotina, é mudar os hábitos bruscamente, é ter de arrancar de sua vida, de uma hora pra outra, uma pessoa com quem você dividia cada sonho, com quem você fazia planos a longo prazo… Tudo muito rápido e, pior, com aquela sombra maldita do fracasso. Não tem mesmo como não doer. A dor faz parte do processo, infelizmente. Não há como pular essa parte, se ainda existe um pinguinho de sentimento pelo outro. Aí você fica pensando, tentando descobrir o que deu errado, se arrepende de tanta coisa…

“… Por que que todo amor não dura eternamente?
E quando tudo acaba a gente sente.
Senti o mundo desabando em mim…”

Pode ser que você se conforme logo. Pode ser que lá no fundinho do coração, embora a dor seja insuportável e as lágrimas insistam em despencar de seus olhos, você encare o fim como a única saída. Mas também pode bater o desespero. A sensação que o chão se abriu, que você está em queda livre, que esse sofrimento não vai passar nunca. O desespero pode fazer você tomar atitudes impensadas. É capaz de você correr pra ele(a), se ajoelhar aos seus pés, implorar pra voltar de qualquer jeito, chorar descontroladamente até soluçar…

“… O nosso amor pode durar para sempre. Então por que não volta
pra que eu possa me entregar,
te sentir em minha vida eternamente…”

Só que quando chega a hora, não tem jeito. Normalmente, esse momento acontece depois de muita tentativa. Quando chega a hora de dizer adeus, é sinal de que as coisas já não estavam no caminho certo há algum tempo. A gente costuma insistir, tendemos a arriscar até não suportar mais. E ainda quando está insuportável, achamos que ainda há uma chance de corrigir, de reequilibrar. Até que um dos dois deixa de acreditar. Até que um dos dois cansa de tentar, desiste dos dois. E quando um desiste, nenhuma tentativa é capaz de reverter a situação.

“…Você vem me condenar, mas sabe que errou também.
Olhe pra dentro de nós,
no jardim já morreram as flores, nossas fotos perderam as cores…”

Aí, só nos resta seguir em frente. Porque a vida não para, não dá trégua. O tempo, ele não vai parar esperando por nós. Se acabou, é porque foi melhor assim. É porque o ciclo daquela relação se fechou. É porque outras surpresas esperam por ti lá na frente. Não dá pra arrancar a dor do peito, mas dá pra sobreviver e suportá-la até que tudo o que aconteceu fique para trás. Se chegou a hora de realmente dizer adeus, é porque você já tentou de tudo, é porque alguma engrenagem emperrou, é porque está na hora de dar um novo rumo à vida…

“… Vou seguir em frente, vou tentar mais uma vez.
Nada foi em vão, perder você foi solução,
já dei liberdade para o meu coração voar…”

Um dia, tudo será passado. E esta terá sido apenas mais uma relação que acabou. Um dia, depois que a dor passar, depois que a cabeça esfriar e o coração desacelerar, você vai poder avaliar com mais sensatez tudo o que viveu. É possível que você tenha consciência de que foi melhor assim. É possível que você chegue à conclusão de que talvez vocês pudessem ter dado uma chance a mais. É possível que outra pessoa entre tão rápido em sua vida que você nem pense mais nisso. As possibilidades são inúmeras e são elas que nos incentivam a seguir em frente. Sempre.

“…Amanhã, semana que vem, ou mês que vem, quem sabe?
Vou ganhar o meu pedacinho de felicidade, 
um alguém que queira alguém desse meu jeito assim…”

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