Desapegos: já fez a faxina geral de 2016?

Sapo da Sorte / Crédito: Andreia Santana / Blog Conversa de Menina
“Esfreguei o sapo da sorte tailandês e fui fazer minha lista de desapegos”

O mês de dezembro chega com alta carga de ansiedade. É a expectativa pelo ano novo, os preparativos para as confraternizações em família ou no trabalho, as compras de Natal que transformam shoppings em formigueiros humanos, o amigo secreto! Na dúvida, para controlar o estresse inerente a essa época do ano, esfreguei as costas do sapo tailandês da sorte e iniciei a lista de desapegos de 2016. No mundo virtual, alguns amigos fazem aquela faxina, às vezes necessária, na lista de contatos das redes sociais.

Dei uma geral no quarto. Da estante de livros ao guarda-roupas, passando pela sapateira e o revisteiro, a tropa foi inspecionada de A a Z. Roupas apertadas ou folgadas demais e aquelas que já não combinam com meu estilo foram separadas em sacolas para doação, junto com pares de sapatos que estavam sobrando. A pilha de revistas do tamanho do Monte Everest sofreu uma redução considerável, junto com os livros, que passaram por uma triagem rigorosa. Os excedentes de umas e de outros separados para uma biblioteca escolar ou para as caixas de doação de projetos que visam ampliar o acesso a leitura.

No restante da casa, a ordem é desatravancar o máximo possível e abrir caminhos por onde as boas energias possam circular. A norma é passar adiante tudo aquilo que já não representa seus moradores, mas podem fazer a felicidade de alguém; ou que estava quebrado e encostado em um canto roubando espaço. O importante é movimentar a energia, porque só quando a gente desapega do que não nos serve é que a vida nos dá coisas diferentes e na nossa exata medida.

Na esfera dos relacionamentos e dos sentimentos, essa época do ano, que nos deixa mais reflexivos, é um bom período para desapegar de velhas rixas, da sensação desagradável de discussões infundadas (e 2016 foi pródigo em brigas recheadas de insensatez), de rancores, invejas, preconceitos e outras ninharias que só contaminam a alma e azedam a existência.

Na hora da faxina emocional, além de limpar os contatos das redes, é importante também limpar o coração e desapegar daquelas pessoas que nos magoaram. Amigos que se revelaram o exato oposto? Deixe-os ir. Desafetos entre os vizinhos ou colegas de trabalho? Não cozinhe raivas desnecessárias, que só servem para nos adoecer e estragam a pele. Que tal abrir mão daquela pessoa que não combina com você? Nada de ficar refém de amores de perdição, porque não há contrassenso maior do que um amor que nos intimida e faz sofrer. Se está fazendo mal, então não merece o nome de amor.

A regra é abrir mão de toda a bagagem – física ou emocional – que pesa nos ombros, machuca o espírito ou simplesmente ocupa o espaço que você precisa liberar para seguir pela vida mais leve e feliz!

O sapo tailandês da sorte:

O sapo verde, esculpido em madeira, vem com um bastão, também de madeira, que deve ser esfregado nas costas do bicho para simular o som do coaxar. Enquanto a gente esfrega, deve mentalizar desejos ou simplesmente pensar positivo. Este que está na foto, ganhei de presente há alguns anos e fica na estante da minha sala, perto da porta de entrada, para atrair boas energias para a casa. O sapo é símbolo de abundância, prosperidade e fertilidade em muitas culturas. Devido a ser um animal que passa por metamorfose, está associado também a evolução espiritual.

Onde encontrar?

Lojas físicas que comercializam itens esotéricos e na internet, em sites que importam direto da Ásia.

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Espiritualidade: Mente sã em um corpo são

Vou pedir licença ao poeta romano Juvenal, para utilizar uma de suas frases mais famosas, dentro do contexto que eu quero construir. “Mens sana in corpore sano” foi escrita como parte integrante Espiritualidadede um texto que tenta explicar o que as pessoas deveriam desejar na vida. Para mim, trata de uma expressão que implicitamente fala de equilíbrio. Equilíbrio entre o corpo, nossa parte física e palpável, e a mente, o lado imaterial, espiritual, de cada um. Estar saudável, então, passa a significar algo além dos resultados positivos nos exames médicos de rotina. Ganha um significado maior, que traduz um estado no qual tanto o corpo quanto a mente trabalham em sintonia.

A palavra espiritualidade tem hoje uma conotação pejorativa. Muitos fazem uma associação equivocada e imediata à religião. É como se o cuidado com a espiritualidade tivesse necessariamente de passar por visitas frequentes a algum templo religioso. Não, necessariamente, na minha compreensão de espiritualidade. Cuidar do corpo é até fácil, nos basta fazer os tais exames periódicos, adotar uma alimentação saudável e construir uma rotina que englobe exercícios físicos constantes. Mas cuidar do nosso lado imaterial não é tão simples assim e vai exigir da gente um esforço maior, uma dedicação ao “eu”.

O ser humano precisa sempre cuidar e orientar seu desejo
para que ao passar pelos vários objetos de sua realização – é irrenunciável que passe – não perca a
memória bem aventurada do único grande objeto que o faz descansar, o Ser,
o Absoluto, a Realidade fontal, o que se convencionou chamar de Deus.
O Deus que aqui emerge não é simplesmente o Deus das religiões,
mas o Deus da caminhada pessoal, aquela instância de valor supremo,
aquela dimensão sagrada em nós, inegociável e intransferível.
Essas qualificações configuram aquilo que, existencialmente, chamamos de Deus.

Leonardo Boff

Falar de espiritualidade exige uma compreensão maior do ser humano, a de que ele é resultado da conjugação de espírito e corpo. Boff alerta para a visão atual, distorcida, de que há uma dualidade entre estes dois vértices. “Perdeu-se a unidade sagrada do ser humano vivo que é a convivência dinâmica de matéria e de espírito entrelaçados e inter-retro-conectados”, é o que ele diz em um de seus textos que tratam da espiritualidade. O que sinto diariamente é que precisamos mesmo entender a importância desta conexão. Hoje estamos mais preocupados com o corpo sarado, o cabelo arrumado, o seio empinado. Esquecemos que nosso interior também precisa de Espiritualidadecuidado, e é muito mais delicado.

Não acho que seja fácil se distanciar deste mundo insano, dos barulhos diários, do tic-tac do relógio, das buzinas dos carros, por exemplo. É complexo. Muito, até. Mas é necessário, e quando conseguirmos perceber isso talvez encontremos uma forma de chegar a este estágio de interiorização, do encontro consigo e com Deus, o Deus maior que não está preso aos alicerces de uma igreja qualquer. Nesse processo, o silêncio é importante, a meditação é importante, a concentração em nossas próprias energias também.  Imprescindível é se afastar da aceleração social, buscar um lugar calmo, tranquilo, sossegado, aquele lugar que transpira paz.

Por fim o ser humano possui profundidade.
Tem a capacidade de captar o que está além das aparências, daquilo que se vê, se escuta,
se pensa e se ama. Apreende o outro lado das coisas, sua profundidade.
As coisas todas não são apenas coisas. Todas elas possuem
uma terceia margem. São símbolos e metáforas de outra realidade
que as ultrapassa e que elas recordam.

Leonardo Boff

Podemos nos esforçar um pouco mais. Podemos aceitar essa complexidade do nosso ser. Podemos, depois disso, buscar a mente sã em um corpo são. É só dedicarmos um pouquinho do nosso tempo àquele momento da consciência que nos ajuda a compreender o sentido e o valor do mundo, que nos ajuda a nos compreender como parte de um todo. Boff fala na necessidade de o homem “experimentar a sua própria profundidade”. Gente, o que eu estou falando aqui é de uma atitude nova. Mas uma atitude em relação a você mesmo. Pode parecer bobagem, exagero, insignificância… mas nós não precisamos deixar apenas parecer, se podemos praticar e tirar as nossas conclusões com relação a isso.

Esse post daqui é um convite. Um convite para que todos nós nos dediquemos um pouco mais ao que os outros não podem ver com os olhos, mas podem sentir com suas almas. A gente pode se despir dos preconceitos e pensar na ideia. Pelo menos pensar na possibilidade de sair dessa loucura em algum momento da sua semana, do mês, e colocar em prática a possibilidade de dedicar estes momentos a cuidar do seu interior. Não tem uma fórmula secreta, porém há iniciativas. Uma oração, uma meditação, alguns momentos dedicados à reflexão… Que tal?

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