Praticar meditação traz inúmeros benefícios para a mente e o espírito. E agora, os cientistas descobriram que as técnicas de relaxamento também funcionam nos exames para detecção do câncer de mama. Esse é um dos destaques da semana na sessão De olho na saúde, que toda sexta-feira, traz informações fresquinhas sobre pesquisas e descobertas médicas; além de dicas para o bem estar e a qualidade de vida.
Sintonizadas na ternura
Pesquisadores da Universidade Duke (EUA) queriam saber os efeitos da meditação e da musicoterapia em pacientes com nódulos nas mamas que precisavam se submeter a biópsia. O exame serve para determinar se um tumor é benigno ou maligno e consiste em retirar um pedaço do nódulo para análise. Além de pressão emocional, o exame pode causar dor e desconforto.
Para isso, 121 voluntárias foram divididas em dois grupos, um para controle e outro submetido a sessões de meditação e musicoterapia. As mulheres que meditaram e foram estimuladas a focar em sentimentos amorosos, passaram pelo exame sem desconforto. Também foi notado que as que ouviam música relaxante não ficavam nervosas durante ou sentiam menos fadiga após o exame.
A música (tema da coluna na semana passada) e a meditação diminuem a ansiedade e a angústia das pacientes durante exames. Também auxiliam aquelas que, uma vez diagnosticadas com o câncer de mama, precisam se submeter a sessões de quimioterapia. Os autores da pesquisa acreditam que os benefícios são extensivos a qualquer procedimento médico.
Lição para a memória
Técnicas de memorização baseadas no agrupamento de palavras ajudam pacientes com tumores ou lesões no lobo frontal esquerdo do cérebro. A pesquisa é de uma equipe de neuropsicologia do Hospital das Clínicas, de São Paulo, e já foi destaque no Prêmio Saúde.
O lobo frontal esquerdo é a área que processa as informações verbais. Um grupo de pacientes que passou por cirurgias de remoção de tumores na região, recebeu uma lista com 16 palavras para decorar. Boa parte esqueceu tudo mal terminou a leitura. Usando como base um sistema de separação por categorias: nomes de frutas, de instrumentos musicais, de pessoas, de peças de vestuário, etc., os pacientes passaram a reter a informação.
Técnicas de memorização também são utilizadas por ‘concurseiros’ e profissionais que lidam com muita informação.
Fofura sem espirros
Sabe aquele bicho de pelúcia que você ganhou de presente e adora? Ou que seus filhos não desgrudam? Pois o Teddy é uma casa confortável para os ácaros que fazem a festa no nariz e nos pulmões dos alérgicos.
Para evitar transtornos à saúde, lave os bonecos à máquina uma vez por semana. Mas antes, fique atenta (o) às seguintes dicas:
>>Use sabão neutro, que sabão em pó também é irritante para as vias aéreas e enxágue bem, para não sobrar nenhum resíduo de detergente;
>>Leia a etiqueta para ver se o material que enche o boneco é do tipo que pode ser rodado na máquina. Se for um brinquedo à pilha, retire as pilhas;
>>Retire também botões ou qualquer outro detalhe que pode desmantelar e coloque o bichinho dentro de uma fronha branca e amarre a ponta. Ele deve ser lavado dentro da fronha;
>>Após a lavagem, escove a pelúcia e coloque o brinquedo para secar em área bem arejada.
Abro espaço para divulgar um material bacana sobre o projeto Mulheres da Paz:
No mês em que se comemora o Dia Nacional da Consciência Negra e o Dia Internacional pelo Fim da Violência contra as Mulheres (nesta quinta, dia 25), o projeto Mulheres da Paz da Bahia promove o Ciclo de Palestra Maria Felipa: Negritude Feminina em Diálogo. O evento acontece de hoje até o dia 30 de novembro, nos Territórios de abrangência do PRONASCI, em Salvador e mais três cidades da região metropolitana: Lauro de Freitas, Camaçari e Simões Filho.
Segundo a coordenadora do projeto na Bahia, Jaciara Ribeiro, o objetivo da iniciativa é fortalecer o debate sobre o papel da mulher e a sua importância na construção de uma sociedade justa e igualitária.
Programação – O ciclo Maria Felipa: Negritude Feminina em Diálogo começou por Simões Filho , nesta terça, no Centro Marta Alencar. Nesta quarta dia 24, às 9h, e na quinta 25, às 14h, a palestras acontecerão, respectivamente, no Centro Social Urbano de Narandiba, em Tancredo Neves/Beirú e no auditório Espaço Cidadão, em Lauro de Freitas. No dia 29 (próxima segunda), às 9h, será a vez de Camaçari, no CAIC-PHOCI, e no dia seguinte, 30, no mesmo horário, no Centro Paroquial de São Cristóvão.
E para saber mais sobre Maria Felipa, acesse abaixo a reportagem especial que fiz sobre ela aqui no blog Conversa de Menina:
O escritor José Saramago, muito amado pelas meninas deste singelo blog, morreu nesta sexta-feira, em sua casa, em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, aos 87 anos de idade. O autor de Ensaio Sobre a Cegueira e de uma infinidade de livros maravilhosos – os recentes Caim e a A Viagem do Elefante -, prêmio Nobel de literatura em 1998 (venceu com o livro Memorial do Convento, que no momento estou lendo), era um grande filósofo, um humanista, socialista radical, de opiniões fortes, que lhe renderam a fama de ser de difícil trato. Para nós, a memória de Saramago é totalmente afetiva e, quem o chama de intransigente, na verdade, não compreende a profundidade do pensamento do autor. Por meio de seus livros e de suas declarações na mídia, Saramago nos fazia acordar, enfiava o dedo na ferida, nos mostrava nosso lado mais brutal e mesquinho e nosso lado mais terno e nobre, as dicotomias da alma humana. Era um gênio! E aos gênios, permitimos até um pouco de mau-humor. Além disso, nos seus 87 anos de vida, sábio, maduro e calejado, ainda tinha muito a nos dizer, muito o que nos provocar à reflexão. Sua morte, apesar da idade, é prematura, pois ele estava no auge da forma e da lucidez. Aqui, deixamos nossa homenagem, reunindo os links de alguns textos publicados sobre a morte do autor nos sites noticiosos da internet e nos nossos blogues pessoais…
A série Traça de Biblioteca desta semana não vai indicar lançamentos recentes do mercado editorial brasileiro, mas obras raríssimas, que o Mosteiro de São Bento da Bahia, através de uma parceria com a Secretaria Estadual de Cultura, disponibiliza em arquivos digitalizados em um site na internet. São obras históricas, que não são possíveis de ser manuseadas, devido a sua fragilidade (manuscritos e publicações com mais de dois séculos), mas cujo conteúdo tão rico e importante precisa ser compartilhado. Quem já teve a oportunidade de visitar a biblioteca do mosteiro tem a impressão de entrar no cenário de O Nome da Rosa, é simplesmente genial! O jornalista e querido amigo Dirceu Factum enviou o texto abaixo, com as informações e os detalhes da criação do site Livros Raros, vale a pena conferir:
O site “Livros Raros” (www.saobento.org/livrosraros) “no ar” desde o dia 04.02, contém 20 obras que fazem parte do precioso acervo da Biblioteca do Centro de Documentação e Pesquisa do Livro Raro do Mosteiro. Datadas dos séculos 16 a 19, todas foram restauradas, digitalizadas e disponibilizadas na íntegra e de forma gratuita na internet, numa iniciativa inédita no estado.
A construção do site foi o desdobramento de um projeto elaborado pelo Mosteiro de São Bento da Bahia que englobou não só o restauro de obras, como a melhoria das condições de conservação dos 300 mil volumes da biblioteca e do Centro de Documentação e Pesquisa do Livro Raro do Mosteiro, agora corretamente acondicionados em 172 novas estantes. A iniciativa foi uma das 120 aprovadas dentre 420 apresentadas ao Fundo de Cultura do estado da Bahia, em 2007. Os recursos, no total de R$294.984,00, viabilizaram a restauração completa e também a digitalização e implementação de programas de acesso às obras do acervo. Agora, com o novo site, todos terão acesso a um conteúdo especial e de interesse mundial.
Entre as 20 raridades que foram restauradas estão seis volumes dos “Sermões” do Padre Antônio Vieira publicados no final do século 17 e início do século 18. São edições princeps, ou seja, primeiras edições revisadas pelo próprio autor, neste caso a principal referência na língua portuguesa no Brasil. Outras obras únicas são “Seleção de Questões Disputadas sobre a Metafísica e os Ensinamentos de Aristóteles” (1685) e “Theatro Crítico de Freijó” (1876), dedicado ao “sereníssimo señor Infante de España Dom Carlos de Bourbon e Farnefio”, e a “Colleção dos Breves Pontifícios”, e Leys Regias, expedidos e publicados desde 1714.
Para o Secretário de Cultura do Estado da Bahia, Márcio Meirelles, “toda a preservação de acervo é válida, mas ela ganha mais importância na medida em que tem uma utilidade pública. Quando o Mosteiro se propôs a disponibilizar este acervo raro, de uma forma tão ampla, temos que apoiar. Só o restauro de obras como “Os Sermões”, de Padre Vieira, já é uma grande iniciativa”. O Secretário reforçou ainda a importância do apoio do Governo do Estado ao projeto. “O mosteiro de São Bento é um exemplo de Patrimônio Histórico pela maneira com a qual conserva seu acervo. A visão de sustentabilidade, a dinâmica interna da instituição e a percepção da abrangência de propostas como esta que agora se concretiza são a segurança da total validade de parceria por parte do Governo do Estado”.
Segundo a filóloga e professora Alicia Duhá Lose, coordenadora geral do projeto, a principal meta do projeto era a restauração de um acervo de valor ímpar, mas que esta ação gerou outros bons resultados. “Além de termos em mãos preciosidades da literatura mundial de todos os tempos, e de podermos colocar, neste primeiro momento, 20 obras raras a disposição de interessados, em qualquer parte do mundo, via internet, conseguimos capacitar uma competente equipe de restauração composta por profissionais baianos”, comemorou. O trabalho envolveu cerca de 20 pessoas, entre técnicos do laboratório do Mosteiro de São Bento, implantado há 12 anos, pesquisadores do Mosteiro, da Faculdade São Bento e da Universidade Federal da Bahia. Como não haviam profissionais especializados em restauração de livros raros no Estado foi preciso tornar o grupo apto com um treinamento de três meses, monitorado por professores da Fundação Casa de Rui Barbosa, do Rio de Janeiro.
Além de dificuldades iniciais com a mão de obra, os responsáveis pelo restauro tiveram que contornar outras limitações, como a escassez e os preços altos de parte do material necessário para a tarefa. O papel japonês utilizado para preencher os espaços danificados, por exemplo, teve que ser adquirido em São Paulo e com um orçamento alto (apenas uma folha chega a custar R$ 23). Para Alicia, todo o processo foi muito trabalhoso e exigiu total atenção dos envolvidos, mas o nível de importância dos livros era tão alto quanto os riscos de perdê-los com o passar do tempo. “As obras estavam em péssimas condições. Felizmente, o resultado foi o melhor possível. Hoje, temos a certeza de estar colaborando para a existência de um rico acervo de pesquisa que conta com publicações como a “Coleção de Breves Pontifícios”, uma compilação de textos sobre os jesuítas”, relatou a filóloga.
A beleza dos materiais também pode ser apreciada na íntegra através do processo de digitalização. Ninguém, certamente, ficará impassível diante de um manuscrito ornado, repleto de iluminuras (tipo de pintura decorativa, frequentemente aplicado às letras capitulares no início dos capítulos de pergaminho medievais. O termo se aplica também ao conjunto de elementos decorativos e representações imagéticas executadas nos manuscritos, produzidos principalmente nos conventos e abadias da Idade Média) e filigranas (trabalho ornamental feito de fios muito finos e pequeninas bolas de metal, soldadas de forma a compor um desenho.
“Como fruto desse passado, a nossa Biblioteca de Livros Raros hoje possui cerca de 30 mil volumes, sendo o segundo maior acervo do país (o primeiro é o da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro) e os 20 livros que estão apresentados neste site fazem parte desse contexto. Um contexto histórico representado por momentos marcantes tanto para o Mosteiro como para história luso-brasileira; e de uma preocupação em preservar nosso patrimônio e compartilhar com a sociedade esse conhecimento”, comentou Dom Gregório Paixão.
A opinião daqueles que convivem diretamente com o acervo entrou nos critérios dos documentos pesquisados inicialmente – “O Dietário”, os livros “Velho”, I e II da Coleção dos Livros do Tombo e a “Regra das Monjas” – foram sugeridos pelos próprios monges, devido ao seu interesse para a história geral da Bahia e do Brasil e a relevância para a manutenção da história deste Mosteiro e da própria Ordem. Somaram – se a estes, as edições princeps dos “Sermões” de Antônio Vieira, a “História Geral da Capitania da Bahia”, de José Natônio Caldas, 1759, e a “Collecção de Breves Pontifícios”, de 1756.
A preocupação em aumentar e, principalmente, preservar o acervo bibliográfico da Arquiabadia sempre foi algo de grande importância para os monges. Prova disto é a declaração de Dom Abade Majolo de Caigny, em meados de 1913: “aumentei nossa biblioteca, depois de tê-la melhorado, comprado todos os anos bom número de livros modernos; limpei e conservei os vetustos e quase carcomidos”. Mais de 90 anos depois, ainda com o empenho de salvaguardar esse precioso patrimônio bibliográfico, já com a presença de Dom Arquiabade Emanuel D’Able do Amaral, foi inaugurada uma nova área para guarda dos livros e um moderno Laboratório de Conservação e Restauração de Papel, iniciativa que contribui para ampliar o valor para a sociedade da Biblioteca do Mosteiro de São Bento, espaço de pesquisa e leitura tombado pelo Iphan, criada em 1582, quando os beneditinos chegaram em Salvador e fundaram o primeiro mosteiro da ordem no Novo Mundo.
Confira as obras disponibilizadas na Internet através do link:
STATUTI della Venerabile Archiconfraternita della Pieta de Carcerati [*] Novamente riformati. Oruieto: Rinaldo Ruuli, 1626. 168p.
BIBLIA Sacra Arabica [*] ad usum Ecclesiarum Orientatium. Additis è regione Bibliis Latinis* Roma: Sacra Congragationem de Propaganda Fide, 1671. T. 1. 472p.
FABRICIUS, Johann Albert. Bibliothecæ Græcæ. Liber III. De Scriptoribus qui claruerunt à Platone usque da Tempora nati CHRISTI Sospitoris nostri* Hamburgi: sumptu Christiani Liebezeit, 1707. [2], [12], 824p.
PORTUGAL. Collecçaõ dos Breves Pontificios, e Leys Regias, que foraõ expedidos, e publicadas desde o anno 1741., sobre a liberdade das pessoas, bens, e commercio dos indios do Brasil* [Lisboa]: Impressa na Secretaria de Estado, [1759]. [458] p.
D. LAURENTII IUSTINIANI Proto patriachae Venetii opare et vita religiosissima cum duplici indice Castigatius reposita. [Paris]: Jodoco Badio Ascencio, 1524. [7], 530f.
SARMENTO, Francisco de Jesus Maria. Flos Sanctorum ou santuario doutrinal* Lisboa: na Officina de Antonio Rodrigues Galhardo, 1727. 891p. v. 2
MASSARANI, Francesco. Francisci Massarii Veneti in novum Plinii de naturali historia librum castigationes & annotationes. Basileae: In Officina Frobeniana per Hienorymum Froben & Nicolaum Episcopium, 1537. [16], 367, [16] p.
INGUIMBERT, Malachia. Vita di monsignor Don Bartolomeo de Martiri* In Roma: Per Girolamo Mainardi, 1727. XXXVI, 319p. Dividido em dois livros.
VIERA, António, Padre. Sermoens, e varios discursos [* ]. Obra posthuma, dedicada a Purissima Conceyçam da Virgem Maria Nossa Senhora. Lisboa: Por Valentim da Costa Deslandes, 1710. T. XIV
VIEIRA, Antonio. Sermões.
VIEIRA, Antonio. Sermoens [*]. Undecima Parte, offerecida à Seressima Rainha da Grã Bretanha. Lisboa: Na Officina de Miguel Deslandes, 1696.
VIEIRA, António. Sermoens [*] Setima Parte, dedicada no Panegyrico da Rainha Santa ao serenissimo nome da Princeza N. S. D. Isabel. Em Lisboa: Na Officina de Miguel Deslandes, 1692.
VIEIRA, Antonio. Palavra de Deos empenhada, e desempenhada. No Sermam das Exequias da Rainha N. S. Dona Maria Francisca Isabel de Saboya; desempenhada no Sermam de Acçam de Graças pelo nascimento do principe D. João Primogenito de SS. Magestade [*]. Lisboa: Na Officina de Miguel Deslandes, 1690.
VIEIRA, António. Sermoens [*] Segunda Parte, dedicada no Panegyrico da Rainha Santa ao serenissimo nome da Princeza N. S. D. Isabel. Em Lisboa: Na Officina de Miguel Deslandes, 1682
LACROIX, Paul. Vie militaire et religieuse au moyen age et a l’époque de la renaissance. Paris: Librairie de Firmin-Didot, 1876. v, 577, 1p
FLAVIACENSIS, Radulphi. Mysticum illum Moyse Leviticum libri XX* Colonie: [E. Cervicomus] Petri Quentell, 1536. [22], 314p.
AGUIRRE, Iosepho Saenz de. In Metaphysicam et prædicamenta Aristotelis: disputationes selectæ* Salamanticæ: apud Lucam Perez, 1675. 222p.
MENEZES, Fernandes de. Historia de Tangere: que comprehende as noticias desde a sua primeira conquista até a sua ruina. Lisboa Occidental: na Officina Ferreiriana, 1732. [20], 304p.
GRÉGOIRE, L. Géographie générale physique et économique. Paris: Garnier Frères, 1888. 1209p. il.
Se você pretende refrescar a memória, relembrando os fatos mais marcantes de 2009, lamento informar que este ensaio de retrospectiva é um pouco menos global do que deveria e não pretende tratar da morte de Michael Jackson, da eleição de Obama para a presidência dos EUA ou da crise econômica mundial. Embora sejam fatos marcantes, não é disso que quero falar. Ainda assim, se atraído pelo título do post, você entrou aqui querendo saber como foram os 365 dias do ano que finda hoje, ao menos podemos te mostrar o que aconteceu em Salvador. Para isso, recomendo que leia o texto escrito pela nossa querida Giovanna Castro, e publicado no portal A TARDE On Line.
Este ensaio porém, é uma retrospectiva mais íntima, pessoal, pertencente às meninas deste blog. Em 2009, completamos um ano no ar. Em 2009, também conhecemos, através de comentários emocionantes, pessoas com histórias de vida incríveis. Este ano, batemos pela primeira vez a casa das 100 mil visitas e terminamos o ciclo alcançando quase 200 mil, tudo o que podemos dizer é muito obrigada! Em 2009, minha amizade com Giovanna, que tem mais de uma década, rendeu o fruto de trazê-la para o blog. Minha amizade com Alane, que tem quase meia década, fortaleceu e rendeu muitos sonhos de um futuro promissor, na rede e fora dela. Principalmente o de consolidar este filho virtual que geramos juntas. Somos três pessoas completamente diferentes, com visões de mundo particulares, que viveram altos e baixos em 2009, como boa parte dos nossos leitores, acredito, mas ainda assim, apesar das diferenças, nos completamos. O que falta em uma, sobra na outra e isso enriquece a todas nós.
Quantas pessoas novas vocês conheceram este ano? Quantas pessoas antigas que estavam afastadas, voltaram a se aproximar e o quanto da personalidade delas vocês descobriram e se fascinaram? Muitas vezes, pensamos em relembrar os fatos mais marcantes do ano que finda no mundo, mas esquecemos de olhar para os fatos marcantes da nossa vida que nos fez crescer, que nos fez caminhar para a frente. E esses fatos muitas vezes são simples, coisinhas que mudam de forma tão sutil, que, cegos, à espera das grandes mudanças, nem percebemos que nossa vida está moldando-se pouco a pouco, a partir das pequenas ações. Lembrei de um verso de Cecília Meirelles, “de tanto olhar para longe, não vejo o que passa perto”. E é pertinho da gente, no microcosmo formado pela família, amigos, pelo trajeto de casa até o trabalho, com os colegas da empresa, que as mudanças começam e da junção de todas as mudanças, de todos os microcosmos de todas as pessoas no mundo, aí sim, é que a realidade global é afetada. Acredito nisso, de verdade.
Em um ano cabe muita coisa. Pessoas nascem, outras nos deixam para viver outra realidade ou para fazer uma viagem que algum dia, todos iremos empreender, porque é do ciclo da natureza. Ganhamos dinheiro ou perdemos? Compramos a casa dos sonhos? Ainda moramos de aluguel? Fizemos mais amizades ou menos que o ano passado? Quantos livros você leu este ano? Foi ao cinema alguma vez? Caminhou na praia? Quantas vezes sorriu? É recomendável que sorria ao menos uma vez por dia. Riu das próprias mancadas ou ficou se maldizendo? Eu tentei rir bastante, mas em alguns momentos chorei, em outros ainda, me enfureci. Ainda assim, acredito que o saldo foi positivo. No mínimo, deu empate. Algumas frivolidades, que nem por isso deixam de ser importantes: Chequei aos 35, uau! Coloquei aparelho nos dentes para corrigir um defeito de infância. Engordei mais um pouco porque foi um ano de intensa atividade profissional e acadêmica, mas uma negação no quesito ginástica, me exercitei menos do que deveria, comi mais chocolate do que era necessário e começo o ano novo disposta a retomar a atividade física, não por obsessão de virar manequim, não é meu estilo, mas pelo prazer de movimentar-me, de mover a energia dentro e fora do meu corpo, ao meu redor.
Me tornei uma mãe um pouco mais orgulhosa em 2009 também, porque meu filho, aos 12 anos, é um garoto cheio de opiniões, que cresce para se tornar um rapazinho encantador. Tira boas notas, tem uma cabeça boa, como costumamos dizer, e tem um senso de humor que faz o sol brilhar na minha alma, principalmente nos dias que ameaçam chuva. Voltei a estudar em 2009, o que foi fantástico. Dez anos depois da graduação, cá estou eu às voltas com novos desafios. Sempre fui meio CDF e isso é um dos pontos em comum com as parceiras do Conversa. Somos três traças de biblioteca, com muito orgulho por sinal. Rolaram algumas discussões familiares, claro, mas também ocorreram reconciliações daquelas que fazem a relação fortalecer. Rolaram algumas discussões com amigos e as amizades que eram legítimas, sobreviveram às tempestades. No trabalho, houve momentos de realização plena e outros de quase frustração, o que também é normal. Com o passar do tempo aprendi, na verdade ainda estou aprendendo, que as frustrações não são causadas pelos outros, mas pelo nosso excesso de expectativa e idealização. Quando aprendemos a lidar com a realidade, não que para isso deixemos de sonhar ou projetar, mas quando aprendemos a jogar com os dados que a vida nos oferece (como sabiamente me diz minha mãe), nos tornamos mais protegidos contra a frustração.
Algumas vezes, damos dois passos para a frente e recuamos um, para logo mais à frente, avançarmos cinco passos de uma vez. Cest la vie, “é a vida”, como dizem os franceses. E quem disse que gostariamos mais dela se fosse fácil? Não é fácil, mas é bem menos difícil do que acreditamos. O bom de terminar um ano e começar outro é que temos a chance de seguir em frente, ou de recomeçar. E não há idade padrão para recomeçar, sempre podemos refazer um caminho ou trocar de estrada, se aquela que tomamos não estiver boa. Não é loucura, é busca. Todos nascemos com essa tarefinha inconsciente, buscar a felicidade. Muitas vezes, durante o trajeto, encontramos diversos momentos de alegria saudável, desses que fazem a busca valer a pena. Mesmo que essa FELICIDADE graúda, plena, seja só utopia, as pequenas felicidades, entremeadas de algumas tristezas, contribuem para equilibrar a balança.
E antes que eu comece a chorar, porque desde criança pertenço ao grupo das “manteigas derretidas”, me despeço de 2009 e de vocês todos, muito feliz por ter compartilhado tanto e por ter recebido tanto de volta, em frases de elogio, crítica, incentivo, em carinho anônimo, mas nem por isso menos importante. Que 2010, o ano do tigre, que vem a ser o meu signo no horóscopo chinês, traga muita sorte, vida longa ao Conversa de Menina e muitas oportunidades e surpresas agradáveis para vocês aqui no blog e nas suas vidas. Desejo-lhes muita paz, muito amor, saúde e um pouco mais de dinheiro no bolso, que não faz mal a ninguém. Mas principalmente, desejo que cada um que lê essas divagações, que Alane chama tão bem de “digressões”, tire daqui uma lição para viver plenamente e com sabedoria, seja nas pequenas coisas do dia-a-dia ou nas grandes conquistas que mudam a história do mundo. Mesmo sem conhecer a todos que visitam esta página, amo vocês, por serem humanos, por serem lutadores, por serem belos ao seu modo e principalmente, por fazerem parte desse grande acorde universal e dessa canção criada por um Deus ou por diversos deuses, que chamamos VIDA. Que venha 2010!
beijos no coração e na ponta do nariz!
*Andreia Santana, 37 anos, jornalista, natural de Salvador e aspirante a escritora. Fundou o blog Conversa de Menina em dezembro de 2008, junto com Alane Virgínia, e deixou o projeto em 20/09/2011, para dedicar-se aos projetos pessoais em literatura.
Santo Amaro da Purificação é uma das cidades mais místicas do recôncavo baiano. E não digo isso porque é terra de Caetano Veloso e Maria Bethânia. Aliás, os dois grandes artistas são o que são porque nasceram e se criaram num caldo cultural que mistura a religiosidade afro-brasileira, tradições católicas, cultura popular e história de resistência. Pois a cidade, localizada a 72 quômetros de Salvador, estará em evidência nos próximos dias. Aqui na capital, de hoje até domingo, o Conjunto Cultural da Caixa (Rua Carlos Gomes – Centro) apresenta o espetáculo teatral Besouro Cordão de Ouro, sobre a vida de um dos capoeiristas mais famosos de Santo Amaro, um homem tão peculiar que se não houvesse testemunhas jurando que ele existiu, passaria facilmente por lenda e das boas, daquelas de ouvir ao pé da fogueira. Além disso, de 13 a 17 de maio, a cidade do recôncavo celebra os 120 anos do Bembé do Mercado, festa criada em 1889 para comemorar a abolição da escravatura. Abaixo, informações sobre o espetáculo e a história do Bembé:
Besouro Cordão de Ouro
Manoel Henrique Pereira, apelidado Besouro Cordão de Ouro, nasceu em Santo Amaro no final do século XIX. Ficou famoso graças ao talento nas rodas de capoeira tanto na cidade natal quanto no Cais Dourado, em Salvador, onde desembarcava dos saveiros que cruzavam a baía de Todos os Santos, em busca de um bom desafio. Sua fama de valente o transformou em lenda viva. Sendo que o romance Mar Morto, de Jorge Amado, ajudou a consolidar a fama do lutador. Além de capoeirista, Besouro também era poeta, boêmio, tocador de violão dos mais afamados e compositor de chulas e sambas-de-roda.
O espetáculo Besouro Cordão de Ouro, que aporta em Salvador neste fim de semana, é produzido por um grupo carioca, sob direção de João das Neves. O texto, as músicas e letras das canções entoadas na peça são de autoria de Paulo César Pinheiro. A história de Besouro, também chamado Mangangá nas rodas de capoeira, é contada a partir dos atores que interpretam outros mestres famosos do ínicio do século XX como Bimba, Pastinha, Budião, Dora das Sete Portas e a mítica Rosa Palmeirão, também personagem de Mar Morto e que, diz a lenda, foi criada por Jorge Amado a partir de Maria Doze Homens, uma capoeirista valente do Cais Dourado, que derrubava qualquer um que se interpunha em seu caminho, fosse macho ou fêmea. Maria Doze Homens, por sua vez, é confundida na memória da cultura popular baiana com Maria Felipa de Oliveira, uma mulher que, na Guerra da Independência da Bahia, em 1823, teria liderado outras mulheres na guerrilha contra os portugueses. Prometo contar a história dela aqui no blog, em outra ocasião.
SERVIÇO:
Espetáculo: Besouro Cordão-de-Ouro
Onde: Espaço Caixa Cultural
Rua Carlos Gomes, 57 – Centro – Tel: 3421-4200
Quando: 8 a 10 de maio, às 20h
Ingresso: Um quilo de alimento não-perecível, trocados pelo ingresso a partir das 14h do dia do espetáculo
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Bembé do Mercado
A origem do Bembé do Mercado remonta ao dia 13 de maio de 1889, no aniversário de um ano da abolição. Na ocasião, os terreiros de Candomblé de Santo Amaro e região se reuniram para fazer uma festa de três dias e três noites, tocando para os orixás e em memória aos antepassados que pereceram na luta pela liberdade. Durante anos, o Bembé foi erroneamente associado a uma homenagem à princesa Isabel, mas a festa de fato, marcava a resistência dos adeptos do Candomblé às perseguições a sua religião e também era uma forma de mostrar que existia um contingente negro que havia saído das senzalas, mas ainda não havia alcançado lugar de direito na sociedade. Mesmo com as perseguições o Bembé continuou acontecendo. Em alguns anos, limitava-se aos terreiros, em outros, acontecia na praça do mercado municipal da cidade. A partir do final dos anos 90, houve empenho de lideranças negras e religiosos do Candomblé, além de apoio de universidades e políticos, para que o Bembé fosse revitalizado. A palavra Bembé é uma corruptela de Candomblé.
Este ano, cerca de 30 terreiros irão se unir para realizar a festa dos 120 anos do Bembé, de 13 a 17 de maio, na praça do mercado. Além dos rituais religiosos, ocorrerão também apresentações de maculelê, capoeira, samba de roda e a encenação do Nego Fugido, folguedo que tem origem no distrito santoamarense de Acupe e representa a fuga de escravos das fazendas de açúcar da região e a implacável caçada empreendida pelos capitães do mato e feitores na tentativa de recapturá-los.
A festa de 2009 renderá homenagens ao escultor e museólogo Emanoel Araújo e a sambista santoamarense Edith do Prato, morta no início do ano. A programação prevê também uma mesa redonda, que deve ocorrer na quarta-feira, 13, na abertura do evento, sobre cultura popular, reunindo o Ministro da Cultura Juca Ferreira, o cantor Caetano Veloso e a folclorista Maria Mutti; além de um show de J. Velloso e Ulisses Castro.
Como chegar: Saindo de Salvador, pegar a BR-324. São 59 quilômetros até o entroncamento da BA-026, em direção a Santo Amaro, e mais 13 quilômetros até a sede do município.
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