“Na barriga da besta”: pensando o jornalismo

Ilustração de Índio San publicada na Revista Rolling Stone Brasil

Uma estudante de jornalismo decidiu alugar um barraco na favela do Piolho, em São Paulo, a fim de reunir material sobre a vida no local para o seu trabalho de conclusão de curso. O resultado foi uma matéria que até rendeu publicação na Revista Rolling Stone de janeiro. A atitude da menina me fez refletir, e queria muito dividir isso com vocês.

Sou jornalista formada, estudei quatro anos a profissão que exerço atualmente. E algumas coisas sempre me incomodaram. Dentre elas, até que ponto estamos diante de uma apuração jornalística e qual o real significado da expressão “função social”, tão atrelada à atividade jornalística.

Na matéria publicada na revista, a menina conta os riscos por que passou, afirma ter visto a morte de perto, e foi até convidada para presenciar uma cobrança de dívida: ela assistiu ao pagamento com a própria vida do devedor. Confesso que me preocupa um pouco este tipo de atitude.

=======================================
>> Leia parte da reportagem publicada na revista
=======================================

Não quero desmerecer a atitude da estudante, de forma alguma. Foi corajosa a menina, que passou um mês em um barraco alugado. Mas me pergunto até que ponto isso é jornalismo. Tenho pensado muito ultimamente sobre o assunto. Ainda não cheguei a conclusão alguma. Por isso, estou abrindo as portas para o debate.

Como vocês enxergam tal atitude? É assim que se faz jornalismo? Quando falamos em função social é sobre isso que estamos tratando? Será que não estamos confundindo as coisas? Vivemos um momento crítico, em que a exigência do diploma para o exercício da profissão tem sido motivo de discussão. É o momento de debater o assunto.

Penso que retratar essa realidade é válida (para quem ainda não leu, recomendo o livro Abusado, de Caco Barcellos). Mas me pergunto até que ponto isso é jornalismo. Questiono-me como um projeto desses passou pelo aval da coordenação do curso de jornalismo. Ainda estou amadurecendo as ideias, construindo minhas teorias… Quero muito ouvir a opinião de vocês.

Leia Mais

Mulheres de Salvador se mobilizam contra violência

Cerca de 700 moradoras de comunidades de Salvador que sofrem com os altos índices de violência irão atuar em prol do Programa Território da Paz, lançado nesta quarta-feira, 29, na capital baiana, pelos governos federal e estadual. O Território da Paz faz parte do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci). Salvador é a oitava capital do país a receber o projeto.

Dentre as ações do programa para combater a violência, está o Projeto Mulheres da Paz, capitaneado pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes), e no qual atuarão 700 moradoras de comunidades vulneráveis da Região Metropolitana de Salvador (RMS).

Todas terão como desafio ajudar na prevenção e enfrentamento às violências que envolvem crianças e jovens em risco social. As mulheres serão capacitadas sobre a rede socioassistencial, relações sociais, direitos humanos, cidadania e mediação de conflitos. Serão treinadas para serem um dos principais grupos sociais coadjuvantes do Pronasci, programa que defende a participação social e a prevenção como caminhos para a redução da violência no país.

O Território da Paz prevê também o pagamento de uma bolsa auxilio no valor de R$ 190 para as integrantes do grupo, durante um ano.

Leia Mais