Temos religiões diferentes. E agora?

judaismo

*Texto e reflexões de Andreia Santana

Esta semana uma cena me chamou atenção na novela Caras & Bocas, exibida no horário das 19 horas pela Rede Globo. O personagem Benjamim, judeu ortodoxo, sugeriu à Tatiana, sua namorada na trama, que se convertesse à religião dele para que a moça seja aceita por sua família. No horário das 21h, a novela Caminho das Índias dá exemplos diários das dificuldades vividas pela personagem Camila, brasileira, para de adaptar aos costumes e religião da família do marido Ravi, indiano. Exageros da ficção à parte, o envolvimento de pessoas de religiões e culturas diferentes faz parte do contexto social tanto pelo fato de sermos seres gregários, que buscam sempre um grupo onde se encaixar; quanto porque com a globalização, com a internet, as fronteiras que separavam uma cultura da outra foram dissolvidas e reconfiguradas.

cristianismoO ser humano necessita relacionar-se na essência. Parece chavão, mas a verdade é que nenhum de nós pode viver sozinho. O diálogo, a comunicação, o interesse, a curiosidade pelo que é diferente está na maioria de nós. Só os muito intolerantes não admitem que precisam conhecer e entender o outro. Só os preconceituosos não aceitam o diferente e não buscam aprender com essas diferenças. E existe uma quantidade de intolerância e preconceito suficientes no mundo para provocar uma série de problemas. Vide as guerras e atentados que explodem de um lado a outro do globo.

A cena entre Benjamim e a namorada me chamou tanta atenção na novela porque fiquei pensando até que ponto alguém tem o direito de pedir a outra pessoa que altere seu modo de vida para ser aceito em determinado grupo. Também penso até que ponto alguém deve ceder e alterar suas crenças por amor. Me perguntei porque Tatiana não poderia ser aceita pela família do namorado mesmo sem ser judia ortodoxa. Nem torço pelos dois personagens e nem gosto muito de Tatiana, acho uma personagem cabecinha oca, como muitas que existem nas novelas. Mas, a situação vivida por ela pode muito bem ser a situação de qualquer rapaz ou moça.

islamismoCasais de religiões diferentes devem tentar converter um ao outro? Minha opinião é não, porque a escolha religiosa de alguém tem de ser algo ditado por uma necessidade pessoal e não por conveniência. A opção por esta ou aquela religião, ou até a opção por não ter nenhuma religião deve ser respeitada.

Acredito que deva ser difícil para um casal de religiões diferentes, ou em que um é religioso e o outro ateu, negociar a convivência. Mas negociação e diálogo são a base de qualquer relacionamento. Então, que os acertos com relação aos credos de cada um sejam estabelecidos no início do relacionamento, sem preconceitos e sem intolerância.

oxossiSe o marido é evangélico e se sente bem na sua crença e se a esposa é católica e se sente bem assim, por que tentar mudar? O ideal é que um respeite a religião do outro. Se é preciso acompanhar o marido até sua congregacão evangélica, porque não fazer isso de forma respeitosa. Não é preciso se envolver no culto, ou tomar parte dele. Se a esposa católica quer ir a missa e o marido é de outra crença, há duas opções. Ir com ela e respeitar aquele momento, sem necessariamente precisar tomar parte dele; ou deixá-la ir sozinha, respeitando esse momento que ela precisa para manifestar sua comunhão com Deus ou com a divindidade que ela cultua.

As pessoas falam tanto em liberdade de expressão, mas por que tentar alterar o credo de um namorado ou namorada? Isso não seria ferir a liberdade de expressão e justo da pessoa que dizemos amar? É preciso que ela mude por pressões familiares? Em pleno século XXI, as pessoas ainda sucumbem a esse tipo de coisa ao invés de tentar ser aceito da forma que é? Por que vai ser inconveniente levar uma namorada não evangélica, ou não católica, ou não budista a um evento da sua igreja? Sinceramente não consigo entender que alguém diga que ama outra pessoa, mas com ressalvas: “Eu te amo, mas você precisa se converter antes ao meu credo para ser aceita na minha comunidade”. Não consigo ver esse tipo de coisa como amor. Para mim, amor pressupõe compreensão e aceitação, independente de credo, cor, posição social.

hinduismoLógico que vai precisar haver muita maturidade no relacionamento para que um entenda o credo do outro e aceite que, em um determinado momento, o seu par precisará cumprir os seus ritos religiosos, isso no caso daqueles que seguem todos os preceitos de sua religião. Também não sou ingênua a ponto de achar que ao escolher o caminho da não conversão, a pessoa vai ser recebida de braços abertos logo de primeira. Infelizmente não, o caminho do desafio às normas vigentes é sempre pedregoso. Mas é possível percorrer um caminho assim de forma serena, sem partir para a agressão, desde que haja o mínimo de predisposição em tentar entender o outro, o que é diferente.

AnkPor que não aceitar? Por que impor regras como o tamanho do cumprimento da saia da namorada? Ou preceitos que não faziam parte da realidade dela ou dele antes de se conhecerem? Sinceramente, creio que forçar alguém a aparentar o que não sente, a ser como não é de fato, seja ainda mais árduo do que tentar fazer com que a família e a comunidade aceitem aquele membro que é diferente, mas que respeita as crenças dos outros. Ele é evangélico, mas ela não é. Ou vice-versa. Mas desde que haja respeito de um com o outro e respeito próprio, que mal há nela usar batom ou um vestido acima dos joelhos porque se sente bem assim? Ou que mal há nele gostar de festas e de pular Carnaval mesmo que a religião dela não permita?

As pessoas não gostam do que dá trabalho. E dá trabalho conviver com alguém de credo diferente porque as cobranças dos outros são muitas e exercem grande pressão. Mas será que um casal que permite que as pressões externas afetem o relacionamento construiu uma base sólida para este relacionamento?

BudaDesde que haja respeito, cooperação e a intenção de conversar sobre o que incomoda, colocando as cartas na mesa, creio que seja possível a convivência inter-religiosa numa família. E conheço exemplos que dão muito certo. Uma amiga, por exemplo, é espírita, o esposo é ateu, a mãe é evangélica e uma das irmãs é filha-de-santo de um Terreiro de Candomblé. Todos se dão bem, todos se respeitam e nenhum deles tenta converter o outro ou faz comentários intolerantes e ofensivos a outras religiões. Para mim, esse é o verdadeiro sentido de se ter uma crença.

CrucifixoFanatismo não tem relação com religião. E eu, particularmente, quero distância das pessoas fanáticas. Acredito que quem segue uma crença busca por algum tipo de equilíbrio, por paz interior, elevação espiritual. Não consigo encaixar o fanatismo nem em equilibrio, nem em paz interior e muito menos em elevação espiritual. Para mim, não existem eleitos, visto que, se existe um Deus que todas as religiões fazem questão de dizer que é a expressão da suprema bondade, a suprema bondade para mim não implica em escolher um povo ou um credo em detrimento de todos os outros.

Não sou especialista em religião, nunca estudei teologia e muito menos tenho a receita para os relacionamentos amorosos perfeitos. Aos que vivem uma relação inter-religiosa, só posso imaginar o que vocês passam e de que forma resolvem seus conflitos, mas não sei como é na prática. No entanto, acredito no diálogo, na tolerância e na negociação como bases para se resolver qualquer problema.

Minha intenção com este post é dividir com os religiosos e os não-religiosos, ideias que me ocorreram após ver uma cena de novela, que na minha opinião, configura-se em desrespeito às individualidades. Um casal é sempre um conjunto, mas jamais podemos esquecer que antes de ser conjunto, cada parte envolvida na relação é um indivíduo único, que merece respeito como tal.

*Andreia Santana, 37 anos, jornalista, natural de Salvador e aspirante a escritora. Fundou o blog Conversa de Menina em dezembro de 2008, junto com Alane Virgínia, e deixou o projeto em 20/09/2011, para dedicar-se aos projetos pessoais em literatura.

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Dicas literárias para o Dia dos Namorados

O amor está no ar e também nas estantes. Aproveitando a proximidade do Dia dos Namorados, Conversa de Menina recomenda dois lançamentos literários recentes para quem gosta do estilo “livros que dão bons conselhos”.  Um deles é Alfabetização Afetiva, de Lousanne Arnoldi de Lucca e publicado pela editora Vida & Consciência. O outro tem o sugestivo título de Ou casa ou vaza, de Alison James, publicado pela BestSeller. Confira mais detalhes sobre as obras:

Para as românticas, que gostam de avaliar emoções e discutir sentimentos:

alfabetização afetivaA obra Alfabetização Afetiva, de Lousanne Arnoldi de Lucca, fala do despreparo para gerenciar o nosso mundo interior e nos ensina a lidar com nossos sentimentos, emoções, culpas e frustrações e a entender o mundo da afetividade.

Mesmo num mundo marcado pelas grandes revoluções tecnológicas e pela modernidade, a maior dificuldade do homem ainda é o seu relacionamento com suas emoções e sentimentos, que ora são suaves e harmoniosos e ora são avassaladores e desestabilizantes. Como entender o mundo da afetividade? Como encontrar o ponto de equilíbrio para que possamos viver em harmonia conosco e com as outras pessoas? A escritora Lousanne Arnoldi de Lucca, pós-graduada em psicopedagogia, se propõe a discutir o tema em Alfabetização Afetiva.

A obra aborda temas como o certo e errado, defesas e resistências, vitimismo, medo, amor e amor próprio, liberdade, sexualidade, culpa, preocupações, raiva, orgulho, solidão, tristeza, depressão, êxito, fracasso, alegria, humor, prazer e todos os sentimentos que fazem parte dos relacionamentos. A autora propõe ainda questionamentos que ajudam o leitor a se autodescobrir e a detectar possibilidades de mudanças para uma vida melhor. De acordo com a escritora, temos que aprender a lidar com nossos conflitos e conceitos de forma afetuosa, pois a força da imposição não conserta nem educa, só produz medo e revolta.

Serviço:

Alfabetização Afetiva

Autora: Lousanne  Arnoldi de Lucca

191 páginas

Editora Vida & Consciência

Preço sugerido: R$ 26,00

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Para as práticas, manual ensina a decidir o jogo quando está em zero a zero:

ou casa ou vazaQue príncipes encantados não existem você já sabe. Mas como ter certeza de que é hora de se casar? Você está saindo com o cara com quem gostaria de morar e dividir sua vida? Ou é melhor voltar à vida de solteira porque antes só do que mal acompanhada? Alison James, autora de As 10 mulheres que você vai ser antes dos 35 e Eu tinha saudades dele, mas estou melhorando, ensina com humor e leveza a encarar a realidade. Ou seja, só temos duas opções meninas: mergulhar no relacionamento com segurança ou terminar e assumir a solterice. Pelo menos é o que defende a autora no livro Ou casa ou vaza.

Você acha que está em um relacionamento estável e feliz. Mas será que ele é mesmo o cara certo? O próximo passo é casar? E será que depois do casamento sua vida vai mudar da maneira que você espera? E o mais importante: você está preparada para construir a vida a dois que sempre sonhou? Casar não é apenas produzir um evento. É a maior decisão com conseqüências significativas que você pode tomar. Como saber se o cara com quem você está saindo é o homem da sua vida? Ele vai ser um bom pai? Vocês têm valores parecidos? Você está tendo menos do que merece? A autora promete responder essas questões.

Alison James se baseou em diversas situações verídicas para ilustrar os fatos que devem ser levados em conta na hora de decidir se o namoro deve virar casamento ou se é melhor aproveitar a solteirice sem medo de ser feliz. Desde a infância as meninas aprendem a sonhar com o casamento. Esperam conhecer o homem perfeito, uma paixão à primeira vista e viver um eterno romance. Mas se decepcionam, pois descobrem que essa pode não ser sua realidade. A autora trata de situações vividas por casais que acabaram de se conhecer, casais que estão juntos há muitos anos e situações vividas por solteiros convictos. A ideia é ensinar os leitores a serem realistas no relacionamento,  mas sem perder o romantismo.

Serviço:

Ou casa ou vaza

Autora: Alison James

Tradução de Cláudia Costa Guimarães

Ed. BestSeller / Grupo Editorial Record

288 páginas

Preço sugerido: R$ 19,90

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Livro ensina como falar com as meninas

Vocês devem lembrar de alguns programas de TV mostrando um garoto na faixa dos nove, 10 anos de idade, dando dicas para um homem adulto de como “chegar junto” e conquistar as garotas. O livro que inspirou toda essa precocidade, do americano Alec Greven, foi lançado ano passado nos Estados Unidos e virou febre mundial entre meninos, principalmente aqueles garotos mais velhos, que já passaram dos 20. A editora Record lança no Brasil Como Falar com Meninas e o nosso blog, que tem a intenção de desvendar o universo feminino, não poderia deixar de comentar o assunto.

Como Falar com meninas entrou nas listas dos mais vendidos dos EUA e fez de seu autor uma celebridade-mirim, com entrevistas no programa Ellen DeGeneres, na CNN, perfil na revista Time e tudo o mais.  O livro, ilustrado, traz dicas de sedução para meninos de todas as idades.

Alec no programa de entrevistas de Ellen DeGeneres
Alec no programa de entrevistas de Ellen DeGeneres

O autor, Alec Greven, tem apenas 9 anos, mas demonstra que é atento observador do comportamento feminino. As dicas, embora se apliquem ao universo escola-playgroud, onde o menino gravita, podem ser transpostas para os relacionamentos de gente grande. Quem sabe assim, com a lógica simples das crianças fique mais fácil para os homens entenderem afinal “o que as mulheres querem”.

O livro é um guia, com conselhos simples e eficientes, além de observações sobre as “coisas da vida”. O autor precoce mata uma charada que atormenta marmanjos há gerações: “as meninas vencem a maior parte das discussões”. Simples assim. Portanto, nem pense em sustentar briga com a sua namorada, no quesito argumentação ela é imbatível.

Uma curiosidade: Como falar com meninas nasceu de um trabalho escolar escrito quando Alec ainda tinha 8 anos. Fez tanto sucesso entre alunos e pais no colégio onde o menino estuda, no Colorado, que acabou tornando-se um livro. Nesse “manual” do bom conquistador, não espere dicas para ganhar todas as gatas e formar um harém. O autor é sensível e não escreveu um guia de “galinhagem”. A publicação é antes de mais nada um libelo a amizade e respeito ao outro. Misturando dicas como a roupa certa para encontrar a menina, que tipo de assunto abordar, o que dizem os gestos corporais, com doses divertidas de inocência infantil, o livro acaba mostrando que o jogo do amor é bem menos complicado do que nós adultos acreditamos.

Quem é Alec Greven?

Alec é uma gracinha, não é?
Alec é uma gracinha, não é?

O guri que escreveu Como falar com meninas está na quarta série. Ele adora ler e escrever. Atualmente, vive em Castle Rock, no Colorado, com sua família.

Para quem não tem vergonha de seguir dicas de um menino:

* “A maior parte das meninas não gosta de caras exibidos. Uma coisa que você não pode fazer é ser o palhaço da classe. Palhaços da classe atrapalham a aula toda.”

*  “Se você gosta de uma menina, penteie o cabelo (…). Não precisa se esforçar muito, apenas tente parecer meio limpo.”

*  “Controle sua hiperatividade (se precisar, coma menos doce)”

Serviço:

como falar com meninasComo falar com meninas

Autor: Alec Greven

Editora Record

48 páginas

Preço sugerido: R$ 19,90

Nas livrarias a partir desta sexta, dia 05

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