O trecho de um livro…para refletir

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Minha leitura da vez é o livro Estrangeira, de Sonia Rodrigues, lançado pela Nova Fronteira. É um romance pequenininho, de 190 páginas. Quando concluir a leitura, deverei fazer uma resenha para o jornal onde trabalho e, se possível, colocarei o texto por aqui também, já que é daqueles livros sobre o ser feminino (tema central do blog). No momento, quero compartilhar com vocês um trecho da obra, que logo no primeiro capítulo, causou grande impacto, arrebatamento e me colocou para pensar…

“Aos 40 anos, descubro, a duras penas, que posso contar comigo, com as pessoas poderei contar ou não. Família, colegas, amigos. Não pertenço a mais ninguém. Constatar isso me derruba. Aprender a viver com isso é pior. Porque quando eu partilhava alguma coisa, especialmente dificuldades com alguém, muitas vezes ouvia que estas eram decorrentes da minha incapacidade de escolher minhas companhias, meus amores. (…) Esses amigos não percebiam que se eu escolhesse melhor minhas companhias, não estaria do lado deles, pessoas imperfeitas. (…)

Nos próximos dias vou formalizar decisões que implicam renunciar a pessoas, apoio, aprovação, lugares.

(…)

Abrir mão de um emprego medíocre, ou melhor, conseguir não lutar mais por um emprego medíocre, não me esforçar para ser agradável com pessoas desagradáveis, evitar contato com quem vai me aborrecer, a menos que seja absolutamente necessário… Esses passos são difíceis para mim porque significam a solidão deliberada e eu gosto de companhia, gosto de redes.

Tecer redes não é muita coisa, mas é um andídoto contra o desamor. O amor traz força, riso, alegria. Isso é o que eu quero, é o que me mantém intensa. O amor é o que me mantém capaz de guinadas, capaz de me atirar sem rede de proteção. O amor me faz resistir ao conforto de abrir mão do passado, me permite caminhar para o futuro com inocência e praticar o presente às cegas.”

(Sonia Rodrigues, em Estrangeira, pp. 14 e 15. Ed. Nova Fronteira, RJ, 2010)

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Traça de Biblioteca: Drummond e outras letras

Para os amantes da poesia, a série Traça de Biblioteca nesta sexta-feira traz o lançamento de uma nova coletânea dos poemas de Carlos Drummond de Andrade. Para o público infanto-juvenil, indicamos o segundo volume da saga de Ulysses Moore. Já o relato, baseado em fatos reais, O Infiltrado, sobre a mafia e o FBI,  é para aqueles que gostam de investigar o submundo, numa mistura de filme policial noir e realidade. Para terminar, a série também destaca o romance da escritora portuguesa Margarida Rebelo Pinto, Pessoas Como Nós. Boa leitura!

NOVA REUNIÃO DE DRUMMOND
A coleção resgata poemas que Carlos Drummond de Andrade publicou originalmente pela José Olympio em 1969. A obra foi posteriormente ampliada pelo autor e reeditada com 19 livros (1983). Agora, são 23 livros de poesia compilados em 3 volumes.

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) nasceu em Itabira, Minas Gerais. Em 1921, vivendo em Belo Horizonte com a família, teve seus primeiros trabalhos publicados no Diário de Minas. Em 1924, conheceu Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral e nessa mesma época deu início a uma longa correspondência com Mário de Andrade, de quem recebeu orientação literária. Em 1927, fixou-se em Belo Horizonte trabalhando como redator e depois redator-chefe do jornal Diário de Minas. Ao completar 80 anos, o escritor recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e foi homenageado com exposições comemorativas na Biblioteca Nacional e na Fundação Casa de Rui Barbosa. Em 1984, decidiu encerrar a carreira de cronista regular, após 64 anos dedicados ao jornalismo. O poeta faleceu em 1987 deixando cinco obras inéditas: O avesso das coisas, Moça deitada na grama, Poesia errante, O amor natural e Farewell, além de crônicas e correspondências. Há livros de Drummond traduzidos para o alemão, búlgaro, chinês, dinamarquês, espanhol, francês, holandês, inglês, italiano, latim, norueguês, sueco e tcheco.

>>Visite o site oficial do autor

Drummond 1VOLUME 1, Oito livros de poesia:  Alguma poesia – Brejo das almas – Sentimento do mundo – José – A rosa do povo – Novos poemas – Claro enigma – Fazendeiro do ar

Edições BestBolso – Grupo Editorial Record
420 páginas
Preço: R$14,90

Drummond 2VOLUME 2, Seis livros de poesia: A vida passada a limpo – Lição de coisas – A falta que ama – As impurezas do branco – A paixão medida – Boitempo I

Edições BestBolso
392 páginas
Preço: R$14,90

Drummond 3VOLUME 3, Nove livros de poesia: Boitempo II – Boitempo III e SELEÇÃO DOS LIVROS: Viola de bolso – Versiprosa – Discurso de primavera e algumas sombras – Corpo – Amar se aprende amando – O amor natural – Farewell

Edições BestBolso
574 páginas
Preço: R$14,90

NAS AREIAS DO TEMPO

image002Neste segundo volume da série Ulysses Moore, Jason, Julia e Rick se aventuram nas dunas do Egito antigo.  Para quem não acompanha a série, na aventura anterior os leitores conheceram os gêmeos Jason e Julia que, com a ajuda de um espevitado garoto, Rick, desbravaram a mansão de Vila Argo, lugar de muitos segredos. Neste segundo episódio – Ulysses Moore — A loja dos mapas esquecidos -, os três amigos vão se deparar novamente com situações-limite que prenderão a atenção do começo ao fim. A aventura continua exatamente após o término do primeiro livro: depois de desvendarem vários segredos, os três descobrem um antigo navio, o Métis, escondido em uma gruta subterrânea. Ao explorarem o interior da embarcação, os jovens vão parar no antigo Egito, palco das novas aventuras. Adaptada pelo italiano Pierdomenico Baccalario, a série Ulysses Moore foi traduzida para diversas línguas e destaca-se por possuir uma narrativa leve, prazerosa e envolvente. O autor vai recheando a história com muito suspense, enquanto que familiariza os leitores com a trama e as personagens.

Ulysses Moore – A loja dos mapas esquecidos

Adaptação: Pierdomenico Baccalario

Selo: Prumo Jovem

232 páginas

Preço: R$ 29,90

O FBI E A MÁFIA

INFILTRADOA família Gambino é uma das cinco famílias da “Cosa Nostra”, em Nova York e é reconhecida como a família mais poderosa do crime nos Estados Unidos. A lista dos delitos é longa, mas em terras norte-americanas em vez da prática de extorsão, a máfia italiana dedica-se principalmente ao tráfico de drogas, aliado a crimes como homicídio, tentativa de homicídio e de violação, conspiração, roubo. Em 2008, os Gambino voltaram às manchetes com a prisão de 54 beneficiários, entre eles estava o novo chefão do clã, Frank Cali.  A ação foi resultado de uma investigação chamada “Old Bridge”, que monitorava famílias mafiosas de Palermo envolvidas com o tráfico de drogas entre a Itália e os Estados Unidos. Infiltrado – O FBI e a Máfia é uma história verídica sobre a investigação à família Gambino, conduzida por um agente secreto do FBI, que resultou em uma série de prisões. Joaquim “Jack” Garcia era um dos agentes mais improváveis do FBI. Cubano, naturalizado americano, um metro e noventa de altura e cento e cinquenta quilos, não era o típico G-man (Government man). Mas ele tornou-se um dos poucos agentes dedicados exclusivamente ao trabalho sob disfarce. A diferença entre Jack e a maioria dos agentes é que ele trabalha em vários casos importantes simultaneamente, infiltrado, às vezes fazendo malabarismos com cinco ou seis identidades e desempenhando os papéis correspondentes. Fez isso durante 24 dos seus 26 anos de serviço, com 45 investigações secretas de longa duração, além de incontáveis operações secretas de curta duração. Infiltrado – o FBI e a Máfia é um relato empolgante da luta entre a lei e o crime organizado, à altura de histórias clássicas, como Donnie Brasco: uma viagem ao submundo dos Estados Unidos, por meio das lembranças de um condecorado veterano do FBI. Em 2010, o livro ganha uma versão cinematográfica produzida pelo diretor de Che Steven Soderbergh com roteiro de Peter Buchman, também de Che. O título provisório da película é Making Jack Falcone.

Autor: Joaquim Garcia

Tradução: Vera Martins

Editora: Larousse do Brasil

320 páginas

Preço: R$ 49,90

PESSOAS COMO NÓS

pessoas como nosSucesso absoluto em Portugal e na Europa, Margarida Rebelo Pinto foi uma das responsáveis por levar a nova geração de autores lusitanos para o topo das listas de mais vendidos. Depois de conquistar o público brasileiro com os romances Não há coincidências, Sei lá e Alma de Pássaro, a autora regressa com Pessoas como Nós, um retrato implacável de uma geração de homens e mulheres entre 30 e 40 anos na atual sociedade urbana portuguesa. O que pode separar duas irmãs? Como se perde uma grande amizade? E o amor de uma vida? Três mulheres revelam seus temores, angústias e segredos surpreendentes, às voltas com sua própria solidão

Margarida Rebelo Pinto

Editora Record

272 páginas

Preço: R$ 39,00

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Romance A Cor Púrpura é relançado no Brasil

A primeira vez que li A Cor Púrpura tinha 13 anos e peguei o livro, de bobeira, sobre a cama da minha mãe. Comecei a folhear e não larguei até terminar. Alguns anos mais tarde, reli depois de assistir a versão para o cinema, dirigida por Steven Spielberg e com uma inspiradíssima Whoppi Goldberg no papel principal. Inesquecível!

Whoopi Goldberg em A Cor Púrpura. Atriz vive a protagonista da história, Celie, uma mulher que escreve cartas para Deus
Whoopi Goldberg em A Cor Púrpura. Atriz vive a protagonista da história, Celie, uma mulher que escreve cartas para Deus

Pois não é que o passado voltou a bater na minha porta e dessa vez via email? Sabendo da minha paixão incontida pelos livros, os amigos vivem me passando todo tipo de notícia literária que aparece. Uma informação genial, recebida hoje, é que a editora José Olympio acaba de relançar uma nova edição de A Cor Púrpura, da escritora americana Alice Walker e que estava fora de catálogo. O meu, quer dizer, o livro que minha tia emprestou para minha mãe e do qual tomei posse mais de vinte anos atrás, continua aqui na estante, velhinho coitado, com as páginas amareladas de tanto manuseio. Para quem nunca teve a oportunidade de ler este livro, taí uma chance imperdível. Pode ser também a minha oportunidade de presentear titia com um exemplar novinho!

Quis escrever sobre  A Cor Púrpura – vencedor do prêmio Pulitzer, um dos mais importantes do mundo – porque nenhum livro é tão parecido com uma “conversa de meninas” quanto esse. O romance de Alice Walker é comovente, delicado, áspero, intenso, de chorar e de rir em cada uma das suas páginas. O livro conta a trajetória de Celie, uma mulher negra americana, bastante sofrida e reprimida, que se descobre a partir de uma amizade improvável – Sug Avery, a amante de seu marido, uma famosa cantora de cabaré, torna-se sua grande aliada, confidente, e a única pessoa capaz de fazer Celie revelar a grande mulher que estava escondida pela violência e humilhações sofridas desde a infância. Além das histórias pessoais destas mulheres, o romance é um panorama lúcido e esclarecedor sobre o racismo.

Alice Walker, intelectual, militante e sobretudo, uma mulher que tem muito sentimento a revelar
Alice Walker, intelectual, militante e sobretudo, uma mulher que tem muito sentimento a revelar

O livro foi publicado pela primeira vez, nos Estados Unidos, em 1983 e logo tornou-se um grande sucesso de público e crítica. Em 1985, Steven Spielberg dirigiu a adaptação do romance e a própria Alice Walker assinou o roteiro. Esta é sem dúvida uma das mais bem sucedidas adaptações da literatura para o cinema. O filme transformou o livro em mito e ele foi traduzido para mais de vinte idiomas. A edição que eu não devolvi para titia era de 1986 – a primeira edição lançada no Brasil. Só vi o filme na TV nos anos 90, quando reli a obra. De lá para cá já reli outras tantas vezes e cada vez me surpreendo mais com a capacidade de Alice Walker de falar das e para as mulheres de qualquer lugar do mundo e de qualquer cor, posição social, religião…

Escrito em forma de diário, melhor dizendo, de cartas que Celie escrevia para Deus, o livro é um libelo aos direitos humanos e ao respeito mútuo, uma celebração da união e da solidariedade entre as mulheres, que surge sempre nos momentos mais dramáticos da vida; e, principalmente, uma bandeira levantada contra o racismo e toda torpeza dos preconceitos sociais.

A autora Alice Walker nasceu na Georgia, no sul racista norte-americano. Ela é reconhecida internacionalmente por sua participação em movimentos pelos direitos civis, principalmente das causas negra e feminina. Além de romancista premiada, é autora de contos, ensaios, poemas e vários livros infantis. Atualmente, Walker vive na Califórnia.  Sou fã de carteirinha dos seus escritos e desta grande mulher!

Conversa de Menina recomenda:

A cor púrpura

Autora: Alice Walker

Tradução: Betúlia Machado, Maria José Silveira e Peg Bodelson

Ed. José Olympio / Grupo Editoria Record

336 páginas

R$ 38,00

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Confira o que chega às livrarias nesta sexta

Para quem gosta de uma boa ficção baseada em fatos reais – e de onde é que os autores tiram inspiração senão da vida? – três lançamentos chegam às livrarias nesta sexta, 22. Dois dos livros falam de dramas femininos vividos em meio a conflitos políticos e sociais que marcaram o século XX e o terceiro, em memória dos 70 anos do início da II Guerra Mundial, narra a história do confronto pelos olhos de um menino.  Confiram:

A chuva antes de cair

a chuva antes de cair

A chuva antes de cair, novo romance de Jonathan Coe, consagrado escritor britânico da nova geração e também autor de A casa do sono, conta a história de três gerações de mulheres de uma mesma família,  cujos destinos são traçados desde o interior da Inglaterra durante a II Guerra Mundial, passando por Londres, Toronto e o sul da França na virada do novo século. O livro retrata a natureza fugaz do amor e da felicidade e traz uma interessante investigação sobre o legado de caráter passado de uma geração à outra.

À beira da morte, uma mulher de 73 anos decide deixa de herança para uma menina cega, a descrição de 20 fotos do álbum de família que quando reunidas contam a história de uma tragédia do passado que entrelaça três gerações de mulheres.

Ficha técnica:

A chuva antes de cair

Autor: Jonathan Coe

Tradução:  Christian Schwartz

Editora Record

256 páginas

Preço sugerido: R$ 29,00

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Lago sem nome

o-lago-sem-nomeNa autobiografia Lago sem nome, Diane Wei Liang dá seu testemunho dos acontecimentos históricos e pessoais vividos por ela durante o movimento pela democracia que terminou com o massacre da Praça da Paz Celestial, em Pequim, fornecendo um inestimável retrato social e político da China contemporânea. Trata-se do relato de uma jornada pessoal, uma história sobre amor e política, que vai da Revolução Cultural ao cenário definidor do país no fim da década de 1980. A autora Diane Wei Liang, que nasceu em 1966, narra sua vida antes do Massacre de Tiananmen – que completa 20 anos no dia 4 de junho –, quando precisou se mudar para os Estados Unidos. Da infância em um campo de trabalho numa região remota da China e sua ida para a universidade ao engajamento em questões políticas, que mudaram sua vida e a de seus amigos, culminando no terrível massacre de estudantes na Praça da Paz Celestial.

Ficha técnica:

Autora: Diane Wei Liang

Tradução: Ana Quintana

Editora Record

400 páginas

Preço sugerido: R$ 49,00
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O menino de Burma

o-menino-de-burmaBiyi Bandele, um dos cinquenta maiores autores da África, apresenta a comovente história de um menino africano tentando sobreviver à II Guerra. No inverno de 1944, a Grande Guerra entra em seu estágio decisivo. Ali Banana, ex-aprendiz de ferreiro, está atrás das linhas inimigas, cruzando a selva de Burma, como soldado da Brigada Thunder. Mas a selva é um lugar traiçoeiro, dominado por atiradores japoneses, emboscadas e doenças. Quando chuvas torrenciais transformam o cenário em uma mortífera armadilha de lama, as baixas se acumulam. Exaustos e longe de casa, os homens se veem cercados…

Burma, hoje Mianmar, se tornou ponto estratégico no cenário do sudeste asiático durante a guerra. A administração britânica ruiu frente ao avanço das tropas japonesas, prisões foram abertas e a capital, evacuada — com exceção dos anglo-burmaneses e indianos que permaneceram em seus postos. Mais de 300 mil pessoas fugiram pelas selvas até a Índia. Biyi Bandele é filho de um veterano da campanha de Burma. E é nas memórias do próprio pai que buscou a inspiração para contar a história da retomada do país.

Ficha técnica:

O menino de Burma

Autor: Biyi Bandele

Tradução: Heloísa Mourão

Editora Record

Preço sugerido: R$ 29,00

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A nós, “as poderosas rainhas”

Amy, a filha Emily e o gato Pumpking, personagens da vida da escritora
Amy, a filha Emily e o gato Pumpking, personagens da vida da escritora

Semana passada li o livro “As Poderosas Rainhas”, de Amy Dickinson, para fazer uma nota que será publicada no Jornal A TARDE desta quarta-feira, 13. O título caiu em minhas mãos por acaso. Confesso, na hora não pensei que a publicação poderia tratar do universo feminino. Ela foi retirada de uma estante cheia de outras obras e me foi entregue. Apenas peguei o livro e guardei, sem nem mesmo ler a orelha para saber do que se tratava. Tive uma grata surpresa ao descobrir que o volume era a autobiografia da autora, uma jornalista que assina uma coluna sobre aconselhamento familiar, publicada em uma série de jornais pelo mundo e lida por cerca de 22 milhões de pessoas por dia, de acordo com as estimativas.

O que o livro tem de especial? Para mim, o fato de tratar da história de uma mulher que enfrentou uma série de dificuldades emocionais, mas conseguiu superar os traumas e vencer na vida. Não é um livro de autoajuda. É um livro que traz uma história de vida. Amy renunciou à Amy e a filha Emilyprofissão para seguir a carreira de esposa e mãe. Repentinamente, seu casamento se desfaz e ela se vê no mundo sozinha e com uma filha pra criar. Decide, então, voltar à cidade natal, sem perspectiva de como recomeçar. Não há muitos planos, nem ideias. Mas há uma família unida e uma filha que precisa ser criada. São doze capítulos da história de Amy, que vai desde sua infância com a família na fazenda à volta por cima, quando conquista o trabalho dos seus sonhos e o reconhecimento profissional.

O texto é gostoso, leve e muito bem escrito. As palavras são carregadas de emoção, mas sem apelo. A sensação é que você está sentada em algum lugar, batendo papo com uma amiga. No final das contas, não deixa de ser uma lição de vida. Aliás, o livro de Amy chega a ser um incentivo. Tantas vezes deixamos de acreditar, e isso é normal. Tentamos dar um rumo à vida, e às vezes ela segue outro. Mas isso não significa que não podemos recomeçar. Significa apenas que precisamos recomeçar. E uma das coisas mais bacanas na leitura é acompanhar todo o processo de superação, que contou com a participação ativa de uma série de mulheres, as mulheres da família dela, as que ela chama carinhosamente de “poderosas rainhas”.

A história é de Amy Dickinson, mas poderia ser a história de qualquer uma de nós, mulheres, que muitas vezes Capa de As Poderosas Rainhasficamos diante de situações complicadas, desacreditadas, sem esperanças. Amy consegue narrar sua história sem se colocar como vítima. Ela é, naquelas linhas, apenas uma mulher em busca de um lugar ao sol.

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SERVIÇO
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>> As Poderosas Rainhas
>> Amy Dickinson
>> 208 páginas | R$ 34,90
>> Acesse o site do livro

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Justa homenagem à Zélia Gattai

A editora Companhia das Letras vai relançar a obra completa da escritora Zélia Gattai, falecida em maio do ano passado. Paulista de nascimento, esposa do escritor baiano Jorge Amado, Zélia “abaianou” depois de mais de 50 anos ao lado do autor. Ela começou a escrever na maturidade, primeiro, lembrando a história dos seus pais, depois, reunindo as deliciosas crônicas do cotidiano da família Amado. Quem não riu muito com as aventuras dos Gattai em Anarquistas Graças a Deus, que até virou minissérie? E quem não viveu a aflição dos imigrantes italianos atravessando o Atlântico em Cittá Di Roma? Zélia, que escreveu também Crônica de Uma Namorada, seu primeiro livro de ficção, tem um estilo delicioso, de uma tia muito querida ou uma delicada avó contando suas memórias mais caras. Outro livro da autora, Chão de Meninos, é ambientado na infância dos filhos. Além de usar experiências pessoais e de amigos como fonte de inspiração, Zélia Gattai buscou no dia-a-dia do brasileiro, na Bahia, no Rio de Janeiro, ou na São Paulo da sua infância, elementos para deixar um legado que se constitui em verdadeiro registro histórico do cotidiano miudinho, geralmente aquele que os historiadores relegam. Nos seus escritos, há espaço também para recordar os memoráveis encontros de Jorge Amado com artistas e pensadores como o filósofo francês Jean Paul Sartre. Zélia faz parte daquele ramo de autores que se dedica ao memorialismo, ao registro de um passado nem tão remoto, mas bastante pitoresco. Confira a sinopse dos livros da autora, atualmente disponíveis em edições da Record:

anarquistasAnarquistas, graças a Deus, 1979 – Resgata memórias da infância de Zélia, caçula de cinco irmãos. A autora passou a infância na Alameda Santos, no bairro Paraíso em São Paulo. Ernesto Gattai, seu pai, tinha mania de inventor e vivia fazendo experiências, principalmente com motores de veículos. Dona Angelina, a mãe, adorava ópera. Impagável a sequência em que Zélia conta que quebrou um dos discos preferidos de sua mãe quando era criança.

um-chapeuUm chapéu para viagem, 1982 – Este livro traz as memórias da escritora entre 1945 e 1948, quando conheceu Jorge Amado e a família do autor baiano. Os dois se conheceram durante um movimento para a libertação de presos políticos.

Passáros noturnos do abaeté, 1983 – Este livro, lançado pela editora Macunaíma, de Salvador, reúne desenhos do artista plástico Calasans Neto e texto de Zélia.

senhora-donaSenhora Dona do baile, 1984 – Resgata o período em que Jorge Amado e Zélia viveram exilados na Europa, em 1948. Os dois tiveram de sair do país porque o partido Comunista, do qual eram membros, foi considerado ilegal. Eles moraram em Paris e na atual República Tcheca, que na época ainda era Tchecoslováquia.

reportagemReportagem Incompleta, 1987 – Em todos os momentos da família Amado, lá estava Zélia com sua rolleyflex, registrando tudo. As fotos viraram este livro, que teve até edição trilíngüe: português, inglês e francês.

jardimJardim de Inverno, 1988 – Novo registro da escritora sobre o período em que viveu com Jorge Amado na França, Tchecoslováquia e Rússia, complementa as memórias iniciadas com Senhora Dona do baile.

pipistreloPipistrelo das mil cores, 1989 – Estréia de Zélia na literatura infanto-juvenil, é todo narrado em versos e fala sobre as consequências da destruição ambiental para os seres humanos.

segredoO segredo da rua 18, 1991 – Nesta nova aventura infanto-juvenil da cronista, ela conta a história de um grupo de crianças que vivem diversas situações engraçadas e estranhas em busca do tesouro do pirata Gancho de Ouro.

chaoChão de meninos, 1992 – Crônicas da família Amado que resgatam a infância dos filhos de Zélia e Jorge. Foi lançado no ano em que Jorge Amado fez 80 anos. O texto é leve, alto-astral e contagiante, quase dá para se sentir parte da família.

cronicaCrônica de uma namorada, 1995 – Através da primeira experiência amorosa de uma adolescente, contada com muita graça e leveza por Zélia, ficamos sabendo como era a vida das meninas nos anos 50, suas expectativas, seus sonhos e as cobranças sociais. Jorge Amado escreveu o prefácio e foi o principal incentivador para que Zélia entrasse no ramo da ficção.

casaA casa do Rio Vermelho, 1999 – Nestas crônicas, Zélia coloca sua casa e a de Jorge Amado, no bairro boêmio do Rio Vermelho, em Salvador, como protagonista das histórias vividas pela família. O livro celebra a amizade, pois traz histórias deliciosas dos encontros ocorridos sob as mangueiras da antiga casa.

cittaCittá di Roma, 2000 – Neste livro, Zélia mergulha fundo nas memórias de sua família e conta a história da imigração dos italianos para o Brasil, no final do século XIX, através da viagem que seus avós, os pais de Ernesto Gattai e Angelina Dacol, fizeram no navio Cittá Di Roma.

jonasJonas e a sereia, 2000 – Outra obra infanto-juvenil da escritora, que reinventa o mito das sereias e conta uma história de amor improvável, mas perfeitamente possível no mundo da literatura, a paixão entre um homem e uma sereia.

codigosCódigos de família, 2001 – Quem não gostaria de saber o que se passa entre os membros de uma família famosa? Seus casos, as piadas, apelidos, os micos que pagaram? Pois é o que Zélia divide com os leitores em mais um volume das suas deliciosas memórias.

baianoUm baiano romântico e sensual, 2002 – O último livro publicado por Zélia Gattai foi escrito por ela e pelos filhos como uma homenagem a Jorge Amado, morto em 2001. Reúne três relatos, um de Zélia, um de João Jorge e um de Paloma.

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