A primeira vez que li A Cor Púrpura tinha 13 anos e peguei o livro, de bobeira, sobre a cama da minha mãe. Comecei a folhear e não larguei até terminar. Alguns anos mais tarde, reli depois de assistir a versão para o cinema, dirigida por Steven Spielberg e com uma inspiradíssima Whoppi Goldberg no papel principal. Inesquecível!
Pois não é que o passado voltou a bater na minha porta e dessa vez via email? Sabendo da minha paixão incontida pelos livros, os amigos vivem me passando todo tipo de notícia literária que aparece. Uma informação genial, recebida hoje, é que a editora José Olympio acaba de relançar uma nova edição de A Cor Púrpura, da escritora americana Alice Walker e que estava fora de catálogo. O meu, quer dizer, o livro que minha tia emprestou para minha mãe e do qual tomei posse mais de vinte anos atrás, continua aqui na estante, velhinho coitado, com as páginas amareladas de tanto manuseio. Para quem nunca teve a oportunidade de ler este livro, taí uma chance imperdível. Pode ser também a minha oportunidade de presentear titia com um exemplar novinho!
Quis escrever sobre A Cor Púrpura – vencedor do prêmio Pulitzer, um dos mais importantes do mundo – porque nenhum livro é tão parecido com uma “conversa de meninas” quanto esse. O romance de Alice Walker é comovente, delicado, áspero, intenso, de chorar e de rir em cada uma das suas páginas. O livro conta a trajetória de Celie, uma mulher negra americana, bastante sofrida e reprimida, que se descobre a partir de uma amizade improvável – Sug Avery, a amante de seu marido, uma famosa cantora de cabaré, torna-se sua grande aliada, confidente, e a única pessoa capaz de fazer Celie revelar a grande mulher que estava escondida pela violência e humilhações sofridas desde a infância. Além das histórias pessoais destas mulheres, o romance é um panorama lúcido e esclarecedor sobre o racismo.
O livro foi publicado pela primeira vez, nos Estados Unidos, em 1983 e logo tornou-se um grande sucesso de público e crítica. Em 1985, Steven Spielberg dirigiu a adaptação do romance e a própria Alice Walker assinou o roteiro. Esta é sem dúvida uma das mais bem sucedidas adaptações da literatura para o cinema. O filme transformou o livro em mito e ele foi traduzido para mais de vinte idiomas. A edição que eu não devolvi para titia era de 1986 – a primeira edição lançada no Brasil. Só vi o filme na TV nos anos 90, quando reli a obra. De lá para cá já reli outras tantas vezes e cada vez me surpreendo mais com a capacidade de Alice Walker de falar das e para as mulheres de qualquer lugar do mundo e de qualquer cor, posição social, religião…
Escrito em forma de diário, melhor dizendo, de cartas que Celie escrevia para Deus, o livro é um libelo aos direitos humanos e ao respeito mútuo, uma celebração da união e da solidariedade entre as mulheres, que surge sempre nos momentos mais dramáticos da vida; e, principalmente, uma bandeira levantada contra o racismo e toda torpeza dos preconceitos sociais.
A autora Alice Walker nasceu na Georgia, no sul racista norte-americano. Ela é reconhecida internacionalmente por sua participação em movimentos pelos direitos civis, principalmente das causas negra e feminina. Além de romancista premiada, é autora de contos, ensaios, poemas e vários livros infantis. Atualmente, Walker vive na Califórnia. Sou fã de carteirinha dos seus escritos e desta grande mulher!
Conversa de Menina recomenda:
A cor púrpura
Autora: Alice Walker
Tradução: Betúlia Machado, Maria José Silveira e Peg Bodelson
Ed. José Olympio / Grupo Editoria Record
336 páginas
R$ 38,00
Steven Spielberg foi muito fiel ao livro, a forma como ele representou o sentimento de celie, a relaçao com shug avery, tao poético e sutil. Coisa linda.