Especial Dia dos Namorados: artigos para pensar no amor – III

E o terceiro texto do dia é também da psicóloga e educadora Maria Helena Vilela, que foi quem abriu a nossa série Especial Dia dos Namorados: artigos para pensar no amor. O tema agora é o prazer sexual e sua importância, que é tão grande quanto a necessidade de afeto que todos temos. Nos links abaixo, os dois primeiros textos da série:

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>>Especial Dia dos Namorados: artigos para pensar no amor – I (namoro virtual)

>>Especial Dia dos Namorados: artigos para pensar no amor – II (namoro e tempo)

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O DIREITO AO PRAZER SEXUAL

*Maria Helena Vilela

Um beijo, uma carícia especial… E pronto!!! O cérebro é invadido por uma onda gigantesca de excitação que leva a pessoa ao prazer sexual. A explicação para o prazer se esconde atrás de algumas minúsculas partículas químicas encontradas no organismo chamadas endorfinas, substâncias naturais produzidas pelo cérebro que nos relaxam e preservam da dor e que dão enorme prazer.

Este caldeirão químico, associado a uma cadeia de processos físicos e psico-emocionais que começam a interagir logo no despertar do desejo sexual, produzem no indivíduo uma especial sensação de bem-estar que torna a atividade sexual fundamental para a saúde e para a qualidade vida.

O prazer sexual é apenas o acorde final da grandiosa sinfonia, chamada relação sexual. Para que ele aconteça, outras emoções e comportamentos precisam ser apresentados, anterior ou concomitante ao prazer – a expressão sexual. É ela a responsável pelo encontro sexual e amoroso. É no cantarolar uma música, num sorriso, no tom da voz, no jeito de dançar, no perfume que se usa, no humor, numa brincadeira, em tudo isso há um encantamento que chama a atenção do outro e desperta a afetividade e o desejo sexual.

Num casal, os indivíduos devem compartilhar seus desejos, dizendo um ao outro do que gostam sexualmente, conversando sobre as fantasias, ensinando ao outro os segredos do corpo e tocando o outro do jeito que lhe agrada; enfim, revelando-se para que o outro descubra o caminho do prazer. É na descontração da manifestação dos interesses sexuais e no desprendimento do medo de julgamento que se dá o envolvimento sexual do casal e o sucesso do relacionamento.

*Maria Helena Vilela é diretora do Instituto Kaplanwww.kaplan.org.br

**Texto publicado mediante autorização e respeito à autoria e integridade do conteúdo e ideias do autor. Enviado ao blog pela assessoria do Instituto Kaplan, entidade de educação sobre sexualidade para jovens.

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Especial Dia dos Namorados: artigos para pensar no amor – I

Em comemoração ao 12 de Junho – e aqui tanto faz se você está só ou acompanhada (o) no momento -, selecionei quatro artigos sobre o amor e suas mais variadas formas de expressão para compartilhar aqui no blog ao longo deste domingo. Do namoro virtual aos que afirmam não namorar por falta de tempo, ou oportunidade; da preocupação com o prazer próprio e o do outro, até as muitas definições para o amor, dizem até que ele é uma “eleição”, tem tema de reflexão aí para meninas e meninos de todas as idades e orientações. Dos teens aos adultos. Espero que aproveitem!

Namoro virtual – A ficção é uma realidade

*Maria Helena Vilela

O namoro virtual tá aí, e veio pra ficar. Não adianta os adultos condenarem, ou mesmo achar que é o fim do mundo alguém buscar encontrar sua cara metade pela internet, sem que nunca tenha tido qualquer contato pessoalmente. O que era ficção virou realidade, e faz parte do dia-a-dia de muitos jovens, e adultos também! Apesar das pessoas estarem conectadas por um computador, elas se observam, criam estratégias amorosas, atuam e decidem o rumo de sua própria história.

A comunicação entre os homens passou por sinais de fumaça, ruídos de tambores, mensageiros, correio aéreo, telégrafo, telefone e, agora, a internet… Uma questão de segundos, e pronto! Consegue unir milhares de pessoas que disparam idéias e imagens que podem perfeitamente nos fazer se apaixonar – sejam elas, vinda de pessoas reais ou de personagens criados para chamar a nossa atenção.  A Internet é uma comunicação poderosa; um canal para conversar, trocar experiências, passar o tempo, conhecer pessoas, e por isso muita gente chega a namorar.

O encontro amoroso pode dar certo ou não, ser desastre, mas também pode ser… muito bom!!   Portanto, é preciso estar de olho nos pros e contras de um namoro virtual.

Situações positivas:

>>Encontrar a pessoa que interessa – O grande lance da internet é a quantidade de pessoas que você pode conhecer. Ela cria a possibilidade de se acha de tudo: mulheres, homens, homossexuais e bissexuais, solteiros, casados, velhos, novos, engraçados, sérios, cultos… é uma espécie de vitrine virtual, de pessoas que como a gente, trabalham, estudam, e querem ser felizes.

>>Namorar – Não existe mais o problema de garotas e garotos estarem limitados ao relacionamento com pessoas que fazem parte do seu ciclo social. Se uma garota, por exemplo, é uma pessoa caseira, ou mora numa cidade muito pequena, com poucas oportunidades para conhecer gente nova; com um computador e um pouco de tempo, logo, logo estará namorando. Segundo os entendidos, o negócio funciona! A internet é uma boa alternativa para quem quer flertar, namorar e até casar. Para se ter uma idéia, há um site de relacionamento que já conseguiu reunir um total de 16 milhões de cadastrados e, segundo o próprio site informa, recebe uma média de 2,5 milhões de visitantes únicos por mês.

>>Amplia o conhecimento afetivo e sexual – O anonimato deixa as pessoas mais a vontade para por em prática seus desejos e confessar o seu pensamento sobre a vida, suas vontades e seus sonhos. Isto pode ajudar as pessoas a conhecer melhor como garotos e garotas agem, pensam e se comportam sexualmente,  ampliando o olhar para a relação a dois.

>>Treino amoroso – Namorar ao vivo, a cores, com alguém de carne e osso que pensa, fala, acaricia e tem desejos a serem compartilhados e negociados pode ser, inicialmente, muito difícil para o adolescente.  Alguns por terem vários amigos, se enturmam com facilidade e o “ficar” e namorar acontece naturalmente. No entanto, há jovens mais tímidos e reservados, que quase não têm amigos e esse contato afetivo não acontece, ou é até assustador. Ao mesmo tempo em que ele deseja, também tem medo. Há alguns anos, pouca coisa poderia ser feita a não ser enfrentar o medo ou ficar sem namorar. Hoje, o namoro virtual pode ser muito útil nestes casos. Ele permite treinar habilidades para um relacionamento real no futuro – aprendem-se palavras, gostos e interesses do sexo oposto, ao mesmo tempo em que ajuda o jovem a desinibir e a se soltar de uma maneira mais segura.

 Situações negativas:

>>O risco de decepção é maior – O namoro virtual não é um objetivo em si mesmo, é uma estratégia para conhecer alguém que possa vir a viver um amor no real. No contato direto com a pessoa que nos interessa, isso é fácil de se estabelecer: o olho no olho e a proximidade nos permite ver, admirar, sentr o cheiro, e dificilmente, mentir. Pois, quando mentimos, logo somos traídos pelas atitudes e gestos… Já no mundo virtual, as pessoas se relacionam com alguém que ela cria na sua imaginação. Portanto, ao se conhecer pessoalmente, é muito comum haver uma decepção – se tem a sensação de estar com alguém estranho.

>>Dependência do site – A facilidade e disponibilidade do contato sexual e afetivo com as pessoas na internet aumentam a curiosidade e gera uma excitação que pode tornar muito difícil desligar o computador e voltar para vida real.  Isto é um problema! Só querer o namoro virtual, pode demonstrar uma dificuldade mais séria, um medo e incapacidade de enfrentar e conviver com o outro que afeta o desenvolvimento pessoal. No namoro real, você aprende as sensações que vem do contato com o corpo do outro, e aprende a respeitá-lo. No namoro virtual não há contato visual e físico e principalmente, é possível não respeitar o outro, não gostou, deleta.

>>Exige muita Cautela – É preciso muito cuidado e cautela para entrar no mundo do amor virtual. E como cautela ou paciência não é fácil de encontrar na adolescência… o namoro virtual pode ser muito arriscado e desastroso! A dica é para que vocês façam este namoro acontecer como conseqüência de uma amizade, e não de buscas desesperadas. Conversem muito antes de um contato real, investigue, pesquise e, observe pra ver se a pessoa está entrando em contradição. E quando for conhecê-la, lembrem-se: nunca se sabe o que pode encontrar!! Portanto, não vá sozinha e sempre marque o encontro em local público, bastante freqüentado.

*Maria Helena Vilela é diretora do Instituto Kaplanwww.kaplan.org.br

**Texto publicado mediante autorização e respeito à autoria e integridade do conteúdo e ideias do autor. Enviado ao blog pela assessoria do Instituto Kaplan, entidade de educação sobre sexualidade para jovens.

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Crianças e fashionismo: Um papo sobre a noção de limites

*Texto e reflexões de Andreia Santana

Já era para ter escrito esse post, mas o tempo nem sempre favorece a vida de blogagem. O tema porém, é daqueles que sempre vale a pena meter a colherzinha e, recentemente, dois bons “ganchos”, como se diz no jargão jornalístico, me fizeram pensar bastante sobre a relação das crianças com o universo da moda e a noção de limites que os adultos precisam estabelecer para evitar distorções na educação da meninada, principalmente das meninas.

Duas amigas acabaram favorecendo minha “filosofagem” sobre o assunto. Uma delas me enviou link do site do Estadão, com reportagem sobre as “mini socialites fashionistas” e uma outra, com a frase “para você, que milita na causa” (referindo-se ao meu interesse por educação infantil, embora eu não seja educadora, apenas mãe), me trouxe um exemplar da Folha de São Paulo do último dia 07 de abril, com reportagem sobre marcas de lingerie que estão fabricando sutiãs com enchimento para meninas de seis anos!

Na primeira reportagem, do Estadão, sobre as fashion kids, o leitor é apresentado a um grupo de meninas na faixa dos cinco aos dez anos, junto com suas respectivas mães. O texto mostra como essas meninas, devidamente estimuladas pelas mães, frequentam semanas de moda e consomem – ou ao menos desejam avidamente – marcas top de linha como Prada e Dior. Uma das mães chega a dizer, em tom casual, que não imagina a filha vestindo uma roupinha das lojas de fast fashion (ela cita a Renner) nem para dormir! Outra, empolgada com a matéria, diz que se considera uma pessoa bem humilde, pois dirige um Vectra, embora more em um apartamento de dois milhões de reais. Mais adiante, uma terceira mãe, questionada sobre de que forma o consumo de alto padrão é tratado na escola das crianças, responde, igualmente de forma casual, que este é um problema muito sério, que na escola discute-se “o que fazer com as crianças que não tem condições de viajar à Disney todo ano”!! Preciso dar mais exemplos?

Cena de concurso de beleza infantil no belo filme Pequena Miss Sunshine. A pequena Oliver (Abigail Breslin), é discriminada pelos organizadores do concurso por ser "fora do padrão"

O objetivo aqui não é criticar os ricos ou bancar uma Robin Hood de saias, porque seria hipocrisia e leviandade. Não tenho absolutamente nada com a vida alheia, não me considero palmatória do mundo e tampouco quero ensinar a quem tem dinheiro como gastá-lo. Só digo que esta não é a minha realidade e nem a de milhares de pessoas. Mas, se alguém tem cacife para pagar luxos, pequenos ou grandes, que os pague. Não sou contrária ao consumo dos itens do universo de beleza também, seria uma contradição, já que mantenho um blog feminino que fala entre outras coisas, de consumo e produtos de beleza, que eu uso, bastante. Também não sinto inveja das socialites que podem vestir as grifes internacionais. Pessoalmente, gostaria até de ter algumas peças que me falaram ao senso estético, mas como meu bolso não permite, sou bastante feliz garimpando peças nas fast fashions e demais lojas ou marcas que se adequam à minha realidade financeira, inclusive nos magazines e sacoleiras da vida. Isso não significa que não admire o trabalho dos deuses da moda. Mas para mim, por enquanto ao menos, é como admirar uma bela obra de arte em um museu: posso ver, desejar, mas não dá para levar para casa. Simples assim.

O que me leva a refletir aqui no blog sobre essa reportagem das mini fashionistas e a outra sobre os sutiãs com enchimento para meninas que sequer tem peitos ainda não é a questão de ter ou não roupa de grife, mas a noção de limite, da formação cidadã das crianças, do tipo de mundo que está sendo mostrado para elas e que só se sustenta dentro de uma bolha, do microuniverso onde elas gravitam, mas que, fatalmente, vai resultar em choque com a realidade aqui de fora. Até porque, em algum momento, as crianças crescem e saem da bolha. O choque é tanto para elas quanto para quem sofrerá o preconceito. Até porque, nem todo mundo vai circular na mesma rodinha. “O que fazer com as crianças que não podem ir à Disney todo ano”, lembram?

Foto tirada de reportagem sobre vaidade infantil no site da Abril

Exclusão, dificuldade em aceitar a diversidade do mundo, incapacidade de interferir em uma realidade desigual e divergente daquela da “bolha”. Isso é o que me assusta.

Me preocupa muito, por exemplo, que uma sociedade combata a pedofilia com tantas campanhas e ao mesmo incentive a sexualização precoce das meninas, vestindo-as como miniadultas, fazendo-as comportar-se como mulheres e consumir produtos que seriam mais adequados depois que elas tivessem maturidade suficiente para administrar as consequências. Não sou a favor que meninas de dois, cinco, sete anos de idade pintem as unhas, façam progressiva no cabelo, usem maquiagem. Me dá sempre a sensação de que estão roubando uma fase importante da vida dessas meninas, que estão abreviando suas infâncias e levando-as a parecer maduras, quando na verdade são apenas o simulacro de um adulto que, por amadurecer praticamente à força e antes da hora, acabará infantilizado.

A indústria da beleza quer vender e não importa para quem. E quanto mais cedo o consumo começar, melhor. Essa é a lógica do capitalismo, que é antropofágico, se alimenta de si mesmo. E isso aqui não é discurso político e nem fui eu quem inventou a roda. Séculos antes de eu meter minha colherzinha enxerida nesse angu, filósofos e teóricos da economia já haviam decifrado a lógica que rege a nossa sociedade. Principalmente no ocidente.

A pequena Sure Cruise se tornou celebridade badalada não apenas por ser filha do casal de astros de Hollywood Tom Cruise e Katie Holmes, mas por "ditar" moda para menininhas e até interferir no guarda-roupas da mãe

Portanto, lógico que donos de marcas de cosméticos e lingeries vão dizer que não tem nada demais vender seus produtos para meninas recém-saídas dos cueiros. E, ironia, vão jogar com os arquétipos da psicologia para empurrar cada vez mais produtos, para criar cada vez mais “necessidades” urgentes de ter algo que seria perfeitamente dispensável se a coisa fosse pensada de modo racional. Mas o consumo, e nós mulheres adultas que vez por outra caímos em tentação e compramos mais do que nossos cartões aguentam, bem sabemos, não é racional, mas emotivo. É a busca por prazer que nos leva a adquirir coisas que, racionalmente, não temos necessidade de possuir. É uma massagem no ego, um alento, um refinamento de gostos, ou de alma (cada um busca suas desculpas), cobiçar o belo, estar bela. É questão de autoestima – eu acredito nisso –  e de projeção: o que queremos mostrar aos outros? Nosso melhor lado, claro! Ninguém quer parecer mal na fita, nunca.

As crianças, tanto quanto nós, também querem a sensação de prazer. Se são ensinadas a tirá-la apenas do consumo, vão consumir como formigas saúvas na plantação, vorazmente. A diferença é que enquanto nós – na maioria das vezes – sabemos quando parar, nem que seja porque o limite do cartão acabou, elas não sabem. A menos que a gente ensine.

Freud e cia. explicam melhor que eu, inclusive, essa relação/necessidade que temos do prazer e da busca pela felicidade para dar sentido à vida, que a bem da verdade, ninguém descobriu ainda o que é.

Quando digo sexualização precoce, não estou falando nas teorias da psicologia que já demonstraram que as crianças possuem sexualidade latente, que o ato de mamar, por exemplo, é prazeroso e é preciso que seja assim, para que o bebê empregue a força necessária na sucção e com isso sobreviva, cresça, e a espécie garanta sua perpetuação. Se mamar fosse repugnante, os bebês fatalmente não vingariam. Se fosse um tormento indizível para as mães, o lado primitivo do ser humano, que foge da dor, iria impedi-las de alimentar suas crias. Então, tem componentes biológicos envolvidos aí, óbvio, e tem também toda uma construção de identidade, que é subjetiva e gradativa. Mas existe um ritmo próprio tanto para a natureza ancestral quanto para que a identidade atuem e se consolidem. Minha angústia é que esse ritmo natural vem sendo atropelado pelo consumo sem qualquer reflexão e consciência.

A personagem Mabi, da novela Ti Ti Ti. Aos 11/12 anos, era uma blogueirinha de moda super influente e um ícone de fashionismo. Mas revelava visão crítica tanto da moda quanto das posturas nada éticas que algumas pessoas adotam nesse meio

Quando éramos meninas, muitas vezes imitávamos nossas mães. As crianças aprendem por imitação – outra teoria científica já bem batida – e seus primeiros jogos e brincadeiras reproduzem o que veem no universo adulto. Brincam de escritório, brincam de mamãe, de papai, de guerra, de policia, de desfile, de salão de beleza e por aí vai… As meninas vestem as roupas das mães desde sempre. Vesti muito as da minha, suas camisolas de seda e renda eram as minhas preferidas, nas minhas brincadeiras elas viravam sempre vestido de princesa, lençóis viravam cabelos de sereia.

Mas há uma diferença – e essa é a noção de limite do título do post – entre uma criança espontaneamente reproduzir e interpretar o mundo adulto em jogos lúdicos e esse mundo ser empurrado para cima dela por meio de sutiãs, cintas ligas, estojos de make, concursos de beleza quase selvagens e que servem mais para satisfazer egos frustrados das mães do que de fato beneficiar as filhas. Há uma diferença gritante que está na inocência da criança que, aos cinco anos, olha maravilhada para o corpo da mãe e o dela própria, captando as mudanças de forma sutil; ou que veste um sutiã achando aquela peça engraçada; ou até o coloca na cabeça porque não sabe direito para que serve; e a malícia da indústria, que se apropria dos jogos infantis e os adapta a essa lógica muitas vezes perversa, que faz a roda do consumo girar e, fatalmente, excluir, segregar.

E quem pode dar um basta nisso? Provavelmente ninguém. A ideia não é estabelecer censura ou patrulha ideológica, abolir a indústria que gera empregos ou pregar o politicamente correto; mas apenas advertir que crianças que crescem depressa demais fatalmente vão se tornar adultos com problemas de autoestima. Não é uma regra, lógico, mas dados sobre anorexia nervosa ou dismorfia corporal em garotas de 14 anos, gravidez precoce por uma entrada na vida sexual antes da hora e sem preparo, índices de doenças sexualmente transmissiveis e Aids aumentando entre o público jovem, transtornos compulvisos, aumento no consumo de drogas pesadas (na maioria das vezes como muleta para aguentar a crueza do mundo), crises depressivas e uma infinidade dos chamados “males da civilização moderna” estão aí para provar que alguma coisa de grave está sendo feita com a formação das nossas crianças.

O sutiã infantil com enchimento está no centro da polêmica. Para especialistas em psicologia, o sutiã em si, que já foi símbolo de dominação machista, reconfigura-se em fetiche e erotização, símbolos esses que ainda não se adequam ao repertório das crianças de seis anos, mesmo num mundo de informação ultraveloz e ao alcance como o nosso

Não é preciso ter lido todos os psicanalistas para saber que quando se cria uma criança numa bolha, fazendo-a acreditar que o mundo se curvará ao seu desejo, não se está preparando essa criança para as frustrações da vida adulta, que de uma forma ou de outra sempre virão. A menina rica poderá comprar Dior e Prada a vida inteira, botar botox, morar em coberturas de milhões de dólares, ter todos os assessórios e cosméticos que seu dinheiro puder comprar, fazer lipo, botar silicone, mas nada disso irá livrá-la de uma possível rejeição, ou decepção amorosa, ou da solidão e da velhice. A tecnologia, até agora, só conseguiu retardar, mas parar o tempo ainda não é possível.

Me pergunto: as crianças erotizadas precocemente (porque tem diferença entre a sexualidade infantil latente e o erotismo adulto imposto às crianças), acostumadas a julgar as pessoas pelo ter e não pelo ser, criadas para cobiçar sempre as super marcas e desprezar os coleguinhas que não podem vestir Dior ou passar férias na Disney, essas crianças estarão preparadas para a vida e seu eterno jogo de ganha aqui, perde ali? Saberão lidar com a frustração? Conhecerão o que é respeito, solidariedade? Estarão livres dos preconceitos que vêm agregados à  essa ideia – excludente em si – de perfeição?

Me pergunto sempre no que essa fúria consumista que não poupa nem o curso natural da infância irá nos levar. Por que os pais perderam a capacidade de dizer não aos filhos, criando pequenos ditadores que se acham acima de tudo e de todos?

Não tenho as respostas e nem quero culpar a indústria da beleza pelas mazelas da sociedade, mas quando leio reportagens em que menininhas competem entre si para saber qual delas é a mais it girl dentre as its, com suas mães deslumbradas incentivando a voracidade infantil, confesso que tenho um certo medo do que está por baixo da ponta desse iceberg!

*Andreia Santana, 37 anos, jornalista, natural de Salvador e aspirante a escritora. Fundou o blog Conversa de Menina em dezembro de 2008, junto com Alane Virgínia, e deixou o projeto em 20/09/2011, para dedicar-se aos projetos pessoais em literatura.

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Artigo: Sexo frágil e a prevenção da AIDS no carnaval

Para reforçar a campanha sobre sexo seguro no Carnaval, que este ano tem como foco o público feminino jovem, o blog abre espaço para mais um artigo de autoria de Maria Helena Vilela, diretora do Instituto Kaplan. Além de falar da campanha e trazer dados sobre o avanço do HIV/Aids entre as mulheres, Maria Helena dá dicas importantes sobre a sexualidade e autoestima femininas. Mas, embora o foco sejam as garotas na faixa dos 15 aos 24 anos, os conselhos sobre autopreservação valem para as mulheres maduras e também para todos os casais, independente da orientação sexual. Cuidar de si e de quem se ama não é questão restrita a um determinado gênero. Boa leitura!

Sexo frágil e a prevenção da AIDS no Carnaval

*Maria Helena Vilela

A campanha de Carnaval de 2011 terá como público as mulheres de 15 a 24 anos.  O público feminino foi escolhido porque a infecção entre as mulheres está em constante crescimento. Apesar de haver mais casos da doença nos homens, essa diferença diminui ao longo dos anos. Segundo o Ministério da Saúde – Departamento de DST/Aids, em 1989, a razão de sexos era de cerca de 6 casos de aids no sexo masculino para cada 1 caso no sexo feminino. Em 2009, chegou a 1,6 caso em homens para cada 1 em mulheres.

As mulheres lutaram por seus direitos sexuais, pelo direito de estudar, desenvolver uma carreira profissional e conquistar sua autonomia econômica e pessoal. Mas, quando a questão é amor e sexo, a garota volta no tempo, e ainda se comporta de forma submissa aos desejos do namorado e, presa a mitos e tabus que colocam sua vida em risco, como por exemplo, a virgindade. A virgindade ainda é muito valorizada na mulher. Sabendo disso, muitas garotas acabam cometendo equívocos incríveis para não romper o hímen – fazer sexo anal; prática sexual que quando realizada sem preservativo é a de maior risco de infecção pelo HIV. Na contra mão dos fatos, pesquisas mostram a dificuldade de a garota negociar o uso da camisinha por medo de perder o namorado, de ser julgada “galinha”, ou ainda pior: não usar preservativo em nome do amor, acreditando que “quem ama confia”. Tais comportamentos fazem da mulher o verdadeiro sexo frágil.

A infecção pelo HIV se dá pelo contato direto com o sangue, o sêmen e as secreções vaginais, e isto pode acontecer no sexo oral, mas principalmente, na relação vaginal e no sexo anal. O ânus e a vagina são órgãos muito vascularizados, revestidos por um tecido delgado chamado de mucosa. Na relação sexual, especialmente durante a penetração, o pênis provoca atrito na vagina ou no ânus, causando micro-fissuras nas paredes das mucosas, aumentando o risco de que o HIV presente no esperma entre na corrente sangüínea.

Outro fator que aumenta a vulnerabilidade da mulher à Aids é a menstruação. Quando a mulher está menstruada, a descamação da parede do útero o deixa completamente exposto ao HIV. Fazer sexo menstruada é “entregar o ouro para o bandido”, pois o vírus atinge a corrente sangüínea sem precisar fazer esforço.

Como se não bastasse tudo isso, o canal vaginal é um órgão interno, o que dificulta à mulher perceber qualquer alteração na vagina. Muitas vezes, ela só descobre que tem uma infecção, ou mesmo uma DST, se consultar um ginecologista, ou quando a doença já está bastante adiantada. Uma infecção agrava ainda mais a fragilidade da parede vaginal, aumentado a vulnerabilidade da mulher à Aids.

Meninas sejam espertas e fiquem fora desta estatística da Aids. Se existe sexo frágil, estes são o sexo anal e o vaginal, quando o assunto é Aids. Portanto, alguns cuidados são fundamentais na sua vida, e especialmente, no carnaval:

>> Nunca delegue o cuidado com o seu corpo. O corpo só tem um dono, e este é você. Quando você delega, o outro pode não priorizar os seus interesses.

>>Só se previne quem tem convicção dessa necessidade. Busque informações sobre razões para se prevenir, sexualidade, prevenção, DST/Aids e métodos contraceptivos.

>>Não faça qualquer negócio sexual no Carnaval. A auto-estima da mulher está condicionada a sua capacidade de despertar o interesse nos homens, principalmente, em festas como o Carnaval. Se achar que está invisível, mesmo assim, não faça nenhum acordo que possa lhe colocar em risco.

>>Antes de cair na folia escreva uma lista com os nomes das pessoas que você considera importantes e que lhe amam. Isto ajudará você a não esquecer que é amada

>>Sei que é difícil, mas se for transar não beba. A bebida atrapalha o prazer e faz você esquecer seus limites.

>>Nunca negocie o uso da camisinha na hora da transa. O tesão embriaga e lhe deixa entregue a sorte, ou azar!

>>Conheçam a camisinha feminina. Ela é uma opção, e já existem modelos mais simples que facilita a sua colocação.

>>Na falta da camisinha, você não precisa abrir mão do prazer sexual. O casal pode realizar práticas sexuais que não sejam de risco, como a masturbação simultânea entre os parceiros

>>Existem camisinhas de vários tipos e qualidades. Portanto, sempre haverá uma que se adeque ao seu parceiro.

>>Sexo é uma brincadeira de verdade. Quando a gente se machuca, a cicatriz fica para sempre.

*Maria Helena Vilela é diretora do Instituto Kaplanwww.kaplan.org.br

**Conteúdo enviado pela Vera Moreira Comunicação e publicado com autorização, mediante citação da autoria e respeito à integridade do texto.

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SOS Carnaval: dicas para arrasar no look e na atitude

O Carnaval em Salvador começa, extra-oficialmente, na próxima quinta-feira, embora a cidade já viva “dias de Momo” desde o começo do Verão. Para ajudar quem está atrás de uma inspiração para compor o look da folia, listei algumas dicas de maquiagem e figurino enviadas ao blog por marcas e make up artists que trabalham propostas diferentes, do nude ao clássico, passando pela funny make (assim dá para atender todos os gostos). Além disso, no final do post, enumero algumas recomendações do Instituto Kaplan para a prevenção da AIDS e das DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) durante a semana de “Carnevale“. Tá bem grandinho, mas como é um SOS, para facilitar, dividi por temas:

Divirtam-se, aproveitem as dicas e curtam o espírito de liberação da festa com sabedoria!

Vá de Lady Gaga

MUITO GLITTER COM DAILUS COLOR
A maquiagem é um item indispensável para dar um up  no rosto e deixar todo mundo mais colorido na avenida ou em bailes carnavalescos. Muito glitter, sombra neon e gloss são as opções da marca de cosméticos Dailus Color. A linha Glitter, por exemplo, com brilho intenso e textura fina, pode ser aplicado no rosto e no corpo. São oito cores diferentes que ajudam no momento de compor o visual mais irreverente. Para ressaltar o olhar dentro do espírito da festa, a pedida são as sombras flúor, que garantem um look contemporâneo. É importante ainda usar um fixador de sombra. O glitter também dá maior aderência e fixa de maneira uniforme, evitando que a sombra saia com o passar das horas. Complete a maquiagem com o Gloss Labial Shine, com perolas refletoras de luz. A maquiadora oficial da Dailus Color, Mirian Costa, dá uma dica importante para o dia seguinte: “A maquiagem no Carnaval é essencial para a diversão, mas nada de dormir com a maquiagem, é fundamental limpar bem a pele antes de dormir para não entupir os poros e deixar a pele com aspecto cansado e envelhecido” . Mais informações através do site www.dailus.com.br.

BELEZA NATURAL INDICA FLORES NOS CACHOS
Adriana Lobão, coordenadora técnica das cabeleireiras do Instituto Beleza Natural, sugere que as foliãs apostem em sombras em tons fortes como pink, amarelo, laranja, azul, turquesa e limão. A maquiagem neon, porém, deve ser usada com cuidado para não carregar o look.  Ela segue a tendência do equilibrio entre os contrastes, por exemplo, se você preferir destacar mais os olhos, indica evitar batons de cores vibrantes. “A melhor opção neste caso é o batom nude”, destaca Adriana. Nos cabelos, a tendência é usar flores ou headband para alegrar o visual. Outra opção são as tranças ou coques que também podem ser incrementados com as flores de tecido. Caso opte pelas tranças, use gel nos fios secos para fixar o penteado. Quem tem cabelo crespo ou ondulado e deseja deixá-lo solto na avenida, deve reforçar o uso de creme de pentear para definir os cachos, ensina.

PASSO A PASSO DE CARNAVAL COM NATÁLIA ANTUNES
A make up artist oficial da LUMI Cosméticos indica um passo a passo simples e com efeito sofisticado para os dias de folia, usando produtos da marca. Vai na mesma linha do BN, de olho tudo e boca nada, mas o olho não é colorido para constratar. A dica da make é para festa glamourosa:
1- Prepare a pele com base cremosa, corretivo e pó.
2- O blush  usado nessa make é o Verão Bronze.
3- Nos olhos, com a cor Marrom Siena, do Duo de Sombras, marque toda a pálpebra superior fazendo uma diagonal para dar o efeito mais puxado.
4- Com a Sombra Sol, do Duo, ilumine o canto interno dos olhos e sobre a Sombra Sol aplique a Sombra Brilho Dourada.
5- Use a sombra Bronze do Duo para iluminar embaixo das sobrancelhas.
6- Esfume o canto externo dos olhos com a cor Preta também do Duo de sombras.
7- Aplique o Delineador Preto em todo contorno dos olhos e capriche nas camadas de Máscara para Cílios Alongadora e à Prova d`água.
8- Nos lábios aplique o Brilho Labial Rosa Bailarina.
9- Faça uma trança nos cabeços a arrase no Carnaval!

Para saber detalhes dos produtos, acesse o site www.lumicosmeticos.com.br ou ligue no SAC da marca: (11) 3246 4664

LOOKS DA LIMITS PARA A FOLIA MASCULINA

A bermuda é a peça preferida dos homens para compor o visual e se diferenciar no mar de camisetas de camarotes e abadás de blocos no Carnaval. Em promoção nas lojas da Limits, as bermudas ganham novas propostas e releituras em tecidos leves e formas que priorizam o conforto, não aquecem e dão maior liberdade aos movimentos. Nas lojas da marca carioca no Shopping Iguatemi e Salvador Shopping, as bermudas ganham descontos progressivos: 10% na compra de uma peça; 20% em duas peças, 30% em três peças e 40% em quatro peças. Na linha surf, os preços reais vão de R$139,00 a R$159,00; nos modelos cargo os valores vão de R$179,00 a R$269,00; e as de surf sarja R$209.00.  Na linha surf, as bermudas ganham listras e estampas geométricas em tecidos acqualight que respiram e secam rápido. Já na linha Cargo, as bermudas são criadas com puro algodão, ganham bolsos utilitários e cores modernas. Para combinar com as bermudas, a Limits apresenta na sua coleção camisetas e regatas confortáveis e com estampas exclusivas, além de batas e camisas em tecidos leves e fluidos. Fechando as dicas, tênis, que também estão em promoção nas lojas da marca, com peças em diversas cores e modelos.

ROUPAS LEVES SÃO AS SUGESTÕES DA BRIX

A marca catarinense Brix traz diversas opções para quem quer curtir os dias de Carnaval, na avenida ou numa viagem de descanso durante o feriadão, sem perder o estilo. O clima quente e o agito da comemoração pedem roupas leves e super coloridas. A coleção de Verão 2011 da Brix oferece peças estampadas, lisas, com detalhes… É forte a presença do jeans e das cores alegres e vibrantes para homens e mulheres. Para os homens, as bermudas cargo em sarja de algodão, com bolsos laterais, nos tons preto, cinza, marrom ou estampa em xadrez são excelentes para aproveitar o dia-a-dia e o período de folia. Pólos listradas, camisetas com corte em V ou arredondado em tons de rosa, salmão, azul, cinza, branco e preto são as apostas da Brix. O portfólio feminino é composto por diversos modelos de shorts e saias. Seguindo as tendências, o jeans vem nas versões rasgadinho, com barra dobrada, boyfriend, cintura alta e algumas peças em sarja. Em cores fortes e vibrantes, como pink, azul e verde, há regatas e batinhas estilosas e versáteis. Vestidos curtos, tomara que caia, com mangas, lisos ou estampados completam as alternativas para festas privadas.
E para saber onde encontrar as peças, ligue no SAC BRIX: (11) 3073-1066

BERMUDA E SANDÁLIA, COMBINAÇÃO PERFEITA DA TIMBERLAND

A sugestão da Timberland é muito conforto para agüentar o pique dos dias de folia. A marca separou opções de sandálias outdoor e bermudas para serem usadas tanto de dia quanto à noite, na praia, campo ou atrás do trio. As bermudas de corte reto ou cargo, de sarja nas lavagens estonada, estão descoladas e ganham destaque na cores branca, areia, caqui escuro, azul marinho e cinza escuro. Já as famosas sandálias outdoor da marca, chegam nos modelos Nekkol e Trailray, que possuem diversas tecnologias que ajudam em atividades ao ar livre e também para o dia a dia, como palmilha anatômica em EVA para conforto dos pés, três pontos de ajuste em velcro e forração interna de neoprene. Apenas para os homens, o modelo River Dog, se diferencia pelo cabedal confeccionado em couro sintético, que não retém água. Todos as sandálias têm solado em borracha com tecnologia BSFP, o que aumenta a segurança e performance em terrenos acidentados ou molhados. Para detalhes e saber pontos de vendas visite o site www.timberland.com.br.

FANTASIAS PARA OS PETITS VIA CHICLETARIA

As opções de fantasias infantis da Chicletaria Moda Infantil para os petits que vestem até o numero oito incluem princesa, pirata, palhaço e até uma joaninha. As fantasias também possuem sapatos e acessórios, que são vendidos a parte. Os preços variam R$ 85 a R$ 170. E para saber detalhes e ver outros modelos, acessem o site www.chicletaria.com.br.

MAKE ALEGRE E DIVERTIDA É A APOSTA DE O BOTICÁRIO

O make up artist Sadi Consati, consultor da linha Intense, de O Boticário, dá dicas de cores intensas para brincar na rua e nos salões. Azul, roxo, vermelho e pink são os destaques da produção. “A maquiagem para o Carnaval pede uma intensidade de cores maior que o habitual. Minhas apostas são os olhos coloridos com azul e roxo dividindo a atenção com a boca vermelha ou pink. Você pode brincar com as cores da make sem ficar ‘over’. Tipo tudo ao mesmo tempo agora.”, define. Abaixo, um passo a passo do look criado por Sadi:

Para iniciar, faça uma preparação suave da pele com base, corretivo e pó.

Passo 1 (olhos fechados)

Aplique a sombra Cor 27 (roxa) em toda a pálpebra móvel, esfumando de dentro para fora e de baixo para cima até o côncavo. Deixe mais suave no côncavo do que na base dos cílios.

Passo 2 (olhos fechados)

Esfume com pincel de cerdas a sombra Cor 35 (azul) nos cantos externos dos olhos fazendo um ‘<’ ‘>’ de fora para dentro. Aplique a Máscara Para Cílios à Prova d’Água Preta na parte superior dos olhos e depois coloque cílios postiços. Faça um risco bem fino com Lápis Preto Cor 1 na base dos cílios.

Passo 3 (olhos abertos)

Na parte inferior, por fora (abaixo dos cílios, na pele) esfume com pincel de cerdas umedecido na água, a sombra Cor 35 (azul) de fora para dentro e a Cor 27 (roxo) de dentro para fora. Finalize com a Máscara Para Cílios à Prova d’Água Preta.

Passo 4 (rosto)

Nas maçãs do rosto esfume o blush Cor 1 (rosado) subindo com movimentos circulares em direção às têmporas. Faça uma aplicação suave, apenas para dar um ar de saúde. Para finalizar essa make super colorida aplique o batom Cor 27, um vermelho com fundo rosa/pink.

No site de O Boticário www.boticario.com.br, há o vídeo do passo a passo do look de Carnaval, bem como os nomes dos produtos usados, preços e tal. Mais informações podem ainda ser obtidas pelo telefone do Centro de Relacionamento com o Cliente O Boticário – 0800-413011 (chamada gratuita).

ALERTA SOBRE A RESPONSABILIDADE SEXUAL:

E depois da seleção de truques e beleza e dicas de adereços e adornos para o corpo durante o Carnaval, publico também as orientações do Instituto Kaplan, que lança um alerta aos jovens para que se previnam e tenham responsabilidade na hora da relação sexual. O Instituto, fundado desde 1991, oferece serviços de orientação e capacitação para adolescentes, jovens, educadores e profissionais que lidam com educação sexual. Além do uso da camisinha, que é o método mais eficaz na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e de uma gravidez indesejável, a diretora do Instituto Kaplan, Maria Helena Vilela, dá alertas sobre cuidados que não devem ser esquecidos durante a festa:

– “Nunca delegue o cuidado com o seu corpo. O corpo só tem um dono, e este é você. Quando você delega, o outro pode não priorizar os seus interesses;
– Só se previne quem tem convicção dessa necessidade. Busque informações sobre razões para se prevenir, sexualidade, prevenção, DST/Aids e métodos contraceptivos;
– Não faça qualquer negócio sexual no Carnaval. A auto-estima da mulher está condicionada a sua capacidade de despertar o interesse nos homens, principalmente, em festas como o Carnaval. Se achar que está invisível para os homens, mesmo assim, não faça nenhum acordo que possa te colocar em risco;
– Antes de cair na folia escreva uma lista com os nomes das pessoas que você considera importantes e que te amam. Isto ajudará você a não esquecer que é amada;
– Sei que é difícil, mas se for transar não beba. A bebida atrapalha o prazer e faz você esquecer seus limites;
– Nunca negocie o uso da camisinha na hora da transa. O tesão embriaga e lhe deixa entregue a sorte, ou azar!
– Conheçam a camisinha feminina. Ela é uma opção e já existem modelos mais simples que facilitam a colocação;
– Na falta da camisinha, você não precisa abrir mão do prazer sexual. O casal pode realizar práticas sexuais que não sejam de risco, como a masturbação simultânea entre os parceiros;
– Existem camisinhas de vários tipos e qualidades. Portanto, sempre haverá uma que se adeque a você;
– Sexo é uma brincadeira de verdade. Quando a gente se machuca, a cicatriz fica para sempre”.

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Os diversos tipos de orgasmo na definição de Ingrid Guimarães

A comédia De pernas pro ar (direção de Roberto Santucci), protagonizada pela atriz Ingrid Guimarães terá pré-estreia nos cinemas de Salvador a partir desta sexta-feira, dia 24. A estreia nacional do longa que conta a história de Alice, uma workaholic que aprende a levar a vida com mais leveza após perder o emprego, será dia 31 de dezembro. A data é meio ingrata, véspera do Reveillon, mas o tema tem apelo principalmente junto ao público feminino, já que nós mulheres estamos eternamente nos dividindo entre os papeis de mãe, profissional, amantes, amigas e o que mais apareça. Por aqui, quem quiser conferir a pré-estreia deve ficar atento aos horários dos cinemas. Boa parte das redes, como a UCI Orient só terá sessões iniciadas até 17h nesta véspera de Natal ou começadas após às 14h, no dia 25, feriado natalino. A classificação indicativa é 14 anos.

E já que falei nos múltiplos papeis femininos, vale destacar o teaser hilário que já está no canal De pernas pro ar do Youtube. No vídeo, que vocês conferem abaixo, Ingrid Guimarães brinca com alguns estereótipos da femininilidade e toca no tema tabu do orgasmo. Claro que, ao invés do ar professoral de sexóloga, ela encarna a “psicológa de almanaque” e nos explica direitinho os diversos tipos de orgasmo que existem e de que forma o gozo define a personalidade da mulherada. Vale a pena rir um pouco e começar a descontrair para o feriadão que se inicia. De repente bate uma inspiração… Divirtam-se:

Veja o vídeo dos “orgasmos” de Ingrid Guimarães:

Visite também o site oficial do filme De pernas pro ar.

Para quem ainda não sabia, o Conversa de Menina foi um dos blogs femininos da web contemplados com convitinho especial da atriz para conferir De pernas pro ar nos cinemas. Em um teaser gravado com exclusividade para a gente, Ingrid convida “a galera do blog Conversa de Menina” para prestigiar seu novo trabalho.

E então, vamos ao cine!

Assistam também ao teaser da atriz feito especialmente para o nosso blog…

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Mais mulheres refletindo sobre o machismo – e o racismo – subliminares

*Texto e reflexões de Andreia Santana

Publiquei recentemente lá no meu blog pessoal, o Mar de Histórias, uma resenha sobre a biografia de Lélia Gonzalez, lançada pelo Selo Negro Editorial. Na obra, os autores, Alex Ratts e Flavia Mateus Rios, reconstituem a vida da militância acadêmica, política e social dessa intelectual negra brasileira muito atuante entre os anos 70 e 90, co-fundadora do Movimento Negro Unificado, feminista, politizada, mas com uma capacidade ímpar de manter o foco no ser humano e nos seus paradoxos, sobretudo nas questões raciais (aqui vocês leem a resenha e ficam sabendo mais sobre o livro).

Lélia Gonzalez

Essa semana, pelas estatísticas do Google, vi que um texto meu, escrito em março de 2009 aqui no Conversa, relembrando bell hooks e minhas aulas como ex-aluna especial do mestrado em Letras na UFBA, foi citado por uma blogueira carioca, ex-aluna do famoso colégio Pedro II e bacharel em História, autora do blog …ou barbárie, uma mistura de diário pessoal e acadêmico que ainda estou explorando, mas que à primeira vista, agradou pela força das palavras da autora. A blogueira, num texto sobre a nova campanha publicitária da cerveja Devassa, que viu numa revista carioca, refletia sobre a redução das mulheres, sobretudo às negras, ao corpo (aqui vocês leem o post dela).

Qual a relação de uma coisa com a outra? Bem, é que lendo a biografia da Lélia, vi que muito do que ela refletia – dos paradoxos da questão racial brasileira – tem muita ligação com o texto da autora de …ou barbárie. Sendo que, como Lélia morreu há 16 anos (em 1994), a sensação de que pouca coisa mudou de lá para cá me frustra. Ao mesmo tempo, ver uma pessoa muito mais jovem manter tanto as ideias de Lélia quanto as de bell hooks vivas e sendo discutidas, dá o conforto de acreditar que ainda resta esperança e que campanhas publicitárias machistas e reducionistas como a dessa marca de cerveja tem sobrevida contada…e o tempo está acabando.

bell hooks

Fiz um teste. Busquei no Google referências a “campanha da cerveja Devassa”. Surgiram dezenas de links para uma polêmica envolvendo peça estrelada pela socialite norte-americana Paris Hilton, em março deste ano. Nenhuma referência a uma possível polêmica sobre a campanha denunciada pelo …ou barbárie agora em dezembro. A peça publicitária com Paris, “Bem Loura”, entrou fácil na mira do Conar (ao menos segundo reportagem publicada aqui no site de O Globo). Na campanha nova, a que ainda não está na mira dos órgãos reguladores da propaganda no país, uma modelo negra, com o estereótipo da “mulata Sargenteli”, aparece em pose sensual. Logo abaixo, a frase: “é pelo corpo que se reconhece a verdadeira negra”.

Paris Hilton em campanha da "Bem Loura"

Acredito que o bom entendedor não precisaria mais do que as meias-palavras do parágrafo acima. Mas em se tratando de machismo e de racismo, meias-palavras nunca bastam. O machismo atinge todas as mulheres, é fato, independente da cor da pele, da grossura do fio do cabelo, da conta bancária. E para manifestar-se, independe de gênero e orientação sexual. Lógico que, aquelas mulheres mais bem nascidas podem sentir menos os efeitos do machismo – fruto de toda uma construção ideológica e cultural de no mínimo dois mil anos -, porque possuem outros mecanismos de defesa. Mas prova de que o machismo é universal é a polêmica envolvendo a loirissima e riquíssima herdeira da cadeia de hoteis Hilton. E por favor, quem quiser tentar me convencer de que a foto acima não é machista, poupe o trabalho, porque como dizia a boa e velha Lélia, minha cabeça já está feita para a questão da relação masculina com o corpo feminino.

Mas, o racismo, esse manifesta-se majoritariamente tendo como alvo as mulheres negras e os estereótipos tão arraigados que se construíram a partir da redução do negro ao corpo. A autora de …ou barbárie filosofa sobre essa questão tendo por base estudos de mulheres como bell hooks e Lélia Gonzalez. Não digo com isso que mulheres índias não sofram preconceito (e é sempre bom lembrar que os portugueses chamavam aos índios de “negros da terra” durante a colonização). Resumo da ópera: o machismo e o racismo vão atuar juntos quando falarmos de mulheres não-brancas.

Reprodução da campanha da Devassa publicada em revista de grande circulação. A imagem é do blog ...ou barbárie

Lélia Gonzalez, que mesmo sendo feminista tinha uma leitura crítica do movimento, costumava sempre lembrar que a questão da mulher negra demorou para ser percebida pelas feministas não-negras. Isso porque, é muito fácil defender bandeiras pelos direitos das mulheres, mas a coisa se complica por exemplo quando a mesma mulher feminista mantém na cozinha de sua casa uma mulher negra que, só pela condição social mais baixa já está sofrendo opressão e nesse caso, não só masculina, mas da patroa branca também. É paradoxal e só agora tanto os movimentos feministas quanto aqueles de militância em prol da causa negra começam a acordar para a situação.

A questão é que o racismo tem nuances muito mais sutis do que o machismo, ao menos no Brasil. Por aqui, graças a nossa herança ibérica, sabemos bem que o homem brasileiro – ampliando as fronteiras – o homem latino – é machista na essência. Em maior ou menor grau, variando desde o agressor de mulheres até o carinha descolado que diz ter muitas amigas, mas empomba com “coisinhas” como o tamanho da saia da namorada ou o fato dela querer andar com os cabelos cortados a la joãozinho, “porque mulher para ser mulher precisa ter madeixas de madalena”. Ou então, que apesar de defender o comportamento liberal das mulheres em relação ao sexo, não se furta a jogar pedra nas elisas e geyses da vida. Sendo que aqui nesse setor: o das “vagabundas x moças de respeito”, o machismo também é feminino.

Sargenteli e as mulatas

Com o racismo, a sutiliza ocorre porque quando não é abertamente praticado por entidades que rezam na cartilha da ku klux klan, ele se manifesta veladamente na política de “democracia racial feliz e contente” vendida pelos órgãos de turismo como ideal de Brasil, herança do Estado Novo. Sob o mito da democracia racial, defendem alguns estudiosos da questão no país, esconde-se uma política de anulamento – ou atenuação – da negritude. A “morena brasileira” é sinônimo de mulher caliente, gostosona, permissiva e não-100% negra, leia-se, não inferiorizada. Outros estudiosos mostram o lado oculto da moeda, que a democracia racial que “amorena” o Brasil, também pratica a aniquilação – ou atenuação – da branquitude. Com certeza toda moeda tem dois lados e toda questão tem centenas, mas aqui falamos de opressão e sabemos que no nosso país, quanto mais tinta na pele, maior o grau dela. Os mestiços, como eu mesma, ficamos no centro da fogueira e tentamos encontrar nosso lugar entre dois mundos em colisão. E aqui, vale lembrar, embora o foco do post sejam as mulheres, os homens negros também sofrem tanto o preconceito quanto a redução de sua essência ao corpo e ao mito do negão bem dotado e fogoso. Sem contudo, deixar de ser machista e de em nome da supremacia do macho, oprimir as mulheres negras. Já viram que é tema pra muita conversa não é?

Tia Anastácia e a patroa, dona Benta

Mas, o que quero dizer com este post enorme é que essas questões raciais e de sexo permeiam, via discursos subliminares e entrelinhas, campanhas publicitárias como essa da cerveja, em que tanto a figura da mulher (do feminino) quanto a da negra são reduzidas ao corpo e ao instinto sexual (a serpente do paraíso, aquela que tenta Eva e que leva Adão a perder o juízo). O senso comum acaba deixando de refletir a respeito das propagandas, das novelas, da complexidade de relações entre a patroa e a empregada, porque dá muito trabalho cavar fundo sob tantas camadas, então, a educação formal e aquela recebida em casa, na rua, na comunidade, continuam disseminando esses discursos velados.

Mas, é preciso cavar e debater todos os ângulos desse prisma, esmiuçar e compreender, porque só assim, quando, como dizem os militantes, houver uma “tomada de consciência coletiva”, é que poderemos finalmente usar tanto a bandeira de democracia racial (num país que aceita todas as cores e que não tenta diluir) quanto de gênero (numa aceitação não apenas do macho e fêmea normativos, mas das orientações sexuais que fogem à regra). Folgo em saber que mais gente, como essa blogueira do …ou barbárie, mantém a chama do debate permanentemente acesa.

*Andreia Santana, 37 anos, jornalista, natural de Salvador e aspirante a escritora. Fundou o blog Conversa de Menina em dezembro de 2008, junto com Alane Virgínia, e deixou o projeto em 20/09/2011, para dedicar-se aos projetos pessoais em literatura.

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Especial Dia da Criança: sexualidade da criança

Fechando a série Especial Dia da Criança publico um texto de Maria Helena Vilela, diretora do Instituto Kaplan, entidade especializada em arte-educação, com foco na questão da educação sexual e prevenção à gravidez precoce. Neste texto, Maria Helena fala, de maneira resumida e de fácil compreensão, da sexualidade infantil, abordando temas tabu como masturbação e prazer sexual. É um material para orientar os pais e professores a lidar com a descoberta da sexualidade. Confiram:

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Outros artigos de Maria Helena no blog:

>>Artigo: *É possível evitar gravidez na adolescência

>>Especial Semana da Mulher: Sexo frágil e a Aids

>>Artigo: Verdades e mitos sobre a homossexualidade

>>Saúde & Fitness: Dia de prevenir a gravidez precoce

>>Mais um papo sobre a gravidez na adolescência

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Sexualidade da criança – atenção para pais e educadores

*Maria Helena Vilela

É difícil para o adulto aceitar que é natural a criança sentir prazer sexual. Mas, é na infância que construímos os alicerces que compõem os elementos centrais da sexualidade: a vinculação afetiva, a configuração da imagem corporal, a identidade sexual básica como homem ou mulher, a segurança e conforto como ser sexual, os medos e as preocupações… e também as sensações eróticas.

Quando pensamos em prazer sexual, imediatamente nos remetemos à excitação sexual e ao orgasmo. Mas para chegarmos até aí, antes, foi importante vivenciar outras formas de prazer decorrentes da descoberta do corpo, do carinho e da intimidade que irão interferir diretamente na relação afetivo-sexual, permitindo a entrega, a confiança e a cumplicidade.

Tudo começa no decorrer do primeiro ano de vida. A primeira fase é aquela que Freud chamou de fase oral, na qual a sucção é a manifestação sexual característica. Mas, o prazer não está unido, apenas, à estimulação e à riqueza de sensações da mucosa da cavidade bucal e dos lábios. O alimento, o leite materno ou de mamadeira, morninho, desliza pelo seu aparelho digestivo, aliviando a dor causada pela fome. Neste momento, além de saciar, o ato de amamentar propicia o aconchego e o calor do colo materno, a conversa e a troca de olhares. Este contato materno propicia a consolidação da imagem corporal, o estabelecimento de zonas erógenas e a experimentação de emoções e sentimentos associados às sensações de prazer e desprazer que ajudam a confirmar o vínculo afetivo.

Amamentação, Pablo Picasso

É a forma como a criança é atendida em suas necessidades que dá a ela a dimensão de sua importância e a aprendizagem do amor. A criança ama do jeito que se sente amada. Por isso, que acredito que a melhor forma do professor ensinar um aluno a amar e a ter auto-estima é amando, respeitando e valorizando suas necessidades.

Em torno do segundo ano de vida, a criança adquire a capacidade de aumentar a percepção e a coordenação motora. Ela consegue cada vez mais explorar o ambiente, adotar maneiras de expressar emoções e perceber a importância do controle de certas vontades. É o início da sociabilização! Quem exerce maior influência neste processo são os pais, mas os professores também significam muito para os seus alunos e despertam neles, o desejo de agradá-los e sentir confirmado seu bem querer e aprovação.

Para a criança sentir prazer nesse processo de aprendizagem ele precisa ser gradativo, desenvolver-se num contexto de baixa tensão e sem desgaste emocional dos pais ou educador. A criança é simplesmente levada a imitar o comportamento correto e recompensada sempre que o fizer.

Aos 3-4 anos de idade, por meio da observação, manipulação e percepção das sensações corporais, a criança faz a diferenciação sexual de si e do outro, descobrindo que quem tem “o pipi para fora” é homem e o “pipi encoberto” é mulher. É um período de investigação sexual. Daí surgirem os famosos porquês. Como se de repente a criança começasse a enxergar as coisas. Ela precisa conhecer e entender o que acontece à sua volta. Através de perguntas, vai testando as diferenças entre os sexos (homem tem barba, mulher tem seios) e demonstra interesse tanto em relação aos adultos como a outras crianças.


Os bebês pequenos e as barrigas de mulheres grávidas exercem grande atração sobre ela, desencadeando uma série de perguntas do tipo: Como se faz um bebê? Como ele entrou na barriga? Por onde saiu? As respostas devem ser dadas numa linguagem que a criança compreenda: clara, curta e convincente. Se a criança voltar a perguntar a mesma coisa para outra pessoa, não se irrite e nem se sinta frustrado na sua resposta – crianças costumam testar as respostas dadas.

Mas a curiosidade não para aí! Descobre que é gostoso tocar em determinadas partes do corpo, principalmente a região genital. E tudo que lhe causa prazer, ela tende a repetir. É quando pode começar os episódios de masturbação, se bem que o termo não me parece apropriado para essa fase. A masturbação envolve pensamento erótico e isso a criança ainda não tem. O adequado é falar manipulação dos genitais.

Nesta fase, que Freud designou de genital, se constrói, entre outras coisas, o alicerce da intimidade com o prazer genital. Quando a criança pode identificar e perceber as sensações que seu corpo é capaz de produzir, isto permite uma intimidade consigo mesma, que será importante por toda a sua vida.

Freud

Esta fase, no entanto, costuma ser crítica dentro da escola, porque em geral os professores não sabem que atitude tomar ao surpreender a criança tocando nos genitais. Em vez de fazer a adequação deste comportamento sexual para o ambiente social, o adulto acaba entrando em pânico e não fazendo nada; e, a criança, não aprendendo as regras e repetindo o ato. Na escola, o professor deve lidar com naturalidade diante da manifestação sexual das crianças, mostrando claramente que aquilo é natural, mas, que o local e o momento não são adequados. Para a criança compreender melhor, se pode ensinar o conceito de público e privado, dizendo que os genitais são partes íntimas que não ficam expostos e, portanto, não devem ser tocados na frente de outras pessoas. Mas, atenção! Se depois desta conversa a criança continua a se tocar de maneira insistente, o professor deve ficar atento ao fato da criança estar querendo chamar a atenção, ou para a necessidade de ser examinada por um pediatra para avaliar a possibilidade de alguma coceira ou infecção nesta região.

Brincar é fundamental para o desenvolvimento da criança. Através da brincadeira, ela treina ações futuras, aprende novos papéis, ensaia como deve ser o comportamento esperado do seu sexo, elaborando as informações que foram transmitidas para ela.

E, assim, vai atravessando diversas etapas no processo de identificação sexual: no início, imita as pessoas que têm para ela grande valor afetivo. Depois, ao descobrir que é homem ou mulher, trata de repetir os comportamentos da pessoa do mesmo sexo.

Através destas vivências, a criança incorpora aspectos de seu cotidiano que vão reforçar ou inibir a sua identificação com pessoas do mesmo sexo. Neste processo, é importante que reconheça no pai e na mãe que vale a pena ser desse sexo. E mais: que o progenitor do mesmo sexo seja valorizado pelo do sexo oposto.

A escola deve estar atenta a essas situações e os pais devem orientar suas crianças desde cedo a exercer a sexualidade com responsabilidade.

*Maria Helena Vilela é diretora do Instituto Kaplan.

**Material encaminhado ao blog pela Vera Moreira Comunicação.

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Leia os seis artigos anteriores da série:

>>Especial Dia da Criança: Preservação ambiental

>>Especial Dia da Criança: Avós e netos

>>Especial Dia da Criança: “ser” criança

>>Especial  Dia da Criança:  consumismo infantil

>>Especial Dia da Criança: o cuidador

>>Especial Dia da Criança: hábito de leitura

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Saúde & Fitness: Dia de prevenir a gravidez precoce

A série Saúde e Fitness, deste domingo, destaca um assunto que tem relação com o corpo, mas não no sentido de atividade física. Embora a gravidez altere bastante o corpo feminino, é na alma que as transformações acontecem com mais impacto. Na adolescência, quando tanto corpo quanto alma estão em formação, a gravidez precoce e não planejada pode causar impactos para a vida toda. Hoje é o Dia Mundial de Prevenção da Gravidez na Adolescência e o blog recebeu uma contribuição fantástica do Instituto Kaplan, especializado em educação sexual. Confiram e ajudem a disseminar:

Educação sexual e atuação dos pais podem
reduzir os índices de gravidez na adolescência

O Dia Mundial da Prevenção da Gravidez na Adolescência, 26 de setembro, é de extrema importância como reflexão sobre a educação sexual para a redução do índice de jovens “grávidos”. Sexo responsável é o maior enfoque da proposta de trabalho educativo que o Instituto Kaplan desenvolve na capacitação de professores e técnicos que trabalham nas questões de métodos contraceptivos, os riscos das doenças sexualmente transmissíveis, além do impacto de uma gravidez nesta faixa etária.

Maria Helena Vilela, diretora do Instituto Kaplan (Centro de Estudos da Sexualidade Humana), comemora este dia com dados expressivos conquistados através do Projeto Vale Sonhar, uma ação de política pública de conscientização na prevenção de gravidez na adolescência. “Conseguimos obter, entre 2008 e 2009, uma diminuição de 50% do número de gravidez nas escolas das cidades de Serra e Cariacica (ES). Em Alagoas este índice foi de 35%, o que é significativo para um estado nordestino. O Vale Sonhar também foi implantado nas escolas públicas do ensino médio do estado de São Paulo, na disciplina de Biologia, e alcançamos uma redução de gravidez em torno de 20%, o que equivale a 60.000 jovens que deixaram de engravidar na adolescência. É como ter um estádio do Morumbi lotado. No Brasil, este índice caiu em 8 pontos percentuais”.

A conscientização do impacto de uma gravidez indesejada é fundamental para que os jovens entendam a necessidade de prevenção: “É natural que havendo estímulo sexual, os jovens se desejem e, portanto, precisam ser bem preparados para esta liberdade em relação à questão sexual que a própria sociedade criou. Daí a importância do trabalho de educação nas escolas, com informação de credibilidade via internet, nos postos de saúde, enfim, onde os jovens estiverem”, ressalta Maria Helena Vilela.

A educadora e diretora do Kaplan acredita que, no Dia Mundial de Prevenção de Gravidez na Adolescência, a mensagem não é para os jovens, mas para os pais: “precisamos começar a refletir sobre a vida sexual como algo positivo, na qual nós devemos de fato estimular os nossos filhos a buscar consultas médicas e usar corretamente os métodos contraceptivos. A ajuda da família e de toda a comunidade é fundamental para que percebamos que hoje em dia, não dá mais para as meninas largarem a escola por causa de uma gravidez fora de hora”.

Veja vídeo com uma mensagem de Maria Helena Vilela:

Prevenção de Gravidez na Adolescência:

A gravidez na adolescência regrediu 34% na década passada, segundo dados do Ministério da Saúde, mas ainda é preocupante. O Instituto Kaplan, por exemplo, tira dúvidas sobre sexualidade de qualquer pessoa, por MSN (veja aqui no site deles como se conectar). Abaixo, perguntas e respostas de Maria Helena Vilela sobre o trabalho da ong:

A gravidez na adolescência tem diminuído no Brasil?
O trabalho com os adolescentes está tendo uma resposta positiva. Em 2004, quando nós começamos o trabalho do Projeto Vale Sonhar, o índice de gravidez na adolescência no Brasil era em torno de 28%. Hoje, a última referência que nós temos do DATASUS é de 2007, e estes dados nos mostram que houve uma diminuição de quase 8 pontos percentuais. Então atualmente, esse índice está em torno de 20% de gravidez na adolescência no Brasil.  Isso mostra que todo o trabalho com a educação sexual, de prevenção que vem sendo feito, pode ter tido sim, um impacto positivo na vida desses jovens e contribuído para a redução desses números de gravidez na adolescência.

É essencial que haja educação sexual nas escolas?
Sem dúvida. A gravidez na adolescência tem muitos fatores, mas sem dúvida nenhuma, a educação sexual é um dos principais que interferem na decisão ou na condição de uma jovem de engravidar na adolescência. É fundamental que os adolescentes não apenas saibam, mas de fato tenham consciência do porque este corpo se reproduz, o impacto que uma gravidez pode trazer na vida deles, e como evitar em um momento que eles não estão prontos para isso. Portanto, o trabalho com educação sexual é imprescindível na vida desses jovens. Vale ressaltar a informalidade com que a questão sexual é tratada hoje em dia e muitos jovens não estão preparados para viver neste ambiente liberal criado pela própria sociedade. A facilidade que veio com o avanço da ciência, como exames de DNA e pílulas anticoncepcionais permite que o sexo não mais seja visto apenas com o objetivo de reprodução. Se sexo faz parte da vida do homem, portanto é natural que, se houver estimulo sexual, estes meninos reajam a estes estímulos e se desejem. Portanto, eles precisam ser bem preparados para esta realidade em que eles vivem hoje, daí a importância do trabalho de educação nas escolas, via internet, nos postos de saúde, enfim, onde os jovens estiverem. O que eles precisam é de um espaço para que eles tenham consciência de que adolescência não é o melhor momento para eles terem um filho.

Essa liberdade de informação da internet não atrapalha os jovens a dividir o que é o joio do trigo? Como o Instituto Kaplan está usando essas novas ferramentas de informação para também balizar o jovem?
A internet abre o espaço para que os jovens tenham acesso a todo o tipo de informação e obviamente, separar o joio do trigo para o jovem é muito difícil. Então o papel do Instituto Kaplan como uma instituição educadora nesta área de sexualidade é já dar o joio separado do trigo. E é isso que nós procuramos fazer no nosso trabalho, buscar a atenção do jovem para aquilo que ele de fato precisa saber: usar a sua sexualidade em seu benefício e não contra ele mesmo. Por isso, não negamos a nenhum jovem qualquer tipo de informação que eles queiram saber e sempre nos baseamos em critérios científicos e de investigações que nós ou outros profissionais de outras instituições tenham feito que embasam o nosso trabalho e as nossas observações a fazer para eles.

O Instituto Kaplan tem um trabalho pioneiro, que é o Projeto Vale Sonhar. Em alguns estados como Alagoas, São Paulo e Espírito Santo já há uma política pública que é o ensino da educação sexual com base no futuro, com os sonhos do futuro, dentro da disciplina de biologia. Quais têm sido os resultados efetivos dessa ação?
Os resultados são bem animadores! Nós conseguimos obter por meio de um trabalho de multiplicador (em que instruímos o coordenador pedagógico para que ele prepare os seus professores para realizar as oficinas do Vale Sonhar), uma diminuição de 50% do número de gravidez nas escolas das cidades Serra e Cariacica (ES) em 2008 e 2009. A partir dessa experiência, esse trabalho foi expandido para todo o estado do Espírito Santo. No estado de Alagoas que foi um trabalho desenvolvido em 2008 e 2009, também por este meio de multiplicador, conseguimos obter um resultado em torno de 35% de diminuição no número de gravidez na adolescência. Este trabalho, que foi o primeiro realizado na Secretaria de Educação do Estado de Alagoas, foi implantado em todas as escolas estaduais do estado, onde todos os municípios puderam desenvolver um trabalho monitorado pelo Instituto Kaplan em todos os momentos. São Paulo, que já é uma rede infinitivamente maior, (enquanto em Alagoas nós temos 187 escolas no estado inteiro de Ensino Médio, em São Paulo nós temos uma rede de 3.668 escolas), é um universo fantástico e o Instituo Kaplan fica muito feliz que esta secretaria tenha implementado a metodologia do Vale Sonhar dentro da matéria de biologia. E com isso, a gente conseguiu nesta primeira avaliação de 2008 e 2009, uma diminuição em torno de 20% do número de jovens que deixaram de ficar “grávidos” após as oficinas do Vale Sonhar. Isso é um dado muito significativo, já que na rede de São Paulo, são 600.000 alunos e podemos inferir que aproximadamente 60.000 jovens deixaram de engravidar nesse ano de 2009. É um resultado muito gratificante não só para o Instituto Kaplan como para todos nós que queremos que os nossos jovens e nossa população tenham uma melhor qualidade de vida.

Qual a reflexão que o Instituto Kaplan deixa nesse Dia Mundial da Prevenção da Gravidez na adolescência?
A reflexão é para os pais e não para os jovens. Embora os adolescentes tenham vida própria, eles são frutos de uma educação, isto é, boa parte do que fazem e acreditam ainda está no núcleo familiar. O que eu gostaria de dizer para os pais é que sexo faz parte da vida da gente, é uma necessidade como outra qualquer e não é por si só ruim, pelo contrário sexo é uma coisa boa. Agora se ele não for bem trabalhado, se a pessoa não souber como lidar com a questão sexual, isto pode trazer conseqüências negativas para a vida delas. Ou nós começamos a refletir sobre a vida sexual como algo positivo, na qual nós precisamos de fato olhar para ela com carinho e estimular os nossos filhos a buscarem consultas médicas, e usarem os métodos contraceptivos ou o que nós vamos ter aí é uma dificuldade que vai além das possibilidades do Instituto Kaplan. Nós vamos até um ponto, mas agora, nós precisamos da ajuda das famílias, de toda a comunidade, para que a gente perceba que hoje em dia não dá mais para as meninas largarem a escola por causa de uma gravidez na adolescência.

Saiba mais:
INSTITUTO KAPLAN – www.kaplan.org.br

*Material elaborado e encaminhado ao blog pela jornalista Vera Moreira, usando como fonte Maria Helena Vilela, diretora do Instituto Kaplan. A publicação no blog é mediante autorização, desde que respeitados a citação dos créditos e a integridade do texto.

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Leia mais textos de Maria Helena Vilela no blog:
>>Artigo: *É possível evitar gravidez na adolescência (publicado em 26/09/2009)
>>Um papo sobre sexualidade, menarca e dúvidas na “gineco” (publicado em 02/02/2010)
>>Artigo: Verdades e mitos sobre a homossexualidade (publicado em 06/06/2010)

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Artigo: Namoro virtual? É real?

Uma data como  a deste sábado, Dia dos Namorados, sensibiliza para a reflexão. Para ajudar que quer pensar no tema “os relacionamentos na contemporaneidade”, publico aqui no blog – com a devida autorização – o excelente artigo de Cristina Romualdo, psicóloga e integrante da equipe do Instituto Kaplan, entidade que atua em prol da capacitação de professores para tratar o tema sexualidade e também no atendimento aos jovens. De forma muito lúcida e didática, a autora analisa o comportamento sexual humano ao longo dos últimos 60 anos e traça paralelos entre os avanços tecnológicos e as mudanças nas formas de interação entre as pessoas. Texto mais que recomendado!

Namoro virtual? É real?

*Cristina Romualdo

Com a chegada do dia dos namorados é natural que temas envolvendo os relacionamentos afetivos venham à tona, seja entre as pessoas, comemorando tal data ou lamentando-se não ter motivo para comemorações; seja pela maior movimentação comercial que gera ou por sua ampla divulgação na mídia. Diante deste quadro, a proposta da equipe de profissionais do Instituto Kaplan é escrever uma série de artigos sobre a evolução dos relacionamentos nos últimos 30 anos.

Para tanto cabe uma breve contextualização histórica. A pós-modernidade marca uma fase de muitas mudanças ocorridas na sociedade a partir da década de 50, notadamente os avanços científicos e tecnológicos, produzindo-se cada vez mais e mais rápido, com o objetivo de facilitar a vida das pessoas.

Na era da informática, codifica-se e manipula-se o conhecimento e a informação, que invadem o cotidiano com uma infinidade de serviços a serem consumidos, descartando a necessidade do experimento físico. O que nos leva a lidar mais com dígitos e signos do que com coisas concretas.  Já parou para pensar que o dinheiro que você tem no banco não passa de números em seu extrato bancário?

Nasce, assim, a realidade virtual, nossa atual realidade social. Se nosso dia a dia muda, obviamente que nossa sexualidade também sofre mudanças. A medicina permitiu o sexo sem procriação e a procriação sem sexo, possibilitando à mulher o domínio sobre seu corpo, conferindo-lhe o direito ao prazer sem o ônus de uma gravidez não planejada e colocando-a em igualdade com o homem, ao torná-la livre para projetar seu próprio futuro.

Beleza Roubada, delicado filme sobre o primeiro amor

Na década de 80, o advento da AIDS nos leva a um novo olhar sobre a sexualidade. Incrementam-se pesquisas e estudos sobre o comportamento sexual, novos conceitos ganham popularidade: sexo seguro, vulnerabilidade, parceria de risco. A camisinha vira a grande protagonista das campanhas publicitárias. Revela-se a realidade do sexo com múltiplos parceiros e da estabilidade dos relacionamentos homossexuais.

Interessante observar que neste pequeno intervalo de 30 anos, da década de 60 para o final dos anos 80, se por um lado a mulher ganhou uma maior liberdade sexual com a contracepção, ao homem coube, em grande parte, a responsabilidade da prevenção, pois, até o momento, é o uso do preservativo masculino, a forma mais eficaz e acessível de se evitar a transmissão das DST (doenças sexualmente transmissíveis).

Neste contexto, a chegada dos anos 90 traz ao centro das atenções o papel sexual masculino. E mais uma vez se faz presente a tecnociência na manipulação da sexualidade humana. Pois agora o fantasma da impotência pode ser rapidamente afugentado com o uso da “pílula do prazer”. Se antes o homem deveria ser infalível, jamais admitir qualquer tipo de dificuldade, principalmente na esfera sexual, agora ele poderia falar de seus problemas e também buscar tratamento para os mesmos.

Nessa mesma década, em 1992, foi criado o SOSex – Serviço de Orientação Sexual,  uma das áreas de atuação do Instituto Kaplan, com o objetivo de atender pessoas que buscam esclarecimentos de questões sexuais, por meio de atendimento sigiloso e personalizado. Desde 2008 a orientação dada ao público tem sido feita através da internet, seja respondendo e-mails ou esclarecendo dúvidas através do MSN.

Em 2009 respondemos 943 e-mails e, pelo MSN, atendemos 1956 usuários, sendo que aproximadamente metade (46%) destes tinha idade inferior a 21 anos. Esse jovem público é, em sua maioria, formado por garotas (75%), e suas principais dúvidas estão relacionadas à gravidez e aos métodos contraceptivos, principalmente a pílula anticoncepcional.

Muitas vezes, nossos usuários, também pedem conselhos ou dicas para suas relações afetivas e/ou sexuais. Neste artigo, através da análise da fala de três usuários, sem qualquer identificação dos mesmos, pois garantimos o sigilo de quem nos consulta, vamos levantar alguns pontos que podem apontar para mudanças nos relacionamentos atuais ou, ao contrário, revelar que algumas atitudes persistem com o passar dos anos.

Denise está chamando, de 1995, é um filme que aborda relacionamentos virtuais. Numa época anterior à popularização da internet, do msn e das redes sociais, um grupo de amigos acompanha as vidas uns dos outros, sofrendo, alegrando-se e até começando e terminando namoros apenas pelo telefone, sem nunca interagir pessoalmente

“Estou namorando há algum tempo… e eu ainda não tive relações sexuais, e estou pensando em ter. Mas tenho um pouco de medo, em
relação à dor, queria saber se dói? algumas pessoas que falam que depois da primeira relação sexual, o corpo da mulher muda, (…)! queria saber se isso é realmente verdade”

Os sentimentos frente ao novo, a curiosidade e o medo fazem-se presente. Isso não mudou e talvez nunca mude na existência humana. A virgindade não é mais uma condição necessária, muitas meninas questionam quando e não se devem iniciar a vida sexual. Mas o que nos chama a atenção é que, apesar de todas as informações às quais os jovens têm acesso hoje em dia, há ainda dúvidas sobre temas básicos, como por exemplo, o que acontece com o próprio corpo. O que nos leva a pensar que falar sobre sexualidade é ainda algo muito difícil para as pessoas, principalmente entre pais e filhos.

“Olá, tenho 15 anos, bom não é bem uma pergunta, e sim um conselho…Tô numa situação estranha, a menina que eu gosto está namorando um rapaz só que isso pela internet (os dois nunca se viram), ela diz que gosta dele mais não sabe, ela ta meio confusa…Minha dúvida é: como posso fazer para tentar conquistá-la ?Devo chegar nela e me declarar pessoalmente ou por msn, ou sair com ela e arriscar um beijo ?”

O clássico romântico de 1980, A Lagoa Azul, conta a história de um jovem casal que descobre o amor e o sexo numa ilha deserta

Que belo exemplo de nossa realidade virtual! Nosso usuário gosta de uma garota concreta, que existe fisicamente. Mas, a mesma diz gostar de um rapaz virtual, cuja existência se dá via computador. E qual é a sua dúvida, ele permanece físico ou se torna virtual para conquistá-la! Namoro virtual? É real?

“Serviu em muito, para esclarecer minhas dúvidas, os artigos aqui do site. No entanto, ainda tem sido difícil para mim e meu namorado decidir o momento certo para ter a primeira transa. Conversamos muito sobre o assunto, (…) mas não sabemos exatamente o que estamos esperando. Talvez seja o medo, pela idade jovem demais para isso. Para mim, os principais obstáculos são meu corpo e o local para se ter a relação. Em nossas casas seria quase impossível… tudo isso é tão chato! Sinto-me mal porque temo, também, estar sendo levada pelos hormônios à flor da pele e desejar tanto ter esse momento com ele. Bom, termino mais com um pedido de conselho do que com uma pergunta. Como poderia resolver isso?”

Acho essa fala a mais emblemática dos tempos atuais, ela traz todos os conflitos que os jovens vivem no início de seu relacionamento sexual. O desejo é reconhecido e aceito naturalmente, o casal conversa sobre o mesmo, mas é o momento? E onde concretizá-lo? Ela sabe que não pode ser na casa dos pais, pois como na fala de tantas outras jovens atendidas em nosso serviço, ainda não há aceitação por parte destes. Ao contrário, muitas que já iniciaram vida sexual temem que suas mães descubram, sendo esse um dos motivos para não ir ao ginecologista, pois entendem que esta é uma forma de se exporem. Infelizmente, é aí que muitas não recebem uma orientação correta sobre os métodos contraceptivos, sobre seu corpo, sobre a primeira vez…

E aqui podemos entender o papel que a internet, ou a orientação sexual vem exercendo na atualidade. Se antes a jovem se calava em sua dúvida e esperava chegar o momento para ver o que acontecia, ou perguntava para uma amiga mais próxima, ou delegava ao parceiro a responsabilidade de lhe dar respostas, atualmente, busca a orientação de especialistas. E, sem dúvida, esperamos contribuir para que esses jovens tenham uma vida sexual mais segura, responsável, satisfatória e muito prazerosa!

*Cristina Romualdo é psicóloga, terapeuta e orientadora sexual do Instituto Kaplan: www.kaplan.org.br

**Texto encaminhado ao blog pela Vera Moreira Comunicação

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