Pompoarismo: para melhorar o sexo e aumentar o prazer

Se você é daquelas que acredita que vale tudo para dar uma incrementada na relação sexual, não pode deixar de ler esse post até o fim. Porque o pompoarismo, uma técnica oriental muito antiga, tem o propósito de intensificar o prazer e a satisfação sexual tanto seu quanto do seu parceiro. Como isso é possível? Através de alguns exercícios de treinamento do músculo pélvico, que vai intensificar a musculatura vaginal a tal ponto que você será capaz de realizar alguns movimentos e proporcionar um prazer maior ao parceiro.  

Kit básico do pompoarismo, com vibrador, ben-wa e o manual
Kit básico do pompoarismo, com vibrador, ben-wa e o manual

O desenvolvimento da técnica começou lá atrás, na Índia. No século XX, foi utilizada por gueixas japonesas e prostitutas tailandesas para melhorar o resultado do ato sexual e, em seguida, para ganhar dinheiro com apresentações eróticas em que fumavam cigarro e arremessavam objetos com a vagina. No cinema, quem não lembra da cena de “Priscilla, A Rainha do Deserto”, em que uma mulher atira uma bolinha de pingue-pongue na platéia durante um espetáculo erótico? Pois é, ali é um retrato do pompoarismo.

Muita gente se pergunta: como começar? A dica dos especialistas é que, em primeiro lugar, você visite sua ginecologista para ver se está tudo direitinho. Se está tudo ok e você já tem mais de 18 anos, já pode dar início aos exercícios. Os especialistas também ressaltam que pode parecer um pouco difícil no início, mas que é preciso ter persistência . Há duas formas de aprender os movimentos. A primeira, participando de alguns cursos que são oferecidos, ou então comprando os acessórios e o manual e colocando em prática.   

Ben-wa: bolinhas unidas por um cordão, utilizadas nos exercícios
Ben-wa: bolinhas unidas por um cordão, utilizadas nos exercícios

Que acessórios são esses? O ben-wa é um par de pequenas bolinhas unidas por um cordão bem fino. É indicado para treinar os movimentos de sucção, expulsão e fortalecimento dos músculos circunvaginais. Além de melhorar a qualidade do orgasmo, evita o afrouxamento da região pélvica, que perde a firmeza com a idade ou com partos normais sucessivos. Outro aparelhinho indispensável é o vibrador, utilizado para aumentar a intensidade das contrações e o domínio sobre a musculatura vaginal. E o manual, claro, que detalha todo o processo.

Se animou com a ideia de melhorar seu desempenho sexual? Agora é só adquirir um kit e mandar ver nos exercícios. Ah, e se você já praticou, deixa um comentário por aqui. Vai ser bacana dividir as experiências!!!! Agora veja alguns exercícios iniciais que podem ser praticados em casa e saiba onde comprar os kits e dar início ao pompoarismo.

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Comece agora
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Abaixo seguem cinco exercícios retirados de um artigo escrito pelo ginecologista e obstetra Dr. Newton Valdir Bringmann e publicado na Revista Cláudia. A indicação que estes movimentos sejam feitos diariamente, tanto pela manhã quanto pela noite, em três séries de quinze ou vinte repetições para cada um. Ele também esclarece que não são fáceis no início, mas que a prática diária trará resultados em algumas semanas. Aos exercícios, então:

1-) Sente-se em uma cadeira e apóie as mãos nas coxas. Deixe os pés paralelos e distantes 20 centímetros um do outro. Contraia os músculos da vagina como se apertasse algo dentro dela. Conte até três e relaxe. Aumente a contagem gradativamente até chegar a dez.
      Variação: contraia e relaxe os músculos rapidamente. Para acertar o ritmo, imagine que acompanha uma respiração. 

2-) Recoste-se na cama e deixe as pernas separadas e semi-flexionadas. Insira um dos dedos na vagina e tente apertá-lo o mais que puder. Caso não sinta nenhuma pressão insira dois dedos. Volte a se exercitar com um dedo quando a musculatura estiver mais treinada.
      Variação: tente sugar o dedo com a vagina. Conte até três antes de relaxar. 

3-) Deite-se num colchonete e deixe os braços ao longo do corpo. Flexione as pernas. Essa é a posição inicial. Eleve o quadril e o dorso e fique apoiada sobre os ombros e os pés. Ao elevar o quadril, contraia os glúteos. Volte a posição inicial e relaxe os glúteos.
      Variação: Na posição inicial, contraia o ânus em três tempos, sem relaxar: primeiro levemente. Em seguida mais forte e depois com toda a intensidade que conseguir. Fique assim e contraia a vagina como se sugasse alguma coisa com ela. Conte até três e solte os músculos devagar: Primeiro os da vagina, depois os do ânus. 

4-) De pé com as pernas semi-flexionadas, coloque as mãos na cintura e deixe os pés paralelos e distantes 20 ou 30 centímetros um do outro. Mova a pélvis para cima e para frente. Ao fazer isso, contraia a parte interna da vagina. Segure, conte até três e relaxe.
      Variação: Faça um movimento contínuo e circular, como se usasse um bambolê, só que em quatro tempos:
                                   1-) Mova a pélvis para cima e para frente;
                                   2-) Leve o quadril para a esquerda;
                                   3-) Jogue o bumbum para trás;
                                   4-) Leve o quadril para direita. 

Mais exercícios básicos
>> Dicas 01
>> Dicas 02

Para comprar os acessórios
>> Pompoarismo.com
>> Pompoarte
>> Manual para os meninos

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Mulher fruta: É para chupar e cuspir o bagaço?

*Texto e reflexões de Andreia Santana

Segunda-feira de Carnaval. Um espetáculo me impressiona profundamente. Sobre um trio elétrico, uma moça, necessário dizer que é afrodescendente, completamente nua, sem tapa sexo ou aquelas lantejoulas sobre o bico dos seios, requebra ao som de um pagode cuja letra diz nada menos que “rala a xana no alfalto”. Ela desce até o chão, como pede o pagode, para a lascívia dos cantores da banda e dos foliões.

deusa-do-ebano_blogMesma noite de segunda-feira de Carnaval. Documentário na TVE-BA mostra o processo de eleição da rainha do bloco afro Ilê Aiyê, entremeando com cenas da rainha eleita desfilando sobre o trio do Ilê, naquele momento, no Campo Grande, um dos circuitos mais antigos do carnaval baiano. Bela, vestida em tecidos coloridos, as amarrações do torço sobre o cabelo, a beleza de um decote apenas insinuado mostra um colo de ébano ornado de colares. É uma entidade, a deusa da beleza negra dança e também prende a atenção dos foliões, com sua sensualidade inerente à mulher, com sua delicadeza de soberana.

Com as duas cenas na cabeça, uma de desvalorização e violência contra a mulher e outra de homenagem e respeito, recorro a bell hooks, a intelectual negra norte-americana, cujos estudos sobre gênero, etnia e sexualidade tanto me esclarecem (prometo falar sobre bell hooks em outro post), tanto me ajudam a entender o contexto da sociedade onde vivo. O Brasil e a Bahia, miscigenados ambos, com status de grande democracia racial, precisam aprender a ler bell hooks e rever seus conceitos e principalmente, seus preconceitos velados e disfarçados em discursos como o mito da baianidade e da sensualidade da mulher tropical.

Enquanto assisto a moça nua requebrando ao som do pagode, um amigo, que não concorda com meu comentário sobre o fato daquela moça estar sofrendo uma violência na sua feminilidade, me questionou se é meu desejo que o Carnaval acabe. A resposta, dada com um certo atraso, é simples: para quem gosta, o carnaval deve continuar existindo, principalmente se a festa é também o palco onde desfila a majestosa rainha do Ilê, em toda a sua graça e consciência. Mas, para o Carnaval existir, não é necessário que uma mulher se submeta, seduzida com a promessa de fama, “a ralar a xana no asfalto”.

alek-wek-2_blogPois é justamente aí que repousa a minha tese de que a dançarina de pagode foi violentada nesse Carnaval, na consciência, na auto-estima, no seu encanto de mulher, tornado tão banal, descartável, para consumo rápido como um fast food. E me questiono, para que servem as mulheres fruta? Para chupar e cuspir o bagaço? Não acredito que a dançarina seja uma inocente coitada, forçada na base do chicote a subir no trio, tirar a roupa e simular o ato sexual em público. Mas creio que o senso crítico foi negado a essa moça, provavelmente pobre, visivelmente negra, quase com 100% de certeza, ansiosa em tornar-se uma celebridade e fugir da miséria, revivendo o conto da cinderela.

“A cultura de massas é a que declara publicamente e perpetua a ideia de que pode ser prazeroso reconhecer e desfrutar as diferenças raciais. Converter o outro em mercadoria tem tido muito êxito porque se oferece como um novo deleite, mais intenso e mais satisfatório que os modos comuns de fazer e sentir…A etnicidade se converte em especiaria, condimento que pode animar o prato insosso que é a cultura branca dominante”.

O trecho acima, do texto Devorar ao outro: desejo e resistência, de bell hooks, me dá no que pensar e é a base que eu buscava para continuar analisando a questão das mulheres fruta e das dançarinas de pagode, que antigamente requebravam em mini-shorts; mas, como o freak e o grotesco garantem mais audiência, agora abrem mão da pouca roupa que usavam e de restos de dignidade. E passo a comparar com a realidade local. No tédio do axé, em que músicas e cantoras se parecem -, principalmente porque para a massa, as cantoras são inacessíveis enquanto objeto de desejo -, as dançarinas de bunda grande, seios fartos e pubis à mostra suprem a lacuna, pois são objetos mais à mão.

alek-wek-_-blog1A celebridade gostosa do camarote é manjá fino, se expõe apenas naquela revista cara. A dançarina da periferia, em busca de um lugar sob os holofotes, sem perspectiva real de vencer na vida porque lhe foi negada educação de qualidade, é mais acessível. Ela pode ser a descarada, a cachorra da letra da música, pode ralar no asfalto. Dessa forma, mantém-se a ordem social das coisas. O folião dá vazão ao seu desejo, demonizando a dançarina negra, colocando-a no lugar em que seu pensamento machista acredita que ela deva estar. Fruta barata na feira, come-se a polpa, cospe-se os caroços. O ideal de beleza feminina, de sensualidade sem permissividade, o ideal asséptico, o sexo limpo, ele guarda para a namorada. O olhar de desejo, mas sem invadir o espaço individual, fica para a cantora loira do trio.

O cruel de tudo isso é ouvir de um dos homens que assistiam a performance da moça sem roupa, que a dançarina está no trio, expondo-se, porque ela quer. Ele refuta minha tese de que trata-se de uma violência, porque acredita que ato violento é só aquele praticado sem o consentimento da vítima. Pois existem formas de violência tão veladas e cruéis quanto um tapa na cara. É a violência da exclusão social, da falta de um lugar na sociedade estratificada e com papéis definidos. Essa violência, a cultura da super valorização do corpo, a cultura do descartável estão por trás do desejo desmedido de enriquecer para fugir da pobreza; de ser adorada, de conquistar, nem que seja com a bunda, um lugar de destaque, um lugar de pertencimento.

deusa-do-ebano-2_blog1Costurando essa forma de exploração sexual travestida de “arte”, afinal, a dançarina se define como artista, está o medo atávico que os homens sentem da sexualidade feminina desde o tempo das cavernas. Somos multiorgasmicas, temos um gozo interno, somos mistério e isso assusta tanto que a melhor forma de lidar com a mulher, na nossa sociedade de herança cristã, é demonizá-la, definir a sexualidade feminina como baixo instinto, animalesco e grotesco. Infelizmente, ainda somos divididas entre safadas e não-safadas, cachorras e meninas de familia, pela maioria dos homens e das próprias mulheres também.

Ao começar este post comparei as duas cenas que me surpreenderam ontem, da dançarina nua e da rainha do Ilê Aiyê, justamente para mostrar que é possível honrar a beleza, a sensualidade, o carisma e a graça de uma mulher, sem expô-la na banca da feira. O que falta na jovem nua sobre o trio, submetida ao seu desejo cego de ser respeitada e querida como a modelo famosa, mas subjugada ao papel cruel de mercadoria que a sociedade estabeleceu para ela, sobra em consciência, em auto-estima, em feminilidade, em domínio da própria sexualidade na deusa no ébano.

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As meninas do Curuzu rejeitam o papel inferior em que lhes tentam enquadrar. Rejeitam serem vistas e consumidas como uma melancia. Elas são mulheres de verdade, donas de si, donas do próprio corpo. A sedução delas, dos seus movimentos ritmados, dos braços, das pernas e do requebro, não se presta ao espetáculo de pão, circo e carne. Antes, seus movimentos são de afirmação da beleza negra, da beleza feminina, do sagrado que faz de todas as mulheres, deusas da criação.

*Andreia Santana, 37 anos, jornalista, natural de Salvador e aspirante a escritora. Fundou o blog Conversa de Menina em dezembro de 2008, junto com Alane Virgínia, e deixou o projeto em 20/09/2011, para dedicar-se aos projetos pessoais em literatura.

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