Recebemos emails de leitoras que descobriram o blog pesquisando sobre temas de seu interesse na internet: uma professora de dança, que trabalha com inclusão social e arte-educação junto a adolescentes de Sussuarana, bairro popular de Salvador; e uma leitora que pede às autoridades que incluam Santo Amaro da Purificação e o recôncavo baiano nos roteiros turísticos da Bahia, dividiram conosco suas experiências. Ficamos felizes em ver que os textos do blog têm ajudado na reflexão tanto da condição feminina na sociedade quanto em temas que reforçam as noções de cidadania, a busca por cultura de qualidade e de acesso a todos, o combate aos preconceitos. Como dissemos no post de apresentação do Conversa de Menina, as mulheres podem discutir qualquer assunto com propriedade – não que com a isso a gente desmereça as opiniões masculinas, adoramos quando vocês participam meninos! – mas é que, historicamente, o cotidiano sempre foi o território das mulheres. Dividimos com vocês, meninas e meninos, que nos brindam diariamente com sua presença, os textos que recebemos de Tainã e de Mirela. E se você também quer entrar no debate, deixe um comentário ou mande email para [email protected]. Vamos papear!
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Olá meninas!!
Gostei muito da postagem sobre a mulher fruta. Estou ministrando oficinas de dança num projeto social no bairro de Sussuarana aqui em Salvador e um dos objetivos é a conscientização e mesmo a reflexão sobre as informações que a mídia transmite a respeito do corpo e da dança. Tal assunto surgiu da observação do próprio comportamento dos alunos e alunas, que inspirados no pagode, traziam para sala movimentações e letras que me impressionavam pelas sua conotações sexuais tão bem comunicadas em corpos tão jovens. Eu conheço o pagode, danço-o e canto-o sem preconceitos. No entanto tenho a clara noção do que cada gesto ou cada palavra cantada com dicção péssima, diga-se de passagem, quer falar. No entanto, me pergunto se esses meus alunos(as) têm essa noção, de que estão dançando por causa do ritmo ou da moda ou mesmo por resenha. Já fiz essa pergunta e o silêncio de alguns me incomodou. Eu quase não entendo o que os cantores dizem na letra, entretanto minhas alunas sabem de cor, até mesmo as partes mais emboladas e rápidas das músicas; então penso: elas têm consciencia do que estão ouvindo!
Dancei a música “Ela é dog” e pedi que me dissessem o que eu estava querendo dizer com aqueles movimentos e as meninas responderam: “Tá dizendo que tá com fogo”. Com essas palaras e sem pensar duas vezes, resposta imediata!
Apesar de todo o esforço em conscientização, dos gestos e da própria expressão corporal, ainda não consigo ver grandes mudanças a respeito do pensamento critico sobre as informações que a mídia transmite. Tenho receio de não conseguir! São tantos assuntos a tratar, tantas reflexões a fazer e tão pouco tempo. Estamos agora tentando colocar esse pensamento reflexivo que criamos durante as aulas, numa coreografia que possamos apresentar para toda a comunidade, mostrando-os que a dança também pode dizer alguma coisa e que isto que vamos dizer foi uma etapa vivida em sala de aula.
As dificuldades agora são em estimulá-los à criação da dança que comunica e não a repetição de passinhos acoplados a um ritmo.
abraço,
Tainã, professora de dança e arte-educadora
Sobre o artigo Mulher fruta – É para chupar e cuspir o bagaço?
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Boa Tarde.
Nunca tinha ouvido falar da festa do Bembé do Mercado. Admito estar mal informada, mas o meu desconhecimento também não seria pelo pouca divulgação que se faz das manifestações culturais que acontecem fora da capital?
Concordo quando disseram que a cidade de Santo Amaro está mal cuidada e ela não é a única do Recôncavo nessa situação. Seria bacana ver o Recôncavo como um rota de turismo tão procurada quanto a Chapada Diamantina, a Costa do Dênde, a Costa dos Coqueiros dentre outras. Para isso bastaria vontade e empenho do Governo do Estado.
Mirela, leitora preocupada em resgatar a importância turística do recôncavo
Sobre o artigo Santo Amaro em evidência