A Síndrome do Olho Seco, também conhecida como Síndrome da Disfunção Lacrimal, me acompanha desde que sofri uma alergia grave a medicamentos anti-inflamatórios, durante um tratamento de tendinite, há alguns anos. Como sequela dos problemas acarretados pela alergia, passei a conviver com um arsenal de colírio e gel ocular lubrificantes, compressas de gaze e soro fisiológico; além de precisar de visitas regulares ao oftalmologista. É chato, mas dá para manter a qualidade de vida e a acuidade da visão, se os cuidados certos forem tomados. E a ideia deste texto é falar, justamente, destes cuidados.
Entenda a Síndrome do Olho Seco
A Síndrome do Olho Seco, ou da Disfunção Lacrimal, como o nome já explica, é acarretada quando uma falha no organismo prejudica a formação das lágrimas. Nossas lágrimas são feitas de moléculas de água, gordura e muco. Esse composto serve para manter os olhos lubrificados e limpos, evitando contaminações por germes. A síndrome acontece quando a lágrima passa a ser fabricada com defeito, com excesso ou falta de gordura, o que faz com que evapore depressa e sem cumprir sua função de proteger o globo ocular.
Quem sofre com o problema, geralmente, sente muita ardência, coceira e uma desagradável sensação de que jogaram vidro moído ou areia nos seus olhos. Além disso, os olhos também ficam vermelhos e incham facilmente, como se você estivesse com uma conjuntivite. Se não for tratada e mantida sob controle – a doença não tem cura -, pode ainda causar problemas mais graves, como infecções por bactérias oportunistas e diminuição da acuidade visual.
O que causa o problema?
No meu caso, a Síndrome do Olho Seco foi consequência de uma alergia a um tipo específico de medicamento, anti-inflamatório, que estou terminantemente proibida de voltar a usar para o resto da vida. O problema me afetou porque eu tinha uma condição prévia de doença autoimune que foi negligenciada pelo ortopedista que me tratou da tendinite. O processo infeccioso derivado desse descuido do médico, levou ao desenvolvimento da síndrome.
Outros problemas que acarretam esse ressecamento severo do globo ocular são:
>>Blefarite: inflamação que ataca os cílios e forma uma caspa que bloqueia a glândula lacrimal;
>>Lesões: cistos, conjuntivites, cirurgias para correção de miopia ou blefaroplastia (plástica para levantar as pálpebras) podem afetar a fabricação de lágrimas;
>>Problemas hormonais: menopausa e uso de anticoncepcionais;
>>Medicamentos: antialérgicos, anti-inflamatórios, remédios para hipertensão e psicotrópicos (como aqueles para depressão, ansiedade, etc);
>>Doenças autoimunes: lúpus, Síndrome de Sjögren, Síndrome de Stevens-Johnson;
>>Uso excessivo de computadores, tablets, smartphones, TVs: quanto mais concentrados diante dessas telas, menos piscamos. Piscar é essencial para a produção de lágrimas.
Como é que cuida?
Quem tem Síndrome do Olho Seco precisa visitar o oftalmologista de seis em seis meses, para monitorar o problema. Só o especialista pode indicar o tipo de tratamento mais adequado. Em alguns casos, um tampão é usado para bloquear o canal lacrimal, impedindo que a lágrima escoe rápido demais. Só oftalmologistas podem aplicar tampões.
Mais cuidados essenciais:
>Higienização correta dos olhos, principalmente por quem tem tendência a desenvolver blefarite. Existem líquidos específicos nas farmácias, mas minha oftalmo me deu uma solução simples e barata: usar Shampoo Johnson neutro. Aquele amarelinho que as blogueiras amam para remover maquiagem dos cílios. Duas vezes por dia, de manhã cedo e à noite, com as mãos previamente bem lavadas, pingo duas gotinhas do shampoo na palma da mão, faço uma espuma e com um cotonete, passo delicadamente nos cílios. Depois, enxáguo e aplico compressas de gaze embebidas em soro fisiológico gelado. Dá um alívio imediato, principalmente de manhã cedo!
>Uso de colírios ao longo do dia. Existem de várias marcas. Seu oftalmologista saberá indicar o que melhor atenderá o grau de ressecamento nos seus olhos. Ele também dirá quantas vezes é preciso aplicar. Eu preciso de duas em duas horas.
>Gel lubrificante ocular antes de dormir. Aplico sempre uma gota em cada olho. Mais uma vez, existem inúmeras marcas nas farmácias e o oftalmo saberá orientar a mais adequada ao seu caso.
>Alimentação adequada também ajuda. Beber muita água é essencial, porque ela é o principal componente da lágrima. Vale ainda investir em alimentos ricos em Ômega-3, como peixes (atum, sardinha, salmão), oleaginosas e linhaça. Vitamina A também não pode ficar de fora do prato de quem tem Síndrome do Olho Seco. Já as frituras e o fast-food, cheios de gorduras saturadas, devem ser evitados, porque pioram o problema. Eu amo sanduíches, mas prefiro as versões sem fritura, com frango desfiado ou atum, um pouco de queijo, legumes e verduras.
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