Três visões sobre a paternidade…e um livro – I

Há um ano, refleti aqui no blog sobre a condição dos pais na atualidade (relembre o post aqui). Era exatamente o segundo domingo do mês de agosto, Dia dos Pais. Este ano, para homenagear a data e todos os homens que são ou cumprem papel de pai, selecionei três artigos que mostram visões sobre a paternidade que coincidem e divergem entre si e com a minha forma de encarar o assunto. Os autores são uma psicóloga, um religioso e uma educadora. Há ainda uma dica de livro para os marinheiros de primeira viagem. Para facilitar a leitura, publicarei os textos em sequência. Espero que gostem da seleção e que aproveitem o dia ao lado dos seus pais, não importa se eles são de fato ou de direito.

Palavra de Pai
*Cassia Aparecida Franco

Sabe, a verdade é que eu nasci para ser um herói. Passei anos vivendo como Batman, Homem-Aranha, The Flash e Super-Homem, este último, sem dúvida, o meu perfil predileto. Encarnei os personagens com fervor infantil e a lycra grudou no meu sangue com tanta vontade que me esqueci de despir a fantasia, depois de concentradas horas possuído pelo personagem.

Mesmo quando corria sobre os telhados na companhia do meu inseparável cachorro, eu imaginava ser imortal. Ou quando descia a rampa na frente de casa a bordo do meu skate, bike, carrinho de pedal, não houve Airton Senna que me ultrapassasse. Afinal, heróis são invencíveis. Não se deixam derrubar pelo cansaço, pela dor, pelos mais altos desafios ou pelas metas estratosféricas da empresa.

O grande problema é que heróis não se casam, não se relacionam por longos períodos, não se unem com a desculpa de não colocar a amada em risco e não têm filhos, com o pretexto de que precisam cuidar da humanidade. Quanta grandeza. Heróis são imbatíveis…. ou melhor dizendo, agora que o tempo passou e eu perdi tantas coisas de VOCÊ.

Filho, me dá de presente olhar de novo nos seus olhos e sair para velejar com você, sem pressa. Vamos curtir juntos a força das ondas e quem sabe ainda dê tempo do sal cicatrizar as feridas que a distância possa ter provocado em nós dois.

Filha, me diz que dá tempo de ouvi-la contar dos seus planos sem querer corrigi-los da minha “maneira mais correta”. Me dá  uma chance de aceitar que existe um peludo no meu sofá acariciando o seu pescoço, que eu julguei um dia ser só meu.

Eu vou precisar de ajuda pra confessar que também choro de saudades dos amores perdidos, que morro de medo um bocado de vezes nas incertezas. Que meu estomago também dói de ansiedade nas provas da vida, que me envergonho por agir sem pensar em muitas situações, que me orgulho de ser seu pai, que não posso sequer imaginar a minha vida sem você, que estou encabulado na sua frente, sem saber muito bem como lhe pedir: Por favor, me ensine a ser SEU PAI.

*Cássia Franco é psicóloga e coach. Acesse aqui o blog da autora.

**Texto enviado ao Conversa pela Matéria Primma – Assessoria de Comunicação

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