Você sabe ler a receita dos seus óculos?

Conversa de Menina abre espaço para divulgar um serviço de utilidade pública. Recebi um texto da assessoria de comunicação do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), ensinando como os leigos podem entender a receita oftalmológica antes de ir até uma ótica comprar seus óculos de grau. No texto, a médica Karla de Almeida Alexim esclarece algumas dúvidas comuns de quem precisa usar óculos para corrigir miopia, hipermetropia e astigmatismo. Como saúde é um tema muito importante nas nossas conversas, confiram as orientações do HOB:

Entenda a sua receita oftalmológica antes de fazer as lentes dos óculos

oculosBrasília – Sair do consultório do oftalmologista com um papel cheio de números e meias-luas sem a menor idéia do que está escrito ali é mais comum do que se possa imaginar. A receita oftalmológica não pode, no entanto, ser um código que somente o médico e o profissional que vai aviá-la conhece o significado. O paciente também precisa saber sobre suas dificuldades de visão para poder acompanhar o tratamento ao longo da vida.

“As pessoas não têm hábito de questionar a receita, mas é importante entender a própria dificuldade de visão e não procurar soluções alternativas como usar os óculos de terceiros”, alerta a oftalmologista Karla de Almeida Alexim, do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB).

A receita descreve o grau de correção necessário para permitir a melhor visão do paciente, tanto para identificar objetos e imagens de longe, quanto de perto. “A receita oftalmológica apresenta-se em um modelo padrão. Portanto, é possível realizar exames aqui no Brasil e apresentar os dados em outros países”, explica a especialista, que já avaliou pacientes vindos de países como a Grécia com receitas prescritas em idioma local.

Os códigos (números) contidos na receita seguem uma lógica nem tão complicada de decifrar, mas é preciso ter as informações e atenção.

Miopia e astigmatismo são chamadas doenças refrativas, pois são causadas por falhas na refração da luz sobre a retina
Miopia e astigmatismo são chamadas doenças refrativas, pois são causadas por falhas na refração da luz sobre a retina

Nomes e números

Para verificar a situação da visão para perto e para longe são analisados o OD (olho direito) e OE (olho esquerdo). Os sinais de positivo “+” e negativo “-“, indicados na coluna de nome Esférico, por exemplo, são revelados pelo exame e representam o grau da hipermetropia e da miopia, respectivamente. Assim, “+ 1” , quando aparece na receita, por exemplo, significa um grau de hipermetropia, isto é, necessita correção para enxergar perto. Quando estiver indicado “-1”, representa um grau de miopia, e o paciente precisa de ajuste para longe. A coluna chama-se Esférico, porque as lentes que corrigem a hipermetropia e a miopia são esféricas.

Astigmatismo – Para avaliar somente o astigmatismo, alteração da córnea que provoca vários pontos de foco das imagens, existe a coluna chamada Cilíndrico, porque as lentes que o corrigem são cilíndricas. Neste espaço, no caso de haver irregularidade refrativa, o especialista informará em números, com sinal negativo, conforme é convencionado.

A coluna da receita oftalmológica chamada Eixo determina a localização do astigmatismo. “A determinação do local exato do astigmatismo será útil para sua perfeita correção”, observa Karla Alexim.

A coluna identificada com a sigla D.P, que significa “distância pupilar”, representa o espaço entre uma pupila e outra. Esta medida servirá para que as pupilas estejam alinhadas ao centro ótico da lente dos óculos. De acordo com Karla Alexim, a exatidão desta prescrição em relação à confecção dos óculos é fundamental para a boa visão. Ela comenta que “quando não há exatidão, os óculos provocam desconforto e o paciente começa a mexer na armação para encontrar o ponto”.

Presbiopia – Para prescrever os óculos para perto, que é a correção da presbiopia, ou vista cansada, é realizado um cálculo na receita. Na coluna Esférico, é feita uma soma entre o grau de longe e o grau necessário à idade do paciente, conforme uma tabela convencionada. Por exemplo: para pacientes entre 40 e 45 anos de idade, soma-se entre +1 e +1,5 grau, porque é constatado que a partir desta idade, o poder de foco dos olhos para perto diminui, o cristalino vai endurecendo e não consegue focar a imagem que está próxima com a mesma facilidade”, frisa Karla.

Receitas – Os valores descritos na receita é que determinarão a lente adequada para atender a deficiência de visão do paciente. “A fabricação da lente deve atender literalmente as especificações da receita. Se o paciente apresenta alteração de grau para longe e nenhuma deficiência para perto, ele terá toda a lente com grau apenas para longe. Caso exista deficiência para perto também, a lente apresentará grau para longe na parte superior e grau para perto na parte inferior. As lentes devem ser moldadas de acordo com a deficiência apresentada”.

28 comentários em “Você sabe ler a receita dos seus óculos?

  1. Adorei este site, pois nos deixa melhor informados para poder entender melhor as receitas e procurar a melhor opção, gostaria de receber mais informações.
    Obrigada

  2. Boa Noite!Andréia

    Gostaria se possivel de receber informações sobre otica,pois fiquei fora por 9 anos e estou retornando agora como vendedora ,e possivel existir treinamento para se adptar ao novo mundo da otica.
    estou me esforçando ,entro na internet ,imprimo material,mas gostaria de um tempo so para isso .
    Já estou trabalhando mas na otica que trabalho não a tempo para ensinar pois é muito corrido.
    preciso de alguma ajuda o que vc me aconselha
    me envie resposta por favor

    desde já obrigada

    maria

  3. Oi Maria,
    você não confundiu, é Andreia mesmo. Não sou especializada em óticas, sou jornalista. Esse material da receita dos óculos foi produzido pela equipe do Hospital Oftalmologico de Brasília (aqui o endereço para o site do HOB: http://www.hobr.com.br/), nós apenas reproduzimos no blog, por ser um serviço de utilidade pública e o blog é jornalistico, então, tentamos levar a informação de qualidade, produzidas por fontes reconhecidas, para a população. Recomendo que você converse com um oftalmologista, por exemplo, e peça dicas a esse profissional de locais para fazer um treinamento para atuação em óticas. Os oftalmologistas geralmente têm parcerias com as óticas ou ao menos conhecem os laboratórios representantes das lentes (tanto de contato quanto as lentes dos óculos). Outra dica é você buscar os sites desses laboratórios/fabricantes. Você pode saber quais são a partir das marcas das lentes. Daí, dá pra se informar sobre os produtos vendidos na sua ótica e dá também pra entrar em contato com eles. Na farmacologia, por exemplo, os grandes laboratórios costumam disponibilizar material de treinamento para os representantes dos medicamentos, acredito que os fabricantes de lentes e armações devem ter muito material informativo para ajudar os vendedores das óticas. Boa sorte!

  4. gostei estou começando e procuro sempre está bem informado tentando saber o maximo possivel para ñ cometer erros nas receitas obrigado

  5. Olá Andréia,
    Estava pesquisando alguns assuntos quando sua reportagem me chamou a atenção.
    Faço curso técnico em optica,em um conceituado instituto e lá aprendemos muito sobre lentes oftalmicas e que o responsavel por uma boa indicação somos nós técnicos e não o especialista (Oftalmologista ou Optometristas) pois eles são responsaveis pela aciudade visual e não tipo de lente indicada para a correção refrativa.Como também sabemos que muitas vezes estas indicações estão incorretas pois eles fazem parcerias com representantes que é contra as especificações do codigo de conduta dos mesmos.Gostaria de pedir para que vcs fizessem uma matérias sobre nossa profissão Técnicos Opticos.
    Abraços.

  6. Oi Alcione,
    Conforme está explicado no início do post, essa reportagem não foi produzida por mim e sim pela equipe do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), equipe esta que deve constar de médicos, enfermeiros e técnicos. Quanto aos profissionais de saúde serem conveniados com óticas e indicarem lojas ou darem cupons de desconto, foi aprovada esta semana uma resolução do conselho federal de medicina que proíbe os profissionais de qualquer especialidade de indicarem lojas e produtos a seus pacientes. Na época que eu publiquei este post com a matéria do HOB, uma leitora comentou (veja acima) querendo indicação de quem procurar para entrar no ramo de representação de lentes e óculos. Como eu não sou dessa área, sou jornalista, usei a lógica para dizer a ela que entrasse em contato com alguma clínica que tivesse convênio com óticas ou com cursos técnicos (algumas clínicas e hospitais funcionam como unidade-escola, recebendo os técnicos e os próprios residentes médicos para estágios, do contrário, onde é que esses profissionais vão treinar o que estudam no curso técnico ou na faculdade?) Também indiquei pra essa leitora que entrasse no site do HOB, ou no site de algum conceituado laboratório para pesquisar sobre produtos, marcas e etc, já que não sou a pessoa habilitada para falar sobre isto e nem para fazer indicações. Acredito que os profissionais sérios não fazem indicação incorreta, por isso não generalize dizendo que “sabemos que os oftalmogistas…”, assim você coloca a credibilidade de toda uma especialidade médica no lixo e sabemos que há bons e maus médicos, há bons e maus técnicos e que há bons e maus jornalistas. Não são todos os oftalmologistas que agem assim. Fui míope dos 10 aos 22 anos de idade, por exemplo, até fazer a cirurgia refrativa, e nenhum dos médicos que consultei me indicaram óticas e nem marcas de lentes de contato ao longo dos 12 anos que precisei de óculos e lentes. Eles me examinavam e prescreviam a receita, eu que procurava a ótica para fazer meus óculos, por conta própria, após pesquisar no mercado. Nos anos em que usei lentes de contato, eu também que procurava a ótica para fazer todo o processo de adaptação às lentes, sendo que o técnico seguia as orientações dos exames e da receita prescritas pelo meu oftalmologista, que nunca indicou ótica e nem recebeu comissão para nada, aliás, usar lentes foi escolha minha, na adolescência. Cabe a nós pacientes, denunciarmos qualquer prática ilegal para que o profissional seja punido. Um técnico não é um médico, embora seja um profissional que merece respeito e que estuda para exercer sua profissão. Quem prescreve óculos e quem descobre, através de exames, se o paciente vai precisar de óculos, lentes de contato ou cirurgia corretiva é o médico e não o técnico, sendo que para fazer seu diagnóstico, ele pede vários exames que nem sempre é ele quem realiza. Daí eu acreditar que médicos e técnicos são parceiros, um completa o trabalho do outro. Ou pelo menos deveriam ser! Acredito até que seja ilegal, por exemplo, um técnico prescrever receita ou prescrever tratamento, da mesma forma que o CFM agora decidiu que é ilegal o médico indicar ótica ou produto. Agradeço a sugestão de fazermos uma matéria sobre o técnico oftalmológico, agendarei dentro do possível de acordo com a rotina do blog, porque assim fica bem explicado qual é a função deste importante profissional e fica claro também que embora faça parte do grupo responsável pela saúde dos nossos olhos, nem o técnico pode tomar o lugar do médico e nem o médico pode fazer papel de técnico. Cada um com sua especialidade e ambos parceiros pela nossa saúde. Um abraço.

    1. Vera,
      Isso depende do tipo de doença ocular e de outros fatores que variam de paciente para paciente. Só um oftalmologista poderá te dizer qual é o seu grau. Nós, do blog, não somos médicas e sim jornalistas. Recomendo que você busque uma consulta especializada. Abs!

  7. Muito bom…Entendi a receita da minha mãe. Muitos médicos não gostam de dar informações como estas, achando que o paciente quer ser um “encherido”, um “sabe tudo” ou ate que não tem capacidade para entender sua explicação. A internet vem acabando com isso, pois acho que todos devemos saber de tudo um pouco. E quando se trata de saúde, nunca é demais saber…certo? Ainda bem que muitos médicos não se comportam mais como médicos da “Era medieval”.

    1. Prezado Eduardo,
      Agradeço a visita ao blog, mas não sou médica. Sou jornalista e este texto não foi escrito por mim e sim preparado pela equipe de médicos do Hospital Oftalmológico de Brasília. Eu mesma aprendi a ler as minhas receitas a partir deste material e apenas publiquei o conteúdo no blog, informando logo na abertura do texto, de que se tratava de texto elaborado pela equipe de especialistas do hospital. O Conversa de Menina é um blog mantido por três jornalistas de Salvador, é uma página sobre assuntos diversos e o conteúdo de saúde do blog sempre é elaborado ou reproduzido de fontes médicas legítimas, sendo que as fontes sempre são citadas. Um abraço!

    2. É verdade, Eduardo, os médicos fazem mistério sobre várias questões. Precisamos sempre adotar uma postura mais questionadora e insistir para que tudo o que não entendemos seja devidamente esclarecido. Só gostaria de ressaltar que nenhuma das três meninas que fazem este blog são da área de saúde. Somos todas jornalistas com o propósito de divulgar informações relevantes aos nossos leitores.
      Obrigada pela visita e pelo comentário!

  8. queria saber se tem algum truque ou um meio mais fácil para mim não errar quando for tirar as medidas de D.P e altura do cliente, pois é muito dificil sair exato ja que na ótica que trabalho é medida com régua.

    1. Francielen,
      Como já foi dito para outros leitores, não somos médicas e também não somos técnicas em oftalmologia. Somos jornalistas. Este artigo publicado no blog foi preparado pelo Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB). Nós apenas reproduzimos, com a devida permissão, o material no nosso blog, a titulo de informação aos nossos leitores. Recomendo que você busque tirar suas dúvidas com um profissional da sua área. Abraços e obrigada pela visita ao blog!

  9. jorge ferreira
    25/07/2010
    Oi Andrea

    Gostei muito como voces abordaram esse assunto de utilidade publica “saude”. so para ajudar um dos seus leitores (A Francielen 30/05/2010) e evitar muitos erros
    porque no final quem sai prejudicados somos nos que dependemos de óculos. Neste texto fornecido pela HOB
    aonde ela se refere a DP (distancia pupilar) é dito que de acordo com a Karla Alexim, a exatidão desta prescriçao em relação a confecção óculos é fundamental para a boa visão
    ela comenta que “quando não há exatidão, os óculos provocam desconforto e o paciente começa a mexer a armação para encontrar o ponto”. TUDO ISSO PODERIA SER EVITADO se todos os campos do receituario fossem preenchidos como o do DP/DNP que na maioria das vezes não vem.

  10. olá Andreia! estou começando nesta area ha 1 mes e nao sei praticamente nada, foi uma oportunidade que me foi concedida , acredito que por Deus, minha area é administrativa financeira.

    Amei a reportagem que voce fez, me ajudou bastante, queria que se possivel , algum dos leitores pudesse me ajudar enviando informaçoes para meu email: euzinha [email protected].

    Que Deus abençoe voce.

    Muito Grata!

    1. Obrigada, Evanilda. Mas só um esclarecimento importante: Este texto publicado no blog foi preparado pelo Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), nós apenas demos o espaço de divulgação por considerar o assunto de utilidade pública. Abs!

  11. ADOREI LER ESTAS INFORMAÇÕES,POIS ESTOU COMEÇANDO NESTE RAMO E FIQUEI MUITO SATISFEITO.TIREI DUVIDAS MUITO IMPORTANTE.SE POSSIVEL EU QUERIA QUE ME MANDASSEM INFORMAÇÕES IGUAL QUE A MARIA PEDIO (TECNICAS DE VENDEDOR E INFORMAÇÕES SOBRE VENDA DE OCULOS). UM GRANDE ABRAÇO. SERGIO LEÃO

  12. gostei muito dessa reportagem, eu trabalho como vendedora em uma ótica e quando eu ia ler uma receita, sempre ficava com uma dúvida aki ou ali, mais depois que lhi essa reportagem consegui compreender melhor. valeu e parabéns!!!

  13. Li os comentários de forma comedida. O médico desde a década de 30 é proibido de indicar qualquer empresa que lhe trará algum benefício. O optometrista atual, aquele que frequenta curso regular para exercer a profissão, está apto a emitir laudos optométricos e compensar o defeito de visão do paciente, seja por meio dos óculos ou lentes de contato. Os disparates afirmados pelos médicos segundo o qual o optometrista não tem conhecimento necessário para realizar tal tarefa encontra-se mais no que denominamos de reserva de mercado à defesa da saúde visual da população. O envelhecimento da população brasileira traz uma responsabilidade extremamente penosa aos conselhos de medicina que não conseguem suprir a demanda da população. O mundo real no qual vivemos é totalmente distinto daquele que os médicos ousam em afirmar. Seus conhecimentos técnicos iludem a população e as autoridades competentes e a consequencia disso é uma população cada vez mais sacrificada em termos de saúde. Um médico estudar no mínimo 9 anos para depois sentar-se em sua cadeira e ocupar-se restritamente da prescrição de óculos é ir de encontro com inúmeros cidadãos que necessitam de serem submetidos a cirurgias de cataratas, cirurgias refrativas, entre outras. e não há profissionais suficientes…. Vejo em minha cidade várias pessoas que são atendidas por um optometrista e que nunca teriam acesso a um médico… o mundo real, cara andreia, é diferente do mundo ideal…portanto, sejamos realistas e desprendamos deste corporativismo sujo que contamina a classe médica. Pensar na saúde da população em primeiro lugar. gde abc.

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