Assisti a 13 Reasons Why em uma sentada. Um episódio atrás do outro, até completar os treze. Eu não tinha Netflix, minha amiga e parceira aqui no blog compartilhou seu acesso comigo, e essa foi a primeira série a que eu assisti. Ouvi coisas aleatórias sobre 13 Reasons Why, muitos comentários divergentes. Me interessou o fato de a série movimentar tanto as redes sociais, de perceber um certo burburinho em torno dela, sempre rodeado de uma dose de polêmica. Muita gente defendendo e tantas outras criticando. Foi essa a razão que me fez optar por começar minha experiência na Netflix com 13 Reasons Why. E que me fez começar a escrever esse texto exatamente no momento em que terminei de assistir o último episódio.
Sem pretensão
Não tenho a intenção aqui de escrever uma resenha ou um texto com fundamentos críticos a respeito da série. O que pretendo é compartilhar o meu olhar pessoal, despido de qualquer conhecimento técnico sobre análise fílmica. O meu objetivo é dividir angústias, questionamentos, suposições. Quero mesmo é bater um papo, conversar, falar do que me veio à mente. Para quem não assistiu à série, 13 Reasons Why fala sobre o suicídio. Uma estudante corta os próprios pulsos, mas antes disso grava treze fitas cassete em que explica os motivos que a levaram a cometer o suicídio. Nas fitas, ela aponta as pessoas que teriam influenciado diretamente essa decisão de tirar a própria vida. Na série, vamos acompanhando justamente o desenrolar dessas fitas.
Escancarando
Essa é a primeira vez que vejo um produto televisivo tratar de uma maneira tão direta e aberta sobre o suicídio. A série é adaptada de um livro homônimo lançado em 2007. E o que me fez ter vontade de escrever esse texto é um ponto bem crucial de tudo o que envolve o ser humano. As relações interpessoais não têm a ver apenas com o que cada um fala ou faz. Têm muito a ver também com a forma como o outro recebe e digere aquilo que a gente fala ou faz. Cada pessoa processa atitudes e palavras de uma forma bem particular, porque isso mexe com a história de vida de cada um, com experiências passadas, com o lado interior de cada indivíduo. Mexe com nossa forma de ver o mundo.
Existem atitudes e atitudes. Existem aquelas que são de antemão socialmente ou moralmente inaceitáveis e há aquelas que, mesmo reprováveis, poderão ser compreensíveis a depender de quem julga a tal atitude. Mas é indiscutível o fato de que o que está dentro de nós e como nos sentimos com as atitudes dos outros muitas vezes é um grande mistério. As pessoas são diferentes. Algumas conseguem lidar com situações adversas com tranquilidade e força. Outras simplesmente não conseguem lidar. E não existe a forma certa ou errada de ser. As pessoas são diferentes, apenas isso. Ponto.
Mais altruísmo
O que nós precisamos, na verdade, é olhar menos para nossos próprios umbigos e ser mais sensíveis com o outro. O que nós precisamos é nos colocar no lugar do outro antes de agir. É difícil conseguir capturar claramente o que se passa dentro de uma pessoa. Mas se a gente tem cuidado com nossas atitudes e palavras, já é meio caminho para evitar dores alheias desnecessárias. É importante olhar mais para o outro, tentar percebê-lo, respeitar suas limitações. Precisamos nos tornar menos egocêntricos, menos individualistas. Entender que pessoas diferentes possuem necessidades, personalidades e gostos diferentes. Que nem tudo o que nos faz bem faz bem ao outro. Não é o fato de sermos seres racionais que nos torna seres humanos. Precisamos disso, mais humanidade.
13 reasons why fala mais que suicídio
Não se trata só de suicídio. A série fala também de depressão, de bullying, de homossexualidade, de violência sexual, de racismo. E tudo isso enquadrado numa época em que ainda estamos em formação intelectualmente, numa época delicada que é a adolescência, quando estamos cheios de dúvidas, quando fazemos milhões de questionamentos e tentamos ser aceitos por alguma turma. A adolescência é uma fase complicada por si só. E é uma fase em que convivemos a maior parte do tempo com pessoas que estão passando pelos mesmos dilemas e dúvidas que a gente. Que ainda não possuem maturidade suficiente para avaliar certas situações sem orientação.
Conscientização
Por isso que a educação e a conscientização são fundamentais. Por isso que é importante conversar sobre essas questões, debatê-las incansavelmente. Questões polêmicas precisam estar na pauta do dia diariamente. No noticiário, nas escolas, nas universidades, nos ambientes de trabalho. Porque não há como cobrar autoeducação nem autoconscientização de pessoas que sequer sabem o que é isso por pura imaturidade. Adultos bem resolvidos e sensíveis ao outro nascem de adolescentes bem orientados e educados.
Eu não tenho a intenção aqui de dizer se 13 Reasons Why é uma série boa ou ruim. O que posso dizer é: assista e tire suas próprias conclusões. E tente ir além do que uma crítica cinematográfica é capaz de alcançar, ultrapasse a barreira dos critérios técnicos e da mera opinião. Simplesmente sinta a série. Coloque um olhar mais humano sobre o que acontece ali, sobre o que está sendo discutido, sobre o mecanismo das relações interpessoais. A gente não consegue caminhar só o tempo inteiro. Em diversos momentos da vida, precisamos de uma mão, um braço, um ombro, um apoio.Vamos então cuidar desse outro, olhar pra ele com cuidado, amor, carinho e atenção. Cuidando do outro a gente estará cuidando da gente. E vice-versa.
Olá Alane, você tem uma visão muita ampla de relações interpessoais, parabéns pelas suas justificativas em relação à esta serie que gerou muita repercussão entre cenário juvenil. Julgamento é quase um modo automático que temos quando nos deparamos com situações desconhecidas, não nos colocarmos na situação em que o outro está nos torna incapazes de opinar ou solucionar o problema do outro. Tenho plena convicção que aceitar e compreender é válvula de scape que a humanidade necessita.
Oi, Maria Eduarda! Poxa, obrigada pela sua mensagem, fiquei super feliz de ter esse retorno. Aliás, o bacana de escrever é justamente poder criar essa ponte para uma interação e uma troca de ideias. Você também tem uma vis]ao bem lúcida sobre os julgamentos o os nossos escapes. Beijos!!!!