Ainda é tempo de falar em mulheres e cigarros

Uma amiga me perguntou se o Conversa de Menina não iria publicar nada sobre o tema escolhido esse ano pela Organização Mundial de Saúde para o Dia Mundial Sem Tabaco (31 de Maio). A campanha 2010 da OMS é focada nas mulheres. No começo, pensei em não repetir o assunto cigarro por aqui, porque já escrevi sobre ele e continuo pensando a mesmíssima coisa: faz mal para a saúde e é absurdamente deselegante. Continuo perguntando – Cigarro! Para quê? Mas Bia, minha amiga, tem toda razão: é importante bater nessa tecla, ainda mais com um gancho desses, “mulheres e cigarros não combinam”. E para convencer alguma fumante que por ventura visite o blog, eis uma reportagem muito bem elaborada sobre o assunto. O texto foi escrito pela jornalista Márcia Wirth, da MW Comunicação, e é publicado aqui com a devida autorização.

“Mulher, você merece algo melhor do que o cigarro”

A mulher fumante está exposta a um risco maior de infertilidade, câncer de colo de útero, menopausa precoce (em média dois anos antes) e dismenorréia (sangramento irregular)

Neste ano, a Organização Mundial da Saúde, OMS, escolheu como tema para as atividades comemorativas do Dia Mundial sem Tabaco, 31 de maio, “Gênero e tabaco com ênfase no marketing para mulheres“. As ações visam alertar sobre as estratégias que a indústria do tabaco utiliza para atingir o público feminino acerca dos males que seus produtos causam à saúde da população e ao meio-ambiente.

Um cenário preocupante – O futuro da epidemia global do tabaco entre as mulheres pode ser visto nos hábitos das meninas de hoje. Em várias partes do mundo, o consumo de produtos de tabaco entre as jovens tem sido incrementado. O fato aponta para a possibilidade de aumento de prevalência entre as mulheres do futuro, já que os adolescentes que fumam são susceptíveis a se tornarem fumantes regulares na vida adulta. Neste ano, a campanha tem como objetivo chamar a atenção sobre os efeitos  negativos do marketing direcionado para mulheres e meninas.  Nessa perspectiva, a intenção é  mobilizar os 170 Estados Partes da Convenção-Quadro para Controle do Tabaco, para que proíbam totalmente a propaganda e a promoção de produtos de tabaco, assim como o patrocínio de eventos por esses produtos.

Dados prejudiciais à saúde – O tabagismo feminino reduz globalmente a fertilidade, causando um atraso na primeira gestação. O atraso na concepção reflete-se numa gama de possíveis efeitos adversos na reprodução, como interferência na gametogênese ou na fertilização, dificuldade de implantação do óvulo concebido ou perda subclínica, após a implantação do óvulo.  “Estudos e pesquisas dos últimos anos apontam que o tabagismo materno influi mais decisivamente na fertilidade do casal do que o tabagismo paterno, o que significa que o sistema reprodutivo feminino é mais vulnerável ao tabagismo que o sistema masculino”, afirma o Prof° Dr. Joji Ueno, ginecologista, diretor da Clínica GERA.

A atriz alemã Marlene Dietrich, uma das musas do cinema nos anos 30 e 40, ajudou a popularizar a ideia de que fumar é charmoso. Durante a II Guerra, com os homens no front, a indústria do cigarro voltou suas campanhas para conquistar um novo mercado consumidor. Os fabricantes pagavam grandes estúdios para colocar um cigarro entre os dedos de mulheres lindas e glamourosas como Dietrich, para que ela fosse imitada pelas fãs.

Até algumas décadas atrás, acreditava-se que os efeitos da dependência do tabaco era mais forte nos homens, mas à medida em que novas gerações de fumantes foram chegando verificou-se que as mulheres são igualmente ou mais suscetíveis aos malefícios do fumo, devido às peculiaridades próprias do sexo, como a gestação e o uso da pílula anticoncepcional.

“A mulher fumante tem um risco maior de infertilidade, câncer de colo de útero, menopausa precoce (em média dois anos antes) e dismenorréia (sangramento irregular)”, afirma Joji Ueno, responsável do setor de vídeo-histeroscopia ambulatorial do Hospital Sírio Libanês.

O risco de infarto do miocárdio, embolia pulmonar e tromboflebite em mulheres jovens que usam anticoncepcionais orais e fumam chega a ser dez vezes maior do que o das mulheres que não fumam e usam este método de controle da natalidade.  Segundo dados do INCA, o tabagismo também  é responsável por 40% dos óbitos nas mulheres com menos de 65 anos e por 10% das mortes por doença coronariana nas mulheres com mais de 65 anos de idade.

Problemas durante a gestação – Graves complicações na saúde feminina também podem resultar do ato de fumar durante a gravidez. “Abortos espontâneos, nascimentos prematuros, bebês de baixo peso, mortes fetais e de recém-nascidos, complicações com a placenta e episódios de hemorragia ocorrem mais freqüentemente quando a mulher grávida fuma”, alerta o médico.

A gestante que fuma apresenta mais complicações durante o parto e têm o dobro de chances de ter um bebê de menor peso e menor comprimento, comparando-se com a grávida que não fuma. Tais problemas se devem, principalmente, aos efeitos do monóxido de carbono e da nicotina exercidos sobre o feto, após a absorção pelo organismo materno.

De acordo com dados do INCA, um único cigarro fumado por uma gestante é capaz de acelerar em poucos minutos, os batimentos cardíacos do feto devido ao efeito da nicotina sobre o seu aparelho cardiovascular. Assim, é fácil imaginar a extensão dos danos causados ao feto, com o uso regular de cigarros pela gestante.

Os riscos para a gravidez, o parto e a criança não decorrem somente do hábito de fumar da mãe. “Entre as mulheres que convivem com fumantes, principalmente seus maridos, há um risco 30% maior de desenvolver câncer de pulmão em relação àquelas cujos maridos não fumam. Quando a gestante é obrigada a viver em ambiente poluído pela fumaça do cigarro ela absorve as substâncias tóxicas da fumaça, que pelo sangue são repassadas para o feto”, alerta o ginecologista Joji Ueno.

Para saber mais:
Site: www.clinicagera.com.br
Email: [email protected]
blog: medicinareprodutiva.wordpress.com
Rede social: twitter.com/jojiueno

*Texto encaminhado ao blog pela MW Comunicação

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