Artigo: Videograme incentiva atividade física

Para quem tem menos de 30, esse é o Atari, o videogame de quem foi criança nos anos 80

Sou o tipo de mãe que negocia, mas que não abre mão de organizar horários para jogos de computador e sessão sofá diante de filmes na tv. Essas atividades, vistas como mais sedentárias, precisam ser divididas com aquelas que colocam a criança em movimento. Natação, aula de teatro ou circo ou alguma luta marcial. Nada que sobrecarregue a criança a ponto dela esquecer que é criança e acabar tendo uma agenda tão atribulada quanto a de um adulto, mas  o suficiente para fornecer o máximo de opções possíveis para exercitar o corpo e a mente, com muita ludicidade, claro. Eu mesma não sou assim uma grande fã de academia, tenho até uma certa preguiça. Mas adoro dançar, nadar, dar longas caminhas ao ar livre. Tenho uma predileção pelas atividades que mexem com a espiritualização como tai-chi-chuan e ioga. Não chego a ser obcecada por fitness, mas tenho grande interesse por tudo o que vem acompanhado do selo qualidade de vida. Daí que, ao receber mais um dos interessantes artigos do ortopedista Fabio Ravaglia, não resisti em trazê-lo para o blog e dividir com outros interessados em saúde e bem-estar. Desta vez, o doutor Fabio avalia os novos lançamentos de games interativos, aqueles que requerem uma dose de esforço físico para ser jogado e não se limitam apenas a monitores e botões. Nunca fui muito boa em jogar videogame. Sou do tempo do atari e do odissay, alguém lembra? Certamente quem foi criança nos anos 80 e tem pouco mais de 30. Tenho até um certo preconceito com os games, fruto da fama de “derretedores de neurônios e músculos” que essas maquininhas possuem. Mas, o artigo de Fabio Ravaglia me botou para pensar. Talvez, no nosso mundo cada vez mais tecnológico, os games interativos sejam parte da solução para a obesidade infantil, por exemplo. Como o próprio médico enfatiza, nada substitui um dia de sol e ar livre, necessários ao corpo e mente, ótimo antidepressivo. Mas se os games agora se tornam mais dinâmicos e saudáveis, para quem gosta, não custa nada experimentar. Confiram o texto:

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**Agora, videogame incentiva atividade física

*Dr. Fabio Ravaglia

O departamento de saúde do Reino Unido acaba de aprovar o Wii Fit Plus como um game capaz de contribuir para a redução da obesidade infantil, por permitir que se faça um programa de exercícios sob medida, utilizando o guia na tela e escolhendo entre ioga ou difíceis posições de esqui, de acordo com a preferência. O acessório do videogame da Nintendo para a plataforma de exercícios físicos ganhou o selo NHS Change4Life do Department of Health, qualificação do governo britânico que incentiva as pessoas a adotarem a prática de atividades esportivas e hábitos alimentares mais saudáveis, conforme reportagem publicada pelo The Telegraph. Na França, o Wii está sendo usado em abrigos para idosos, que aproveitam para mexer o corpo sem sair de casa nos dias mais frios. No Rio de Janeiro, recursos do videogame estão sendo aproveitados em academias para melhorar o condicionamento físico dos clientes. Em várias partes do mundo, alguns fisioterapeutas também passaram a usar o Wii para o tratamento de pacientes que precisam para sua recuperação dos alongamentos que o console reproduz no mundo virtual ou dos movimentos repetitivos que alguns jogos oferecem.

Isto significa uma enorme mudança. Há décadas, os videogames são associados ao sedentarismo. Todos os dias vemos os problemas que os movimentos repetitivos podem causar ao corpo humano, como dores musculares e inflamações nos punhos e nos ombros. Além disso, os jogadores deixam de praticar atividades físicas, inclusive as mais corriqueiras, para acionar apenas controles em frente às telas. Os games foram acusados de responsáveis, em grande parte, pelo aumento da obesidade infantil. O esqueleto sofre com a má postura e com a permanência do corpo na posição sentada ou deitada por horas e horas a fio diante dos monitores.

Wii Fit Plus, mistura de videogame e academia de ginástica, para movimentar o corpo

Na questão da saúde, as novidades da Nintendo, que sempre estiveram na berlinda por prejudicar, estão se associando a vida saudável. Desde o lançamento do Wii em 2006, a empresa  colocou no mercado diversos jogos e acessórios para que a pessoa execute cada vez mais movimentos com o corpo, por meio de sensores que reconhecem a força e a direção dos movimentos do jogador e os reproduz na tela, apresentando seus resultados. O Wii Fit executa funções de monitoramento da saúde do jogador. Um destes acessórios verifica a quantidade de calorias gastas com a atividade. Quando comparado com as gerações anteriores de videogames, é claro que o Wii (considerado a sétima geração) avançou e, por isso, decidi comentar os benefícios que está trazendo à saúde.

Como médico, cabe-me fazer algumas recomendações. Antes de iniciar qualquer atividade física, é preciso passar por uma avaliação médica. O profissional pode dizer se o corpo está ou não em condições de exercer uma determinada atividade física e recomendar qual seria a melhor escolha, caso detecte qualquer fator limitante. A atenção especial está voltada àqueles que têm problemas cardíacos e que devem evitar excesso de exercícios físicos e até determinados movimentos, em alguns casos. Para quem não tem problemas e simplesmente quer sair do sedentarismo, é importante não cometer excessos. É bastante comum a pessoa exagerar e ter dores na musculatura ou forçar as articulações. Comece sempre pelos exercícios de alongamento e ao final, faça um relaxamento.

O game clássico de joinstick e monitor cede a vez aos jogos interativos, para brincar com o corpo todo

A meu ver, os novos videogames se apresentam como mais uma alternativa. Com eles é possível jogar bola na sala sem quebrar os vasos ou reunir a família em um dia chuvoso para uma atividade física divertida. Também pode ser encarado como uma maneira diferente de integrar gerações: os mais jovens podem ensinar os mais velhos a usar o videogame para movimentar o corpo. O console dispõe de esportes clássicos, atividades de academia de ginástica e até brincadeiras como o bambolê. As atividades físicas são de suma importância para manter a saúde física e mental.

Gostaria de aproveitar para lembrar sobre a necessidade que o corpo humano tem de tomar sol. É claro que a exposição não pode ser feita sem a proteção da pele e nos horários de pico do sol, por causa de queimaduras e do risco de câncer de pele e desidratação. O sol faz bem aos ossos e ao sistema imunológico. Os raios infravermelhos ajudam na produção da vitamina D, que exerce papel essencial para o metabolismo, nas funções musculares, cardíacas, neurológicas e, principalmente, nos ossos, por manter o nível de cálcio. Sem a vitamina D, uma criança pode ter raquitismo e um adulto pode acelerar o enfraquecimento dos ossos, chegando mais rápido a um quadro de osteoporose. Bastam apenas cerca de dez minutos de sol todos os dias para que a vitamina seja produzida. Lembre-se também que sair ao ar livre tem ação antidepressiva.

O videogame, que já foi condenado como vilão, fez com que seus apreciadores saíssem do sofá e  passou a ser apreciado pelos pais, que viram suas crianças e adolescentes com o corpo em movimento diante de um mundo virtual, agora, avança para atingir pessoas de todas as idades. Uma mudança bastante significativa que está fazendo com que o console Wii receba um outro título: “game do bem”.

*Fabio Ravaglia, ortopedista e diretor do Instituto Ortopedia & Saúde

**Material encaminhado ao blog pela Printec Comunicação

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